11.12.14

Notas da Champions #6

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Chelsea - Sporting
Se a soma das improbabilidades de Chelsea e Schalke vencerem ofereciam ao Sporting uma boa hipótese de qualificação, rapidamente essas aspirações ficaram reduzidas ao que se passasse na Eslovénia. E aqui reside o principal ponto de critica em relação à performance da equipa, porque se podemos reconhecer que o adversário e o contexto (jogar fora) não eram os mais favoráveis, também teremos de convir que uma equipa que pretende atingir as fases finais de uma prova deste nível deverá ser capaz de oferecer mais resistência perante um adversário que, por muito forte que seja, jogava claramente em clima de descompressão. E, seja por má fortuna de circunstância (o Chelsea chegou ao 2-0 nas suas primeiras duas ocasiões), ou por alguma culpa própria (o Sporting não deveria ter permitido dois lances de golo em tão curto espaço de tempo), a verdade inescapável é que o Sporting não teve essa capacidade.

Algumas notas individuais sobre a equipa do Sporting, e não apenas por este jogo. Primeiro, Nani. Escrevi-o aquando das suas primeiras aparições após o regresso e penso que esta ideia se irá confirmar também na sua ausência. Ou seja, parece-me que sem Nani o Sporting é uma equipa muito mais previsível ofensivamente, nomeadamente pela capacidade do jogador para explorar o jogo interior, e que mais nenhum extremo do plantel oferece. Não direi que o Sporting ficará tão dependente do jogo exterior como foi na época anterior, porque entretanto apareceu também João Mário, que relativamente a André Martins oferece outra capacidade de envolvimento, mas parece-me que ficará certamente mais próximo desse cenário. E, a confirmar-se esta ideia, o alerta ficará também para o que acontecerá na era pós-Nani, porque se em 13/14 a equipa era essencialmente equilibrada entre as suas performances defensiva e ofensiva, com Marco Silva as aspirações colectivas têm sido essencialmente sustentadas pela vertente ofensiva.

Depois, William Carvalho, que vem repetindo exibições que me parecem francamente mediocres, combinando uma assinalável instabilidade ao nível do passe com enormes dificuldades no desempenho defensivo, parecendo claramente pouco vocacionado para defender numa área tão extensa de terreno. Entrando no domínio mais conjectural, pergunto-me o que seria de William se tivesse aparecido apenas este ano na equipa principal e não tivesse já sobre si o estatuto conquistado em 13/14? Inclino-me para pensar que dificilmente teria a titularidade assegurada. Enfim, não sei o que o Sporting e Marco Silva poderão ganhar no futuro com aquilo que estão a pedir a William, mas parece-me que a cada jogo que passa o Sporting está a perder o valor seguro que parecia ter conquistado em 13/14, com prejuízos para o jogador e para o clube.

Finalmente, Paulo Oliveira. No meio do consenso que parece haver em relação às limitações individuais dos defensores do Sporting, o ex-Vitória tem-se afirmado progressivamente com grande segurança e eficácia. Aliás, voltando a um domínio mais conjectural, duvido muito que Rojo fosse capaz de oferecer os mesmos índices de segurança e regularidade, porque o argentino sempre foi um jogador com uma razoável propensão para o risco e para o erro, e nesta temporada o nível de exposição que os centrais do Sporting tem sido assinalável e muito maior do que em 13/14. Ou seja, não estou seguro de que o Sporting tenha ficado a perder com a troca de Rojo por Paulo Oliveira, e também não vejo como provável que a equipa venha a resolver os seus problemas defensivos com a chegada de novos defesas centrais no mercado de Janeiro, naquilo que me parece um evidente retrocesso ao paradigma anterior (como já expliquei noutro texto). Mas o futuro se encarregará de esclarecer isto, num sentido ou noutro...

Outras notas finais sobre a fase de grupos
- Uma nota sobre a performance do Mónaco e de Leonardo Jardim que conseguiu vencer um grupo onde provavelmente seria o menos favorito. O grande destaque, claro, vai para o registo defensivo da equipa, com apenas 1 golo sofrido, o que não sendo inédito parece-me que já não acontecia há muito tempo numa fase de grupos. É claro que há muito de circunstancial neste registo defensivo (como, alíás, mostra o quadro de ocasiões), mas não deixa de mostrar como foi pela via da organização e equilíbrio colectivo que o treinador português conseguiu este feito improvável. Aliás, normalmente é essa a via para potenciar as hipóteses de sucesso de quem não tem do seu lado a vantagem do talento individual.

- Sem grandes surpresas nesta fase, será já possível equacionar grandes embates para os oitavos de final, aparecendo equipas como Arsenal, Man City, Juventus e PSG entre o grupo de segundos classificados. Pessoalmente, saúdo a perspectiva de grandes jogos já a partir da próxima fase...

- Sobre os jogos de Benfica e Porto vou dispensar os habituais comentários, dada a sua insignificância competitiva. Em breve, conto escrever sobre o que realmente estava na cabeça dos dois clubes nesta jornada europeia: o clássico do fim de semana.

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