18.2.10

Porto - Arsenal: Para sorrir e... rever

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Do jogo resulta uma primeira e óbvia conclusão. A qualificação é uma possibilidade real. Acreditar justifica-se, mais não fosse, pelo resultado conseguido. Se não é difícil retirar o que há de bom de uma vitória tão importante como esta, mais complicado será para o Porto abstrair-se de todo o entusiasmo para fazer um diagnóstico fiel do que se passou. É que, se a equipa tem a sua quota parte de mérito, também é um facto que o desfecho resulta em grande medida da infelicidade inglesa nos momentos dos golos. Perceber a necessidade de fazer melhor será fundamental porque, não tenho dúvidas, dentro do mesmo registo as dificuldades serão imensas em Londres. Para já, e mesmo sem muito tempo para isso, vale a pena saborear o que foi conseguido.

Vitória e... lições para a segunda mão
Apesar de nunca ter tido reflexo no marcador, a verdade é que o Porto teve manifestas dificuldades em se impor no jogo. Sobretudo na primeira parte, onde, apesar do golo e de mais um ou outro desequilíbrio, o Arsenal foi sempre quem mandou no jogo. O motivo desta incapacidade tem sobretudo a ver com a força e qualidade dos “Gunners”, mas requererá do Porto uma outra reacção para se manter por cima na segunda mão. Não tendo feito um mau jogo, o Porto precisava de ter tido mais solidariedade e reactividade nos diversos momentos do jogo. Algo que acabou por ser, pelo menos parcialmente, corrigido no segundo tempo onde houve mais gente no processo defensivo e mais solidariedade para parar uma das equipas mais competentes do mundo em termos de movimentação colectiva. Esse será o registo a reter para a segunda mão, onde irá também ser necessário, para além de uma boa dose de capacidade de sofrimento, mais qualidade na saída em transição. Para isso terá de haver, também, mais inspiração de quem joga na frente.

Arsenal: qualidade... global
Uma coisa que vulgarmente é repetida nas apreciações ao Arsenal é que é uma equipa “boa a atacar mas má a defender”. Ora, isto não faz qualquer sentido. O Arsenal, ou qualquer equipa, para fazer valer a sua posse de bola tem de ser altamente competente em todos os momentos do jogo, com bola e sem ela. E isso é o que é o Arsenal: uma grande equipa em termos globais. Excepcional em posse e circulação, mas também muitíssimo forte na forma como se prepara para ganhar a bola. Seja através de segundas bolas, seja através de um pressing alto sobre a construção do adversário. Por isso é que o Arsenal criou dificuldades ao Porto. Não apenas porque foi competente com bola, mas porque, também, não deixou que o Porto tivesse facilidade em ter a bola.
Uma coisa completamente diferente é falar do valor individual de alguns jogadores do Arsenal. Aí, claramente, começamos a perceber o porquê desta equipa, não só ter perdido este jogo, mas também acumular tantas dificuldades em se impor ao mais alto nível, apesar da qualidade com que enche os relvados por onde passa.

A personalidade de Micael
Ontem falei de Liedson, hoje de Micael. Esbraceja, protesta e parece estar a perder o foco no que é essencial. Mas não está. Está, isso sim, com uma intensidade enorme no jogo, sempre atento a todos os pormenores e com uma personalidade que não o deixa ser discreto em termos de comunicação. Terá sido, a par de Fernando, o melhor do Porto, mas teve o condão de ser especialmente decisivo pela intensidade com que vive o jogo. E foi essa intensidade que lhe valeu ter pensado o que nenhum adversário pensou naquela altura. Não é, ainda, um médio de eleição, mas dificilmente deixará de ter uma evolução enorme pela personalidade que tem. Está a corresponder em pleno a todas as expectativas que tinha sobre ele.

O atrofiar de Hulk
Sobre ele incidiam grande parte dos holofotes, devido à longa ausência a que vem sendo sujeito. Não duvido da sua vontade, mas realizou uma das piores exibições ao serviço do Porto. Salvou-se um lance em que podia ter feito o 3-1 e muito pouco mais. Para além de não decidir bem – o que não é surpresa – apareceu também muito àquém do que é normal em termos físicos. Está tudo ligado e tem tudo a ver com a falta de jogos. Prova-se que esta situação pode ser um grande entrave para um jogador que precisa de competição para evoluir e para se aproximar do raro potencial que possui.



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