28.3.14

Porto - Benfica (II): Análise individual

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Porto
Fabiano - Mais um jogo muito conseguido, ainda que desta vez sem o trabalho que havia tido em Nápoles ou frente ao Sporting, para a Taça da Liga. Nota menos positiva para o jogo de pés, onde previsivelmente não oferecerá a mesma qualidade de Hélton. Seja como for, se conseguir a difícil missão de manter o nível actual, será não apenas uma grande referência da baliza portista, mas mesmo um nome a ter em conta no plano internacional. Mas, ainda é cedo para euforias.

Danilo - Não teve grandes problemas defensivos - contrariando aquela que é a sua tendência em jogos de maior grau de dificuldade - mas também não conseguiu o impacto ofensivo de outras ocasiões. Tudo somado, foi uma exibição regular, mas abaixo do nível dos restantes companheiros de sector.

Alex Sandro - Muito interventivo, nomeadamente travando um duelo muito apertado com Salvio e em que ambos se anularam, o que equivale a dizer que esteve bem melhor defensivamente do que ofensivamente. Na retina ficou um passe menos conseguido para Jackson, numa jogada de grande potencial, mas no cômputo geral fez um bom jogo.

Reyes - As primeiras jogadas deram a entender alguma intranquilidade perante o pressing do Benfica, mas com o golo, e tal como toda a equipa, partiu para uma exibição conseguida e praticamente sem reparos.

Mangala - Mais um bom jogo, na sequência do que havia feito em Nápoles. Com muito boa presença defensiva, sendo dominador nos duelos que travou, e desta vez sem comprometer com bola.

Fernando - Exceptuando Jackson, terá sido a melhor exibição do jogo. Foi o jogador com maior presença em posse, usufruindo das dificuldades que os médios do Benfica tiveram em pressionar o seu espaço, e também defensivamente conseguiu um jogo muito conseguido. Como se não bastasse, ainda se distinguiu no plano ofensivo, assistindo Varela numa das melhores ocasiões do jogo.

Defour - Menos impulsivo, quando comparado com Herrera, foi também mais regular do que o mexicano. Ainda assim, nem sempre se deu bem com a necessidade de uma presença mais profunda ao longo do corredor central, parecendo ter maior vocação para assumir um envolvimento mais constante no jogo. Também defensivamente, não conseguiu o mesmo impacto de Herrera no pressing sobre a primeira fase de construção do Benfica.

Herrera - A sua postura no jogo está sempre perto de colocá-lo como um protagonista, mas não necessariamente pela positiva. Faz tudo com grande convicção e agressividade, o que lhe permite ser incisivo nas suas chegadas ao último terço e contundente no seu comportamento pressionante. Por outro lado, porém, o seu critério nem sempre é o melhor quando tem de aparecer em zonas mais recuadas, o que já lhe valeu alguns dissabores esta época, e que neste jogo ditou também alguns erros em posse que deverá evitar. Concretamente, no jogo, teve uma acção importante em termos estratégicos, com movimentos nas costas de Quaresma, que criaram grande impacto nos primeiros minutos mas que foram depois mais bem controlados por Fejsa.

Quaresma - Mais um jogo em que o impacto mediático de algumas das suas acções não tem reflexo correspondente na utilidade do que realmente oferece à equipa. Foi assim, com algumas jogadas de grande mérito individual mas que, tudo somado, valeram desta vez pouco à equipa. E foi assim, também, pela dificuldade no desempenho defensivo e, com bola, por uma série de decisões muito questionáveis. O seu grande contributo esteve reservado para as bolas paradas, sendo seu o canto que esteve na origem do golo decisivo.

Varela - Um jogo de muito pouco envolvimento e, quando o fez, com muitas dificuldades ao nível da eficácia. Reservou maior protagonismo para a zona de finalização, onde foi novamente uma presença importante, nomeadamente estando muito perto de marcar o 2-0, que lhe foi negado por Artur.

Jackson - Um grande jogo, interrompendo claramente uma fase menos entusiasmante daquele que é, apesar de tudo e a meu ver, o jogador mais desequilibrador do futebol português nesta temporada. Muito bem no envolvimento colectivo, onde vinha mantendo uma presença mais discreta nos últimos tempos. Também muito útil no trabalho defensivo, conseguindo algumas intercepções importantes e sendo muito útil nas bolas paradas defensivas. Finalmente, claro, a capacidade que tem para ser um jogador decisivo dentro da área, o que lhe valeu o golo e ainda um lance notável que apenas por infelicidade não fez o duplicar o seu nome na lista dos marcadores.

Benfica
Artur - A época não tem sido fácil para ele, vendo a sua saída da baliza coincidir com uma melhoria clara ao nível de golos sofridos. A verdade é que esteve muito bem neste seu regresso, com boas intervenções e sem responsabilidade no golo. Em destaque positivo, claro, a defesa que evitou o golo de Varela. Menos positiva foi a sua prestação no jogo de pés.

Maxi - Não teve grandes problemas de controlo do seu corredor, mas isto não quer dizer que justifique grandes elogios no plano defensivo. No plano ofensivo, teve uma prestação contrastante. Por um lado, foi das unidades da equipa com menor envolvimento em posse. Por outro, teve algumas aparições de realce no último terço, destacando-se uma finalização contrariada por Reyes e um lance, já no tempo de compensação, em que ficou a ideia que com outra decisão no passe teria criado uma boa ocasião para que o Benfica conseguisse resgatar o empate.

Sílvio - Conseguiu maior envolvimento do que Maxi e teve também mais trabalho defensivo, inclusivamente com algumas intervenções determinantes e que impediram o isolamento de alguns adversários. Por outro lado, não ficou à margem das dificuldades que a equipa sentiu em ter bola na fase de construção.

Luisão - Defensivamente, fez um bom jogo, conseguindo algumas intervenções de grande valor. Com bola, por outro lado, sentiu muito a pressão do Porto, não conseguindo emprestar grande qualidade ao seu contributo na fase de construção.

Garay - Fica na fotografia do golo, mas não me parece justo responsabilizá-lo em demasia. A bola é colocada numa zona mais atrasada, relativamente à linha de jogadores do Benfica, o que ofereceu toda a vantagem a Jackson no ataque à trajectória. De resto, também ele não respondeu bem ao pressing do Porto, não conseguindo oferecer a qualidade habitual ao jogo ofensivo da equipa. Defensivamente, acabou por fazer um jogo mais discreto do que Luisão, mas nem por isso menos interventivo ou eficaz, estando bastante bem nesse plano.

Fejsa - Muito interventivo no jogo, mas também ele a ter um contributo contrastante. Com bola, e tal como os centrais, sentiu muitas dificuldades perante o pressing portista, nomeadamente com 2 perdas de bola mais comprometedoras e sem grande capacidade para encontrar soluções para os problemas colocados. Defensivamente, voltou a revelar a sua invulgar capacidade de trabalho, sendo o jogador com mais intervenções defensivas no jogo. Em destaque, a forma como reagiu à ameaça dos movimentos dos médios do Porto nas costas dos extremos, começando por não perceber essa ameaça, mas corrigindo depois muito bem esse aspecto.

Rúben Amorim - Como escrevi ontem, parece-me que a ausência de Enzo poderá ter sido determinante no jogo, mas isso não implica que Rúben tenha estado mal. Apenas, não foi capaz de oferecer a mesma capacidade de envolvimento e transporte de bola do argentino, que tanta importância tem para o Benfica em situações deste género. Aliás, foi quando Ruben assumiu esse protagonismo que a equipa melhor atacou, destacando-se o lance que culmina no cruzamento do próprio para Rodrigo, no final da primeira parte. Mais tarde, haveria de ser novamente ele o protagonista da melhor ocasião da equipa, negada por Fabiano. Defensivamente, não conseguiu um grande impacto na sua acção pressionante, o que acabou por permitir que o Porto se sentisse mais confortável com bola.

Salvio - Um jogo muito difícil e onde raramente teve espaço. Travou um duelo muito intenso com Alex Sandro, de quem teve algumas dificuldades em se libertar. Por outro lado, a sua prestação defensiva foi muito boa e reveladora da sua capacidade de trabalho, o que determinou que Alex Sandro não conseguisse também ele grande impacto nas suas acções ofensivas. Teve alguns movimentos sem bola muito interessantes, e alguns pormenores que revelam a qualidade que a meu ver tem, e que fazem dele um dos jogadores de maior rendimento do futebol português.

Sulejmani - Teve quase sempre mais espaço do que Salvio, e o duelo com Danilo não foi tão apertado como aconteceu do outro lado. No entanto, Sulejmani não conseguiu emprestar grande mais-valia ao jogo colectivo, tanto em termos criativos como no envolvimento em fases mais precoces do jogo ofensivo, por onde se aventurou, mas sem grande eficácia e até com algum risco acrescido para a segurança da equipa.

Rodrigo - Foi o único jogador a aproveitar as costas da linha média do Porto, que se adiantava muito, mas nem por isso conseguiu explorar esse espaço com grande frequência. Em parte, claro, porque a bola raramente saía de forma útil da primeira fase de construção. Com o tempo, e particularmente na segunda parte, foi conseguindo maior envolvimento, com o sua mobilidade a parecer sempre uma das armas mais eficazes da equipa. Saiu com muito tempo ainda por jogar, e claramente por razões que não tinham a ver com as aspirações da equipa neste jogo específico. Nota ainda para o cabeceamento no final da primeira parte, não parecendo abordar bem um lance de enorme potencial.

Cardozo - Jogo muito fraco onde apenas dá para realçar as piores características do seu perfil. Mas, da mesma forma que, na sua melhor fase, era exagerado ver nele um insubstituível, hoje será também excessivo considerá-lo dispensável.

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