13.11.13

Guimarães - Porto: Estatística e opinião

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Promessa não cumprida - A primeira parte prometeu uma exibição de outro nível do Porto. Com o Vitória a ter muitas dificuldades em controlar alguns espaços fundamentais e também com alguma exposição no momento de transição, todos os sinais apontavam para que tudo culminasse numa das exibições mais expressivas do Porto em termos de domínio e proximidade com o golo. Surpreendentemente não foi isso que aconteceu, e a primeira parte serviu apenas para resolver o jogo e a eliminatória. Um "apenas" que, obviamente, era o mais importante, mas que acaba por saber a pouco face à expectativa criada. Na segunda parte, o Vitória apareceu com maior agressividade, mas também com mais risco em termos de exposição dos espaços. O Porto, estranhamente, encolheu-se, deixando de se impor pela posse, perdendo ligação no seu jogo e recorrendo cada vez mais a uma construção directa, o que favoreceu claramente o Vitória.

Sinais repetidos na dinâmica com bola - Já o havia referido a partir do jogo de São Petersburgo e o Porto repetiu sinais de uma tendência para alicerçar o seu jogo na projecção dos laterais, com Josué mais claramente numa posição interior, próximo de Lucho, e sem complexos na afirmação do duplo-pivot, algo que pareceu ser um problema para Paulo Fonseca até aqui. É uma dinâmica que, como já escrevi, me parece ajustada ao perfil das características individuais dos jogadores ao dispor do treinador, restando saber como tudo evolui, até porque não é hoje em dia uma solução muito comum. Outra expectativa passa por ver Quintero no lugar de Josué, numa missão marcadamente mais interior, mas sem que isso implique abdicar da mais valia que representa Lucho naquela zona.

Desajuste táctico do Vitória - A meu ver, a forma como o Vitória abordou o jogo não favoreceu muito os seus objectivos. Fundamentalmente, pelo comportamento do seu meio campo. O Porto fez baixar Defour e Fernando para a fase de construção, e exacerbou a presença entrelinhas, com Josué a juntar-se a Lucho. Ora, o Vitória apresentou-se com três médios, com um mais recuado, mas com os outros dois muito adiantados, atraídos pelo tal baixar do duplo pivot portista, e aumentando assim a distância para o pivot, que ficava sozinho numa zona onde repetidamente apareciam duas unidades, Lucho e Josué. Foi uma situação que penalizou muito a equipa na primeira parte, acabando por ser esse período suficiente para que a eliminatória ficasse resolvida.

Individualidades (Porto)
Fabiano - Um jogo diz sempre pouco, e se for sobre um guarda redes, diz ainda menos. Ainda assim, foi uma exibição muito boa de Fabiano, sempre bem em praticamente todos os lances que teve para resolver e também bastante eficiente nas reposições longas do jogo, algo que nem sempre é fácil para os guarda redes.

Danilo - Está normalmente dependente do seu impacto no último terço, porque no resto raramente ultrapassa a modéstia. E assim se explica o menor fulgor relativamente a exibições recentes.

Alex Sandro - Ao contrário de Danilo, costuma ser impressionante em praticamente todos os capítulos do jogo. Nesse sentido, e sobretudo na gestão da posse onde esteve desconcentrado e pouco consequente, esta foi uma das exibições mais vulgares de que tenho memória.

Otamendi - Pelo menos não repetiu as perdas de bola dos últimos jogos, e isso já é um factor muito positivo. Mas ainda assim, não escondeu a fase de alguma instabilidade em alguns momentos, nomeadamente no lance que perdeu para Maazou.

Mangala - Acabou expulso, mas não creio até que tivesse sido das suas exibições menos conseguidas do passado recente. Aliás, até estava a ser o mais interventivo defensivamente quando saiu, o que ao contrário da imagem que passa não é assim tão comum nele.

Fernando - Sem dúvida o melhor em campo, e provavelmente a exibição globalmente mais conseguida em toda a temporada. Foi o jogador mais presente em posse, onde fez jogar a equipa com segurança. Foi, como sempre, uma presença importante em termos de capacidade de intervenção defensiva na linha média. E foi, finalmente, uma das unidades mais influentes também em termos ofensivos, estando presente em 2 das 4 ocasiões da equipa, uma das quais resultou em golo (acidental, mas que também conta).

Defour - Não teve a exuberância de Fernando, mas esteve também ele muito bem no papel que lhe foi confiado. Voltando a mostrar, aliás, que é um dos valores seguros do plantel e que colocar os holofotes na sua posição, face a outros problemas da equipa, é algo que não faz sentido algum. Muito boa a presença defensiva, e muito bom o passe para Lucho no segundo golo.

Lucho - O habitual, sem destoar em nenhum sentido e mantendo a bitola alta. Muito forte na movimentação entrelinhas e muito competente nas tarefas defensivas, fruto do notável sentido posicional que tem, tanto a defender como atacar.

Josué - É evidente a sua qualidade técnica e teoricamente a liberdade que lhe é dada para aparecer no corredor central poderia beneficiá-lo. O facto é que é para que a ideia de ter maior presença entrelinhas tenha verdadeira utilidade, é preciso que os jogadores tenham a capacidade de ser consequentes no último terço, aproximando a equipa do golo. E neste particular, Josué ainda não deu mostras de ser uma solução consistente.

Varela - Nem a equipa o procurou, nem ele próprio se mostrou suficientemente inspirado para representar uma mais-valia em termos ofensivos. Também é verdade que saiu muito cedo e numa fase em que o jogo prometia oferecer mais espaço.

Jackson - Voltou aos golos - a meu ver um disparate estar a fazer disso um tema, perante o rendimento que tem tido - voltou a dar sinais da mais valia excepcional que representa em praticamente todos os capítulos do jogo, mas nem por isso foi uma exibição inspirada. Aliás, pelo contrário.

Kelvin - Paulo Fonseca deu-lhe minutos e face ao actual panorama entre os extremos do plantel, é bem provável que Kelvin não volte a ter uma oportunidade de afirmação como tem pelo menos até ao mercado de Janeiro. Nesse particular, foram 31 minutos desperdiçados.

Carlos Eduardo - Face ao que fez na pré época e às soluções do plantel, é até questionável se justifica a presença no plantel. Não vai ser fácil inverter o cenário, porque teria de mostrar muito no pouco tempo que previsivelmente lhe será concedido.

Maicon - A meu ver faria todo o sentido ter-lhe sido dada uma oportunidade. Não é difícil perceber que, para além do capítulo técnico, há um interesse em valorizar duas unidades que ambicionarão estar presentes no Mundial e duas selecções tão importantes como a Argentina e a França. E é fundamentalmente por isso que dificilmente terá muito tempo de utilização nas principais competições. A primeira excepção está aberta com a expulsão de Mangala.

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