14.7.10

Reforços 10/11: Franco Jara

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Gaitan e Jara são, em termos de novidades, os nomes que mais expectativa estão a criar na Luz. Os dois já haviam sido anunciados com alguma antecedência, mas não antes de eu os ter observado no campeonato argentino. Sobre Gaitan já falei aqui e por isso não me vou repetir, mas também Jara merecera destaque há meio ano no talented football. Aqui fica uma antevisão pessoal do jogador, que não tem em conta os jogos já realizados de águia ao peito (até porque não os vi), mas sim a observação que fiz ainda no Arsenal de Sarandi.

Pontos fortes: Intensidade, o traço genético das Pampas
As virtudes de Jara não se esgotam aí, mas é na imagem de marca do típico avançado argentino que está a sua grande mais valia: a intensidade.

E qual a consequência dessa característica? Bom, o mais fácil de prever é que Jara seja um jogador muito mais útil nos momentos defensivos. Quer em organização, quer em transição. Esta pode parecer uma mais valia estranha para um avançado, mas quem visita este espaço já várias vezes se confrontou com a argumentação de que nenhum jogador está dispensado de ser competente apenas pelo facto da sua equipa não ter a bola. Bem pelo contrário. No caso do Benfica, aliás, o pressing é uma arma de elevada relevância ofensiva, e neste campo Jara leva milhas de avançado sobre Kardec e, sobretudo, Cardozo.

Mas a intensidade de Jara não se reflecte apenas no pressing. Jara é um jogador que gosta de procurar a bola, mesmo que isso implique baixar relativamente no campo. Aliás, ter a bola perante a pressão de contrários não é problema para Jara, que se sente bastante confortável nos duelos físicos.

Pontos fracos: Critério e o pé esquerdo, aos cuidados de Jesus
Jara é jovem e gosta de jogar. Tem “ganas” como se diz na sua terra. O problema é essa ânsia é-lhe várias vezes prejudicial. É ágil e tecnicamente dotado, mas nem sempre escolhe o melhor critério sobre onde deve ter a bola e, mais importante ainda, o que deve fazer quando a tem. Não é um caso perdido – longe disso – mas tem de ser trabalhado.

Outro aspecto facilmente identificável em Jara, é a sua dependência do pé direito. É certo que não faltam exemplos de avançados que jogam praticamente só com 1 pé, mas dá sempre jeito a quem joga perto das balizas saber resolver com qualquer dos 2.

Antevisão: Dependente da aposta e... do critério
Não é difícil perceber que Jara parte com algum atraso em relação à dupla Cardozo-Saviola, e que terá ainda de competir com Kardec e Weldon por uma presença de destaque entre as alternativas. Nesta luta, também me parece, Cardozo e Kardec tenderão a disputar um lugar, devido à sua estatura e à importância das primeiras bolas. Aqui, no entanto, estará o caminho para a possível intromissão de Jara. A estatura, sendo importante, não deve ser absolutamente determinante, especialmente quando, como no caso de Jara, a abordagem aos despiques físicos é tão agressiva e intensa. Jara tem, na minha opinião, mais características do que Cardozo ou Kardec para o modelo de Jesus, numa posição onde, creio, à excepção do seu bombástico pé esquerdo, Cardozo oferece pouco ao colectivo.

Jara é jovem e tem futuro, mas acredito pouco que o Benfica faça dele uma aposta de longo prazo. Mesmo que tenha sido essa a intenção inicial. Se conseguir adaptar-se rápido, se utilizar os méritos do modelo de Jesus para decidir melhor, e, claro, se o treinador apostar nele, Jara pode ter um lugar mais importante do que era previsto neste Benfica. Caso contrário, a sua vida na Luz não será fácil, tal como não foram para casos como Keirrison, Menezes ou Eder Luiz.

Com o risco de não ter visto os seus primeiros jogos de águia ao peito, e mesmo sabendo das dificuldades que encontrará, mesmo assim, arriscaria dar-lhe boas hipóteses de afirmação...



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