12.12.11

Beira Mar - Porto: opinião e estatística

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- Creio que se pode afirmar agora com mais segurança: há, tacticamente, um novo Porto. Não que a equipa que iniciou a época não fosse diferente da anterior. É-o sempre. Mas era uma equipa que jogava em bases de quase absoluta continuidade com o modelo anterior, com algumas 'nuances' corrigidas ou alteradas, mas sem nenhuma verdadeira rotura. Agora, e ao que tudo indica, há mesmo roturas que vieram para ficar. A inversão do triângulo de meio campo não é apenas uma manobra de xadrez, e a presença de Hulk como elemento central do ataque também não constitui uma mera opção técnica, como aconteceu no ano anterior aquando das ausências de Falcao. Há implicações na dinâmica cujo saldo entre perdas e ganhos se medirá a prazo e em função da própria evolução da equipa. Para já, pelo menos para mim, a novidade constitui-se, em si mesmo, um interesse acrescido...

- Em relação ao jogo, faço um balanço de impressões contrastantes. Por um lado, o Porto esteve muito bem na afirmação do seu domínio no jogo. Não um domínio consentido, como aquele que se verificou em Olhão, por exemplo, mas um domínio autoritário e com condições para garantir outro tipo de tranquilidade na obtenção da vitória. Essencialmente, isso aconteceu pelas virtudes desta nova variante do 4-3-3 portista. A equipa é capaz de verticalizar com mais propósito e frequência, tem maior mobilidade nos elementos da frente, envolve melhor Álvaro Pereira, e reage muito bem à perda, com Moutinho e Fernando a manter a bola continuadamente no meio campo ofensivo. Mas, e apesar de tudo isto, surge o contraste: é que o Porto não teve uma grande proximidade com o golo, no sentido em que não criou um grande número de oportunidades claras para o conseguiu. Por outro lado, e apesar do controlo em grande parte do jogo, o Beira Mar fez um golo e permitiu-se ainda algumas aproximações perigosas nas escassíssimas chegadas que conseguiu ao último terço. Fica a dúvida, por isto, em relação à segurança defensiva da equipa, sobretudo em alguns problemas no controlo da profundidade.

- Há outra mudança na gestão de Vitor Pereira, em relação ao período inicial da temporada, e esta ainda mais radical: a rotatividade. Depois de um inicio de época em que todos jogavam e deixavam de jogar, eis que Vitor Pereira fixa um onze e só muda quem é mesmo obrigado a mudar. Desta opção sobram algumas dúvidas e, como sempre, várias criticas, relativamente a certas opções. Pessoalmente, creio ser evidente o desajuste de casos como o da colocação de Maicon à direita, mas não acho que se possa ser demasiado critico em relação a um treinador que opta por tentar estabilizar uma dinâmica colectiva vencedora, mesmo que para isso tenha de assumir alguns elos mais fracos. Não entendo que tenha de haver um 8 ou 80 nesta matéria, mas acho que é, ainda assim, preferível este tipo de gestão do que aquele que marcou o inicio de temporada.

- Relativamente a alguns casos individuais, destacar sobretudo Hulk. Não sei o que o futuro nos vai mostrar, mas para já Hulk tem dado uma resposta tremenda na nova posição. É, até, um jogador mais consequente do que na ala, porque não se depara tantas vezes com a tentação de ir para o 1x1. Com a sua mobilidade e havendo complementaridade para os movimentos que faz, o Porto ganha porque não tem um jogador tão escondido do jogo como acontece com os 9 habituais, porque mantém como referência mais adiantada um jogador fortíssimo para o momento de transição, e porque se o tal entrosamento colectivo for bom, há maior imprevisibilidade de movimentos nos jogadores da frente. Resta saber se continuará a decidir onde é importante ter gente que saiba decidir, na área, mas para já não pode haver ponta de critica a levantar. Depois, referência para Belluschi, que foi novidade no tal espaço "entrelinhas", trazendo uma característica diferente de Defour. O argentino não surge tão bem como Defour nos espaços, mas tem a particularidade de ser temível na frente da área. Não lhe saiu bem neste jogo, mas pode vir a fazer estragos dali. Sobre Álvaro Pereira, fazer referência para o seu muito maior propósito nos envolvimentos ofensivos, sendo solicitado em zonas mais próximas da área e com maior possibilidade de sucesso para os seus famosos cruzamentos. Finalmente, Otamendi, que acrescenta muito em termos de zona de intervenção dos centrais, quer em relação a Rolando, quer em relação a Mangala. As suas instabilidades mantêm-se, mas ninguém é mais forte no jogo de antecipação do que ele, e por isso é que tem uma capacidade de intervenção defensiva superior a todos os outros.
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