23.5.11

Porto - Guimarães: Estatística e opinião

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1- A eficácia. Foi esse o epicentro das justificações apresentadas por Manuel Machado para tão grande diferença no resultado e, fazendo-se justiça, há que dar razão ao treinador do Vitória. Se o desfecho se definiu na primeira parte, é preciso considerar que nesse período o número de oportunidades que ambos os conjuntos construíram foi muito próximo. O Porto saiu com uma montanha de três golos de diferença, mas não foi pelo volume ofensivo que o justificou. Foi, antes sim, pela diferença de eficácia.

2- Mantendo-me no tema, não quero aqui entrar no complexa discussão sobre o "controlo da eficácia", mas parece-me importante voltar a notar o diferencial de resposta que os jogadores do Porto conseguiram dar nos momentos decisivos e, em especial, na fase em que o jogo se desestabilizou emocionalmente. Não tem só ver com a finalização, como pareceu sugerir Machado, mas também com a resposta defensiva nos momentos chave. É facto que a equipa errou colectiva e individualmente, mas também há que referir que a eficácia ofensiva voltou a estar presente, agora sem Falcao, e que, no outro lado do campo, o guarda redes foi decisivo e marcou a diferença em relação ao seu colega de posto, do outro lado do campo. Desta vez foi Beto, mas se nos lembrarmos de outros jogos decisivos recentes, vemos que não é uma situação nova.


3- Se formos ao jogo e à abordagem das equipas, rapidamente se percebe que o Vitória está longe de se poder apenas lamentar da eficácia. A equipa não conseguiu nunca potenciar o erro do adversário em posse, e foi sempre muito pouco consequente no seu momento de transição, demonstrando pouca qualidade no primeiro passe após a recuperação da bola. A consequência é a estranha constatação de que o Vitória raramente foi capaz de explorar os momentos de transição, relegando as suas possibilidades para as bolas paradas ou para ofensivas em que o adversário já estava organizado. Mas - e noutra constatação inesperada - mesmo relegada para este perfil de jogo de sucesso altamente improvável, o facto é que não foi pela pouca produção ofensiva que a equipa se distanciou tanto de poder erguer o troféu. Erros de abordagem defensiva e uma enorme insegurança em posse foram as verdadeiras condicionantes das aspirações vitorianas.

4- Do lado do Porto, há também que assinalar a surpreendentemente má performance defensiva da equipa. Não foram apenas as bolas paradas, ou a "oferta" de Fernando. O Vitória conseguiu chegar por várias vezes a situações de finalização na "cara" de Beto, valendo, aí, o guarda redes. Se é verdade que grande parte dos desequilíbrios resultaram do trabalho de recuperação que a linha média conseguiu protagonizar, é também um facto que, ultrapassada essa primeira linha, o bloco portista se revelou demasiadas vezes vulnerável. Não é normal...

5- Individualmente, no Vitória, nota para as exibições de Anderson Santana, João Paulo e Edgar. Anderson Santana foi um lateral que tive a oportunidade de comentar na pré época, mas que estranhamente desapareceu com o inicio da competição. Embora tenha sido apenas um jogo, voltou a dar boas indicações, e não me estou a referir apenas aos lances de bola parada. João Paulo, porque conseguiu protagonismo nas várias intervenções decisivas que protagonizou. Se o resultado não foi ainda pior, muito se deve a ele. Edgar, porque, embora seja facilmente criticável, pelas oportunidades que não concretizou (todas elas defendidas, note-se), a verdade é que trabalhou muito e normalmente bem para a equipa, sendo também protagonista de quase todos os lances que a equipa conseguiu construir. De resto, nota francamente negativa para Cleber, não se percebendo, por outro lado, porque saiu Renan, quando estava a ser dos jogadores mais fiáveis da equipa.

6- No Porto, são bem evidentes os destaques, quer pela positiva, quer pela negativa. Beto, James e Hulk, por um lado. Fernando, pelo outro. Mas, acrescento o papel dos médios. Moutinho, pelo acerto e regularidade habituais em todos os momentos do jogo. Belluschi, porque esteve em excelente plano, sendo, no momento da sua saída de campo, o médio com mais intercepções defensivas e mais passes completados, destacando-se pela influência positiva nos momentos de transição. Num meio campo destes, para Villas Boas o difícil deve ser mesmo escolher quem joga.

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