19.6.10

Diário de 'Soccer City' (#10)

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E o Mundial que não pára de surpreender! Depois da Espanha, depois da França, e no mesmo dia, Alemanha e Inglaterra dão passos atrás numa qualificação que à partida parecia adquirida. Dois casos distintos, é certo, mas em qualquer dos cenários estamos perante candidatos reais a disputar a fase terminal da competição. De qualquer forma, não deixa de ser interessante equacionar o que poderá ser desta competição se todos estes "pesos pesados" fossem já eliminados...

Difícil dizer quem está em piores condições, mas no que respeita ao futebol propriamente dito, parece-me evidente ser menos preocupante o caso alemão. A derrota foi altamente condicionada por uma série de factores e dá até para dizer que a Alemanha teve uma boa reacção a todas as adversidades. Apesar disso de nada lhe ter valido. De novo em destaque a boa movimentação com bola e a segurança da posse. De novo, também, a importância de 2 elementos centrais no jogo da equipa. Schweinsteiger e Ozil. O primeiro claramente como “pivot” de todo o jogo da equipa, oferecendo permanentes apoios à posse e jogando sempre seguro. Importante – muito importante! – também o seu papel na transição ataque-defesa. O segundo, Ozil, é de facto a fonte de criatividade e imprevisibilidade do jogo alemão. Não apenas pelo que faz com bola, mas pela movimentação que assume ao longo dos espaços. Não espanta que sem ele em campo a Alemanha não tenha marcado um único golo nos 2 jogos e, aliás, parece-me que as suas substituições coincidem com uma quebra na produtividade ofensiva da equipa.

Mas se a Alemanha perdeu, perdeu também porque jogou frente a uma das mais homogéneas selecções do torneio. Em termos individuais, isto é. Não consigo dar grande mérito colectivo à Sérvia. Pressionou alto, mas normalmente mal e com bola pouco mais fez do que recorrer a Zigic como plano concreto para chegar à frente. O que acontece é que a densidade da equipa na linha média e sua qualidade individual fazem da Sérvia uma equipa, primeiro difícil de bater pela capacidade de sofrimento que tem no último terço e, depois, capaz de criar desequilíbrios através das boas individualidades que tem em todos os sectores.

Finalmente, a Inglaterra. Uma desilusão a sua qualidade. Demasiados erros individuais, exibições desinspiradas e colectivamente um futebol pouco ligado, com muito espaço entre jogadores e sectores, que impede uma fluidez mais constante. Há ainda, para além de tudo isto, alguns aspectos tácticos que julgo merecer revisão. A ideia de Gerrard partir da esquerda não é má. É, aliás, na movimentação interior do 4 inglês que reside a maior fonte de desequilíbrios da equipa. Aí e no pressing que Capello fez questão em implementar à sua equipa. Mas, depois, há alguma distância entre sectores, com a equipa a preferir baixar a sua linha recuada a mantê-la alta para aproximar o conjunto. Não se vê a razão de ter de actuar com 2 avançados quando, claramente, Heskey não tem andamento para os objectivos que estão propostos ao colectivo. Mais, parece muito mais útil um modelo com um avançado e que potencie os movimentos de Lampard e Gerrard na zona de finalização do que este, que distancia sectores e não tira qualquer partido das duas unidades da frente.

Dizia-me alguém que com Capello eles vão fazer um mundial “the italian way”. Não convencer no inicio, sofrer, e depois embalar para uma prestação em crescendo. Bom, as duas primeiras partes deste “plano” estão confirmadas...



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