31.8.10

Rio Ave - Porto: Análise e números

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Sem descarrilar. O Porto segue o seu caminho dentro dos mesmos eixos, mantendo a sua orientação em bases tão objectivas quanto possível. Não troca o controlo por uma ambição mais dominadora, e privilegia a precaução nos riscos assumidos enquanto espera pacientemente pelo seu momento ofensivo. Afinal, a diferença individual é sempre suficiente para acreditar que, em 90 minutos, haverá pelo menos 1 lance em que essa diferença possa ser espelhada. Para o nível do campeonato pode perfeitamente chegar, mas não podemos ser hipócritas ao ponto de dizer que o Porto deste ano “está melhor”. Pelo menos para já, não está. Continuo à espera desse indicador que marque a diferença em relação ao passado recente e pode até ser que ele chegue na situação em que falta testar a equipa: o teste de “stress”.

Notas colectivas
Carlos Brito queixou-se da sua equipa e tem razões para isso. O Rio Ave permitiu demasiada liberdade à construção portista durante boa parte do primeiro tempo. Deu-lhe tempo e espaço para pensar e isso começou por condicionar as aspirações do Rio Ave no jogo. A facilidade com que Fernando se tornou no elemento mais influente do jogo é o espelho dessa imprudência.

Ainda assim, nunca o Porto encurralou o Rio Ave e nunca teve um período em que conseguisse grande ascendente junto da baliza contrária. O jogo acabou por se decidir naquilo em que, pelo menos para já, o Porto de Villas Boas parece apostar tudo: na concentração e no talento individual. Foi assim no primeiro golo, em que a bola podia ter sido aliviada e acabou perdida na lateral da área. E foi assim também no segundo, em que uma perda de bola se transformou num ataque rápido e bem conduzido pelos jogadores portistas. Fora isso, e em boa verdade, poucos mais motivos houve para justificar a vantagem portista. Mas também não era preciso.

Para já – e repito a ideia – este Porto sabe o que quer dos jogos e esse é o seu grande mérito. Mas, para já também, não é uma equipa que mereça grandes elogios. A importância da componente individual é enorme e talvez seja aí onde o trabalho de Villas Boas mais deva ser destacado. No rendimento que tem tirado de unidades fundamentais como Hulk e Belluschi. É verdade que com esse “poder de fogo” o que existe pode chegar para o objectivo interno, mas também é verdade que não se vê uma equipa particularmente entusiasmante em nenhum aspecto. Sem bola, prefere isolar Falcao e fazer dele o “leme” do pressing, em vez de arriscar mais em termos de agressividade sobre a saída de bola contrária. Em organização, há uma boa circulação, mas nada que mereça, para já, particular adjectivação.

Este Porto está a ganhar e pode até continuar a fazê-lo, mas, pessoalmente, continuo à espera de mais...

Notas individuais
Começo por Falcao. Na verdade este seria um assunto mais próprio para a análise colectiva porque o “apagão” da Falcao tem muito mais a ver com o isolamento a que é sujeito, do que com a uma responsabilidade do próprio. Sem bola, tem uma missão importante, que é de orientar o pressing, mas a sua agressividade não serve de muito em organização defensiva porque está demasiado isolado para poder ambicionar recuperações. Talvez seja um desperdício mas é, ainda assim, uma opção colectiva legítima. A maior critica que tenho a fazer – e outra vez! – é para o pouco uso do jogador nas acções ofensivas. Falcao não serve de referência para as primeiras bolas e é pouco solicitado em apoios frontais. A sua função é esperar pelo momento da finalização que, como foi o caso do jogo dos “Arcos”, pode nem chegar. É pena porque é um grande jogador e um jogador para muito mais do que isto.

Depois Belluschi. Está visto que Belluschi é muito mais do que um criativo. A sua capacidade de trabalho nunca foi elogiada, mas uma análise rigorosa e contínua dos jogos mostra-nos que é neste aspecto um dos elementos mais valiosos da equipa. Espantoso! Assim fica fácil ser sempre um dos melhores. Como já disse, arriscar-se seriamente a ser uma das grandes figuras da liga. Só lhe falta trabalhar um pouco o critério de passe em determinadas situações, porque de resto está um jogador enorme.

Quero também abordar o caso de Moutinho. Um pouco ao contrário de Belluschi, tem sido com alguma desilusão que tenho assistido às suas primeiras exibições. Não tenho uma análise comparativa com os seus tempos de Sporting, mas para já Moutinho é um jogador útil e certo, mas... apenas isso. Não desequilibra e sobretudo não tem uma grande participação em termos de eficácia no trabalho colectivo. Não dá para dizer que está a jogar mal – nunca dá! – mas esperava mais dele em termos de influência.



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