13.6.11

Nuno André Coelho e a volatilidade dos centrais

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Não é tema novo, mas promete ser novo ponto de interesse na próxima época. Pelo menos para mim. Aqui ficam alguns pontos de opinião, sobre Nuno André Coelho, a sua evolução e a afirmação de centrais, no geral, ao mais alto nível:

1- Começando pelo jogador, repito o que penso do seu potencial... Não encontro, entre os jogos que vejo nos mais variados campeonatos, muitos jogadores que combinem a sua capacidade física (em termos de jogo aéreo, agilidade e velocidade) com a qualidade técnica que tem. Não chega, é certo, Falta-lhe aposta continuada, e uma orientação mais clara em termos de definição de critério em posse e de referências posicionais. Coisa que, no Sporting, não teve.

2- A leitura que faço da sua prestação no Sporting é manifestamente diferente da generalidade das pessoas. Errou em demasia (sobretudo em posse), é certo, mas também denotou uma capacidade de domínio da sua zona defensiva excepcional e que, por exemplo, Torsiglieri ou Carriço não têm, nem me parece que possam vir a ter. Acabou, a meu ver, por ser uma vitima fácil, atribuindo-se-lhe responsabilidades em erros que tinham origem colectiva e fazendo dele uma justificação individual de problemas que eram essencialmente colectivos. A aposta clara num jogador no inicio de época, para, depois, passar a quarta opção denota, acima de tudo, grande falta critério na avaliação dos jogadores.

3- De novo numa opinião especulativa e pessoal, o grande "azar" de Nuno André Coelho foi ter sido envolvido na transferência de João Moutinho, porque, se com Jesualdo Ferreira era normal a aposta numa dupla que dava garantias e vinha de trás (Rolando-Bruno Alves), com a saída de Bruno Alves para o Zenit, abria-se uma oportunidade de ouro para um jogador como Nuno André Coelho. Uma oportunidade que, a meu ver, teria muito mais condições para aproveitar do que Maicon, por exemplo. Qual seria hoje a sua cotação se tivesse ficado no Porto?

4- O potencial pode lá estar, mas se nunca tiver o enquadramento e, já agora, o reconhecimento certos, de nada servirá. Nuno Coelho tem agora, possivelmente, a derradeira oportunidade para se afirmar a tempo de aspirar a uma carreira ao mais alto nível. E uma boa oportunidade! A sua qualidade não se compara a qualquer das outras soluções no plantel do Braga, sendo uma aposta incontornável para Leonardo Jardim. Depois, se não tenho opinião muito formada sobre o trabalho do novo treinador do Braga em muitos aspectos, também já deu para perceber o bom funcionamento da sua linha defensiva, sobretudo na preocupação que os centrais fazem da preservação dos espaços entre si. Esta mudança pode, por isso, ser o ponto de inflexão na carreira do jogador, e, já agora, mais uma notável notícia para os cofres do Braga. Para o Sporting, é que me parece não ter sido tão bom. Mas também se pode dar o caso de ser eu a estar enganado. Veremos...

5- Esta questão da afirmação dos centrais, merece, de facto reflexão. Se olharmos para dois centrais incontornáveis na Selecção, Ricardo Carvalho ou Bruno Alves, por exemplo, vemos que todos tiveram trajectos de afirmação semelhantes ao de Nuno André Coelho, precisando de um enquadramento colectivo e de uma aposta continuada para "explodir". Pepe, noutro caso, chegou a Portugal como um jogador irrelevante, e fez uma ascensão meteórica até à afirmação inequívoca num dos clubes mais difíceis do mundo para um central. Piqué, do Barcelona, foi vendido quase com desprezo pelo Manchester United, para de imediato se afirmar como um dos melhores (para mim, o melhor) centrais do mundo. Se fizermos um paralelismo com avançados e médios ofensivos, vemos que este tipo de volatilidade não existe com frequência e que o talento é muito mais facilmente reconhecido, e de forma independente do enquadramento colectivo. Dá que pensar, até porque é nesta volatilidade que se encontra a oportunidade dos audazes...

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