8.8.11

Porto - Guimarães: opinião

ver comentários...
- Não foi um jogo muito interessante, começo por dizer. Essencialmente, porque o Porto esteve quase todo o tempo em vantagem, e porque, por outro lado, o Vitória não revelou grande arrojo na sua estratégia, ao longo dos 90 minutos. Ou seja, o Porto não arriscou muito na forma como tentou entrar no bloco contrário, mas ficou também a ideia (pelo menos a dúvida...) que essa postura pudesse ser estratégica, sobretudo na segunda parte. Dedicou-se, isso sim, a um controlo muito eficaz do momento de transição contrário, que o Vitória nunca (ou muito raramente...) conseguiu potenciar como pretende. Por exemplo, as transições à largura, características das equipas de Machado, nunca apareceram.

- Em termos de construção, voltou a notar-se o enfoque nos movimentos que identifiquei no jogo de Lyon. Ou seja, a responsabilidade do primeiro passe vertical a ser relegada para os médios (ou centrais em alternativa), e com um movimento vertical do lateral ao longo da linha, no espaço aberto pelo extremo, que vem para zonas mais interiores. Outro movimento muito tentado, passou por uma ligação directa para o extremo do lado oposto. Talvez a opção se deva ao controlo do risco de perda dentro do bloco vimaranense, já que o Vitória abdicou de pressionar na primeira linha, apostando claramente num encurtamento de espaços dentro do seu próprio bloco. São detalhes que continuarei a acompanhar.


- Interessante o pormenor da utilização de Maicon. De notar que, já na final da Taça, havia sido a escolha em detrimento de Otamendi. Parece haver - e isto vem já do ano anterior - uma clara orientação estratégica da equipa em relação à utilização destes 2 jogadores. Otamendi é, normalmente, a primeira escolha, mas em jogos em que se identifica uma tendência do adversário para construir mais directo, é em Maicon que recai a escolha.

- Como balanço, não é jogo que deixe grandes optimismos para o Porto, se tivermos em conta o elevado nível de exigência com que a equipa parte. Mas, como referi, fica a ideia de uma gestão estratégica em função da vantagem que, quase sempre, existiu. No entanto, a equipa terá de revelar maior variedade de movimentos na zona criativa, coisa que, seguramente, veremos ser tentada no futuro. Há, ainda, a curiosidade sobre a alteração de rotinas com a especificidade de alguns jogadores que devem entrar (caso não saiam...). Falcao é o caso mais popular, mas há ainda Belluschi ou Guarin (aposto na continuidade deste último, como figura preponderante), James e Alvaro Pereira. Tudo elementos de grande "peso" no futebol do ano anterior, e quase todos eles capazes de introduzir especificidades individuais às colectivas.

- Individualmente, o destaque maior tem de ir para Rolando, já que, mesmo contando os deslizes defensivos, a sua presença na área contrária foi, não só invulgarmente avassaladora, como inegavelmente decisiva. Depois, Hulk, que continua a ser Hulk, Moutinho e Fucile, merecem, por esta ordem, o meu destaque.

- Sobre o Vitória, parto do ponto que deixei no rescaldo do último jogo: a "temperatura" em redor de Machado. Não foi óptimo - perder nunca o pode ser - mas também não foi por este jogo que o "clima" terá piorado. De resto, a equipa optou por uma estratégia que se entende, tentando cortar espaços à circulação que o adversário gosta de potenciar, e apostando tudo na permanência da sua largura ofensiva, para o momento de transição. Não resultou, particularmente neste último aspecto, mas muito por mérito do adversário, que se preveniu muito bem para essa ameaça. É claro que nada disto teria alguma hipótese de resultar, quando a equipa demonstra tanta vulnerabilidade nas situações de bola parada. Nada de novo, se atendermos àquilo que se passou na final da Taça. Uma nota sobre 2 jogadores. Pedro Mendes, que não se compreende como não é titular (quer dizer, se for para ser utilizado a descair sobre as alas, até se percebe). Edgar, que parece ter, também ele, a sua "temperatura", em Guimarães. Se atendermos ao que fez na final da Taça, e ao que pode fazer como referência ofensiva, foi uma arma que ficou, claramente, por explorar...
Ler tudo»

AddThis