31.8.11

Nacional - Benfica: opinião

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- Começo pelo sistema. Jesus diz que é igual, que Witsel só vem dar outra característica, outra capacidade de recuperação. Jesus saberá, seguramente, melhor do que eu, mas vou, ainda assim, deixar a minha leitura, parcialmente discordante, porque, mesmo podendo estar errado, só posso concluir o que constato. O Benfica mantém, de facto, a sua dinâmica, com bola. Hoje, mais do que no passado, há uma aproximação grande de Javi à primeira linha de organização, e 3 dinâmicas preparadas, uma para cada corredor. E, para além das características, nada muda. Witsel faz de Aimar, e Aimar de Saviola. Já sem bola, é diferente. Em organização, isto é. O Benfica defende em 3 linhas. A primeira, com Aimar e Cardozo (pressionam a primeira linha de organização, em simultâneo), a segunda com Witsel numa função simétrica a Javi, e a terceira, a linha defensiva. No 4132 anterior, Aimar pressionava à frente de Javi, nas costas dos avançados. Não havia simetria, Aimar fechava tanto à esquerda como à direita. E Javi, nas suas costas. Sobre a primeira parte, da organização ofensiva, sou favorável. Já o escrevi. Witsel é fantástico e acrescenta maior critério à progressão, o que pode fazer perder alguma vertigem e, talvez, alguns desequilíbrios, mas mantém grande qualidade e, sobretudo, muito maior segurança em posse (um problema crónico do Benfica). Já sem bola, continuo com as minhas reticências. Vejo o Benfica pressionar numa área que me parece muito ampla para 3 linhas, e vejo muito espaço entre estas. Um teste interessante vai ser com o Man Utd, que está habituado a lidar com "fórmulas" para ultrapassar esta disposição defensiva.

- O jogo tornou-se fácil, fundamentalmente, por causa da eficácia, porque, até ao golo de Cardozo, o Benfica tinha sentido muitas dificuldades (e só voltou a criar perigo depois da expulsão). E posso começar por aqui. Se o Benfica tem o melhor ataque do campeonato, deve-o muito à sua eficácia. Em relação ao número de oportunidades (17), a equipa conseguiu concretizar mais de 40%, alicerçando este seu bom aproveitamento, sobretudo, nas situações de origem em cruzamento (4 golos e 50% de eficácia, em relação às oportunidades). Precisamente, a forma como chegou ao golo na Madeira. Também pelos dados fornecidos pela Liga, se confirma este bom registo, com o Benfica a ser 3ª equipa mais eficaz, face às oportunidades que cria. Apenas Gil Vicente e Beira Mar superam o registo encarnado. Só os golos dão tranquilidade, e este jogo prova-o bem, e sem eficácia dificilmente essa tranquilidade existirá de forma consistente. Aqui, neste inicio de época, os méritos principais dividem-se entre Cardozo e Nolito.

- De volta às incidências do jogo, de facto, o Benfica sentiu muitas dificuldades nos primeiros minutos. Isto, porque a estratégia do Nacional forçava o Benfica a jogar em organização, e conseguia condicionar a construção. O Benfica fez golo praticamente na primeira vez que ligou o seu jogo, porque, até aí, nada se vira (e não me refiro ao nevoeiro). Ou melhor, viram-se dificuldades. Há um ponto de viragem, aqui, que, entendo, possa ter sido detectado por Jesus por volta dos 15-20 minutos. E explico... O Nacional não condicionou o tempo de passe sobre a primeira linha. "Entregou-o" aos centrais. O que fez, foi cortar a linha de passe entre os centrais, colocando aí Rondon, e criando depois um bloco denso na zona intermédia. Não alto, mas médio. Talvez, sugere-se-me, algo inspirado no que faz o Porto, mas sem a mesma qualidade. O que aconteceu, nos primeiros minutos, foi que Javi baixou, como normalmente faz, para a linha dos centrais. Ora, isto implicou que a presença de Rondon, apesar de meramente posicional, inviabilizasse 2 apoios (Javi e o central do lado oposto à bola). Com isto, não só o Benfica não mudava o ponto de saída, facilitando a concentração do bloco do Nacional num dos lados do campo, como se via obrigado a construir pelas alas, já que Witsel e Aimar, ficavam em inferioridade numérica e com muitas dificuldades para receber. O que fez Jesus? Adiantou Javi. Os efeitos, estão espelhados na jogada do golo, mas, na realidade, alastraram-se ao resto da partida. Com a subida de Javi, Rondon passava a inviabilizar apenas 1 apoio (o central do lado oposto), mas não inviabilizava Javi, que passava a estar noutra linha. Não só o Benfica passou a poder mudar o ponto de saída da bola, ligando corredores, através de Javi, como, e mais importante, passou a poder construir pelo corredor central, e tirar partido dos movimentos de Witsel e Aimar. Isto, porque Javi passava a ser mais um ponto de controlo para os médios do Nacional, que passavam a defender numa área mais ampla, e com mais um apoio por controlar. O golo, e a eficácia, trouxe tranquilidade para gerir, sem sentir a necessidade de forçar. Mas foi este detalhe que ditou, em definitivo, o arranque do Benfica para o domínio da partida.
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