9.12.13

Gil Vicente - Sporting: Opinião e Estatística

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Oportunidade é no presente - Antes de entrar no jogo propriamente dito, aproveito para comentar sobre a oportunidade que esta equipa do Sporting está, por mérito próprio, a criar para si própria. No futebol, e repito esta ideia, quem ganha faz festas, e quem perde faz... "projectos". Talvez seja a força do hábito de um passado recente com bem mais "projectos" do que festas, mas no Sporting parece que se passou a dar mais importância ao "projecto" do que à festa (que é com quem diz, vencer). Sei bem que nem sempre tudo o que se diz espelha verdadeiramente o que se pensa ou sente (não vou falar outra vez da 'candidatura ao título'), mas mesmo assim não resisto a recentralizar aquele que é o verdadeiro contexto desta oportunidade. É que a vantagem pontual que o Sporting até agora construiu permite-lhe colocar-se numa posição pouco comum nos últimos 30 anos da sua História e perspectivar de forma realista a possibilidade de finalmente deixar de falar em "projectos". Mas esta oportunidade não vai para além desta época e deste campeonato, sendo que se o Sporting não a capitalizar, terá de voltar a construir tudo de novo e a partir estaca zero. Porque é daí - do zero - que todos campeonatos começam, ao contrário do que parecem sugerir os "projectos" sempre a prometer vantagens douradas para o futuro. Resumindo, o futebol está cansado de nos provar que nele o destino se faz do presente e do curto-prazo e que nenhum "projecto", por mais bem intencionado que seja, alguma vez resistirá à ausência de vitórias. É por isso que para o Sporting esta oportunidade e este campeonato são neste momento aquilo que verdadeiramente interessa.

Cruzamentos e especificidade - Relativamente ao jogo, e não querendo entrar em demasiados detalhes sobre o mesmo, há que dizer que foi uma boa vitória do Sporting, tendo realizado um jogo muito mais conseguido do que havia feito na sua última deslocação, em Guimarães. Especial destaque, e novamente, para a capacidade da equipa potenciar sucessivas situações de cruzamento, tanto após variações de flanco como na sequência de combinações ao longo dos corredores laterais. Leonardo Jardim está a fazer no Sporting o mesmo que havia feito em Braga, ou seja, mostrar que mais importante do que variar muito as soluções ofensivas, o importante é conseguir fazer-se as coisas com qualidade. E para a qualidade nada como ir de encontro à especificidade dos intérpretes ao seu dispor. Algo que comentei no primeiro 'post' sobre esta equipa, na pré época.
Nota também para o Gil Vicente, que sentiu muitas dificuldades para controlar o Sporting. Ainda assim, posicionalmente, não desgostei da equipa de João de Deus, embora me pareça que existiram alguns factores que estrategicamente não favoreceram muito as aspirações da equipa. Em particular, o Sporting tirou partido do posicionamento interior dos laterais para solicitar em permanência a abertura dos seus extremos, e também me parece que o Gil não teve grande sucesso no inicio de construção, tanto ofensivamente como defensivamente. Fazendo justiça a esta equipa, é preciso também referir que a expulsão de Pecks surgiu num momento em que a equipa parecia ser finalmente capaz de criar mais dificuldades ao Sporting, nomeadamente pela introdução de maior presença entrelinhas, zona onde o Sporting tem sentido repetidas dificuldades ao longo desta temporada.

Notas individuais (Sporting)
Rui Patrício - Exibição praticamente imaculada. Sem muito para fazer, é certo, mas com uma defesa potencialmente decisiva num momento chave. É para isto que servem os grandes guarda-redes.

Cedric - Um desempenho de contrastes. Em termos de presença em posse e mesmo defensivamente foi provavelmente o jogador menos inspirado da equipa. Destaque para 2 perdas de bola de algum risco e para o mau posicionamento na melhor ocasião do Gil. Por outro lado, porém, esteve em 3 ocasiões da equipa, sendo inclusivamente o protagonista do cruzamento que antecede o golo.

Jefferson - Desta vez foi ele a estar mais interventivo, relativamente a Cedric. Aliás, foi mesmo o jogador com mais passes completados da equipa, tendo igualmente conseguido uma eficácia assinalável nos duelos defensivos ao longo do seu corredor. Ofensivamente, e mesmo sem a exuberância de outros jogos, foi protagonista do primeiro susto junto da baliza de Adriano (canto) e iniciou a jogada do segundo golo. Tudo somado, fez um grande jogo.

Maurício - Mais um bom jogo. Sem riscos desnecessários e com uma eficácia importante na sua zona de intervenção e em todos os momentos de jogo. Um registo que nele encontra especial mérito pela regularidade com que é repetido. Apenas sentiu mais dificuldades na parte final, com a entrada de Simy. Faltou o capítulo ofensivo para um jogo em cheio.

Rojo - É mais volátil do que Maurício e isso nota-se mesmo num jogo em que há poucos reparos a fazer. No capítulo ofensivo, porém, Rojo foi desta vez o principal protagonista entre os centrais da equipa, com duas bolas ganhas na área do Gil, uma delas quase redundando em golo.

William - Novo jogo bem conseguido, embora não tenha atingido o brilhantismo de outras ocasiões. Boa presença na sua zona, quer com bola quer sem ela. Teve uma boa abertura para Montero, numa altura em que o jogo já aconselhava mais verticalização e, como ponto negativo, parece-me ter responsabilidades na última ocasião do Gil, concedendo demasiado espaço interior.

Adrien - Defensivamente foi, simplesmente, tremendo! Impressionante a sua capacidade de intervenção, em especial na primeira parte, atingindo um nível de contribuição defensiva invulgar seja para que médio for, e em boa parte responsável pela conservação do jogo no meio campo ofensivo do Gil. Com bola, por outro lado, voltou a ser apenas uma presença regular.

André Martins - Talvez tenha sido o jogo onde os seus movimentos encontraram melhor enquadramento, começando inclusivamente por aparecer bem entrelinhas e ajudar a equipa a ligar o jogo lateralmente e por dentro do bloco gilista. Depois, combinou sempre bem quer com os movimentos do extremo, quer com o próprio Montero, o que lhe valeu um invulgar protagonismo na zona de finalização. O problema é que o resultado de tudo isto é, na prática, algo escasso. Ou seja, a sua definição no último terço não foi suficientemente contundente para acrescentar muito à equipa em termos de proximidade real com o golo. E esse não é também um problema novo.

Wilson - Esteve bastante em jogo, mas não tão inspirado no último terço, comparativamente com o que lhe é costume. Para além de alguns cruzamentos menos conseguidos, desperdiçou ainda uma ocasião soberana que podia ter ajudado a resolver o jogo mais cedo. Sobre esse lance, dizer que me parece decisivo que a bola lhe tenha caído para o pé esquerdo porque, e como já aqui escrevi, creio ter um nível de desempenho racicalmente diferente do pé direito para o esquerdo. Foi novidade como referência para as reposições longas de Patrício, tendo conseguido um bom desempenho nesse aspecto.

Capel - Tal como Wilson, teve muito jogo, mas nem sempre com a melhor inspiração no desempenho técnico no último terço. Em termos de capacidade de aproximar a equipa do golo, acabou por salvar a face na jogada do segundo golo.

Montero - Para quem joga na sua posição, a relação com o golo é quase tudo, seja marcando, criando ou assistindo. Nesse sentido, os dois golos que marcou são suficientes para fazer dele a principal figura do jogo. Para além desses dois momentos, teve outras apariações, quer em movimentos interiores quer, mais tarde, aproveitando alguma exposição da linha defensiva do Gil Vicente. Foi num desses movimentos que proporcionou uma boa finalização a Carrillo.

Carrillo - O jogo estava bom para ele e teve uma ou outra iniciativa com algum potencial, em particular uma finalização em boa posição mas que saiu à figura. Mas acabou por não aproveitar em pleno a oportunidade que o jogo lhe oferecia, em parte também devido a algum conformismo da equipa na parte final.

Salomão - Um pouco o mesmo do que Carrillo, só que com menos tempo e muito menos protagonismo.

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