1.9.10

Naval - Sporting: Análise e números

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A confirmar-se a sua volatilidade recente, não é provável que Paulo Sérgio se agarre muito àquilo que aconteceu na Figueira. A verdade é que provavelmente devia. É utópico pensar que alguns dos problemas da equipa se terão evaporado subitamente e muito do seu eclipse episódico se explica naquilo que a Naval não foi capaz de fazer. Ainda assim, o losango trouxe a exibição mais consistente da temporada, alicerçada num crescimento significativo do rendimento individual de muitos jogadores.

Notas colectivas
Há dias confessei acreditar que esta era uma equipa individualmente superior àquela que o Sporting tinha há 1 ano e que se Paulo Bento a tivesse tido nessa altura dificilmente teria deixado Alvalade da forma que deixou. Ora, na Figueira tivemos um bom teste prático para essa hipótese teórica, com muito do que a equipa fez a aproximar-se da filosofia implementada por Bento. E a verdade é que se deu muito bem.

O domínio leonino foi alicerçado numa boa intensidade de todos os jogadores, valendo uma rápida presença nas zonas da bola e também representando uma mais valia na disputa de lances divididos. As dimensões do campo não são, aliás, um pormenor a menosprezar na análise do jogo. Nestas condições é sempre importante ser mais forte nas bolas divididas e na resposta a iniciativas mais directas, que acabam sempre por acontecer. Depois – e também tem a ver com a dimensão – é importante saber distinguir bem os momentos em que dá para circular e aqueles em que o risco não deve ser assumido. Em todos estes patamares o Sporting esteve bem e, sobretudo, sempre muito melhor do que a Naval. Aliás, uma das dúvidas que me fica é que resposta dará a equipa neste modelo, mas num campo maior. Sobretudo em termos defensivos, creio que há problemas que poderão ser mais vezes expostos. Mas isso só poderemos confirmar, se a fórmula for repetida noutras condições.

Importa também falar de outro aspecto que tem a ver com a dinâmica das alas. O Sporting tem tido alguns problemas na protecção dos flancos. Jogando em 4-4-2 ou 4-2-3-1, como vem sendo hábito, a equipa tem sempre 2 alas muito ofensivos e o meio campo, com apenas 2 jogadores, tem dificuldade para auxiliar a tempo a cobertura dos flancos. Este problema foi muito visível na Mata Real, mas tem sido um denominador comum na temporada e um dos problemas da equipa. Ora, este losango apresentou maior consistência nesse âmbito porque, apesar dos laterais serem muito ofensivos, havia 3 médios com responsabilidades mais posicionais, o que facilitava a compensação nos flancos. Mais uma vez, um jogo não chega para tirar conclusões, mas esta dinâmica foi bastante interessante, e mais interessante poderá ser com João Pereira, por exemplo.

Se tudo isto funcionou em termos colectivos, muita da explicação da subida de rendimento tem de vir da componente individual...

Notas individuais
De facto, num só jogo houve vários jogadores a conseguir os níveis exibicionais mais elevados da temporada, e isso não pode ser dissociado da estrutura e do modelo adoptados.

Primeiro, Liedson. De facto, foi outro jogador com alguém ao lado. Tem andado distante do seu nível de rendimento noutras temporadas, mas com o losango voltou o melhor Liedson. Muito participativo, conseguindo estar presente em todos os momentos da equipa e sendo uma mais valia para o colectivo pela abrangência das suas acções. Foi decisivo, e isso é obviamente importante, mas não é esse dado que deve ser mais relevado na sua exibição. Fica claro, nesta estrutura Paulo Sérgio ganha outro jogador na frente.

Depois Maniche. Passou mais ou menos em claro aquilo que fez no jogo, mas Maniche fez um jogo enorme na Figueira. É impressionante a sua capacidade de presença, a leitura rápida que faz do jogo e a capacidade de execução que tem ao nível do passe. Ter este Maniche é ter um jogador ao mais alto nível mundial. E ainda faltam os desequilíbrios que sabemos que é capaz de criar! Não sei se o critério da sua não convocação foi técnico, mas se foi, alguém anda a fazer mal o seu trabalho...

De resto, quase toda a equipa, do meio campo para a frente, esteve em níveis máximos de temporada. Um destaque particular para os efeitos que a estrutura teve em Yannick e Valdes. Yannick, porque, um pouco como Liedson, é neste figurino que se sente melhor e que as suas qualidades são melhor potenciadas. Quanto a Valdes fez o jogo mais completo desde que chegou. Finalmente foi um jogador total, para todos os momentos e não apenas um ala à espera que a bola lhe chegasse ao pé. Assim sim, pode ser uma mais valia.

Como nota negativa, e um dia após ter atingido o ponto máximo da sua carreira, Nuno André Coelho. Talvez a convocatória o tenha afectado, mas esteve algo displicente no passe, acumulando 3 perdas evitáveis. Ao seu lado, Carriço esteve bem melhor.



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