31.3.10

1970: Franz Beckenbauer, o ponto de inflexão

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Ponto de inflexão. Seguramente que ninguém deu por isso na altura, mas é essa a importância histórica daqueles quartos de final do mundial de 70. Algo estava a mudar na rivalidade anglo-germânica e, mais importante ainda, na própria tendência do futebol mundial.Não se tratou, nem de um máximo alemão, nem de um mínimo inglês. Apenas um suave indicador de inversão de tendências. Algo que a maturidade dos anos 70 iria confirmar de forma mais sólida. Quanto ao jogo em si, foi ele próprio uma viragem surpreendente. Fruto de vários factores, é certo, mas com especial influência de um nome prestes a imortalizar-se na história do jogo: Franz Beckenbauer.

A rivalidade entre alemães e ingleses já havia sofrido um marco histórico 2 anos antes. Pela primeira vez na história, em 1968 a Alemanha vencera os então campeões do mundo. 1 golo de Beckenbauer bastou, então, para fazer história. O que os ingleses não sonhavam era que a partir daí a tendência destes confrontos se virasse claramente para o lado do inimigo. Muito menos, claro, quando Peters fez o 2-0 aos 49’.

Entre todos os duelos em jogo, havia um especial. Beckenbauer – Bobby Charlton. O tempo era dominado por marcações estritamente individuais e o planeamento dos jogos era, em grande parte, centrado nelas. Neste particular, Beckenbauer vigiava Charlton e esta era, como defensor, a sua principal missão. No entanto, claro, o “Kaiser” era bem mais do que isso. Depressa foi aparecendo no jogo, partindo de trás mas não deixando de ser, sempre, a principal ameaça de um ataque desinspirado. A Ingleterra tomou a dianteira no jogo, e duplicou-a mesmo na segunda parte, mas nunca Charlton, o herói de 66, fez muito mais do que a sua sombra. Ou seja, quase nada.

Quando Beckenbauer marcou aos 69’, tirando partido da inexperiência de Bonetti, o substituto do indisposto Gordon Banks, Charlton foi imediatamente substituído. O mal estava feito. A atitude de Beckenbauer havia conseguido o ponto de viragem no jogo e, embora a sua influência ofensiva fosse decrescendo com o tempo, o seu impacto teria efeito decisivo no que se seguiria.

O mérito da exibição de Beckenbauer, porém, não se fica pelo grito de revolta. A partida jogava-se em condições impróprias para tanto esforço. Junho, altitude, no México... ao meio dia! Pior, não podia ser. A influência do desgaste era tanto que o papel dos substitutos, mais “frescos”, parecia ser o mais importante no decurso do jogo. Em particular, Grabowski foi decisivo nos desequilíbrios do lado alemão, enquanto que Colin Bell se tornou no agitador sobre a direita do ataque inglês. Ora, Bell foi quem substituiu Charlton aos 70’. Quem é que Schoen, o seleccionador alemão, escolheu para parar este rápido e enérgico jogador? Franz Beckenbauer. Uma decisão que só o próprio poderá compreender e que teve o condão, não só de destinar Beckenbauer para um confronto desigual, como ainda de limitar a acção do seu principal jogador em campo.

Beckenbauer manteve-se influente, mas sempre em perda e com cada vez mais dificuldade para sair da esquerda, para onde vinha com Bell. Acabou completamente esgotado, numa altura em que a Alemanha já havia virado por completo o marcador e procurava resistir ao desespero inglês.

A felicidade pela vitória sobre o campeão mundial não afastou o peso do desgaste e talvez isso tenha pesado na meia final, 3 dias depois. A Itália levou a melhor num prolongamento épico, que culminou num 4-3 final. Talvez os próprios italianos tenham sido vítimas do mesmo mal, já que o seu rendimento na segunda parte da final foi claramente inferior ao da primeira, ditando a sua derrota aos pés do Brasil.

Beckenbauer tinha nesta altura 24 anos e comandava uma geração ascendente de jogadores como Muller, Maier, Netzer ou Vogts, e que conheceria a glória total nos anos seguintes. Quanto à Inglaterra, o fim de ciclo de uma geração campeã do mundo culminou numa queda vertiginosa. Os esforços de recuperação, pode dizer-se, duram até hoje...



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30.3.10

Hulk: Um regresso... incrível!

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Incrível! Se o adjectivo é óbvio, também o é porque ser aquele que melhor serve a exibição de Hulk, no regresso à Liga. De facto, a prolongada ausência, conjugada com as últimas e erráticas exibições pareciam ter relegado a parte positiva do seu futebol para um lugar bem pequeno e longínquo na memória de todos. Pois bem, para que não fiquem dúvidas, aqui está Hulk! Muito se pode dizer sobre a oposição do Belenenses, é claro, mas isso não chega para eclipsar tudo o que há de extraordinário na performance do brasileiro. Afinal, mesmo perante tanto espaço, quantos conseguiriam protagonizar uma exibição deste calibre?

O potencial e... o lado lunar
Talento em estado bruto. É uma expressão muitas vezes usada, mas raramente com tanto propósito como no caso de Hulk. Aquilo que se vê, no lado positivo do jogador, a explosão, potência e qualidade técnica, é raro. Muito raro, mesmo. Por outro lado, porém, tão óbvio como o talento, são as dificuldades que sente em condições menos propícias ao seu futebol. É, digamos, o lado lunar de Givanildo.

A solução? Só há uma: trabalho. Hulk precisa de treinar, jogar e evoluir. Para isso, como sempre, é fundamental o papel de quem o orienta e, mais ainda, a capacidade do próprio para perceber os caminhos que deve percorrer. Para já, o que se pode dizer é que a paragem nada teve de bom para este processo. Basicamente, estagnou durante a sua polémica suspensão.

De volta aos relvados, veremos como serão os próximos passos. Não tenho como certo um salto qualitativo que o catapulte para o mais alto nível do futebol mundial, até porque, para além do mais, não parece ser particularmente forte na resposta mental nos grandes momentos. Uma opinião posso partilhar, no entanto: Hulk é, a par de David Luiz, o jogador com mais potencial da Liga Portuguesa.



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29.3.10

Benfica - Braga: Sinal de força... mais um

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Venceu o melhor, e venceu bem. É esta, e de forma muito sintética, a conclusão principal daquele que classificaram como “jogo do título”. Não que o Braga não pudesse ter resgatado outro resultado, tivesse tido um rasgo de felicidade numa qualquer bola parada. Podia. Mas se este não foi um desfecho inevitável, foi, seguramente, o mais provável. O Benfica mostrou, realmente, ser melhor e teve, até, bastante mais condições para duplicar a vantagem do que propriamente o Braga para a desfazer. Tudo isto, mais a vantagem pontual, deve satisfazer Jesus, mas não é ele o único treinador com motivos para se sentir realizado...

Um Benfica não no melhor... mas perto
Jesus não teve Aimar e, desde logo, não teve o seu melhor Benfica. Não teve, mas teve uma versão que esteve bem perto dessa, a ideal. Foi, de facto, um Benfica muito forte aquele que entrou no jogo, a mostrar a força do seu futebol, dominador, asfixiante e sempre alicerçado na rapidez vertiginosa com que reagia a cada momento do jogo. É verdade que não manteve sempre o mesmo andamento e que nem sempre teve facilidade em construir oportunidades claras. Pode até falar-se de alguma felicidade na forma como conseguiu o golo, mas a verdade é que o Benfica esteve realmente bastante bem num jogo para o qual se mostrou, não só preparado, mas motivado.

Alguns pormenores tácticos
No futebol, durante o jogo, é fácil olhar para a bola nos pés dos jogadores, para os remates, passes e desarmes. O “making of”, no entanto, faz-se noutros pormenores que, estando lá, são menos visíveis.

Desde logo, para explicar o domínio do Benfica na abertura do jogo, bem como noutras partes do mesmo, é preciso falar de dois detalhes. As segundas bolas a partir de pontapés longos dos guarda redes e a transição ataque-defesa do Benfica. Em relação às segundas bolas, era por aí que o Braga jogava boa parte das suas possibilidades de controlar o jogo. Se as ganhasse com frequência, poderia ficar com bola no meio campo oposto, gerir os ritmos, e obrigar o Benfica a baixar. Se não, e foi isso que aconteceu nos períodos de maior domínio encarnado, teria de ser ele próprio a baixar e a parar o forte ataque do Benfica. O segundo detalhe, das transições, junta-se aqui ao primeiro. É que se o Benfica é forte com bola, parece ser ainda mais no momento em que a perde. Em vez de ter de recuar, frequentemente o Benfica volta a recuperar a bola, frustrando o adversário e encurralando-o junto da sua área. Esta será, provavelmente, a mais vincada marca táctica do Benfica de Jesus. E elas são muitas...

Sobre esta fortíssima reacção, não posso deixar de voltar a sublinhar o importantíssimo papel dos laterais. Alguém contou quantas antecipações conseguiu Coentrão?

O melhor? Um estatuto que não estava em jogo
Que o Benfica é a melhor equipa do futebol português não é uma conclusão que precise de sustentação pontual. Já vem bem de trás, desde que se começou a fazer uma avaliação qualitativa de cada um dos concorrentes. Se tivesse perdido o jogo, o Benfica deixaria de ser líder, é certo, mas não deixaria de ser a equipa com maior qualidade a actuar em Portugal. Muito se decide num jogo... mas nem tanto.

Grande Braga!
O Benfica pode ser a melhor equipa e ter ganho com toda a justiça. Isso, no entanto, não desfaz o mérito deste Braga. Ninguém pode pedir a uma equipa com tamanha diferença de recursos que faça melhor num palco tão complicado como é hoje a Luz. Poucas equipas fariam melhor (vamos ver o que faz o Liverpool...) e o Braga, mesmo tendo muitas dificuldades para dividir o jogo, só levou a incerteza até ao minuto 90 por mérito próprio. Não conseguiu defender alto, teve dificuldades para ter bola, mas demonstrou que com Moisés e Rodriguez se torna uma equipa muito complicada de bater no último terço e, por isso, com grande capacidade de resistência.

Domingos tem razões para estar francamente orgulhoso, tanto deste jogo, como do campeonato que a equipa vem fazendo. Talvez fale do tema com mais profundidade e, por isso, para já apenas quero partilhar a opinião de que fica muito mal ver Jesus puxar para si méritos que manifestamente não lhe pertencem. E logo ele, que tem tido tantos...



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26.3.10

Outra vez... Falcao!

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- Não fosse este pequeno detalhe entre 4 paredes, e o destaque do dia iria, claro, para o golo de Ronaldo...

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Mais um 'superclasico'

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25.3.10

Túneis e Taça

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Túneis – Para não fugir completamente ao tema, apenas um breve comentário sobre mais esta rábula do futebol português. Que a evolução dos acontecimentos e consequentes reacções espelham, de novo, que não há ninguém interessado na evolução real do futebol português, não é novidade. O que gostaria de acrescentar, como nota pessoal, é que considero isto tudo um enorme insulto à capacidade intelectual de quem assiste. Como há muito que perdi a esperança que algo mudasse, e como não gosto de me sentir insultado, vou continuar a concentrar-me na única coisa que é intelectualmente séria no futebol português: a bola.

Rio Ave – Porto – Sem extremos, uma interessante experiência para Jesualdo. Merecedora, mesmo, de continuidade. Um futebol muito apoiado, com grande proximidade entre os jogadores e a pedir a estes desdobramentos sucessivos. Com alguma qualidade nos processos, tudo isto resultou em grandes dificuldades para o pressing do Rio Ave e, por consequência, em vários desequilíbrios mais atrás. Nota especial para o lado esquerdo e para o excelente entendimento entre Meireles e Micael, os grandes dinamizadores do futebol colectivo e, provavelmente, os 2 melhores em campo.

Do lado do Rio Ave, nota para as dificuldades da equipa em controlar o futebol rendilhado do adversário, mas também para uma boa percentagem de aproveitamento ofensivo, conseguindo chegar rapidamente à área do Porto. O golo resultou, aliás, do movimento que mais dificuldades criou ao Porto: o aproveitamento das segundas bolas na frente da área. Apesar desse mérito, foi uma oposição que ficou curta para o Porto que apareceu em Vila do Conde. O resultado acabou por ser um espelho fiel disso mesmo.

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Porque tem de ser visto...

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- No mesmo jogo deste chapéu de Boudebouz, o remate de Haruna.

- Aos 111 minutos, Robben fez isto!

- A fabulosa "doppietta" de Eto'o!

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24.3.10

1966: Eusébio afunda Pelé!

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Chegados a 66, é impossível evitá-lo. Eusébio, pois claro. O seu impacto em terras britânicas foi tal que é difícil escolher um jogo. Ainda assim, e apesar dos 4 golos à Coreia, é o embate com o Brasil que me merece a escolha. Portugal e Eusébio defrontavam o bi-campeão mundial e a sua mais mediática estrela: Pelé. Muito se disse e escreveu sobre este jogo, ao ponto de ser já comum confundir-se factos com meros mitos. Aqui fica a minha leitura do que aconteceu.

Para enquadrar, Portugal e Brasil defrontavam-se em Liverpool, no Goodison Park, no terceiro jogo do grupo 3. No dia seguinte jogar-se-ia o Hungria-Bulgária que fecharia o grupo e essa incerteza afastava Portugal de um apuramento 100% seguro, apesar das 2 vitórias nos 2 primeiros jogos. Já o Brasil estava numa situação bem mais complicada, por ter perdido com os húngaros. Para os campeões mundiais, nem 1 vitória assegurava completamente o apuramento.

Esta improvável situação brasileira leva-me ao primeiro facto: a fragilidade do Brasil. Houve alguma polémica sobre os métodos do seleccionador, Vicente Feola, e a verdade é que a presença em Inglaterra foi um mar de equívocos. O Brasil começou por vencer a Bulgária, mas depois perderia o segundo jogo com a Bulgária, com Pelé de fora. A derrota pareceu enlouquecer Feola que, frente a Portugal, manteve apenas 2 jogadores! Perdeu Garrincha, recuperou Pelé e abdicou de figuras miticas como Gilmar, Djalma Santos, Zito ou Bellini. O pior é que a equipa que escolheu foi composta por uma série de erros de casting, poucos deles merecedores de mais de 10 internacionalizações ao longo da carreira.

Mas é sobre Pelé e o impacto da sua lesão que mais rumores se levantam. A primeira coisa que há para dizer é que a lesão de Pelé foi contraída frente à Bulgária e que apenas foi agravada frente a Portugal. A segunda, e mais importante, é que não foi pela limitação de Pelé que o Brasil perdeu. De facto, o que aconteceu foi uma entrada absolutamente demolidora de Portugal e quando Pelé sofreu a famosa entrada de Morais, já o marcador estava em 2-0. Pelé regressou e acabou por jogar os 90 minutos, embora notoriamente limitado e numa posição lateral.

Portugal, tal como o Brasil aliás, jogou em 4-2-4. A frente de ataque era composta por 4 dos 5 jogadores do Benfica presentes no 11. Simões à esquerda, Torres e Eusébio ao centro e José Augusto à direita. Sistemas à parte, Eusébio era claramente o centro dos desequilíbrios da equipa. A sua influência era enorme e o 13 era capaz de percorrer várias zonas. Em especial, Eusébio gostava de aparecer junto das laterais, onde havia mais espaço para as suas explosões. A facilidade e potência de remate eram, como é sabido, a sua outra qualidade de realce. Neste jogo em particular, Simões foi o grande parceiro de Eusébio para destruir a equipa brasileira. Quase sempre pela esquerda, Portugal serviu-se desta dupla para protagonizar 30 minutos avassaladores, construindo nesse período uma decisiva vantagem de 2 golos. Daí para a frente, as coisas equilibraram-se mais com a reacção do Brasil que chegou mesmo a acreditar no empate. As duvidas, claro, terminariam com o memorável segundo golo de Eusébio.

Como nota final, e sobre Eusébio, fica uma reflexão. Em 66 tinha 24 anos. Não venceria mais nenhum título europeu (jogaria mais uma final em 68), não participaria em mais nenhuma fase final de grandes competições e, talvez por isso, não mais esteve entre os 3 melhores da Europa para a France Football.



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23.3.10

A evolução do lateral Coentrão

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Não serve este destaque para reaçar uma exibição fulgurante. Aliás, houve poucas na final do Algarve. Não serve, tão pouco, para defender a ideia de que Coentrão está na fase final do seu processo de adaptação à lateral. Não me parece. Serve, isso sim, para fazer um ponto de situação sobre a evolução do jogador na função. Há algum tempo que lancei a ideia de que a adaptação a lateral poderia ser uma óptima notícia para a carreira do jogador e que é essa a via mais curta para um caminho provável até à elite do futebol mundial. Um cenário que mantenho. Para já, fica aqui um pequeno balanço desta interessante aventura do jogador.

Perfil ajustado e aposta forte de Jesus
Sobre o perfil, já aqui abordei o tema e a ideia. Para conseguir um bom lateral, nada melhor do que adaptar o extremo certo. Coentrão não será um encaixe perfeito, mas tem várias características que fazem dele um óptimo candidato. Para além dos evidentes aspectos técnicos, a agressividade e atitude são aqueles que mais destaco para acreditar no sucesso da adaptação.

Mas, se Coentrão tem boas características para ser uma adaptação de sucesso, houve outros que também as tiveram. Para muitos desses terá, no entanto, faltado o apoio e a visão de um líder no momento certo. Isso também não deverá ser reclamação possível para o ex-Rio Ave. Jesus parece especialmente empenhado em fazer o jogador evoluir. Para além da aposta, afirmada até publicamente, há ainda os indícios que vai dando desde o banco. Entre toda a agitação que o caracteriza, Jesus destina muitas das suas indicações precisamente para Coentrão, deixando a ideia de que aposta forte na evolução do jogador e, em concreto, nesta sua adaptação.

Matérias apreendidas: transição e pressão
É uma das funções que vulgarmente escapam na apreciação geral que é feita aos laterais, mas que tem uma importância fulcral no sucesso táctico das equipas. No momento da perda da bola, o lateral é normalmente dos jogadores mais importantes para travar pela raiz o ataque adversário. Para isso, é importante grande agressividade e reactividade. Coentrão está completamente ciente desta importância e não raras vezes o vemos a ganhar bolas ou cortar iniciativas contrárias neste momento táctico do jogo. Já agora, nesta partida em concreto, há um lance que resulta numa falta dura do lateral sobre Fernando, já na parte final da partida. Não é por acaso. O Porto saía em transição, com o Benfica desequilibrado. Coentrão não estava em condições de impedir legalmente a jogada, mas fez questão de o fazer com o recurso à falta. Não foi um capricho ou um excesso do jogador. São as indicações claras que leva para estes momentos, e Coentrão percebeu bem a sua importância.

Outro aspecto defensivo, onde Coentrão revela já um bom comportamento, é na pressão (em organização). Também neste jogo há vários exemplos em que a posse portista não conseguiu sair pela direita. Naturalmente que a pressão é colectiva, mas da parte de Coentrão há a percepção da importância de ser rápido e agressivo nesta acção, pressionando o jogador da sua zona logo no momento da recepção.

Finalmente, falar de outro aspecto fundamental e sem o qual não poderia jogar. Ele ou qualquer outro defensor. O fora de jogo. É parte vital no processo defensivo encarnado e obviamente não admite falhas individuais. Coentrão deixa a desejar em muitos aspectos do posicionamento, mas o fora de jogo é algo em que cumpre já com bastante eficácia.

Caminho a percorrer: Posicionamento e mentalidade
Se Coentrão tem aspectos onde já evoluiu bastante, há outros que o distanciam ainda de um nível de topo. Primeiro falar do posicionamento defensivo. Quando tem de pressionar e jogar em antecipação, Coentrão cumpre muito perto da plenitude. Quando se lhe exige que defenda mais atrás e que seja mais posicional, a coisa complica-se. Este problema que resulta de uma óbvia e expectável falta de cultura defensiva, extende-se também ao comportamento nos duelos individuais onde nem sempre prepara convenientemente o desarme. Já agora, sobre este aspecto, um pormenor que tem facilitado e muito a vida a Coentrão é ter ao seu lado David Luiz. O fantástico central sente-se tão confortável para sair fora da sua zona, que por vezes parece nem precisar de um lateral ao seu lado. Uma importante “rede” para o vilacondense!
Outro aspecto onde também falha é na mentalidade que assume em certos momentos. Basicamente, Coentrão precisa de pensar e decidir como um defesa e isso nem sempre acontece. Por vezes assume riscos impróprios e não se previne convenientemente, quer com bola, quer sem ela.

Estes problemas são apenas normais para um jogador que se habituou a outro tipo de instintos e responsabilidades. O caminho pode não ser imediato, mas é seguramente viável. Tenha Coentrão a vontade e o acompanhamento certos e por certo corrigirá grande parte dos problemas que ainda evidencia.

Por fim, reforço mais uma vez a ideia: se este caminho for continuado, Coentrão pressistirá por muitos e bons anos como protagonista ao mais alto nível. Caso contrário, a sua carreira não é mais do que um expressivo ponto de interrogação.



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22.3.10

Benfica - Porto: Tendências acentuadas. Destinos confirmados.

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O que fazer? Mudar o critério e escolher o melhor, ou manter-se coerente a ele até na final? Uma questão de opção que seguramente terá prós e contras de ambos lados. O que ninguém poderia prever, porém, era o impacto de tal decisão na definição do jogo. Jesus abdicou de Moreira e fez questão de ter Quim. Jesualdo manteve-se com Nuno. O jogo foi tão equilibrado que se tornou desinteressante. Não sem antes, porém, que se tivesse decidido. Primeiro, pelo tal rendimento das opções para as balizas, e, depois, por um rasgo de eficácia encarnado. Uma sentença de morte para um Porto deprimido, e uma prenda que o Benfica soube agradecer e valorizar. E assim, sem grande história, se definiram vencedor e vencido de um final que serviu para acentuar tendências.

Benfica - vencer pode ser tão fácil
O primeiro título! É essa a grande – e praticamente única – consequência desta final para o fantástico Benfica, versão 09/10. “Ainda não ganhou nada” foi uma frase amplamente repetida, quer por adeptos, adversários ou mesmo pelos próprios jogadores e treinadores da equipa. Pois bem, agora já ganhou alguma coisa e, bem vistas as coisas, acaba por fazê-lo até com grande expressividade. Quem consultar os registos da competição dentro de alguns anos não poderá deixar de notar a clareza dos números com que os encarnados ultrapassaram os rivais, Sporting e Porto. Curiosamente, e talvez em contra ciclo com uma tendência nas restantes competições, o resultado foi mesmo mais generoso do que as exibições. Não que o Benfica não tivesse merecido a vitória. O que se passa é que, tal como na meia final, o Benfica viu o jogo encaminhar-se facilmente para o destino que lhe interessava, nunca lhe sendo exigido um nível dentro do que já mostrou noutros jogos e noutras competições.

Eram esperadas alterações substanciais. Quais exactamente, creio que nem o próprio Jesus teria claro no planeamento, dependendo da recuperação de alguns jogadores depois do jogo de Quinta Feira. A grande nota no que se viu vai, claro, para a colocação de Aimar numa posição mais ofensiva. Na realidade, o posicionamento do argentino não foi exactamente o de um avançado. Isto implicou, por um lado, um Benfica um pouco mais baixo em temos de primeira fase de pressão e, por outro, maior presença na zona central, retirando amplitude e exigência à missão do próprio Carlos Martins. Não me parece mais do que uma opção circunstancial mas... poderá esta ser uma versão a experimentar frente ao Liverpool?

Os tiros no pé do Porto e a sua própria eficácia ajudaram o Benfica a conseguir uma vitória clara sem ter, sequer, de desfazer o equilíbrio. Ainda assim é importante notar também a facilidade com que o Benfica controlou o jogo e segurou a vitória. Prova – mais uma – da qualidade do modelo e, também, da confiança que se respira entre os jogadores. Mais um bom tónico para as decisões que se avizinham...

Porto - incapaz de reagir
Apesar das diferenças qualitativas, do momento e das ausências do Porto, pensei que esta final pudesse mostrar-nos um Porto de orgulho ferido. Na realidade, o jogo começou por confirmar esta ideia mas, se era possível um Porto a surpreender, tudo se tornaria muito complicado ao primeiro revés. Consequências de um momento anímico altamente vulnerável a recaídas. E assim foi. Um jogo infeliz para o Porto que, depois de alguns bons indícios, se viu incapacitado de qualquer reacção anímica às contrariedades que encontrou, acabando simplesmente por sucumbir.

Importa, em tudo isto, falar de novo do aspecto individual. Já no rescaldo da goleada de Londres havia falado da apetência dos jogadores portistas para errar clamorosamente em jogos decisivos. Não acontece sempre, é certo, mas a frequência com que se assiste a fenómenos como o que protagonizou Nuno é assustadora.

Para além do jogo – pouco interessante – importa falar da questão táctica. Com as lesões dos extremos, iremos assistir a um Porto em mutação táctica na recta final da época. A ideia será recuperar uma estrutura que Jesualdo reproduziu pontualmente no passado. Ou seja, utilizar um falso extremo à direita e dar maior liberdade a um dos médios para se aproximar do avançado. Um formato que permite jogar com apenas 1 extremo de raiz. Veremos como a equipa, e alguns jogadores em particular, evoluem neste novo figurino. Para já os resultados são pouco conclusivos.



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19.3.10

Marselha - Benfica: Na rota da História

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Já o venho referindo, mas faço questão de o reforçar nesta hora. Entre todas as competições que o Benfica disputa nesta temporada, só uma lhe dará direito a um lugar de destaque na História. A Liga Europa. Numa semana difícil e em que, verdadeiramente, não privilegiou esta competição, o Benfica sai de forma épica do Velodrome. O que me parece, e clarifico este ponto antes de abordar com mais detalhe a partida, é que se estiver garantida margem de erro no campeonato, a Liga Europa merece ser tratada como a prova prioritária. Porque, como digo, só assim se poderá fazer, desta, uma época especial na História e, também, porque dificilmente alguma equipa chegará à final se não der prioridade a esta prova.

Em crescendo
O Benfica pode ter sido a equipa que esteve mais próximo do golo durante todo o jogo, mas não da mesma forma. Ou seja, na primeira parte, sobretudo durante os primeiros 30 minutos, foi o Marselha quem mais vantagem tirou do jogo. Criou dificuldades à construção do Benfica e manteve-se muito pressionante, o que lhe valeu algum ascendente. Valeu ao Benfica algum desacerto francês no último terço e, também, um grande jogo da sua linha mais recuada.

Apesar destas dificuldades, diga-se, o Benfica realizou sempre um jogo de grande intensidade e concentração, e isso acabou por provar-se decisivo com o passar do tempo. O Marselha foi perdendo capacidade e, passados alguns minutos da segunda parte, o Benfica dominava já completamente as operações. A tal intensidade foi determinante na velocidade com que a equipa e cada jogador reagia às incidências do jogo (aquilo que no passado chamei de qualidade táctica), por contraponto com um Marselha progressivamente mais baixo, menos pressionante e mais errático. Por tudo isto, o 1-0 foi, na altura, uma enorme injustiça.

Podia o golo de Niang ter virado a tendência do jogo e, eventualmente, ditado o destino da eliminatória. Mas não. Não, porque, por um lado o Benfica manteve-se em pleno no jogo, e porque - e isto é incontornável – apareceu o rasgo de felicidade que até aí tinha faltado, impedindo uma eventual quebra anímica na recta final. Com Aimar e com a injecção de confiança, trazida pelo pontapé de Maxi, o que se seguiu foi um verdadeiro assalto ao golo por parte do Benfica. Consequência de uma enorme diferença organizacional entre as 2 equipas. Na verdade, podia não ter acontecido, mas o 1-2 apenas evitou um prolongamento que seria um contraste com as indicações que o jogo ia dando.

O melhor Benfica?
A vitória, pela dificuldade e forma como foi conseguida, pode ser associada a uma das melhores exibições da época. Na verdade, não estou de acordo com essa ideia. Mesmo levando em conta a estupenda recta final. Que o Benfica é uma equipa de enorme qualidade, mesmo à escala europeia, é algo que já havia concluído desde a pré temporada. Mas também já há muito que me parece claro que esta equipa precisa de alguns requisitos para estar no seu pleno. Primeiro, a intensidade mental dos jogadores que lhes permite um melhor desempenho técnico e táctico. Isto, como defendi acima, não faltou em Marselha. O que faltou foi a presença em pleno de algumas individualidades chave. Em particular, claro, Aimar. Já tantas vezes me referi a este ponto da função 10 que penso ser redundante repetir a ideia.

Assim, concluo apenas dizendo que a entrada do argentino teve um impacto fantástico, para mais num jogo em que Saviola não esteve tão bem. Se em vez de ter jogado – e mal – na Madeira, tivesse sido poupado para esta decisão, talvez não tivesse sido preciso esperar por tão tardia resolução. Sem querer voltar ao inicio, talvez esteja aqui um ponto a rever para o que resta da caminhada europeia.



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Sporting - Atl.Madrid: Demasiado condicionado

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O futebol teima em brindar-nos com algumas ironias. Mais uma aconteceu com o Sporting. A Champions havia sido comprometida por um empate caseiro a 2. Meses mais tarde e da mesma maneira, o Sporting sai da Liga Europa. Em ambos os casos, a equipa recolheu sob aplausos e a ironia está, claro, no contraste entre esse sentimento e tudo aquilo que se passou entretanto. Tudo isto deve servir de reflexão para um futuro que se torna agora em presente antecipado, depois de um jogo onde as condicionantes acabaram por falar mais alto e cortaram, pela raiz, um sonho que, noutras circunstâncias, até teria pernas para andar.

Pobre Carvalhal...
Se para o Sporting este jogo era importante, para Carvalhal, parecia mais ainda. E que pouca sorte teve o treinador. A sua equipa parecia preparada, contra todos os prognósticos, para fazer carreira na prova. Eis que, como se não bastassem todas as baixas, o treinador tem ainda de se bater com algumas surpresas de última hora. Resultado? Um esvaziamento de confiança materializada em erros comprometedores, logo à entrada do jogo.

Na verdade, o destino ainda podia ter sido outro. Bastava um pequeno rasgo de eficácia no melhor período da equipa – a segunda parte. Não aconteceu e, também se deve dizer, a equipa não foi consistente na qualidade com que desafiou a linha defensiva ‘colchonera’. E refiro-me tão claramente à linha defensiva porque, para além das individualidades, o Atlético pareceu fazer depender tudo da capacidade do seu quarteto para jogar alto e manter o Sporting longe da sua baliza.

É pena, porque, sem tantas baixas e apenas com esta competição no horizonte, o Sporting poderia mesmo sonhar por um feito na prova.



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18.3.10

1962: O dia em que Garrincha deu show e... adoptou um cão!

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4 anos volvidos, e a quase meio mundo de distância... o mesmo resultado. O Brasil confirmava no Chile ser a força dominadora do futebol mundial, repetindo, em 1962, o título conquistado na Suécia. O poderio “canarinho” foi de tal forma evidente que ninguém pareceu dar conta da perda do “Rei”, logo ao 2º jogo, frente à Checoslováquia. Sem Pelé o espaço mediático estava aberto para outra figura: Garrincha. De todas as suas exibições, provavelmente a mais memorável terá sido esta, frente à Inglaterra, nos quartos de final.

A equipa brasileira era basicamente a mesma da Suécia. Sem Pelé, abriu-se espaço para que o também jovem e talentoso Amarildo se juntasse à frente de ataque, dando mais peso à representatividade do Botafogo. Nos 4 da frente, para além de Amarildo, também os extremos Garrincha e Zagallo faziam parte da equipa carioca, assim como os experientes Nilton Santos e Didi, que alinhavam mais atrás. Sobre Didi, aliás, vale a pena falar um pouco mais. Depois de ter sido a força da equipa em 1958, apareceu igualmente importante no Chile, enchendo o campo a partir da zona central. Didi estava agora com 32 anos e a seguir à prova iria deixar a Selecção.

O jogo não começou fácil para o Brasil. A Inglaterra tinha algumas figuras emergentes como Bobby Charlton, Bobby Moore ou Jimmy Greaves, e deu boa réplica aos campeões mundiais. A força das individualidades brasileiras viria, no entanto, a provar-se demasiado forte para os ingleses e uma figura em particular deu nas vistas: Garrincha.

Se havia jogador que o mundo inteiro conhecia, era ele. As suas fintas eram temidas e, por isso, as equipas preparavam-se para elas. Garrincha, por seu lado, parecia obcecado pelo seu próprio potencial. Invariavelmente optava pela iniciativa individual e pelo seu arranque estonteante. A verdade, porém, é que várias vezes se tornava inconsequente. Garrincha podia ter um drible fabuloso mas, digo eu, a sua fama só pode ficar para a eternidade devido a outros predicados. De facto, o extremo do Botafogo apareceu em 1962 bem mais versátil do que 4 anos antes. A sua capacidade goleadora veio ao de cima e, para além dos dribles, Garrincha fez golos de cabeça e de fora da área. Frente à Inglaterra abriu o activo de canto e, depois, fechou-o com um espantoso remate ao ângulo. Pelo meio, claro, muitos dribles...

Depois do 3-1 à Inglaterra, o Brasil seguiu para o palco principal. Santiago e o estádio Nacional. O adversário foi o Chile e no estádio não cabia, seguramente, mais 1 pessoa que fosse. Garrincha, para a desgraça local, aplicou a mesma fórmula. 1 golo de canto e outro, fantástico, de fora da área. O resultado, desta vez, foi de 4-2 e importa dizer que o 7 foi expulso já na etapa final. Os tempos eram outros e o vermelho não o impediu de alinhar na final frente à Checoslováquia.

Para terminar, uma referência a um acontecimento destes quartos de final. Ainda na primeira parte, um pequeno cão invadiu o terreno e ninguém o conseguia agarrar. Garricha tentou primeiro, mas foi Greaves que, de joelhos, conseguiu parar o pequeno animal. Acontece que o sucesso do jogador inglês teve "recompensa". O cão urinou em cima de Greaves e, segundo consta, caiu nas graças do próprio Garrincha que o terá adoptado no final do jogo.




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17.3.10

O "golpe" de Mourinho e... a exibição de Sneijder!

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Ora aí está! Quando tudo apontava para uma segunda mão de grande dificuldade para o Inter, eis que Mourinho consegue fazer a sua equipa corresponder, finalmente, às expectativas que pessoalmente tinha no arranque da eliminatória. Não que a exibição tenha sido fantástica em todos os pontos, mas porque teve, sobretudo, grande parte dos ingredientes que fazem do treinador português um caso raro no futebol mundial. Maturidade, carácter e astúcia. Preparando-se melhor: foi assim que o Inter surpreendeu Stamford Bridge. Tudo somado, não fica consumado nenhum feito histórico, naturalmente, mas face ao contexto actual do futebol italiano, esta é mesmo uma vitória de grande importância. Um marco de credibilidade na passagem do “Special One” por terras transalpinas.

Eto’o e o sistema
Começando pela disposição posicional, revelou-se bastante acertada a utilização de Pandev e Eto’o como extremos. Sobretudo o camaronês. Na primeira mão havia referido que Eto’o parecia entristecido pela ausência de jogo durante grande parte do tempo. Ora, a sua colocação à direita devolveu-lhe presença, intensidade e... a alegria. Teve de jogar e trabalhar em todos os momentos, como tanto gosta. Apesar de alguma ineficácia, terá feito em Londres um dos melhores jogos desde um inicio da época onde o Inter era diferente. Na ala direita, aliás, esteve grande parte da chave do jogo, com Eto’o, Maicon e Cambiasso a formarem um triângulo muito dinâmico e importantíssimo em termos estratégicos.

Ditar o ritmo
Mas, como sempre, não foi o sistema o mais importante, antes sim a qualidade da interpretação do que devia ser feito. A solidariedade defensiva e o risco mínimo em termos posicionais eram óbvios com a vantagem na eliminatória. A isto, o Inter acrescentou uma capacidade de gerir os ritmos do jogo que, realmente, me parece ter sido o grande segredo do sucesso. Esta gestão foi conseguida, primeiro, pela forma como o Inter não permitiu momentos de transição ao seu adversário, impedindo-o de acelerações que pudessem agitar o jogo e as bancadas. Depois, e igualmente decisivo, foi comportamento no momento em que ganhou a bola, não tendo pressa de procurar a profundidade, valorizando a posse e, inteligentemente, adormecendo obrigando o adversário a ver jogar. Neste particular, há que destacar a boa utilização da largura do campo para fugir ao pressing "blue", tendo na tal dinâmica à direita uma chave importante, com Maicon (fantástico!) a ser repetidamente libertado para receber.

Chelsea: uma desilusão... ou talvez não
De facto, apesar de reconhecer enorme potencial e qualidade ao plantel, desde cedo nesta época que me pareceu claro que este Chelsea teria poucas possibilidades de triunfar ao mais alto nível. Pelo menos seria mais improvável do que em anos anteriores. Desta vez, o destino ficou traçado por uma enorme incapacidade de, no seu próprio estádio, impor o ritmo mais conveniente. O Chelsea pareceu sempre hipnotizado pelo jogo do Inter, tendo apenas um período, antes do intervalo, em que pareceu poder mudar o seu destino. Na segunda parte, no entanto, rapidamente o jogo parasse voltou às mesmas coordenadas, de ritmo baixo e com muitas paragens, num enquadramento que favorecia totalmente as intenções do Inter. E assim ficou por terra mais um grande candidato.

Sneijder e os “mapas mentais”
O vídeo é sobre ele e, na realidade, fala por si. Já várias vezes referi que um jogador não se faz apenas pelo que consegue quando tem a bola, que a sua utilidade deve ser medida nos 4 momentos do jogo. Sneijder, no entanto, foi de uma influência enorme com a bola nos pés, estando na origem de praticamente todas as jogadas de perigo dos italianos. Duas notas sobre o jogador. Primeiro para a qualidade com que executa com os 2 pés. Uma raridade. Depois para aquilo que é referido no vídeo. Um jogador como que faz "mapas mentais" sucessivos e é através deles que orienta as suas acções. Os melhores distinguem-se pelo acerto com que fazem este mapeamento e, depois, pela capacidade para executar de acordo com ele. Sneijder mostrou que é, no presente, um dos mais competentes cartógrafos do futebol mundial. Um festival!



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Necid, aos 20 anos... um caso sério!

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16.3.10

Saleiro: entre a afirmação e a elite

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Foi inserido no plantel quase a medo, como que se duvidando da sua capacidade para estar à altura do desafio. A verdade é que Saleiro, passado este tempo, conseguiu aproveitar as oportunidades que lhe foram dadas, subindo alguns degraus na lista de soluções prioritárias para a frente de ataque. Hoje, é já muito improvável que o avançado não faça parte dos planos leoninos para as próximas épocas, ficando apenas por saber até que nível poderá Saleiro ir. Não é a primeira vez que falo sobre ele, e, mais uma vez, fica aqui um balanço das qualidades e defeitos que julgo definirem o novo 9 do Sporting.

Forte psicologicamente
Talvez seja o aspecto que mais deva ser destacado, até porque as suas outras virtudes já eram conhecidas. Saleiro iniciou a sua ascensão numa fase de confiança quase nula em termos colectivos e onde pouca gente, mesmo com mais experiência e menos pressão, conseguia estar bem. Este facto aliado ao “nervo” que revela na hora de concluir dá a certeza de que estamos na presença de um avançado de "sangue frio", algo que é absolutamente fundamental para manter uma relação estável com o golo. E sabe-se como isso é importante para quem joga perto das balizas...

Bom tecnicamente
Este era o lado mais fácil de prever. Quem vira Saleiro antes de chegar ao Sporting, particularmente no Fátima e na Académica, sabia que este era um avançado inteligente e hábil no trato da bola. Capaz de baixar e combinar bem, longe das zonas de finalização. Este é outro traço positivo do seu perfil. Uma nota, ainda no capítulo técnico, para o seu pé direito. É fantástico saber passar, cruzar e rematar com a qualidade com que o faz. O senão é que faz tudo, ou quase, com o pé direito.

Reacção e explosão, o grande obstáculo
O físico não aparenta ser um entrave para Saleiro. Afinal, a sua estatura é bastante boa para um jogador que tem de aparecer tantas vezes a discutir lances aéreos. Por outro lado, Saleiro é também um avançado culto em termos de movimentação, sabendo que movimentos fazer e quando os fazer. Qual é o problema, então?

O problema está em alguns pormenores que são normalmente fundamentais para um avançado de elite e nos quais Saleiro revela dificuldades. Primeiro, falar do pique, da explosão. Não me estou a referir a situações de 1x1, mas na exploração da profundidade. Para um avançado, muito mais do que para um médio ou mesmo um extremo, é fundamental ser capaz de receber no espaço e, para isso, é preciso ter assinalável capacidade de aceleração. Saleiro não é um jogador lento, mas é não tem uma grande capacidade de aceleração um avançado e isso torna-se visível com alguma frequência.

O outro aspecto que quero assinalar neste ponto, e que é decisivo para um avançado, como já várias vezes tenho assinalado aqui, é a capacidade de reacção. Não é exactamente o mesmo que aceleração. Tem a ver com a velocidade com que se reage à trajectória da bola e se é capaz de ajustar o corpo em antecipação. Por isso, por exemplo, não o vemos frequentemente finalizar de cabeça em boas condições, apesar da sua estatura.

Ou seja, se Saleiro é, pela boa capacidade técnica e mental, um avançado com elevado aproveitamento em termos de finalização, não é um avançado que usufrua de muitas situações de finalização em zona privilegiada. E, se estamos a falar de elite, isso seria fundamental.

Competição: a condição fundamental para evoluir
Visto o perfil do jogador, sublinho a opinião de que se trata, e se tratará sempre, de um bom jogador, de utilidade colectiva. Sublinho também, no entanto, que está ainda longe de poder aspirar a um nível de elite. Aliás, isso não lhe será fácil dado o tipo de carências que tem. O mais difícil está conseguido, e agora Saleiro tem de saber, ele próprio, corrigir os aspectos onde não é tão forte. Para isso, a competição é a única via. É através da competição que poderá desenvolver as suas capacidades e é através da experiência que poderá evoluir. Não que a experiência por si só garanta seja o que for, devendo ser devidamente avaliada e corrigida, mas... só com jogando será possível.



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13 (grandes!) golos do fim de semana

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15.3.10

Nacional - Benfica: Ganhar bem, investindo... tudo

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Foi tratado e vivido pelo Benfica como uma final, como um jogo decisivo. Parece-me exagerado, especialmente em vésperas de 2 outros jogos, esses sim decisivos. Ainda assim, não há dúvida, da Madeira o Benfica trouxe 3 pontos que lhe garantem uma vantagem importante nesta altura do campeonato. Foi uma vitória justa, à custa de uma superioridade que ficou sempre patente, e de uma excelente atitude, devidamente destacada por Jesus no final do jogo. Ainda assim, e esta é a parte que pode preocupar os adeptos, esteve longe de ser um jogo ao nível dos melhores que o Benfica realizou. E este poderá não ser um bom indicio para o que se jogará no imediato...


Superioridade natural
Não foi um jogo fácil para o Benfica. A estratégia do Nacional colocava grande ênfase na limitação das hipóteses do Benfica poder jogar em transição. A forma de o fazer foi não arriscar a perda e jogar longo para poder encarar, defensivamente, sempre os encarnados com um bloco denso e organizado. O outro lado desta opção, claro, foi a cedência quase total do domínio do jogo. É que o jogo directo dos madeirenses esbarrou sistematicamente em situações de vantagem para os defensores do Benfica.

Face a este cenário, o Benfica não enjeitou a oportunidade de mandar em absoluto no jogo. O problema, no entanto, foi que a sua qualidade em organização não esteve nos níveis já vistos. Isto pode ser comprovado pelo número reduzido de oportunidades para tanta iniciativa. O risco, neste contexto, era de ver a ansiedade e frustração afectar a equipa e o jogo noutros aspectos, acabando por dar mais oportunidades ao Nacional para ganhar outra expressão ofensiva.

É por isso que ganha importância o timing do golo de Cardozo e é por isso, também, que é justo realçar a atitude da equipa, que se manteve dentro do jogo em termos de intensidade e agressividade. Já agora, sobre o golo, realçar o papel de Ruben Amorim. Curiosamente acabou por ser decisivo, depois de ter tido uma participação ofensiva que havia pecado pela escassez, ao longo do jogo. É que para uma equipa que defende tanto com base nos encaixes individuais, como é o caso do Nacional, torna-se especialmente complicado quando um lateral aparece em termos ofensivos, e isso nem sempre aconteceu.


A linha defensiva
Talvez seja estranho fazer este destaque, mas a mim parece importante no decurso do jogo. O Benfica teve grande domínio e o Nacional teve poucas oportunidades para sair em transição. Mas teve-as. A questão é que quando as teve – e não eram preciso muitas para conseguir impacto – a defesa do Benfica resolveu sempre bem. Não “afundar”, obrigar a lateralizar e esperar pelo apoio dos restantes elementos. Um desempenho fundamental para realmente “secar” o adversário, dando tempo e estabilidade para o ataque encontrar o seu momento.


Aimar e... o planeamento
No Benfica, para explicar um nível aquém de outros jogos, podemos encontrar vários motivos. Desde logo, a questão da fadiga central, motivada pelo pouco tempo entre jogos. Há, no entanto, um elemento que parece ter peso especial. Claro... Aimar. Já defendi a sua especial importância para equipa pela qualidade que dá em todos os momentos. A verdade é que o argentino, mantendo a sua importância em vários desses momentos, aparece agora anormalmente frágil com bola. Acumulou um número elevadíssimo de erros técnicos e perdas, influenciando negativamente a equipa.

A questão é: se Aimar já havia revelado problemas na Quinta Feira, se o Benfica tem agora mais 2 jogos decisivos, porquê a sua utilização? Sobre este tema da prioridade em relação às competições, levanto novamente a questão: Será que o futebol que o Benfica apresentou em toda esta época não merece arriscar um lugar de realce na História do clube? O ponto é que isso, num clube com o passado do Benfica, nunca será conseguido apenas com um campeonato...



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Sporting - Guimarães: Tão rápido que... parece fácil!

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Se decidir cedo era o cenário ideal... este jogo não poderia ter sido mais perfeito do ponto vista do Sporting. Na verdade, um jogo que se resolve com 3-0 em tão curto espaço de tempo, não dá margem para grandes conclusões. Por paradoxal que possa parecer. Ainda assim, há algumas coisas que ficam claras. Uma, é que o Sporting está num momento fortíssimo em termos de confiança. A outra é que a mesma apreciação positiva pode ser extensível a alguns aspectos do seu jogo. Alguns, mas não a todos.

O inicio de jogo
Porque, afinal, foi aqui que tudo se decidiu, importa falar dele. Ao contrário do que se possa dizer, não entendo que o Vitória tenha entrado mal. Pelo contrário, nas primeiras jogadas mostrou determinação em pressionar e limitar o Sporting desde o inicio. Não o conseguiu, primeiro porque o Sporting teve muito mérito na forma como se apresentou com bola, segundo, porque manifestamente não teve eficácia, e, terceiro, porque depois de se ver em desvantagem perdeu lucidez que depressa transformou o handicap de 1 golo, numa sentença de derrota.


Já agora, e porque estamos a falar desse período, salientar 2 aspectos no Sporting. O primeiro tem a ver com a capacidade de recuperação em zona alta, com Liedson, claro, como nota de destaque. O segundo vai, como não poderia deixar de ser, para a preciosidade das finalizações de Liedson e Saleiro. De facto, este tipo de toques, para mais tendo o golo como destino, são o açúcar do futebol e é impossível ficar indiferente...

Linha defensiva
A melhoria colectiva do Sporting é evidente, motivada pelo regresso da confiança... mas não só. É, aliás, tão clara, que – e reforço esta ideia – tudo é possível em relação à Liga Europa. Ainda assim... uma nota. O Sporting só poderá ser uma equipa verdadeiramente autoritária e verdadeiramente forte em todos os momentos se conseguir evoluir no comportamento da sua linha defensiva. Virão aí testes importantes e sem margem para erros, onde veremos melhor a resposta da equipa. O que é certo é que há ainda algum trabalho a fazer neste campo específico.

Vitória
De facto, dá para ter alguma pena do Vitória. Muito do que lhe aconteceu tem o carimbo de mérito do Sporting. Pelo menos no inicio, porque depois o Vitória sucumbiu à intensidade psicológica do momento e acabou por, ele próprio, contribuir para o descalabro que comprometeu as suas aspirações no jogo. A pena, que confessei acima, tem a ver com o facto deste Vitória, apesar de não estar ao nível do actual Sporting, ter capacidade para fazer um jogo bem diferente, causando muito mais dificuldades. Aliás, esta mesma ideia foi dada a entender no que restou da partida.

Por fim, acrescentar que esta é, no momento, a 5ª melhor equipa do futebol nacional e que muito dificilmente deixará de carimbar esse estatuto na tabela. Uma melhoria que me ficou clara desde os primeiros jogos de Paulo Sérgio e que já venho, aliás, referenciando desde esse tempo. Indo um pouco mais além – e ressalvando que me estou a referir estritamente ao momento actual – exceptuando alguns conceitos visivelmente mais consolidados no Braga, há pouca diferença qualitativa entre o presente momento dos 2 vizinhos minhotos.



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12.3.10

Benfica - Marselha: É melhor repensar...

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Dificilmente alguém esperaria tantas dificuldades. Eu próprio, confesso, saio algo surpreendido com os problemas que o Benfica teve para se impor. Uma prova de qualidade do Marselha, é certo, mas também a evidência de um jogo pouco conseguido por parte do Benfica e, parece-me também, mal preparado. É a conclusão que retiro de alguns pormenores do jogo. Uma coisa é certa, no entanto: com o desfecho – cruel mas absolutamente justo – da primeira mão, só um Benfica para melhor resgatará do Velodrome a qualificação. Tem a palavra Jesus no planeamento da próxima semana, ficando para mim muito claro que seria um desperdício que este Benfica, com tanta qualidade, saísse tão cedo desta competição.

O pormenor de Brandão
Provavelmente não será referido nas crónicas da partida, mas foi um detalhe importante e que marcou, pelo menos, o inicio do jogo. Os pontapés longos do Marselha, com que se iniciaram várias jogadas do jogo, tiveram sistematicamente como destino o versátil avançado brasileiro, que invariavelmente ganhava o duelo aéreo com Maxi. O resultado foi que o Marselha conseguiu sair a jogar repetidamente destas situações, já no meio campo encarnado, dificultando assim o trabalho do pressing do Benfica. Jesus corrigiu este detalhe com cerca de 25 minutos de jogo, encostando Ramires a Brandão nestas situações, mas foi um detalhe que ajudou a encaminhar o Marselha para o bom jogo que fez.

Por outro lado, claro, sendo esta uma rotina da equipa do Marselha (como era do Shakhtar, aliás), denota também uma má preparação do Benfica para a especificidade do adversário.

O mérito do Marselha e o mau jogo encarnado
O pormenor da utilização de Brandão para as primeiras bolas, ajudou a pintar o jogo de azul celeste. Mas não é apenas por aí que se explicam as dificuldades encarnadas em ser tão autoritário como é hábito. Primeiro, há que referenciar a qualidade do Marselha. Boa equipa colectivamente e com óptimas individualidades, competentes a executar e com personalidade e confiança suficiente para não serem facilmente condicionados pelo pressing. E sabe-se como o pressing é importante para o jogo do Benfica.

Mas, se o Marselha esteve bem, o Benfica podia ter feito muito melhor. Não teve capacidade no pressing, errou bastante mais do que é hábito em termos técnicos e, com isto, foi perdendo também confiança táctica. Ou seja, deixou de se posicionar tão alto, de tentar ser autoritário tacticamente, resguardando-se mais e, consequentemente, dando espaço ao Marselha para ter bola.

Isto não quer dizer que o Benfica tenha estado por baixo no jogo. Ou, pelo menos, não sempre. Teve períodos bons, mais coincidentes com o seu potencial, mas foram escassos para aquilo que se exigia.

Individualidades: de David Luiz a Aimar...
Começando pelo 10. Já várias vezes me referi à sua importância no jogo do Benfica. De facto, o Benfica precisava de um Aimar em pleno, presente e competente em todos os momentos do jogo. Provavelmente pelas limitações físicas, isso não foi possível e, claro, o jogo do Benfica ressentiu-se... em todos os momentos.

Do outro lado, em termos de qualidade exibicional, 2 nomes. Saviola, que não fez uma exibição especialmente exuberante, mas que esteve em muito bom plano, dentro da valia que se lhe reconhece. E, claro, David Luiz. Não vale a pena falar muito, porque a sua qualidade já dispensa elogios. Basta ver...

França
Uma nota final para o futebol francês. É comum desvalorizar-se o futebol que se pratica naquele país, o que é chocante vindo de Portugal. O futebol francês é um mar de talentos e joga-se sob uma grande intensidade física e técnica, num nível absolutamente incomparável com aquele que se pratica em Portugal. Em breve falarei de algumas individualidades desse interessante campeonato...



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Atl.Madrid - Sporting: Muito bom, mas... falta o mais importante!

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Em termos relativos, dir-se-ia, o Sporting arrancou um excelente e improvável resultado do Calderon. Ideia que ganha especial força pela inatacável justiça do mesmo. A má notícia é que, para a eliminatória, não conta a relatividade das apreciações e, antes sim, factos absolutos. Aí, o nulo não é mais do que um razoável resultado, que não retira responsabilidade ao Sporting na segunda mão, mas que lhe dá legitimas esperanças de conseguir bater uma equipa que, ao contrário do que tanto se diz por aí, é bastante forte e merecedora da maior das cautelas.

Sporting: O melhor momento da época
Um raciocínio errado e linear levará à conclusão de que, com 11 durante 90 minutos, o Sporting teria trazido um resultado ainda melhor do Calderon. Não é assim. O jogo seria diferente e é impossível prever o que aconteceria. Ainda assim, e este é o ponto que importa sublinhar, o Sporting fez em Madrid uma clara demonstração de que atravessa um período radicalmente diferente daquilo que foi a sua marca em grande parte da época.

Com algum tempo de treino – pouco, ainda assim – Carvalhal conseguiu devolver à equipa a familiaridade com alguns processos que haviam perdido consistência ao longo da série negra que ditou o afastamento leonino das competições internas que lhe restavam. A esta recomposição táctica, seguiu-se também o regresso da confiança, trazida pelos bons resultados e exibições recentes. O culminar de tudo isto é uma melhoria quase radical em muitos aspectos e que me motiva a ideia de que, neste registo, tudo será possível na actual caminhada europeia do Sporting.

No que respeita o jogo, destaco a excelente entrada do Sporting. Muito bem na pressão e nas movimentações colectivas, dificultando desde a primeira hora a vida ao Atlético. Depois da expulsão, obviamente, as circunstâncias alteraram-se e o Sporting teve de se contentar com um jogo bem mais modesto. No que aconteceu daí para a frente destaco, para além da organização, a resposta psicológica dos jogadores à adversidade. Neste plano, creio, a entrada de Pedro Mendes pode ter de facto ajudado muito a equipa a crescer mentalmente.

Atlético: mau jogo, é certo, mas...
Que o Atlético esteve abaixo do que se lhe era exigível, estamos de acordo. Que não é, colectivamente, uma equipa muito bem trabalhada, também. Agora, não convém fazer desta equipa aquilo que ela não é. Ou melhor... que já não é. Com a chegada de Quique, por muito que o treinador espanhol não seja uma fonte de entusiasmo, o Atlético melhorou imenso e é hoje bastante mais forte do que no inicio de época. Aliás, os resultados falam por si. O Atlético está na final da Taça do Rei e, nas últimas 10 jornadas, leva o 4 melhor registo da liga espanhola, tendo, aliás, batido o Barcelona e goleado o Valência nas últimas 2 jornadas caseiras na Liga. Não é para todos...

Ainda assim, e mesmo considerando o mérito da organização leonina, é inequívoco que foi um Atlético desinspirado aquele que defrontou o Sporting. É bom, no entanto, que não haja ilusões sobre o que esta equipa realmente vale. Se não for por mais nada, devem servir de alerta as respostas que o Atlético tem dado nas segundas mãos das eliminatórias que já disputou, quer internamente, quer na Europa.

Reyes, para quem não percebeu...
Finalmente, falar dele: Reyes! É um jogador que pessoalmente aprecio imenso e que acho que não saiu de Portugal com o devido crédito. É verdade que por vezes lhe falta intensidade, mas não é fácil encontrar um jogador tão forte com a bola nos pés. Não apenas pela forma como executa, mas sobretudo pela capacidade que tem para esconder a bola dos adversários. Por isso ganha tantas faltas e por isso se torna um pesadelo para os defesas que optam pela impetuosidade para tentar o desarme. Grimi que o diga...



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Neymar, mais uma "fila"...

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11.3.10

Explicar a hecatombe portista... ou parte dela.

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Escolher pode tornar-se um exercício complexo quando os possíveis exemplos são tão numerosos. É o caso da derrota portista em Londres e, em particular, da escolha de lances que ajudem a explicar onde esteve o problema. Para facilitar – e abreviar – decidi limitar a análise à primeira parte, centrando-a apenas na má prestação da equipa com bola e deixando de lado os momentos defensivos, com excepção, claro, dos golos. Aqui fica, então, o comentário a um vídeo que, na realidade, fala muito por si próprio...

Os golos
Já aqui me havia referido aos lances ontem, e o vídeo serve apenas para reforçar o que foi então escrito. Ou seja, a centralização da responsabilidade em Rolando e Fucile com o dado relevante da forma primária como foram cometidos os erros.


No primeiro golo, a origem acontece no erro de Rolando. A primeira bola com Arshavin deveria ser ganha obrigatoriamente. Rolando perde o lance por reagir tarde e muito mais lentamente do que estava ao seu alcance. Talvez por instintivamente sentir a obrigatoriedade de ganhar o lance, acaba por corrigir ainda pior o seu atraso, lançando-se para uma bola perdida e perdendo a posição. Mais valia ter feito falta. Atrás de si, no entanto, há outro erro. Fucile, pois claro. Na saída do central, o lateral tem de fechar por dentro, e antes que a bola entre no espaço. Fucile fê-lo apenas por reacção, quando a bola fora já lançada em Arshavin e, por isso, perdeu o lance.

No segundo golo, começo por falar da atitude de Fucile. Não é a primeira vez que vemos jogadores – e particularmente Fucile – “incendiados” por despiques pessoais. Creio que foi isso que se passou com Fucile. O uruguaio havia sido batido individualmente por Diaby no inicio da jogada e isso pareceu ferir-lhe o orgulho, retirando-lhe racionalidade nos momentos seguintes. Por isso, creio, tenta irreflectidamente sair a jogar e, por isso também, arrisca ganhar a bola sobre Arshavin, numa entrada à queima completamente injustificada e imprópria de um jogador da sua valia. Dito isto, há que referenciar ainda o papel dos centrais. Com Nuno André Coelho uns bons metros mais baixo do que eles, decidem manter a linha, como que ignorando a presença do colega. Assim viabilizou-se uma linha de passe que era totalmente proibida, num movimento que indicia má capacidade para jogar correctamente com o fora de jogo. Para completar o cenário dantesco, é ver os defensores portistas com o braço no ar depois do golo...

Os momentos com bola
Podia trazer aqui algumas jogadas em que o Porto deixou muito a desejar perante o ataque do Arsenal. Na realidade, a tarefa não era fácil, mas houve trocas posicionais que envolveram os médios que, claramente, foram mal feitas, denotando uma expectável falta de rotina entre jogadores pouco rotinados entre si. Mas, se sem bola o Porto teve dificuldades, muito do que não fez passou também pela falta de qualidade nos momentos com bola.

A entrada foi desastrada. Nos primeiros momentos em que teve oportunidade para jogar, o Porto simplesmente acumulou erros e entregou a posse ao adversário. Fosse em organização ou transição. A coisa melhorou antes do 2-0, mas Fucile e os centrais encarregaram-se de não retirar o Arsenal da rota da goleada.

Enfim, há que notar que o Arsenal – e volto a esta ideia – é uma equipa fortíssima em todos os momentos e não apenas com bola como é tantas vezes repetido, e que também tem muito mérito nas dificuldades que o Porto sentiu em jogar. Aliás, já havia sentido no Dragão. Ainda assim, foram demasiados os erros. Erros na opção e na execução. De defesas e médios. Em organização e transição. Se o Arsenal é excepcional com bola, era preciso que, pelo menos, não a tivesse muitas vezes, e isso foi tudo menos conseguido pelo Porto. Finalmente, porque é o tema mais popular nesta altura, pouco disto tem a ver com Nuno André Coelho. É repetida a ideia de que o “pivot” é fundamental para a qualidade da posse, mas isso só é verdade em algumas equipas e o Porto não é uma delas. É verdade que Nuno André Coelho nada acrescentou em termos de qualidade de posse, mas não foi por ele que o Porto errou tanto e quase não jogou na primeira parte.



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Não foi exactamente na Champions League, mas...

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10.3.10

Arsenal - Porto: não havia necessidade!

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A este nível, habitualmente, as goleadas são resultado de uma enorme diferença de eficácia. Foi esse o filme que Jesualdo quis “vender” na sua análise final, mas... não foi isso que se passou. A goleada foi, isso sim, a consequência justa e natural de um jogo que cedo se encaminhou para esse destino. Que o Arsenal é uma grande equipa, das melhores do mundo a nível colectivo, já se sabia. Que o Porto iria ter, inevitavelmente, grandes dificuldades no Emirates, também era de prever, ao ponto de o ter feito no próprio rescaldo da primeira mão. O que não era, nem forçoso, nem tão previsível, era a sucessão de tiros no próprio pé que conduziram o Porto à embaraçosa vulgaridade com que saiu de Londres... Não havia necessidade!

As opções de Jesualdo
Começando pelo que é mais comum discutir-se, em especial depois das derrotas. Na verdade, e tantas vezes insisti nesta ideia no passado, sou absolutamente contra “totobolas de 2ªFeira”, mas não posso deixar de comentar as opções iniciais de Jesualdo.

Sobre Nuno André Coelho, já várias vezes escrevi que me parece ter um grande potencial, superior a Maicon, e um candidato a superar Rolando se tivesse oportunidade para tal. Agora... na posição 6?! Num jogo desta importância?! Sem nunca ter sido testado previamente?! Enfim, como disse, não foi por aí que o Porto passou pelo que passou, mas não faz absolutamente sentido nenhum, e estranho como pretende um treinador retirar o melhor da sua equipa se as suas apostas exigem, desde logo, um rendimento improvável dos seus jogadores.

Mas não me parece que Nuno André Coelho seja o único caso discutível. Há Hulk. Também, como no caso do central, creio que Hulk tem um potencial fantástico e tem tudo para ser um jogador do mais alto calibre no futebol mundial. Acontece, no entanto, que o rendimento do jogador na primeira mão deixou claro que a ausência de competição lhe tem feito muito mal. Para mais, em experiências anteriores em Inglaterra (Chelsea e Manchester), Hulk havia repetido exibições muito fracas. Assim foi e... assim se repetiu. Ao contrário da opção de Nuno André Coelho, e apesar de bem menos polémica, parece-me que esta foi uma opção com alguma influência na qualidade de jogo portista...

Os tiros no pé
Na verdade é um cenário que se repete. Foi assim no primeiro ano de Jesualdo, com os deslizes de Helton em Stamford Bridge. Seguiram-se as inexplicáveis atitudes de Fucile nas 2 mãos da eliminatória frente ao Schalke. No ano passado, em Old Trafford, Bruno Alves assistiu Rooney. Este ano, para não quebrar a tradição, a eliminação portista fica fortemente ligada a erros individuais perfeitamente evitáveis e apenas explicáveis pela incapacidade de lidar com a pressão destes momentos. Os réus? Fucile e Rolando.

O Arsenal entrou avassalador. Com enorme qualidade de circulação, plena de mobilidade e velocidade, e utilizando muitos jogadores nas acções ofensivas. Parar isto é muito difícil e se o Porto tivesse sucumbido por aqui, pouco havia a dizer. Mas não. O primeiro golo resulta de um lance em que Rolando perde o lance aéreo com... Arshavin. Como se não bastasse, o central tentou corrigir o incorrigível mau posicionamento para a primeira bola e abriu uma cratera nas suas costas. Aqui, como se não bastasse Rolando, entra Fucile. A rotina é, quando o central sai, o lateral proteger-lhe as costas, fechando o espaço interior. Fucile fê-lo, mas apenas por reacção e isso provou-se fatal. No segundo golo, de novo os mesmos protagonistas. De Fucile é escusado falar, tal a evidência da sua displicência. Mas uma nota vai ainda para o mesmo Rolando que não acompanha bem posicionalmente o lance, mantendo-se mais alto do que a linha da jogada e abrindo espaço para a trajectória por onde haveria de entrar o cruzamento.

Se Jesualdo esperava um jogo de pormenores, assim, perder tornou-se inevitável.

A goleada
Explicada a derrota, pela qualidade do Arsenal e, sobretudo, pelos tiros no pé referidos, fica também fácil perceber a goleada. Do intervalo, e com 2-0, o Porto voltou na corda bamba. Ou seja, a sua boa reacção poderia terminar num golo que relançaria a equipa ou... num outro, do outro lado do campo, que ditaria a falência motivacional da equipa e, por consequência, o descalabro que se seguiu. Na verdade, esse sempre foi o cenário mais provável, tendo em conta a qualidade do Arsenal e, claro, a diferença entre o momento de confiança das equipas.

Notas individuais
Já falei de algumas individualidades, mas há outras que me merecem referência. A primeira, Ruben Micael. O jogo mostrou que Ruben não é, como nunca foi, um jogador acabado. Tem limitações do ponto de vista técnico e físico e a sua boa movimentação não conseguiu contornar essas dificuldades, num jogo de ritmo bem mais elevado e em que era preciso fazer tudo melhor e mais rápido. Falhou demasiado para uma equipa que precisava de qualidade máxima nos momentos com bola e que tinha nele um elemento central para a transição. Pior que ele, se descontarmos os decisivos Fucile e Rolando, só Hulk.

Para não ser tudo mau, termino com boas notas. Helton, é evidente. Juntaria Rodriguez, que teria sido muito mais útil do que Hulk, o incansável Falcao e Varela. A substituição deste último, aliás, torna-se difícil de entender estando Hulk em campo. Isto, mesmo sabendo que o brasileiro ocupava, na altura, uma posição mais interior e não idêntica à de Varela.



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Uma grande segunda parte...

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9.3.10

1958: O meu nome é... Pelé!

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Entre a ressaca doméstica e o inicio da jornada europeia, tempo para uma pequena intromissão histórica. Na realidade, trata-se da introdução de uma nova rubrica, especial e motivada pelo Mundial que se aproxima. A ideia é, até ao inicio da competição, trazer aqui uma série de exibições históricas dos grandes nomes do futebol mundial em jogos de campeonato do mundo. Um exercício que permitirá fazer o contraste entre as diferentes “eras” do jogo e, também, o nível dos diversos craques que encantaram gerações. Para começar: Pelé frente à França, na meia final de 1958.

Não é exagerado dizer que, depois deste jogo, disputado a 24 de Junho de 1958 em Solna, o mundo do futebol nunca mais foi o mesmo. Não que algo tenha mudado no jogo em si, mas porque, depois deste jogo, o mundo não poderia mais ficar indiferente a um nome que, hoje em dia, não conseguimos dissociar do jogo: Pelé.

O jovem Pelé tinha apenas 17 anos e já havia garantido o feito de se ter tornado no mais jovem jogador da história dos mundiais. Um prodígio que o Santos mostrara à Brasil e que, agora, era também revelado ao mundo. Pelé estreou-se no terceiro jogo da fase de grupos frente à URSS de Lev Yashin e nos quartos de final havia sido já protagonista, marcando o golo da vitória frente ao País de Gales. Agora era a vez da França, comandada pela dupla Kopa-Fontaine, numa meia final entusiasmante.

Na verdade, o Brasil dominou completamente o jogo, mostrando-se sempre francamente superior a uma França com a qualidade demasiado isolada na figura das suas 2 estrelas. Aos 2 minutos o Brasil já ganhava depois de uma infantilidade de Jonquet que terminou no golo de Vavá. Fontaine empatou pouco depois, a passe de Kopa, pois claro, mas isso não parou a avalancha brasileira. Didi era, apesar do mediatismo hoje reconhecido a Pelé ou mesmo Garrincha, o jogador mais influente. O motor da equipa. No meio campo parecia ser o dono do jogo, impressionante fisicamente e com uma capacidade técnica bem acima da média. Na frente, Pelé jogava ao lado de Vavá, com Zagallo à esquerda e o desequilibrador Garrincha à direita. Ao intervalo o 2-1 não surpreendia, mas foi depois do intervalo que algo mágico sucedeu.

Em vantagem e perante uma França em notória dificuldade física, Pelé apareceu transformado na segunda parte. Baixando mais para se aproximar do jogo, o prodígio passou a ser um elemento muito mais desequilibrador. O seu primeiro golo, marcado aos 52 minutos, foi o rastilho que faltava. Pelé ganhou confiança na mesma medida que as forças se foram dissipando dos músculos franceses. Com mais espaço, Pelé partiu para um hat-trick histórico que definiu por completo o destino da partida e presença canarinha numa final que também venceria, também com Pelé com protagonista. Provavelmente os suecos – que vibraram mais com os golos da Suécia que jogava à mesma hora do que com as jogadas daquele miúdo – não sonharam com o que estava a acontecer, mas, à frente dos seus olhos, estava a ser coroado... o “Rei”.



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8 golos do fim de semana...

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8.3.10

Da surpresa à lição...

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No Dragão deu-se, seguramente, a maior surpresa do fim de semana. A pergunta que faço, porém, é se esta é uma surpresa tão grande assim? Ou melhor... se neste momento a surpresa era bem mais provável do que há umas semanas atrás? Para mim, e como fica fácil de perceber por tudo o que já escrevi sobre o assunto, a resposta é convictamente afirmativa. O discurso dos protagonistas pode não convergir para a ideia mas, na minha leitura, o Porto atirou a toalha do campeonato, mental e inconscientemente, quando Djaló abriu o marcador em Alvalade. Foi aí que, realmente, o objectivo “campeonato” passou a ser percepcionado como algo que estava para além das próprias possibilidades da equipa. Um KO motivacional. Tudo quando, paradoxalmente, a equipa vinha crescendo do ponto de vista técnico-táctico.

Por tudo isto, creio que o que se passou no Dragão, mais do que uma surpresa, foi a evidência da importância do lado mental do jogo. Algo que, por não sermos capazes de explicar, muitas vezes desprezamos, num acto de profunda ignorância. Uma lição, portanto...

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Miccoli e o mérito de não desistir...

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5.3.10

A explosão de Di Maria

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Depois de alguns destaques individuais de exibições no fim de semana, seria injusto não fazer também referência àquele que foi, afinal, o grande protagonista em termos individuais da jornada passada. Di Maria, pois claro. O argentino atingiu definitivamente o pico de águia ao peito e, frente ao Leixões, terá feito, senão a melhor, seguramente a mais proveitosa exibição da sua passagem por Portugal. Sobre Di Maria, é incontornável a sua capacidade de desequilíbrio e a irreverência do seu futebol. Mas há algo mais a reflectir sobre a sua evolução. Afinal, como se explica a explosão de Di Maria?


Confiança e...
A primeira palavra a referir, ainda que não seja aquela que vem a montante no processo, é: confiança. Ao contrário do que acontecia anteriormente, Di Maria sente-se absolutamente confiante com bola. Não tem medo de arriscar e, quando o faz, está centrado na sua potencialidade e não na consequência do erro. Tudo isto surge, porém, porque houve da parte do colectivo, um conjunto de condições que facilitaram o crescimento do argentino. Algo que desde a pré época foi aqui identificado.

... entrosamento táctico

A decisão, o pior pesadelo do ex-Rosário no passado, tornou-se mais simples com a chegada de Jesus. Dois motivos para isto. A maior proximidade de companheiros em todos os momentos e, sobretudo, uma grande diferença ao nível do entrosamento táctico com o modelo. Antes, Di Maria tinha de ler o jogo antes de decidir e, porque isso nele demorava tempo, frequentemente recorria à solução do drible, em más condições, como escapatória. Hoje, sabe de antemão o que pode e deve saber. Quando recebe na linha do lateral, pode jogar de primeira para dentro e atacar a profundidade, porque há sempre alguém com quem fazer a parede. Quando sai de um drible para a linha, pode cruzar ao segundo poste porque é aí que vai aparecer Cardozo. Quando a bola vem do lado oposto pode atacar, sem bola, a profundidade porque alguém, seguramente, o vai procurar.

Di Maria, em suma, não é diferente daquele que jogava no ano anterior. O que mudou foi a envolvente...



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Élio e um Calcanhar de... primeira!

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4.3.10

Porque há um seleccionador em cada um de nós...

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Diz-se, e com algum sentido, que há um seleccionador em cada um de nós. Pois bem, aproveito o ‘timing’ para dar, também, liberdade à minha costela de seleccionador, reforçando a ideia de uma impossibilidade de concorrência entre os pensamentos de cada um dos adeptos e os actos de quem realmente tem a responsabilidade de decidir. No meio de tudo isto, no entanto, mais importante do que a filosofia base é a forma como ela é aplicada, e é isso que mais se exige a Queiroz.

Sistema: 4-4-2
Queiroz parece dividido, provavelmente apostado em trabalhar 2 sistemas, mas creio que, pelas indicações recolhidas, irá manter a preferência pelo 4-3-3. Pessoalmente, acredito que ser-lhe-ia mais fácil atingir patamares de qualidade mais elevada no 4-4-2. Não é por aí, no entanto. Queiroz pode conseguir qualidade em qualquer estrutura, desde que a trabalhe bem. Sobre a alternância de sistemas, sou também pouco crente no sucesso da aposta. Já nutro algum cepticismo por esta via ao nível de clubes, e, no que respeita a Selecções, adquirir competência num só modelo já parece difícil, em 2 parece-me pouco menos do que impossível...

Laterais: profundidade
O modelo de Queiroz poderá ter sucesso com qualquer tipologia de laterais. Claro. No entanto, na minha interpretação, torna-se mais fácil e lógico se estes tiverem capacidade de dar profundidade ao flanco Isto, sobretudo, se tivermos em conta o tipo de médio defensivo que Queiroz vem preconizando. Isto é, de carácter mais posicional e com fortes limitações tácticas. Para mim, claramente, à esquerda levaria Coentrão e Duda e, à direita, juntaria a Bosingwa alguém de características idênticas. Lembro-me do que aconteceu no Portugal-Suécia ou, um pouco mais atrás, na final do Euro2004, quando laterais ofensivos se lesionaram e Portugal perdeu, a partir daí, grande capacidade ofensiva. Não foi por acaso. O principal candidato é Miguel, mas a sua evolução tem sido tão decepcionante que me parece mais segura a opção por João Pereira. Paulo Ferreira, para mim, seria carta fora do baralho, mesmo contabilizando toda a experiência e polivalência que garante.

Extremos: Ronaldo, Simão, Nani e Danny... só!

Como já disse, orientar-me-ia para o 4-4-2. Ainda assim, obviamente, haveria lugar para desequilibradores que, habitualmente, jogam como extremos num 4-3-3. Daqueles que habitualmente são chamados, optaria por Ronaldo, Simão, Nani e, eventualmente, Danny. O primeiro para jogar na frente, os 2 segundos para a posição de ala interior e Danny, caso recupere o nível de há 1 ano, como solução útil para várias funções. Aliás, a polivalência creio que deve ser um dos aspectos a ter em conta na formação das escolhas e, aqui, Coentrão também encaixaria como uma dupla solução.

Ataque: Aposta em... Liedson
Queiroz dá ideia de estar a hesitar entre Hugo Almeida e Liedson, talvez pesando na escolha o sistema em que jogar. Pessoalmente, e como já aqui várias vezes referi, vejo em Liedson um jogador especialmente forte nos grandes momentos e creio que deveria, muito por esta razão, merecer uma aposta forte de Queiroz para o Mundial. Aliás, quando idealizo um modelo para a selecção não evito recuperar aquilo que Portugal fez na Dinamarca, ainda que com Liedson apenas na segunda parte. Um ataque móvel, com Liedson e Ronaldo na frente de um meio campo criativo e com os jogadores próximos entre si, é a ideia que me parece fazer mais sentido. Como alternativa, Hugo Almeida, claro, mas também Nuno Gomes que, aliás, me parece até melhor solução do que o próprio Hugo Almeida, embora isso possa depender muito do momento de ambos quando Junho chegar.



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A bomba de Kranjcar

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3.3.10

A estreia de Airton

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Não foi, obviamente, uma estreia vistosa. Não era isso que se esperava, nem tão pouco é isso que dele se pretende. Airton foi, acima de tudo, eficaz. Quase a 100%, e, por isso, o tempo que esteve em campo credita-lhe nota claramente positiva para a estreia. Um resultado que tenho apenas como altamente previsível face ao que já havia observado do jogador e, por outro lado, ao meu entendimento da função para a qual foi destinado. Falta-lhe confiança, falta-lhe à vontade, mas tem tudo para cumprir à risca com os requisitos exigíveis. Em especial, e para além do aspecto físico, a disciplina com que entende a função. Preocupa-se com equilíbrios, compensações e joga simples. Ao contrário do que chegou a ser sugerido na transmissão, aliás, não leva tempo com a bola nos pés. Apenas não cria, nem tenta acrescentar nada e joga simples, tal como se lhe pede. Falou-se do elevado número de faltas sofridas, mas eu prefiro perguntar se alguém lhe viu alguma perda de bola ou passe errado? Eu não. Para a frente virão desafios bem mais complicados, é certo, mas vale também a pena não esquecer que tem apenas... 20 anos.

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