23.9.13

Benfica: Mais ruído do que sinal

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Mais ruído do que sinal - A vitória é sempre o mais importante. Porque se nunca é tarde demais para melhorar, depressa deixará de haver tempo para grandes escaladas classificativas. Percebem-se, por isso, as cautelas de Jesus na abordagem ao jogo. Ou melhor, percebem-se parcialmente. Porque, e pegando nas palavras do próprio treinador do Benfica, se era obviamente importante não sofrer golos, nem vejo que isso sirva de desculpa para o que a equipa não fez com bola, nem tão pouco me parece aconselhável pendurar as suas aspirações ofensivas na fé de que "o Benfica faz sempre um golo", só porque sim. Correu bem, é certo, mas volto a sublinhar a ideia que partilhei no rescaldo do jogo com o Anderlecht: nem o Benfica era pior pelos pontos que perdeu no inicio da época, nem é agora melhor só porque deixou de os perder. No futebol, o curto prazo tem mais ruído do que sinal.

Jogo fechado - O Benfica venceu, mas foi a estratégia do Vitória que mais resultados produziu. Para bloquear a construção do Benfica, Rui Vitória apresentou um bloco curto, que não pressionava a todo o campo, mas que a partir da zona média convidava o adversário a sair pelos corredores laterais, onde depois os extremos baixavam e diminuiam o espaço. Com bola, a ideia passava sobretudo por construir longo, na expectativa de ficar com as segundas bolas, já dentro do meio campo contrário, ou em caso de uma saída mais curta, optar sempre por explorar uma ligação mais directa ao longo dos corredores laterais. A evitar, claro, o risco do corredor central. O destaque nesta estratégia vai para a inversão da estrutura do meio campo relativamente a outras ocasiões, com o papel dos dois médios mais adiantados a ser preponderante, quer para o inicio do condicionamento pressionante (sem bola), quer para a disputa das segundas bolas (com bola). E assim, o jogo fechou-se, porque interessava ao Vitória fechá-lo, e porque o Benfica pouco fez para o contrariar.

Eficácia - As cautelas do Benfica tornam-se sobretudo visíveis na forma como encarou os problemas que lhe foram colocados. Frequentemente, preferiu construir longo para Cardozo, mesmo que isso nunca lhe tivesse trazido grande eficácia. Quando assim não fez, também não revelou grande arrojo na sua progressão apoiada. Era importante conseguir aproveitar o espaço entrelinhas, nas costas dos tais dois médios do Vitória, mas salvo raras excepções isso não foi conseguido. Em alternativa, poderia explorar a profundidade, sobretudo nos corredores laterais, porque a linha defensiva do Vitória tentava encurtar o espaço na sua frente. Também não o conseguiu. Mesmo com o adversário reduzido, a equipa não se aproximou nunca do golo, aproveitando apenas a vantagem numérica para conseguir um melhor controlo do jogo, especialmente enfatizado após ter obtido o seu golo. Assim, voltou a valer ao Benfica o que lhe faltou nos primeiros jogos, a eficácia.

De Fejsa a Djuricic - O jogo de Guimarães foi, também, uma oportunidade renovada para continuar a acompanhar as várias unidades recentemente promovidas a um papel de maior protagonismo. Nas laterais, muito melhor André Almeida do que Siqueira. O ex-Granada teve muitas dificuldades nos duelos aéreos (Cortez é bem mais forte neste particular) e mesmo com bola não se salvou de alguma inconstância. Fejsa voltou a fazer um bom jogo. Aliás, dir-se-ia fazer esquecer Matic, não fosse o compatriota estar ali ao lado. Matic, aliás, terá feito provavelmente o jogo mais discreto com a camisola do Benfica, o que tem sobretudo a ver com o seu novo posicionamento, onde a envolvência não lhe é garantida, mas tem de ser conquistada. Se queria novos desafios, aqui tem um bem interessante. A nota mais negativa vai, porém, para Djuricic. Não é novo que uma ideia preconcebida faça mais pela opinião que se tem de um jogador do que aquilo que ele realmente oferece à equipa. Djuricic, reforço, parece-me ter potencial e boas características, nomeadamente o instinto que tem para aparecer em zonas de finalização. No entanto, até agora não revelou grande capacidade para ligar o jogo da equipa, aparentemente o principal propósito da sua inclusão no onze. Aliás, se o Benfica pouco conseguiu para contornar os problemas que o Vitória lhe colocou, muito se deve a esta incapacidade do sérvio.
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