28.9.10

Porto - Olhanense: análise e números

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Foi, realmente, um jogo pouco interessante. De facto, e tendo em conta os indícios deixados pelas duas equipas, este era um cenário bem provável à partida. Tivesse o Porto a eficácia suficiente para abrir o marcador na primeira parte e dificilmente este seria um jogo de grande intensidade emocional. E assim foi. Golo marcado, jogo resolvido. Ganhar, com os mesmo a fazer a mesma coisa. Mais do que “solidificar processos”, o Porto está a “solidificar a confiança nos processos”. Não é a mesma coisa...

Notas colectivas
Não é de hoje, mas fica muito claro especialmente neste tipo de jogos. A preocupação de ter segurança em organização ofensiva e no inicio do ataque posicional. A circulação ocorre sempre em zonas baixas de forma fluída mas paciente, esperando o momento certo para fazer o primeiro passe vertical. E este passe é muito importante. É-o porque é nele que se define muito do lance. Se vai acabar com o adversário a defender dentro da sua área, ou numa transição no outro sentido. A segurança neste passe é determinante para que a equipa não perca o seu posicionamento ofensivo, por isso mais vale esperar pelo momento certo do que impulsivamente procurar furar o bloco contrário. Parece, pelo menos, ser esta a ideia de Villas Boas.

É claro que para isto é necessário muita lucidez e controlo emocional. É precisamente por isso que as vitórias são importantes. Porque retiram a ansiedade dos jogadores e do público, dando-lhes mais margem para não serem impulsivos na escolha das suas acções. Neste momento o Porto não impressiona nem entusiasma pelo jogo que realiza, mas apresenta um dado que pode ser bem mais importante do que qualquer espectacularidade: A eficácia. O seu aproveitamento face às oportunidades que cria é bem maior do que a média das equipas (dados que obviamente tenho). Há 2 hipóteses: ou estamos perante um fenómeno pontual que se dissipará com o tempo, ou é uma consequência dessa lucidez emocional que Villas Boas se tem esforçado por incutir. A minha convicção aponta para a segunda e, se estiver certa, a eficácia apenas abandonará a equipa quando esta perder a lucidez.

Por fim, talvez mereça salientar a perda de qualidade da equipa na segunda parte em termos ofensivos. Sobretudo ao nível da decisão, e também pelas mexidas a que a equipa foi submetida, o Porto perdeu alguma fluidez, num período em que poderia ter entretido um pouco mais as bancadas. Como isso nunca colocou em causa o controlo do jogo e como não se perdeu mais do que isso – o entretenimento das bancadas – não é um facto que mereça muito realce.

Notas individuais
Se do ponto de vista colectivo, este foi um jogo que representou pouco em termos de novidades, em termos individuais, há a introdução de Fucile e Otamendi. Uma introdução que, creio, terá sido planeada em função da própria calendarização e que possivelmente terá continuidade para o futuro.

A primeira coisa que há para dizer é que esta alteração retira centímetros à equipa portista. Um aspecto que poderá ter mais importância nas bolas paradas defensivas, onde Sapunaru e Maicon eram 2 jogadores com muita importância. De resto, sobre Fucile não há muito a dizer porque todos o conhecemos e fica fácil de perceber o que pode acrescentar em relação ao romeno.

Otamendi teve a estreia ideal e revelou um pouco do seu ADN. Muito interventivo e confortável a sair da sua zona. A sua natureza, porém, contrasta um pouco com a mentalidade de Villas Boas e o teste ao central precisa de ser prolongado no tempo. O jogo aéreo – sobretudo quando cair na sua zona um avançado com mais 10 ou 15 centímetros – é uma interrogação, mas o risco principal está na mentalidade. Na forma como gosta de arriscar a antecipação e na forma como assume riscos em posse. O choque de mentalidades é grande e é preciso que o irreverente Otamendi seja “domesticado” para que o seu potencial se ajuste à cultura do colectivo. Para mim, que já o conhecia do Velez, é um caso que acompanharei com especial curiosidade.

Em relação às restantes exibições, nada fora do normal. A regularidade de Moutinho, mais critério e menos inspiração de Belluschi, o desequilibrador do costume, ainda que em dose reduzida, e o regresso às exibições menos conseguidas por parte de Varela. Os números sugerem o destaque de Fernando e eu acho que é justo.

Finalmente, falar do caso do momento de Falcao. Claramente o seu rendimento e confiança estão afectados e isso sente-se quase todas as vezes que toca na bola. É um caso que pode ter algumas semelhanças com o de Liedson. Talvez Falcao precise de estar mais em jogo para se encontrar e talvez tanto tempo de “isolamento táctico” lhe tenha feito mal em termos de confiança. Talvez...



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