26.12.13

Sporting e a ilusão do "Plano B"

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No futebol, cada vez mais me convenço, é sobretudo um jogo de fé e de crenças. E, se no que respeita aos adeptos e comunicação social esta é uma constatação que não gera grande surpresa, o mesmo não poderei dizer relativamente a tantas e tantas decisões que se observam por parte das equipas técnicas. Em particular, e volto a destacar isto, a facilidade com que se sobrevalorizam efeitos de curto prazo, onde o factor aleatório tem um peso avassalador mas que é repetidamente desprezado. O resultado são uma série de conclusões onde se cede à tentação do pensamento indutivo e se abdica de um raciocínio mais lógico e critico sobre a real relação entre as causas e os efeitos.
Tudo isto a propósito do recente Sporting-Nacional e da precoce opção pelo denominado "Plano B", por parte do Sporting. É verdade que Leonardo Jardim conseguiu um excepcional aproveitamento sempre que recorreu a este este recurso nesta temporada, mas como fui aqui escrevendo isso não implica que se parta para a conclusão de que o Sporting terá sempre mais probabilidade de marcar quando opta por este recurso. Porque o tempo de análise é demasiado curto, claro, mas também porque a generalização dessa conclusão acaba por representar uma contradição com a própria ideia central do modelo de jogo do Sporting, e que tão bons resultados tem oferecido à equipa nesta temporada. Ou seja, se o "Plano B" aumenta realmente as possibilidades de marcar da equipa, independentemente do contexto em que é aplicado, então que lógica tem começar com o "Plano A"?
A minha critica, note-se, não tem a ver, nem com a entrada de Slimani, nem com a existência de um "Plano B", mas antes com a alteração da identidade colectiva num contexto que não era diferente daquele com que o jogo havia começado. Ou seja, parece-me lógico que se o Sporting entende que o seu modelo de jogo ("Plano A") é a melhor forma da equipa ser bem sucedida, então só deve abdicar deste com a alteração do contexto específico do jogo. Em particular, nas situações em que se pretenda um jogo mais directo e de apelo a uma referência forte no jogo aéreo, algo que salvo raras excepções só se aconselha nas fases terminais dos jogos. No caso, o Sporting partiu para a segunda parte sem que nada fosse alterado no contexto do jogo, mas preferindo ainda assim acreditar no que lhe fora sugerido pelo sucesso de anteriores experiências com o seu "Plano B", em detrimento da ideia que, de uma forma mais lógica e racional, havia definido como a melhor forma de ser bem sucedido em cada jogo.

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