20.9.11

Benfica - Académica: opinião

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- Vou começar pelo fim, e pelo jogo de Sexta Feira. Desta vez, será mais claro o que irá fazer Jesus em termos de estrutura, mas restam algumas dúvidas no que respeita à estratégia. Irá assumir um jogo de construção, ou usar Cardozo, para diminuir o risco de perda perante o pressing contrário? Do mesmo modo, questiono-me sobre se da parte do Porto haverá uma estratégia especifica, se tentará condicionar o lado de saída da bola do adversário, por exemplo? Enfim, alguns pontos de interesse para um clássico que já não tarda. Mais uma vez, uma nota importante para o lado mental. Recuperar dois pontos em "cima" do jogo pode ser benéfico para o Benfica, mas o grande obstáculo mental está longe de ter a ver com a época em curso. É muito mais profundo do que isso...

- Sobre o jogo, começo por falar da característica algo invulgar a que o jogo foi forçado. Menos passes, menos certeza em posse, menos circulação, do que é habitual. Porquê? Tem a ver com aquilo que a Académica se propõe fazer. É uma equipa que tenta condicionar o jogo adversário pelo encurtamento de espaços através de uma postura agressiva (subida) da sua linha mais recuada. Neste cenário, o jogo definir-se-ia em dois sentidos possíveis: ou com muito risco para o Benfica, caso a entrada no bloco 'estudante' não fosse bem conseguida, ou grandes dificuldades de controlo nas costas da defesa, caso o Benfica conseguisse sair em boas condições do primeiro passe vertical. Claramente, foi o segundo caso que se constatou. O porquê, a divisão entre mérito e demérito, é que será mais discutível...

- Primeiro, há obviamente grande mérito na circulação do Benfica, com Garay a ganhar grande protagonismo, e pela positiva, no papel que teve no primeiro passe. Mas, também Bruno César protagonizou movimentos muito bem conseguidos, que permitiram combinar bem com Emerson, ao longo do corredor esquerdo. E foi assim, fundamentalmente, que o Benfica se aproximou do golo na primeira parte, surgindo o invulgar dado de não termos qualquer ocasião encarnada através dos lances de bola parada. Uma raridade, especialmente nos jogos da Luz.

- Mas, do lado da Académica, também há lugar a alguns reparos, ressalvando-se obviamente o contexto e grau de dificuldade que tinha pela frente. Nomeadamente, parece-me que não houve capacidade para ser pressionante sobre o primeiro jogador que recebia o passe de penetração, permitindo que este pudesse enquadrar e controlar o tempo sobre o segundo passe. Ora, com uma defesa tão alta, isto iria implicar uma dificuldade de controlo sobre o espaço que estrategicamente era oferecido nas costas. Aqui, parece-me importante a reactividade e capacidade de antecipação que os jogadores dentro do bloco não tiveram, mas também o descontrolo sobre o ponto de saída de construção do Benfica. Isto, porque se a bola circula lateralmente antes do primeiro passe, será sempre mais difícil estar perto do receptor, quando não foi ainda feito o ajuste posicional à largura. Nomeadamente, à esquerda Emerson pareceu receber sempre com bastante liberdade e com condições para ameaçar a profundidade. Na segunda parte, a Académica melhorou neste plano, conseguiu controlar muito melhor o Benfica neste momento, acabando no entanto por ter de se expor progressivamente, em função do resultado.

- Ainda na Académica, é uma equipa interessante, que apresenta, provavelmente, a postura posicional com mais exposição da Liga (novamente, altura da linha defensiva). Interessante foi o movimento do golo, com o extremo a vir para dentro e a encontrar o médio oposto, no espaço "entrelinhas". Parece-me muito claro que é um movimento intencional da equipa, o que não espanta tendo em conta a proveniência do seu treinador.

- Relativamente ao Benfica, uma nota para o papel dos seus extremos. De facto, uma grande variedade de soluções, todas com boa capacidade de trabalho e uma enorme facilidade para decidir, seja finalizando (Nolito e Bruno César), seja assistindo (Gaitan). Não é por acaso que "ter golo" se paga no mercado, é que vale mesmo muito. Resta Perez, que também tem muita qualidade, mas que tem uma característica algo diferente destes, sendo fundamentalmente mais consistente em zonas interiores e distantes da baliza.

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