30.8.13

Ribery, o sorteio e a eliminação do Braga

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Ribery - Confesso que não entendo a utilidade de prémios individuais cuja principal condição para a eleição é ter integrado a equipa vencedora de uma das principais provas do ano. Não digo que esse não deva ser um critério a considerar, mas parece-me um contra senso que, numa distinção individual, o primeiro critério a considerar esteja logo relacionado com a performance colectiva das respectivas equipas. O resultado é que vivemos num tempo em que há um jogador que repete performances individuais sem paralelo histórico, mas que é preterido nas escolhas da Uefa, simplesmente porque não fez parte da equipa que ganhou a Champions ou o Europeu. Os vencedores colectivos das principais provas da Uefa definem-se por um jogo, por um golo, ou mesmo por um penalti, mas aquilo que separa o rendimento individual de Messi (ou mesmo Ronaldo, para não esquecer também o caso do português) do de Ribery ou Iniesta é bem mais do que isso...

Sorteio - Não sei se se pode considerar um sorteio "favorável" apenas porque não se teve um sorteio "desfavorável". Isto é, Benfica e Porto são favoritos a passar aos oitavos de final, é certo, mas isso já era um cenário expectável, tendo em conta que ambos estavam no primeiro pote, logo é escusado dar graças às sortes.
Parece-me que terá ficado mais favorecido o Benfica: não tem uma equipa tão fraca como o Austria de Viena e tem o PSG, que será provavelmente mais forte do que qualquer dos adversários do Porto, mas tendo em conta que se qualificam dois clubes, parece-me que a distância qualitativa do Benfica para Olympiakos e Anderlecht é bastante superior à do Porto para Zenit ou Atlético de Madrid. O Olympiakos tem um factor casa mais forte, mas ainda assim eu não riscaria o Anderlecht das contas.
Quanto ao Porto, a corrida ao apuramento parece um pouco mais complicada. É claro que o Porto tem histórico extremamente forte nesta fase da prova, e isso faz com que os seus adeptos respirem uma confiança bem maior do que o valor dos adversários faria supor. O Zenit, com quem o Porto se deu mal recentemente, tem a desvantagem do factor casa e tem também o acréscimo de ter Hulk, Witsel e Arshavin, relativamente a esse embate de 2011, o que não é propriamente coisa pouca. Relativamente ao Atlético de Madrid, com quem o Porto tem um histórico muito favorável, o caso é bem diferente. Não dá para dizer que tenha acrescentado grandes mais valias individuais relativamente à última vez que as duas equipas se cruzaram (na altura, tinha Aguero e Forlan), mas o facto é que hoje o Atlético se apresenta com uma consistência colectiva incomparavelmente superior. Aliás, se confirmar o que vem fazendo em Espanha, o Atlético não é apenas um candidato a chegar aos oitavos de final. Ainda assim, repito, o Porto parece-me favorito a passar à próxima fase.




Braga- A eliminação do Braga surge como uma surpresa (sobretudo pelo facto de ter ganho o jogo da primeira eliminatória), e uma surpresa desagradável para o ranking português, especialmente num ano em que o Sporting também não estará presente. Aproveito esta eliminação para explorar a hipótese do futebol português ficar restringido a apenas duas equipas com capacidade para se bater na Europa (não que me pareça um cenário provável no médio prazo, mas apenas pelo interesse académico do exercício). Em termos de ranking europeu, é muito difícil que apenas duas equipas consigam sustentar que um ranking de um país se mantenha nos 6-7 primeiros lugares da classificação da Uefa. A implicação directa disto, é que mesmo as duas equipas mais fortes ficariam com menos hipóteses de entrar directamente na Champions, o que as fragilizaria em termos económicos e, consequentemente, desportivos. Mas também se devem considerar os efeitos no plano interno: por exemplo, a hipótese (apenas académica, repito) da perda de um "grande" implicaria uma redução significativa do mercado interno, e para percebermos a importância do mercado interno basta pensar no que ganharia qualquer dos "grandes" portugueses se integrasse uma liga com um mercado interno tão forte como têm, por exemplo, Espanha ou Inglaterra. Ou seja, a hipótese de perda de dimensão de Sporting (sobretudo) e Braga é um problema que também afectaria directamente Porto e Benfica.

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