18.1.10

Porto - Paços: O problema de não ter cabeça

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Há algum tempo venho alertando para o novo desafio que o atraso classificativo traz para o Dragão. Uma situação que acrescenta pressão e que exige uma resposta mental decisiva para manter o Porto na rota do título. A verdade, no entanto, é que o peso de estar atrás parece mesmo fazer-se sentir nos ombros dos jogadores. Se contra o Leiria o Porto sentira dificuldades em materializar um domínio claro, contra o Paços, foi ao mesmo ao extremo de se ver na eminência de perder um dos jogos em que mais se superiorizou na temporada. E seria mesmo um escândalo!

É verdade que a equipa não joga o futebol de outras épocas. Que pressiona pior, que não encontra nos seus médios a mesma dinâmica e que vive praticamente em exclusivo para servir Falcao. É verdade, mas também é um facto que o que fez nestes dois jogos no Dragão deveria ser mais do que suficiente para os vencer sem margem para sofrimento algum. O problema é o cronómetro. Há medida que ele passa a pressão aumenta e parece tornar-se bloqueante para o jogo portista. Mesmo mantendo uma grande superioridade, encurralando sempre o Paços no seu último terço, sentiu-se de forma clara esse efeito da primeira para a segunda parte.

De notar alguns aspectos neste jogo. Primeiro, o Paços. É uma equipa bem mais fraca colectivamente depois da saída de Paulo Sérgio e um sério candidato a sofrer bastante na segunda volta. Depois notas individuais para 2 jogadores do Porto. Para Belluschi porque apesar de se manter longe da glória, tem conseguido encontrar a forma que mais lhe convém para entrar em jogo, baixando o que for preciso para receber no pé, em vez de tentar movimentações entre linhas. O problema é mesmo quando a bola não está nos seus pés. Para Varela, porque tem tido, no seu estilo aparentemente desligado, um grande impacto qualitativo nas acções ofensivas. Os 2 cruzamentos que fez com o pé esquerdo são disso exemplo e reforçam a ideia de que se conseguir crescer no jogo interior poderá mesmo tornar-se num caso muito sério. Não me parece fácil, mas também há que dizer que já me conseguiu surpreender no passado...

Por fim, há um momento que não consigo deixar de passar em claro, no meio de tanta intensidade emocional. É que se o Porto chegou a ter o jogo praticamente perdido, só por infelicidade não o ganhou na etapa final, tal a revitalização que se sentiu no espírito portista durante os últimos minutos. Tem a ver com um livre, imediatamente anterior ao lance do empate. O golo do Paços “gelou” de tal forma o Dragão que a apreensão das bancadas parecia invadir o relvado num silêncio tão ruidoso como típico destes momentos. O Porto parecia incapaz de se soltar da pressão e a prova disso foi a forma como esse tal livre foi marcado, directamente para as mãos de Cássio. Faltavam 5 minutos para os 90 e o Paços tinha o jogo na mão. Literalmente. Mas, estranhamente fiel a um registo que se repete vezes sem conta, a bola ganhou vida nas mãos do guarda redes brasileiro. Um fenómeno comum, especialmente quando há um avançado nas imediações. Foi o caso, e embora Farias não tenha feito golo de imediato, este lance teve um impacto enorme em termos anímicos. Como que, de repente, fez perceber o Dragão que valia a pena acordar. E como acordou!
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