29.3.12

Golos fora ou factor casa?

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O 0-0 numa primeira mão, é melhor para quem joga em casa ou para quem joga fora? A pergunta, no fundo, compara a vantagem entre o factor casa e a regra dos golos fora. Enfim, é uma dúvida que tem resolução simples, bastando ver o que aconteceu nas eliminatórias que terminaram com 0-0 ao fim dos primeiros 90 minutos. Não tenho a resposta, mas imagino que, como nenhum outro resultado, deixe tudo igual para a segunda mão.

Qualquer eliminatória que envolva o Barça, nos dias que correm, tem como principal ponto de interesse perceber que tipo de dificuldades poderá o seu adversário causar e, no limite, se haverá hipótese de surpresa. A questão da comparação qualitativa não se põe, pura e simplesmente. O Milan não é excepção, e nesse sentido não estranhará que, mesmo em San Siro, fosse sempre o Barça a estar mais perto da vitória, ainda que, em qualidade, as oportunidades tenham surgido para os dois lados.

Já me referi ao interesse desta competição, para além da qualidade, pela possibilidade de vermos em confronto culturas de jogo muito diferentes. E esta eliminatória, permite-nos isso mesmo, ver um choque de culturas em termos tácticos. Em especial, no Milan, sobressai a forma como corta a profundidade e junta à linha de quatro uma outra, de três. Não é uma estrutura muito comum, mas é altamente característica desta formação, sendo apresentada há já vários anos. O futebol italiano tem esta característica, de não arriscar muito na altura do seu posicionamento mas, por outro lado, de não trazer muita gente para trás da linha da bola. A linha de 3 do Milan pretende precisamente fazer o que a maioria das equipas faz com 4 ou 5 jogadores, reservando com isso mais gente para o golpe mortal da transição.

Se o jogo da fase de grupos for uma antecipação fiel daquilo que vamos ver na segunda mão, então não restam muitas esperanças ao Milan. É que apesar do empate final, o Barcelona foi avassalador nesse jogo. Em particular, nesse decisivo momento da transição defesa-ataque, o Milan foi incapaz de tirar partido dos homens que deixava à frente da bola, sendo encurralado por um Barcelona que se adaptou estruturalmente na reacção à perda, nomeadamente em relação à sua última linha, onde se mantiveram quase sempre 3 unidades, em vez de 2 como acontece na generalidade dos jogos da Liga espanhola. Depois, em relação à linha de 3 médios do Milan, as dificuldades de controlo da largura também emergiram, sendo o movimento de superioridade de Dani Alves aquele que naturalmente mais parece fragilizar esta estrutura dos italianos.

A decisão da eliminatória passará muito pela resposta das equipas a estas nuances, que não deverão manter as orientações base, ainda que me pareçam prováveis algumas diferenças...

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28.3.12

Fatalidades...

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Não será propriamente uma surpresa para quem vem lendo a minha visão sobre a incerteza do jogo, mas de facto não há nada que me pareça ter determinado que o desfecho negativo fosse uma fatalidade para o Benfica. Nem as opções iniciais, nem, muito menos, as substituições. É claro que sei, também, que os efeitos da tradicional emotividade pós jogo não fazem da minha posição algo muito consensual. Nem esta, nem outras. Ainda assim, reforço a opinião: fatalidade, mesmo, só vejo uma: a de que entre duas equipas a maior probabilidade de vitória esteja tendencialmente do lado daquela que tiver capacidade para a adquirir, a qualquer momento, qualquer jogador do seu adversário.

Quanto jogo propriamente dito, parece-me que ambos os treinadores tiveram uma abordagem clássica para uma primeira mão de uma eliminatória a este nível. Ou seja, risco mínimo e a noção de que qualquer pequena vantagem poderá rapidamente fazer toda a diferença. Jesus, com o seu "formato Champions", que usa Witsel mais próximo de Javi e Aimar na ligação entre estes dois e Cardozo. Di Matteo, com uma estratégia assumidamente cautelosa em relação aos riscos em posse, tanto pelas ligações directas para os corredores, como pela postura várias vezes especulativa na primeira fase de construção. Para os dois, a ideia era marcar, se possível, mas não sofrer, a todo custo. Aliás, terá sido precisamente nesse sentido que Jesus fez entrar Matic, reconhecendo que a 20 minutos do fim um golo sofrido poderia ter um custo praticamente impossível de corrigir. Deu-se mal, é um facto, e será fortemente punido pelo tradicional nexo de causalidade que se faz entre substituições e o que acontece a seguir. A justiça desse tipo de sentença é, a meu ver, tão boa como outras que, nas mesmas circunstâncias, foram favoráveis ao treinador encarnado. Ou seja, nenhuma.

Dentro do conservadorismo estratégico, o Benfica foi quem mais quis ganhar o jogo e, até, quem mais esteve próximo de o merecer. Mas um jogo equilibrado é assim mesmo, altamente refém da inspiração do momento. Ainda assim, é interessante notar como o plantel do Benfica tem um equilíbrio algo atípico nas suas soluções. Isto é, qualquer equipa, mesmo as melhores, tem mais dificuldade em encontrar jogadores que marquem a diferença pela sua capacidade de desequilíbrio ofensivo. Por isso, substituir um avançado ou um criativo pode ser uma dor de cabeça muito maior do que um médio defensivo ou um defensor. No Benfica, é ao contrário. Tem avançados e extremos de enorme qualidade, e todos de um nível muito semelhante. Substituir Gaitan, por exemplo, é muito menos problemático para o Benfica do que substituir Mata para o Chelsea. Lá atrás, e também às avessas do que é mais comum, é que o problema é maior. Neste jogo, por exemplo, parece-me que a ausência de Garay foi determinante, porque Torres foi um jogador sempre muito difícil de controlar, com Jardel a sentir enormes sempre que o espanhol o atraiu para fora da sua zona de conforto. Ora, se num jogo deste tipo os pormenores contam ainda mais, este é pormenor que, na minha óptica, contou bastante...

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26.3.12

Acidentes...

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E, mais uma vez, o futebol nos reserva uma boa dose de ironia. Uma jornada depois de, com alguma felicidade, se ter salvo de perder pontos na Madeira, o Porto escorrega em Paços sem que nada no jogo o fizesse prever. Trocados, exibições e resultados. Nunca ninguém o admite conscientemente, mas a verdade é que, seja lá qual for a exibição, um resultado nunca deixa nada igual. Nem estados de ânimo de protagonistas, nem balanços de adeptos e comunicação social. Sim, porque por muito acidental que seja o resultado, no fim é ele que determina sempre se o tema são os erros e opções do treinador, ou a qualidade e bom momento da equipa. Que repercussões tem esta irracionalidade generalizada no jogo seguinte? Pois isso, ninguém sabe...

De todo o modo, os acidentes acontecem no futebol. A todos. Do que o Porto se deve lamentar, seja lá o que a emotividade sugira depois do jogo, não é do acidente de Paços de Ferreira, mas da ausência de margem de manobra herdada de outros resultados bem menos acidentais e que foram acontecendo ao longo da época.

Os pontos do acidente de Paços podem determinar, para já, a perda da liderança e, eventualmente mesmo, a perda do próprio campeonato. Mas, e ao contrário do que a primeira volta sugeriu, há muito que este campeonato deixou de ser decidido apenas por acidentes e pormenores. Já todos perderam pontos por mais do que meras questões acidentais. Várias vezes. No fim, quem perder, não terá uma boa desculpa nos acidentes...

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24.3.12

Empatas...

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Um golo, como se sabe, não precisa de apresentações, mas se há nulos que se anunciam, este terá sido um deles. Isto, pela escassa proximidade que ambas as equipas mantiveram com o golo ao longo de toda a partida. O Benfica pode e deve lamentar-se de si próprio, claro, porque não fez o suficiente para se aproximar do seu objectivo. Pode, também, relativizar a frustração pelo contexto (ainda que isso lhe sirva de pouco). Pelo campo, aparentemente com poucas condições para promover uma boa circulação. Pelo adversário, que aparenta ter como nenhuma outra equipa, um culto do empate. Pelo desgaste da sequência de jogos que, apesar de tudo, ainda está no inicio. E abordo estes últimos dois pontos, o culto do empate do Olhanense, e o desgaste do Benfica...

Sobre a tendência para o empate do Olhanense, não terá a ver com os treinadores, já que esta é a equipa que nas últimas 3 épocas, e com diferentes lideranças, sempre averbou mais empates nos seus jogos. São 38 em 84 jogos desde que regressou ao primeiro escalão... Impressionante! Não tenho resposta para o porquê da tendência, mas há de facto equipas que tendem mais para o empate do que as outras, parecendo estimular-se sobretudo pela aversão à perda. Dois exemplos onde este fenómeno aparece exacerbado são a segunda liga portuguesa e o recente 4-4 entre Olhanense e Nacional, com o marcador a surgir sempre de forma alternada. Enfim, como sempre digo: o futebol constata-se, muito mais do que se explica.

Sobre a sobrecarga competitiva, não faltam exemplos de equipas que sentem dificuldades em manter níveis exibicionais quando jogam poucos dias após um grande desgaste emocional e físico. O próprio Jesus por várias vezes se referiu ao problema do "terceiro jogo", focando-se bastante na questão física. A minha dúvida, porém, tem mais a ver com a possibilidade de haver uma dificuldade de manutenção dos índices de concentração em ciclos competitivos apertados.

Para além de todas estas dúvidas, claro, está a questão do futuro imediato do Benfica, que não se afigura fácil. Este empate, surgindo antes de um ciclo absolutamente decisivo, vem acrescentar ainda mais pressão sobre a equipa. Não tarda muito para termos as respostas, mas todos percebem que um final feliz começa a afigurar-se como um cenário de cada vez menos probabilidade...

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23.3.12

A sina e o guarda redes

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Seria de esperar que o percurso ascensional do Braga nos últimos 10 anos lhe tivesse creditado mais finais no currículo. Já não digo títulos, embora também isso fosse provável, mas finais. Tem uma, por sinal a mais improvável, o que é muito pouco. Será sina? Há várias coisas cuja explicação nos escapa no futebol (e aí está, pelo menos para mim, o grande interesse deste jogo), mas este não é uma delas. Não há sina, nem explicação alguma, é apenas uma das hipóteses do destino. Ou seja, uma constatação factual sem causalidade que possa fazer antever repetições futuras. Porque, e muito embora sempre pareça, os factos não implicam forçosamente causalidade.

Não acreditando eu no determinismo do fado bracarense, há algo neste jogo que penso merecer reflexão. O Braga foi o mesmo dos últimos jogos, com um pouco menos de felicidade no inicio, mas suficientemente confiante para que um revés não beliscasse o seu potencial qualitativo. Assim, virou e poderia ter sentenciado a presença na tão desejada final. Se o tivesse feito, estaria aqui a dar maior ênfase ao facto de ser o Braga quem, nesta altura, resolve os seus jogos com mais ligeireza. Mas esse cenário não evitaria a mesma pergunta que deixo agora, porque é uma dúvida que tenho para mim em relação aos jogos decisivos que se aproximam: Revelando, jogo após jogo, condições para se equivaler em quase tudo aos rivais na luta pelo título, terá o Braga o que é preciso para se equivaler nos pormenores?

E aqui, vou aproveitar o erro de Quim (fazendo dele um pretexto, mas não uma motivação em si mesmo), para recordar a teoria de Artur Jorge e dos 6 pontos que valeria um bom guarda redes. Uma comparação implica sempre pelo menos duas avaliações, mas depois da observação mais detalhada que fiz aos guarda redes nesta temporada, há duas conclusões que retiro para mim: 1) Concordo com a grande importância dada por Artur Jorge na relação entre guarda redes e sucesso. 2) A dificuldade em encontrar um bom guarda redes tem muito mais a ver com a dificuldade que há em fazer uma avaliação correcta do desempenho deste tipo de jogadores, do que com a escassez de alternativas de qualidade.

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21.3.12

Rivalidade

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Estranheza. É sobretudo esse o meu sentimento ao ver este jogo. Não posso estar seguro de que não tenha a ver com o meu próprio condicionamento prévio, da ideia que já tinha de que a partida não seria abordado com a habitual intensidade emocional pelas duas equipas. Ainda assim, é a minha sensação ao ver 3 golos em tão pouco tempo e uma primeira parte tão oscilante e pouco consistente de ambas as partes. Venceu o Benfica, e talvez lhe fique melhor porque foi, de facto, quem mais oportunidades criou, sobretudo na recta final da primeira parte.

Interessante é a discussão sobre a importância que ambos deram, ou não, a este jogo e a esta competição. Há uma desvalorização deliberada e que não é de agora ou deste jogo, e que surge sobretudo do lado portista. Já escrevi sobre isso, mas parece-me um pouco como um comerciante fazer publicidade contra os seus próprios produtos. Enfim, não é novo que o futebol português se permite a estas e outras excentricidades, pelo que também não se pode estranhar muito. Seja como for, o facto é que não é preciso o discurso de seja quem for para que a competição seja, de facto, desvalorizada na prioridade dos treinadores. Todos o sabem, ninguém vai evocar a Taça da Liga como atenuante para a perda do campeonato e é essa prova que, no fim, definirá o último sorriso e, muito provavelmente, a manutenção de algumas cadeiras. Apesar disto, e porque a rivalidade é isso mesmo, ninguém queria perder, sendo esse o estimulo (a rivalidade) que terá evitado uma opção por uma quase plenitude de segundas linhas. Porque, e em face do que escrevi acima sobre a importância das competições, esse seria o cenário mais provável caso o sorteio não tivesse ditado estas sortes.

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20.3.12

A rever, porque não há muito mais a fazer....

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À primeira vista, as dificuldades do Sporting podem não fazer sentido algum, e em qualquer caso não eram seguramente provável, mas talvez não fosse também difícil antecipar as diferenças entre este jogo e aqueles que, recentemente, catapultaram o a equipa para novo estado de optimismo. De resto, já não é a primeira vez que me refiro a este aspecto. O tipo de oposição que colocou o Gil, estrategicamente mais baixo e expectante, não foi surpresa e recuperou um cenário em que o Sporting do passado recente teve sempre muitas dificuldades em ultrapassar.

O resultado não será o mais importante para a análise, até porque o resultado, num só jogo, está sempre refém de uma série variáveis pouco ou nada controláveis. Ainda assim, o resultado não pode também ser dissociado da imposição qualitativa de uma intenção de jogo. E precisamente por ser indissociável, talvez seja correcto referir o peso da eficácia na definição das condições do jogo. É que se o Sporting pouco se conseguiu aproximar do golo em 90 minutos, o Gil não teve de fazer muito para construir a sua vantagem.

Num plano mais táctico, creio que a circulação baixa do Sporting foi o aspecto que mais revisão justifica. A equipa traz muita gente para zonas baixas, aproximando dois médios dos centrais, recuando unidades móveis mais adiantadas e mantendo, inclusivamente, os laterais quase sempre em posição baixa. Várias vezes o Sporting manteve vários jogadores na mesma linha, e sobretudo não conseguiu criar boas condições para iniciar a progressão, na minha perspectiva por não fazer um bom uso da largura do campo. O Gil, mesmo não tendo muita gente na primeira linha de pressão, conseguia um condicionamento que facilitava a tarefa da segunda linha de pressão, de onde não passou grande parte do jogo do Sporting. Enfim, motivos para Sá Pinto reflectir...

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Entretanto, quem também jogou foi o Metalist, que teve melhor sorte do que o Sporting muito graças a um jogador a que tinha feito referência, Cristaldo. Que grande golo!

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17.3.12

Expectativas

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Não houve surpresas, mas não se pode dizer que tenha sido uma mera formalidade. Pelo menos, para o Porto, que teve um jogo de grande incerteza e muito pouco controlo. Mais um sinal de que o momento não faz antever um grande conforto na recta final, ao contrário do que aconteceu em boa parte da prova. Cumpre-se este fim de semana a 10ª jornada em 2012 e, mesmo descontando o jogo entre ambos, foram mais as jornadas em que pelo menos 1 dos dois perdeu pontos do que aquelas em que, como nesta semana, ambos conseguiram vencer. Veremos o que acontece à medida que a pressão aumenta...

Nem 20 dias passados, jogar-se-á outro Benfica-Porto. O lado mais interessante deste segundo jogo, pelo menos para mim, tem a ver com a diferença de contexto para o primeiro. Ou seja, no jogo para o campeonato, os 90 minutos eram encarados quase que como uma final do campeonato. E o campeonato, quer para um lado, quer para o outro, pode significar muito mais do que uma mera organização das festas de Maio. Pode ter implicações nas carreiras de muitos dos protagonistas, sobretudo dos treinadores. Agora, por outro lado, Benfica e Porto trocariam um resultado na meia final da Taça da Liga por 2 pontos ganhos em mais uma importante jornada (ambos jogam fora) que terá lugar alguns dias depois do reencontro na Luz. É claro que quando a bola começar a rolar, e estando vermelho e azul frente a frente, muito de tudo isto passa para segundo plano. Muito, mas não tudo...

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Já havia comentado sobre a importância do sorteio para as aspirações do Benfica no sonho da Champions. E a sorte não quis muito com o Benfica. Deixa espreitar para a meia final, mas por essa curta brecha mostra o Barcelona. As probabilidades de vitória do Benfica na prova são nesta altura estimadas em 1,5%. Pode parecer pouco, mas quantas vezes, desde que a Champions permite mais do que um clube por país, é que um clube português atingiu as meias finais?

Na Liga Europa, o Sporting teve melhor sorte (não que sejam comparáveis as hipóteses de um "bom sorteio"). O Metalist mantém o mesmo problema de 2008, quando calhou em sorte ao Benfica. É sempre subestimado. Trata-se da 3ª potência do futebol ucraniano, onde perde sobretudo por não ter tanta capacidade no mercado interno, e por isso não chega à Champions, onde entram equipas com bem menos qualidade. Mas na Liga Europa, está farto de surpreender quem deles duvida, inclusivamente o próprio Benfica nessa experiência de 2008. Entre os sul americanos, que conheço quase todos bem, destaco os argentinos Sebastian Blanco e Cristaldo, que aprecio bastante e gostaria de ter visto no futebol português. Há um outro pormenor a ter em conta no Metalist, é que ao contrário do que pode sugerir a proveniência longínqua, esta equipa tem um registo europeu estranhamente positivo nos jogos fora. E não é deste ano. Os espanhóis lideram o ranking das expectativas (eu acredito que a mentalidade do Bilbao pode fazer deles o principal candidato, nesta altura). Ao Sporting, é creditada uma probabilidade de 8% de erguer a Taça. É pouco, mas para o Sporting as baixas expectativas também não têm sido um problema...

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16.3.12

História

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A última meia hora retira algum brilho e a possibilidade de uma vitória que, a acontecer, teria sido uma das mais improváveis (aqui, probabilidade não é minha) da História do clube. Mas não retira o essencial, uma qualificação que será também ela histórica e certamente relembrada (há muito que o Sporting não eliminava um adversário deste calibre). Muito mérito durante 150 minutos e um súbito desnorte, que quase deitou tudo a perder, durante 30 minutos. Interessante o contraste, e a forma como durante tanto tempo o Sporting manteve o City relativamente longe do golo e, de repente, pareceu ser incapaz de passar 5 minutos sem um sobressalto. A importância que um golo teve na atitude dos jogadores! Sobre os minutos finais, em destaque a "oferta" de dois golos, o primeiro numa má abordagem no desarme, e o segundo num pontapé de canto onde o Sporting repetiu o erro algo básico de não sair para a linha da bola na sequência do canto. Já em Alvalade sofrera dois sobressaltos por lapsos semelhantes. E são lapsos, porque o posicionamento sugere exactamente esse comportamento. Recupero a dúvida hipotética, na sequência do que já deixara para o Benfica: o que precisa exactamente de fazer o Sporting nas restantes competições para "salvar" um eventual 4º ou 5º lugar na liga?

A hipótese que avançara no inicio desta fase a eliminar confirmou-se, e não foi preciso esperar muito. De novo, os favoritos mais mediáticos caem na Liga Europa. Por muito que Mancini o contrarie, e mesmo que o pense (deverá ter pensado mesmo, pela gestão que fez dos recursos), é muito difícil manter níveis de motivação quando os jogadores quereriam era estar na Champions, e por isso mesmo é que este "fenómeno" se continua a repetir. O único dos oito qualificados que mantém aspirações a um título interno é o AZ, e isso talvez seja mais contributo para que possa ser o mais desejado dos adversários.

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15.3.12

Goleadas tangenciais

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Stamford Bridge pode não ser o palco que mais memórias guarda no que respeita à história das competições europeias. Nos últimos anos, porém, tem assumido um protagonismo especial a esse nível, e esta terá sido mais uma noite a contribuir para isso. Talvez a primeira desta edição da Champions, mas certamente que não a última. O jogo foi bom, pela emoção e pela divisão permanente do ascendente. O Chelsea terá sido mais forte, mais experiente, ou apenas mais feliz, dependendo do ponto de vista. Eu, diria que foi sempre mais incisivo quando conseguiu entrar na área contrária e que isso foi, como não raras vezes acontece, decisivo. Mas, claramente, terá contado com o cinismo da eficácia, ou pelo menos eu não sou capaz de concordar com uma separação de 3 golos entre as equipas como resultado mais fiel daquilo que vi. E aqui, nos 3 golos de diferença, chego ao ponto que mais me interessa...

3 golos de diferença no marcador, mas dificilmente 3 golos de diferença na cabeça de quem quer que fosse. Adeptos e protagonistas. Todos o viram como um jogo de resultado tangencial. Viram e, mais importante, jogaram. Dos 5 golos marcados, nenhum foi conseguido em situação de vantagem. Ou seja, todos foram marcados como reacção a uma situação de necessidade. Ora, é certo que o jogo teve sempre uma boa atitude de ambos os lados, é certo também que se tratou apenas de um jogo, que não é representativo para conclusão alguma e que tudo pode ter sido apenas um acaso. Mas é também certo que este fenómeno da diferença de atitude em função do resultado está perfeitamente identificado, não só no futebol, mas no desporto em geral. Por regra, não se trata de algo voluntário ou consciente, não há - como tantas vezes reclama o desespero dos adeptos - uma atitude premeditada de treinadores ou jogadores. Simplesmente acontece e se alguém soubesse porquê, seria capaz de contrariar a tendência, o que não se verifica. O futebol é um jogo de humanos...

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14.3.12

Contrastes...

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- Quando o sorteio ditou o confronto entre Bayern e Basel (curiosamente, partilham a abreviatura FCB), imediatamente imaginei um passeio para os alemães. É que, para além da diferença evidente de valores, não havia qualquer contraste de estilos ou choque de culturas. Houve, no entanto, da minha parte uma subvalorização do Basileia actual. O seu momento é tremendo, pulverizando a liga interna e atingindo patamares de confiança que permitem a exacerbação do potencial colectivo, reflectido em feitos como foram, por exemplo, as vitórias caseiras frente a United e a este mesmo Bayern. O mais curioso é verificar o que pode acontecer quando o escudo da confiança é repentinamente retirado por um gigante insaciável como é, culturalmente, o Bayern. Não pode deixar de vir à memória o caso do Sporting em 2009 que, num episódio muito semelhante ao do Basileia (mas ainda mais penoso, porque teve direito a repetição), foi devorado por este mesmo adversário sem que houvesse qualquer relação com a consistência da equipa, quer no seu percurso europeu até aí, quer no próprio momento interno (as goleadas sofridas pelo Sporting coincidiram, paradoxalmente, com o arranque para um excelente ciclo de resultados internos). Não há grande lógica nisto, apenas Fragilidade.

- Do outro apurado do dia, não se pode traçar perfil mais contrastante com o do Bayern. Não tem grande explicação esta modéstia dos clubes franceses. São uma das potências económicas da Europa ocidental, têm dimensão, condições e formação para serem uma potência também ao nível de clubes. Mas não são, e vivem um bastante traumatizados por isso. Talvez a próxima década lhes seja mais favorável e Paris veja, finalmente, uma equipa corresponder à sua importância em todas as restantes áreas sociais e económicas. Refiro-me ao PSG, é claro. Para já, fica apenas o alerta para algo que venho repetindo: os franceses podem não ser uma potência, mas têm o seu valor também algo menosprezado. Porque desprezam a Liga Europa e não têm unhas para a Champions, acabam sempre longe das finais, parecendo por isso mais fracos do que realmente são. Mas, há muita qualidade e, atenção, porque ao contrário da Liga Europa, eles darão tudo por um brilharete na Champions.

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12.3.12

Ao sétimo dia...

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O nível de detalhe da minha informação não vai tão longe, mas duvido que o Benfica tenha tido na Liga um período tão difícil como os primeiros 10 minutos da segunda parte. O jogo teve tudo para ficar, se não resolvido, pelo menos a bom caminho desse destino. Terá havido um efeito de deslumbramento do Paços, perdendo o foco naquela que seria a sua prioridade para a segunda parte? Certezas nunca as teremos, mas a brevidade com que todo o cenário se inverteu, dá pelo menos para especular sobre essa hipótese. De todo o modo, excelente período de jogo, especialmente pela velocidade e oscilação que atingiu. Mérito para o Paços (algumas exibições individuais muito boas), demérito para o Benfica (transição defensiva e concentração com bola). Não deixa de ser interessante que Jesus tenha abdicado de Saviola e Nolito numa altura em que precisava de dar a volta ao resultado. Escrevo "interessante", porque é um luxo fazê-lo sem ter necessariamente de perder capacidade de desequilíbrio. Enfim, uma coisa parece-me clara: se o Benfica chegar ao título, este vertiginoso inicio de segunda parte merecerá um lugar de destaque entre os momentos mais decisivos...

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Números uso muito, mas sobre numerologia não sei praticamente nada. Sei, no entanto, que 7 é um número especial para muita gente e que provavelmente Sá Pinto será uma dessas pessoas. Ora bem, ao sétimo jogo, Sá Pinto viu o seu Sporting, finalmente, atingir os patamares que o próprio certamente idealizou. Não chegou aos 7 golos, mas nem precisava de chegar tão perto, porque toda a exibição denotou desde cedo um nível qualitativo muito superior ao que até aqui se vira (e desconsidero aqui a exibição com o City, que teve um contexto diferente das outras). Ora, a não ser que haja mesmo alguém com fé na numerologia, não me parece fácil arranjar-se explicações para este súbito acréscimo de rendimento, especialmente no culminar de uma semana de grande sobrecarga competitiva e que começou como começou. Sem querer estar eu próprio a entrar em dimensões explicativas que considero absurdas, devo sublinhar a importância da qualidade individual de que o Sporting dispôs. E aqui faço uma distinção dos jogadores que decidem, dos que aproximam a equipa do golo. De forma clara e sem sofismas. O Sporting, na minha opinião, tem dois que seriam, com Matias, as suas principais mais valias a esse nível tão relevante para o sucesso: Izmailov e Jeffren. Julgo que a diferença que qualquer um dois faz nesta equipa está à vista de todos, mas a pergunta que eu penso que se deve fazer não tem a ver com o potencial, mas com a fiabilidade. Será que têm condições para competir de forma contínua ao longo de uma época? Talvez seja esta, de novo, uma pergunta essencial no planeamento da próxima época.

Já agora, em relação ao jogo, fica a nota para a utilização de Elias e Schaars no inicio de construção. Não sei se Sá Pinto o equacionou estrategicamente, mas este Vitória teria uma postura previsivelmente diferente do outro, de Setúbal, com que o Sporting se deu mal. Este iria tomar a iniciativa de subir para pressionar e não apenas de esperar para o fazer. Fá-lo em qualquer parte, e fá-lo-ia com enorme probabilidade também em Alvalade. Ou seja, para o Sporting era decisivo sair de forma útil da primeira linha de pressão, não apenas pela óbvia questão da segurança, mas porque depois seria muito mais fácil encontrar espaços. Elias e Schaars parecem-me ter sido importantes neste detalhe, Izmailov e Matias agradeceram.

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11.3.12

A Liga que ninguém quer ganhar...

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"Demos 45 minutos de avanço!" O diagnóstico foi feito por Vitor Pereira, mas teria sempre eco em grande parte dos adeptos portistas. Na realidade este é, aliás, um dos comentários mais comuns entre os adeptos, seja de que clube for e, em geral, resulta de uma ilusão. É que o futebol tem, por norma, mais golos nas segundas partes do que nas primeiras, e as equipas tendem a convergir para os resultados que lhes interessa. Assim, é apenas normal que uma equipa favorita ataque mais numa segunda parte em que precisa de um resultado. Nem tem de ser necessariamente mau, lembro-me por exemplo do Chelsea de Mourinho, que durante algum tempo manteve essa característica de resolver os jogos nas segundas partes. Seja como for, no caso do Porto, é inequívoco que não é normal que a equipa acumule tantos jogos consecutivos em que entra na segunda parte sem ter ganho vantagem no marcador. Não é normal, sobretudo, porque os adversários são de uma valia muito inferior e a expectativa é que a sua resistência não chegue para tanto. Aqui, claramente, pensar em Feirense ou Leiria, não é o mesmo que pensar na Académica que, como já aqui deixei a opinião, é das equipas tacticamente mais interessantes do campeonato. De todo o modo, e mesmo que já não pareça nada depois do jogo, este era um dos jogos onde a perda de pontos seria menos provável...

O empate portista vem acentuar uma tendência estranha na Liga. Durante muito tempo este parecia ser um campeonato para ser decidido no pormenor, e com muito poucas perdas de pontos. De repente, eis que se sucedem resultados inesperados, primeiro de Benfica, e agora de Porto, para mais na condição de líderes, o que é ainda mais estranho porque o factor confiança - recorrentemente decisivo neste tipo de situações - deveria contar a favor. Dir-se-ia que esta é uma liga que ninguém quer ganhar. Se continuarem com tantas gentilezas, Benfica e Porto poderão continuar a lutar ponto a ponto... correm é o risco de não estar a lutar pelo lugar que pensavam...

Um pormenor no golo da Académica, que vem na sequência de algo que já escrevi aqui há algum tempo. Este tipo de cruzamentos, tirados ao segundo poste, tem a particularidade de tornar muito mais difícil a tarefa aos guarda redes (não conseguem definir o posicionamento ideal para a abordagem à finalização). Estranhamente, denoto pouca intencionalidade na procura deste tipo de movimento.

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9.3.12

A vantagem de não ter que dominar

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- A nível interno, não há muito para escolher em termos de opções estratégicas. Para os "grandes", o empate é uma derrota e por isso nada mais resta do que dominar, ou seja, tomar de assalto a bola e o espaço. Na Europa e nesta fase da competição, não é assim. Sabendo-se que realisticamente não poderia ter os dois, Sá Pinto podia escolher entre a bola e o espaço. É claro, todos estaremos conscientes do que se diria de Sá Pinto se as coisas tivessem corrido mal na sequência de uma estratégia especulativa, como aquela que escolheu (ou das substituições que fez, de resto). Não seria um argumento original. Mas o treinador está onde está para ganhar jogos, e não para preparar desculpas para as derrotas, e por isso a sua opção foi a mais acertada, quer tivesse ganho ou não. No campeonato, voltará a ter de atacar as vitórias pelo domínio total, pela bola e pelo espaço, e aí veremos como a equipa vai evoluir. Terei menosprezado as dificuldades que acabou por encontrar na imposição do futebol que idealiza, mas a atitude do treinador e a sua consciência do que é preciso para ganhar, tem correspondido à minha expectativa.

O City, creio, não esperava o Sporting fechado que lhe apareceu pela frente. Nem foi esse o Porto que teve (aliás, foi o City quem jogou no erro na eliminatória anterior), nem as suas observações do Sporting lhe terão dado essa indicação (a última vez que me lembro de algo semelhante, em Alvalade, foi frente ao Porto na época anterior). Por outro lado, parece-me que foi um cenário que trocou as voltas ao treinador italiano em termos de gestão do actual ciclo de jogos. Havia poupado Silva e Aguero para este jogo, e percebe-se pelo calendário que quereria resolver já a eliminatória, uma vez que a segunda mão está entre uma deslocação a Swansea e a recepção ao Chelsea, e a Premier League será sem dúvida a prioridade. São mais boas notícias para o Sporting!

Finalmente, uma nota para os centrais do Sporting, ultimamente muito em foco pela negativa mas que, de repente, aparecem em bom nível num jogo de maior grau de dificuldade. Parece contraditório, mas quando se joga mais baixo, mais protegido e sem trabalhos forçados em construção, é mais fácil não errar.

- No duelo mais interessante da ronda, logicamente que não se pode dizer que se esperava uma derrota do United, mas também nunca esperaria outra coisa que não fosse uma séria relativização do favoritismo dos ingleses. Há dois pontos que quero focar a este respeito. Uma, para o mérito do Bilbao de Bielsa. Trata-se, provavelmente, da grande novidade em termos tácticos das principais ligas deste ano. Uma equipa que consegue o sucesso através de uma abordagem comportamental profundamente atípica. Uma fuga ao paradigma actual, que mostra que no futebol a qualidade não tem de ser monótona. Entre todos, talvez o comportamento que mais espanto crie seja o uso de referências individuais como ponto de partida para o pressing em zonas mais afastadas da sua baliza.

O outro ponto tem a ver com algo que escrevi há algumas semanas, à cerca da Liga Europa e da forma como várias equipas abordam esta competição. Para o Bilbao será um feito eliminar o United, mas para os ingleses não vem grande mal ao mundo se saírem eliminados da prova. Quem sabe, com a ajuda do Sporting, não ficam já pelo caminho os dois gigantes da cidade?

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8.3.12

Dois mundos e uma sentença

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A propósito do Bayer-Barcelona da primeira mão, tive a oportunidade de ler uma antevisão de alguém que havia, alguns dias antes, antecipado dificuldades para os catalães na visita a Pamplona (contextualizando, o Barça perdera o jogo frente ao Osasuna no fim de semana anterior à primeira mão). Escrevia que apesar do mau momento do Barça ser evidente, tal não deveria ser suficiente para que uma vitória confortável estivesse em causa na Alemanha, que o potencial das duas equipas era demasiado dispar, que eram duas equipas de dois mundos completamente diferentes.

Ora, não é pela goleada numa segunda mão de uma eliminatória já resolvida, mas a diferença de valor entre Barça e Leverkusen será mais ou menos a mesma que a diferença entre um "grande" e uma equipa da II Divisao, em Portugal (sublinho que estou a comparar diferenças de valor e não o valor das equipas em si mesmo). São dois mundos completamente diferentes.

Não faltam exemplos que corroborem a ideia de que o sucesso de uma caminhada europeia pode depender muito de sorteios e eliminações surpreendentes. É o mesmo para as aspirações de equipas menos conceituadas (ou sobretudo destas) em taças domésticas, por exemplo. Neste sentido, e em relação ao sonho europeu que se vai reavivando no Benfica, a aleatoriedade do sorteio pode tornar inútil qualquer discussão sobre o assunto, mas não coloca, seguramente, em causa a relevância das sortes que serão tiradas antes dos quartos de final. Aliás, se nos centrarmos nos apurados de hoje, Barcelona e Apoel, o sorteio parecerá mais mesmo uma sentença.

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7.3.12

Enfim, um suspiro...

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O valor das equipas não faz desta uma vitória obrigatória ou banal, mas também nada mais do que normal. Por mérito do Benfica, para que não me interpretem mal. No entanto, o contexto torna-a especialmente relevante. Por interromper um terrível momento negativo e pela relevância da competição. Pode ser importante para uma equipa que, mais do que a maioria, tem na confiança um combustível essencial, dado o arrojo da sua proposta de jogo. Pode ser também um factor de distracção para o que resta do campeonato. Será que vai ser? A história do Benfica de Jesus sugere-nos que sim, mas logo se verá.

Não o referi na altura, mas a opção de Jesus que mais me surpreendeu no clássico de Sexta Feira foi a ausência de Bruno César. O Benfica é uma equipa que tem algumas características raras (o que a torna, em termos tácticos, muito interessante), e uma delas é a disposição que assume em construção, utilizando muitas vezes apenas 1 médio no corredor central. Ora, isto é naturalmente um condicionalismo para que o centro seja uma alternativa de progressão, e por isso vemos tantas vezes os corredores laterais a serem explorados no inicio das jogadas encarnadas. Outra implicação é a exigência de mobilidade de outros jogadores, nomeadamente pelo menos um dos avançados e os extremos. Ora, é aqui que entra Bruno César, já que (e já escrevi sobre isto há algum tempo..) o brasileiro é, com alguma distância, o extremo que mais fiabilidade oferece à posse, sendo essa uma característica que ganha relevo à medida que a zona de intervenção se torna mais central. A minha surpresa em relação à opção não se dá apenas por esta minha constatação, que no limite poderia ser apenas minha, mas pelo facto do próprio Jesus ter feito algumas referências no mesmo sentido, nomeadamente após o jogo da primeira volta, no Dragão. Ora, hoje Bruno César esteve inspirado e foi decisivo, mas mesmo que não o tivesse sido, na minha opinião, a sua utilização fazia sentido, como teria feito frente ao Porto, e fará quase sempre que o adversário seja de um nível qualitativo mais elevado. E essa capacidade viu-se também na fase de maior necessidade de gestão da posse por parte da equipa.

Outro jogador que faz sempre sentido neste Benfica, e um pouco pelos mesmos motivos, é Witsel. Impossível não ser seduzido pela sua forma de tratar a bola, de tal forma até que isso pode até levar a algumas conclusões menos rigorosas sobre a sua influência em termos de presença em posse (o que a meu ver acontece com compreensível frequência). Seja como for, Witsel tem a virtude de ser um jogador de pausa e valorização da posse, numa equipa viciada em aceleração e velocidade. Witsel, diria, acrescenta bom senso ao futebol do Benfica.

Voltando ao inicio, fica a dúvida e um mergulho na irracionalidade que envolve o jogo: até onde é que é preciso ir na Champions, para que se "salve" uma época em que se perde o campeonato?

- No outro jogo da noite, o Arsenal conseguiu o surpreendente feito de encostar a eliminatória em apenas 45 minutos. Por um lado, a ameaça de reviravolta sugere que o 4-0 da primeira mão não fora assim tão decisivo. Por outro, no entanto, essa é precisamente a vantagem decisiva de um 4-0, até dá para perder por 3!

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5.3.12

Sacked in the morning

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- Há já alguns meses que o "you're getting sacked in the morning" se ouvia nos jogos do Chelsea e, de tanta insistência, a profecia acabou mesmo por se concretizar. O ponto talvez mais curioso deste cântico popular nos estádios ingleses é que ele é utilizado para os treinadores adversários e muito raramente para os próprios. É interessante como um jogo é vivido com intensidade emocional idêntica, mas com uma abordagem em tantas coisas diferente. Enfim, o mais importante é que se vira uma página inesperadamente mal sucedida na carreira do treinador e do próprio Chelsea. As teorias que apontam para uma conspiração do grupo contra o treinador português terão nos próximos jogos um teste de fogo, pelo que mais útil do que especular, será mesmo esperar para ver. Quanto a Villas Boas, este nunca será um capítulo que deixe boas memórias, mas poderá ser sempre um experiência enriquecedora. Pessoalmente, não acredito na fórmula dos vencedores natos. Os casos de sucesso continuado desde o primeiro dia são famosos e, por isso, espectacularmente enfatizados, mas eu penso que serão também apenas excepções muito pontuais. O que acredito é que os mais vencedores se fazem, em regra, por uma maior capacidade de aprendizagem, nomeadamente por aquilo que sabem retirar dos maus momentos. Cá esperamos pelo seu novo desafio...

- Entretanto, parece confirmar-se uma luta a 3 no segundo patamar da tabela classificativa. O jogo foi mau e talvez nem 1 golo merecesse, mas o Vitória venceu, colocando-se assim numa posição que pode ser melhor do que aquilo que parece à primeira vista. É, aliás, algo para que já tinha alertado há algumas semanas. O jogo de Alvalade será importante, mas não creio que mesmo com uma derrota o Vitória deixe de poder ter aspirações a subir pelo menos 1 lugar na tabela. Nesse cenário, de derrota, poderá ficar a 9 pontos de Marítimo e Sporting, mas completará também um ciclo de jogos que lhe deixa um calendário de 8 jogos onde apenas defrontará adversários da parte de baixo da tabela. Veremos o que a próxima jornada nos traz...

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4.3.12

Negro!

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Mais pistas faltassem, a conferência de imprensa de Mota oferecê-las-ia. Recordando o jogo em que o agora treinador do Setúbal defrontou o Sporting, não seria difícil antever que estratégia teríamos para este jogo. E assim foi. Tivesse o Sporting segurança na sua construção e a estratégia faria o Setúbal aspirar, no máximo, ao zero zero. Sem segurança, tornou-se numa estratégia com outras potencialidades.

A expectativa que tinha de um bom inicio de Sá Pinto já se havia esfumado, como escrevi após o jogo com o Paços de Ferreira. O calendário sugeria-o, de facto, mas o meu optimismo ignorou o obstáculo que representaria mudar alguns comportamentos em pleno climax competitivo. Comportamentos que exigem outro contexto para poder evoluir. Poderia lá chegar por outra via, ganhando tempo através de vitórias alicerçadas no controlo e estabilidade defensivas, como sugeriram os 2 jogos anteriores, mas bastou o primeiro sobressalto para se perceber que a confiança neste momento tem a consistência de um castelo de cartas. Polga será o maior exemplo desta relação entre a falta de confiança e o descontrolo. Fez um inicio de época relativamente estável, com as suas virtudes e defeitos, mas desde que a equipa perdeu contacto com o seu principal objectivo, que acumula erros individuais, jogo após jogo. Mas não é apenas Polga, como bem se vê...

A meu ver, o Sporting teve fases bem diferentes, como de resto parece corroborar o gráfico que acompanha o texto. Um inicio de boa produção mas com grande ineficácia, que custou pontos relevantes, um segundo período de maior eficácia, onde manteve um rendimento bastante elevado, e uma queda abrupta após o jogo com a Académica, quando perdeu contacto com o objectivo de liderança. Actualmente, temos a fase mais preocupante, porque a produção de jogo da equipa está nos níveis mais baixos da época e sem um contexto de dificuldade que o justifique.

Tenho abordado aqui o tema da fragilidade do futebol, e essa ideia aplicada ao caso do Sporting atribui uma enorme incerteza sobre os limites negativos a que a equipa poderá chegar. Um cenário negro, mas que poderá não ser irreal se não for rapidamente invertido.

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3.3.12

Montanha russa

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- O jogo foi assim como o próprio momento do campeonato, uma montanha russa. Não posso dizer que não estivesse avisado - afinal, já escrevi sobre isso há muito - mas ainda assim, fui apanhado de surpresa por esta descida a pique do Benfica de Jesus. No jogo, como no campeonato. Está tudo em aberto? Pois está, mas para uns está menos do que para outros, e é bom não dar os primeiros 2 lugares como entregues. Enfim, o jogo ainda está demasiado fresco para se avançar a esse ponto, mas para o Benfica este pode ser um momento de viragem importante, mesmo para além desta época. Aguardemos os próximos capítulos. Agora, já se sabe, no futebol a emoção é dominante sobre a razão...

Precisamente, é o predomínio da emoção que faz deste um fenómeno em que o vencedor fica com tudo ("the winner takes it all", é a expressão que estou a adaptar). Neste momento, é o Porto que voltou a ter tudo na mão. O título, os sorrisos e a cabeça levantada. Sim, porque se durante meses Vitor Pereira foi quase que forçado a baixar os olhos perante o peso mediático de tantas criticas (é curioso, mas agora que penso nisso, acho que nunca ouvi ninguém dizer que gostava dele desde que se tornou treinador do Porto), hoje e enquanto estiver na frente, serão os outros que baixarão os olhos perante o treinador. Não há qualquer racionalidade nestes volte faces, mas esse é precisamente o ponto do fenómeno futebolístico, a emoção sobre a razão.

Não prometo voltar com mais pormenores sobre o jogo (não digo que não o farei, mas já uma vez prometi e não pude cumprir em tempo útil...), mas ficam algumas perguntas: O primeiro golo resultou de um remate sensacional, mas pode entrar por ali, naquele ângulo e àquela distância? E o último (independentemente da legalidade do lance), devia Artur ter chegado primeiro a uma bola que é disputada ainda na pequena área? Depois, a importância das bolas paradas, não apenas pelos golos directamente resultantes, mas por outros 2, que têm génese na transição após a cobrança de cantos. Não será o instante após os lances de bola parada o momento de maior desorganização e instabilidade táctica nos jogos? Face ao equilíbrio e dificuldade em desequilibrar nos outros 4 momentos, serão as bolas paradas o momento que actualmente mais define diferenças entre as equipas?

Finalmente, duas notas sobre o comportamento do Benfica. O primeiro para o risco em posse, que Jesus tanto pareceu querer controlar mas que o voltou a trair na hora da verdade. O Benfica sofre 2 golos após perdas (mérito de Fernando) em que a conservação da posse é fundamental para a manutenção do controlo. Principalmente o 2-2, pela situação de vantagem, que aconselhava risco mínimo, e pela própria ausência de necessidade da equipa se expor na situação concreta, já que acabara de concluir uma transição que terminou na área adversária, não exigindo perda de equilíbrio colectivo. É o outro lado da entusiasmante vertigem do futebol de Jesus, por vezes há um preço a pagar e não parece haver mesmo nada a fazer. A outra nota é sobre Cardozo. Com a derrota ninguém vai reparar muito, claro, mas marcou mais 2 em jogos "grandes". Ao fim de tantos anos, mantém melhor aproveitamento em jogos difíceis do que em jogos fáceis, o que não é apenas interessante, mas um perfeito contra senso. Lá está, o futebol não se explica, constata-se.

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