21.9.10

Como o Benfica ganhou o derbi (Vídeo)

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O vídeo não serve para mais do que para sustentar a análise que deixei ontem. Nele estão praticamente todas as jogadas onde o Benfica se aproximou do golo, sendo facilmente perceptível o porquê da estratégia do Sporting ter facilitado a vida ao Benfica. O elemento fundamental aqui é o espaço que o Benfica sempre pode usufruir para executar os seus ataques. Embora tenha – como sempre – um intuito auto-explicativo, não quero deixar de completar as imagens com algumas notas.

Mérito do Benfica
Quase sempre – e eu não fujo à regra – as análises estão centradas no lado do erro, mas é preciso, antes de mais, notar o mérito do Benfica, que, como escrevi ontem, continua a ser uma equipa fortíssima em termos técnico-tácticos. Nota para a qualidade demonstrada em várias jogadas, querendo destacar um nome: Saviola. A sua execução e movimentos, sempre muito forte a criar apoios à construção e com uma execução repentina no último passe tornaram a vida muito difícil ao Sporting.

A linha defensiva
Não é o único problema do Sporting, que também ao nível do pressing demonstra mais coração que cabeça, mas não me canso de reforçar a importância da linha defensiva e no vídeo faço questão de apontar alguns pormenores que, mesmo não tendo influencia directa no lance em causa, dizem muito sobre a qualidade táctica da equipa. Aliás, é nestes detalhes que se vê a qualidade colectiva. Um exercício também interessante seria comparar a coordenação da linha do Benfica com a do Sporting, e facilmente veríamos as enormes diferenças qualitativas que permitem, num caso poder jogar alto com segurança, e no outro não. Já agora, mais uma vez recorro ao dado estatístico do fora de jogo para reforçar esta situação. Apesar de ter jogado mais alto e supostamente mais agressivo neste plano, o Sporting tirou apenas 1 fora de jogo, enquanto que o Benfica conseguiu 7. Obviamente que não é um acaso.

O segundo golo
Por ser decisivo, o lance do segundo golo é aquele que mais discussão levanta. Já escrevi ontem que não faz sentido crucificar-se um central por perder um lance aéreo e que a responsabilidade do lance tem sobretudo a ver com a forma primária como a equipa permite que 1 primeira bola se transforme numa situação de 2x1 sobre Carriço. Aqui não há uma fórmula, mas 2 opções. Ou os laterais têm de estar mais por dentro para 1 deles fechar nas costas do central, ou 1 médio tem de se aproximar dos centrais para manter a indispensável superioridade nessa zona. No Sporting, e dada a propensão ofensiva dos laterais, creio que faz sentido a aproximação do médio, mas nem 1 coisa nem outra aconteceram. Mais um indicador claro das deficiências colectivas da equipa.

Transição vs. Organização
Muitas vezes ouvimos ou lemos belas prosas sobre futebol, elogiando o ataque posicional e criticando as equipas que fazem da transição a sua força. É bonito e eu também gosto de ler, mas a prática é outro assunto. Só não joga em transição quem não pode, porque é no momento de transição que há mais espaço e menos organização do adversário. No fundo, e num exemplo mais radical, seria como escolher rematar com ou sem guarda redes. Pode-nos dar mais gozo bater um guarda redes, mas o melhor mesmo era rematar sem ele na baliza. O motivo pelo qual equipas mais fortes precisam de trabalhar o ataque posicional é por raramente lhes é dada oportunidade para dar profundidade imediata no momento de transição. Mas isso é outro assunto, e as coisas não devem ser confundido. O Benfica já havia provado do mesmo veneno quando defrontou o Porto na Supertaça, mas agora temos novo exemplo de como, em jogos equilibrados, a equipa que joga em transição é normalmente aquela que tira mais vantagens.

Defesa de Nuno André Coelho
Lembro-me de há 2 anos ter escrito, num derbi em que saiu altamente criticado, que apesar dos erros ocasionais, David Luiz tinha um potencial ímpar entre os defensores do Benfica. Hoje, isso é bastante claro para quase todos, e não consigo deixar de fazer um paralelismo com Nuno André Coelho. Não se trata de uma comparação, mas de analogia de características e situações. Nuno André Coelho tem qualidades fantásticas e raras num central. É forte no ar, muito rápido a recuperar e bom tecnicamente. Os seus erros são hoje muito empolados – com extremo exagero, diga-se – mas se um dia tiver a sorte de apanhar um treinador e um modelo que o beneficie (não é certo que a tenha...), aí, todos vão perceber o quão fantástico pode ser.



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