29.1.10

O "upgrade" Pedro Mendes

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Depois de vários nomes, avanços e recuos, Pedro Mendes confirma-se como o médio que Carvalhal pretendia para reforçar a equipa. É uma aposta que, devido ao salário e idade, não se pode considerar barata, mas que dá óbvias garantias de melhorias imediatas para o rendimento da equipa. Neste aspecto, o grande risco poderá estar na disponibilidade física do jogador para a competição, que nem sempre tem sido regular. Do ponto de vista do jogador, esta é também uma derradeira oportunidade de confirmar, “entre muros”, o valor que se lhe reconheceu na passagem pelo Porto de Mourinho, bem como, claro, de poder estar mais perto do olho de Queiroz, com vista a uma possível presença na África do Sul.

A posição 6
O interesse de Carvalhal em contar com mais um médio era conhecido e assumido. Creio que o perfil desejado sempre pretendeu contemplar alguma polivalência, até porque me parece que a estrutura utilizada nos últimos jogos poderá ser alterada em certas ocasiões. Ainda assim, o destino primário do reforço seria sempre para a posição 6, actualmente desempenhada por Adrien. Percebe-se perfeitamente o porquê, já tendo abordado aqui alguma inconstância do jovem ao longo dos jogos. Isto, mesmo considerando que, internamente, Veloso e Moutinho poderiam ser soluções também perfeitamente viáveis para o lugar.

Pedro Mendes tem tudo para garantir um “upgrade” relevante de rendimento em relação a Adrien. Tem maior cultura posicional, grande disciplina táctica e, sobretudo, muito maior segurança ao nível do passe, área em que Adrien mais vinha tremendo nas suas exibições. O único ponto que, a meu ver, afasta Mendes do perfil ideal é a estatura. Especialmente numa equipa com carências a esse nível, seria útil para o Sporting se fosse conseguido um reforço também para a capacidade aérea. Esse não é, ainda assim, o ponto fundamental da função e não é por ele que Pedro Mendes deixa de ser uma excelente perspectiva para o "leão".

Manuel Fernandes
Pelas suas características e pelo ajuste das mesmas à função para que está destinado, Mendes é uma opção fácil de entender. Mais difícil seria se Manuel Fernandes fosse o escolhido. O talento do jovem médio, agora ao serviço de Mourinho, não está em causa. É enorme e facilmente identificável. O que está em causa é, isso sim, o perfil de um jogador que não pensa nem actua como um 6, assumindo demasiado risco no seu jogo. Quanto a Manuel Fernandes, outro que perspectivará uma presença no Mundial, a experiência com Mourinho pode ser útil. Talvez aprenda a importância da decisão para além da técnica e talvez aprenda, também, a importância do profissionalismo como alicerce essencial para o sucesso. Não será nada fácil, porém...


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Kleber: com 6 meses de atraso...

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Com 6 meses de atraso, confirma-se a hipótese do “Gladeador”. Um nome ao qual já longamente me referi, tendo, nesta altura, pouco a acrescentar à minha posição de então. Kléber é um nome entusiasmante, com grande qualidade e com uma irreverência e carácter muito próprios. Um jogador com tudo para criar empatia com as bancadas do Dragão. Ainda assim, os 6 meses de atraso tornarão mais difícil a integração e mais arriscada a própria contratação. O problema é que Kléber, tacticamente, precisa de ser enquadrado e para isso, hoje ao contrário de há 6 meses, não haverá muito tempo...

Enquadramento táctico
Kléber é um avançado móvel que parte de posições centrais para aparecer, quer em zonas mais interiores, quer nas laterais. Um jogador habituado, portanto, a sistemas de 2 avançados. No Porto, naturalmente, a sua função será diferente. Ao que tudo indica, o objectivo será dar a Kléber o enquadramento táctico que tinha Lisandro. Ou seja, um jogador que, partindo da ala ou do centro, tenha a capacidade de se “mascarar” em repetidas situações ao longo do jogo. Ora, isto, assim como outros comportamentos e atitudes tácticas, requererão do jogador algum tempo de aprendizagem, tempo esse que, com a densidade competitiva, não será muito nos próximos meses.

Outro aspecto a focar tem a ver com o perfil ofensivo da equipa. Jesualdo sempre afirmou que não pretendia 2 extremos e um ponta de lança, mas sim 3 avançados. Ora, não é isso que acontece hoje. Sobretudo depois da suspensão de Hulk, o Porto tem-se orientado muito para Falcao e raramente tem conseguido grande mobilidade entre os seus dianteiros. As características de Kléber, ao contrário do preterido Farías, convergem para a pretenção inicial do “Professor”. O problema é que, 6 meses depois, a equipa tem já outro comportamento e a resistência à mudança, para mais em plena época, será obviamente maior.
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Futsal: O potencial da outra bola

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Não é futebol, é certo, mas porque tem o mesmo fundamento já mereceu aqui várias referências, ainda que fugazes. Hoje, aproveitando o feito histórico da Selecção Nacional, o futsal merece um pouco mais de atenção e, também, uma pequena reflexão. Quem vê, esquecido no canal 2 da Eurosport, o Europeu de Selecções e constata a pouca intensidade vivida nas bancadas, percebe a periferia da modalidade no palco mediático do desporto mundial. Quem já viu outros jogos, noutros locais e com outras equipas, percebe, facilmente, que o potencial do futsal vai bem para além desse pacato cenário.

O Brasil é o centro do mundo do futsal. De tal forma que até num campeonato da Europa isso é perceptível. Os motivos têm a ver com a longevidade da modalidade no país e, também, com aquilo que, afinal, pode fazer do futsal uma “bomba” prestes a explodir um pouco por todo o mundo. É que, se muitos dos que lêem este texto poucas ou nenhumas vezes jogaram um jogo de 11, duvido que, entre os leitores, alguém não tenha, várias vezes, jogado algo próximo do futsal. De facto, e este é ponto que quero vincar, nenhum outro desporto conseguirá maior identificação prática dos adeptos como o futsal.

É claro que isto não é por si só suficiente, porque, simplesmente, o futebol não consegue o seu mediatismo por uma mera paixão desportiva, mas sim pela entrega emocional dos adeptos à competição e, em particular, aos seus competidores. Ou seja, quando (ou melhor, se...) o futsal conseguir que os grandes clubes o abracem e tragam, dos estádios para os pavilhões, a mesma intensidade emotiva, então estão reunidas as condições para que a modalidade possa verdadeiramente “explodir” em termos mediáticos, tendo o potencial de, com o evoluir das gerações, tirar grande partido da grande identificação dos adeptos com a vertente prática da modalidade.

Portugal e o Mundo
Quem, por cá, já prestou atenção a um Benfica-Sporting (ou vice-versa) percebe bem o que quero dizer. Será, hoje, o jogo mais mediático extra-futebol, apesar da juventude da modalidade entre todas as amadoras. Pena que o Porto, Guimarães ou Braga não tenham, ainda, abraçado mais seriamente este projecto, com tudo para ser bastante rentável no tempo.

A outro nível, claro, o caminho é ainda mais longo. As ausências de Alemanha, Inglaterra ou França da principal competição europeia ilustram bem o longo caminho que ainda a percorrer em termos de atenção mediática. Não é, no entanto, de excluir a hipótese de ser a Europa Latina a catalisar o processo.

Dêem-nos uma bola!
Entretanto, num tempo que julgo ser de pré-história para esta modalidade, Portugal joga uma final europeia (aparentemente sem transmissão televisiva num canal nacional!) frente à vizinha Espanha. Os 6-1 da fase de grupos serão exagerados quanto às diferenças entre as Selecções, mas é um facto que uma vitória lusa não será menos do que uma enorme surpresa. Ainda assim, seja qual for o resultado que se venha a verificar, fica mais uma prova de que se há situação em que os portugueses são normalmente bons, é quando há uma bola para chutar.


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28.1.10

Gio!

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27.1.10

Pormenores tácticos de mais uma vitória "à Mourinho"

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Jogo enorme em Itália. O “Derby della Madonnina” com a intensidade de sempre, acrescida pelo interesse que tinha para o próprio campeonato. A história do jogo? Bem, podia ter sido diferente depois da estranha expulsão de Sneijder, tal o domínio que o Milan conseguiu em certos momentos, mas acabou por ter o desfecho que desde cedo se esperava. Isto, porque o Inter cedo tirou enorme partido dos momentos de transição e das fragilidades posicionais de um trio de médios mal posicionado do outro lado. Particularmente o duo Gattuso-Ambrosini. Tudo pareceu estudado, tudo pareceu previsto para tirar partido das fragilidades tácticas do Milan. "À Mourinho", portanto...

Jogada 1 (8’) – Um dos grandes problemas do Milan está patente nesta jogada. Sempre que Gattuso é obrigado a bascular à direita e a jogada não morre aí, abre-se um buraco enorme na zona central. Algo que o Inter aproveitou muito bem e que só não teve mais efeito pela expulsão prematura de Sneijder. O motivo tem a ver com o distanciamento permanente de Ambrosini da zona central, compondo um “duplo-pivot” ineficiente. No caso, Pandev não é devidamente pressionado por faltar ali um jogador e Sneijder, embora não beneficie directamente da situação, acaba por estar perto do golo. Nota para a importância do holandês acreditar sempre na jogada, o que lhe valeu a oportunidade.

Jogada 2 (9’) – O golo do Inter, embora simples, tem algumas particularidades que não podem ser ignoradas. Resulta de uma bola dividida, como tantas outras, batida por Dida. Primeira nota de destaque, de novo, o espaço entre linhas que se cria para Sneijder. Depois, o ponto mais importante da jogada, a decisão instintiva de Pandev de optar pela profundidade de Milito. Estava de costas e ao seu lado estava, livre, Sneijder. Pandev optou assim porque foi assim que foi “programado”. Treinado, isto é. Do lado do Milan, o pormenor de Thiago Silva não tentar colocar Milito em fora de jogo. Aliás, o próprio argentino hesita no avanço e só lhe dá continuidade porque Thiago o permite, ao recuar. Finalmente, e apesar do erro de Abate, destaque para a qualidade de Milito, na cultura de movimentos, na velocidade e, claro, na precisão final. É muito difícil controlar um avançado que aborda tão bem a profundidade.

Jogada 3 (14’) – Ainda antes da expulsão de Sneijder, este era o caminho do jogo. Expectativa do Inter e grande descontrolo no momento da transição defensiva por parte do Milan. Em particular, pelo mau posicionamento dos médios na hora da perda de bola. Pandev, Milito e Sneijder perceberam-no (ou já o saberiam) desde a primeira hora e recorrentemente estavam a criar o pânico. A importância que alguns treinadores dão ao “pivot” defensivo, fixo e disciplinado, encontra aqui a sua explicação.

Jogada 4 (16’) – Mais do mesmo. Transição e Gattuso a bascular à direita. Resultado? Buraco no meio. Sneijder não conseguiu dar o melhor seguimento, mas o desequilíbrio foi, mais uma vez, evidente.

Jogada 5 (54’) – Um momento brilhante de Pandev, fundamental para colocar em sentido o Milan, numa altura em que o domínio territorial era enorme por parte dos 'rossoneri'. Já várias vezes me referi à importância destes lances para a parte psicológica do jogo, mesmo não dando golo. Aqui está mais um exemplo. Para além da proeza de Pandev, duas notas. A primeira para a passividade gritante de Ronaldinho, abdicando de recuperar a bola numa zona em que tinha tudo para o conseguir. A segunda, de novo, para a linha do fora de jogo e para o mau posicionamento de Abate, longe de Milito, mas a deixa-lo em jogo. Quem quer jogar alto tem de ter muito maior concentração neste plano. Como Milito, então, muito mais!

Jogada 6 (60’) – Transição a partir de um canto, só por milagre não dá golo. Mais uma vez, destaco, para além da qualidade dos intérpretes, a falta de concentração num posicionamento colectivo que tire proveito do fora de jogo. No caso, Favalli. Esquece-se totalmente do posicionamento colectivo e, quando finalmente percebe, já é tarde demais. Se tivesse avançado uns segundos antes, Pandev teria de ter recuado e Milito ficaria mais vulnerável ao pressing por não ter soluções de passe.

Jogada 7 (64’) – O golo que sentenciou a partida teve “pontaria” do banco. Muitas vezes utiliza-se o termo para as alterações feitas, mas, desta vez, ele aplica-se de forma contrária. Ou seja, a uma alteração que foi, antes sim, evitada. Motta estava pronto para render Pandev, mas Mourinho retardou a substituição para que fosse o seu recente reforço a bater o livre. Pandev acabou por sair, sim, mas 1 minuto e... 1 golo mais tarde.

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Nem a viram!

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26.1.10

Fábio Coentrão: Adaptação ou a melhor solução?

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Talento não lhe falta. Coentrão será, até, o mais talentoso extremo esquerdino do futebol português desde há um bom tempo a esta parte. A verdade, porém, é que se percebe também que o seu caminho até ao topo, sendo possível, não será fácil. Hoje é jovem e existe um potencial que ajuda a justificar a aposta, mas o tempo exigirá dele um salto qualitativo importante para que se consiga manter ao mais alto nível. Algo em que muitos outros falharam. Para Coentrão abriu-se, no entanto, uma nova porta. Uma adaptação a que o próprio, provavelmente, torcerá o nariz, mas que, bem vistas as coisas, lhe poderá valer ouro.

Está difícil arranjar defesa esquerdo... Está, mas não é só para o Benfica, para o Sporting, ou para a Selecção Nacional. É uma posição onde, de facto, não abundam soluções de alto nível em todo o mundo. Essencialmente um problema de formação e de falta de apetência para grandes talentos escolherem, ainda jovens, a lateral como a posição eleita, e que, sendo à esquerda, ainda mais se agudiza. É fácil de perceber. Se são bons a jogar pela linha, porque é que não hão de querer ser extremos?

É por isso que se torna mais provável conseguir uma boa adaptação do que encontrar um “achado” de raiz. É por isso, também, que os maiores casos de sucesso de laterais no futebol português são, precisamente, adaptações.

Quer isto dizer que qualquer extremo, que não se consiga afirmar como tal, pode ser lateral? A resposta é, obviamente, não. As exigências, entre uma posição e outra, não são exactamente as mesmas, e há jogadores com maior apetência do que outros. No Benfica, por exemplo, César Peixoto pode ser uma adaptação possível, mas não seria nunca uma grande solução. A sua falta de agressividade é uma condicionante enorme para quem ocupa uma posição mais defensiva.

Coentrão tem, neste aspecto, tudo para ser uma adaptação de sucesso. Ou melhor... tudo menos a cultura posicional que apenas poderá, ou não, ganhar, depois de algum tempo de adaptação. Mas, com a sua agressividade, técnica e velocidade, o sucesso da mudança torna-se bastante provável. O que é que ele tem a ganhar? Conseguindo uma adaptação ao nível de outros casos no flanco oposto, e sendo canhoto, pode, simplesmente, tornar-se um dos melhores do mundo. Algo que como extremo, e pese o talento, dificilmente acontecerá...

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12 golos do fim de semana

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25.1.10

Belluschi vs Micael: "duelo" por um lugar

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O lance que desencadeou a vitória portista teve a participação de ambos. Talvez se possa até dizer que teve um pouco do melhor que cada um pode oferecer. O livre que a técnica de Belluschi se encarregou de colocar no ângulo da baliza estorilista fora ganho pelo bom posicionamento de Ruben Micael na cabeça da área. Se é óbvio que não são inconciliáveis, é também bastante claro que algo de improvável terá de acontecer para que, de facto, joguem os dois no mesmo onze. O jogo, de resto, teve este como o seu verdadeiro tempero. Ver a estreia de Ruben, lado a lado com Belluschi. Porque, de resto, quer de um lado, quer do outro, as ausências retiraram boa parte do interesse à partida...

Belluschi – Se fosse sempre em transição...
Não deixa de ser curioso, no mínimo, que tenha esperado pela estreia de um possível substituto para marcar. Como havia referido, apesar dos resultados recentes e apesar da contratação de Ruben Micael, Belluschi tem-se encontrado mais nos últimos jogos. É forçado e, talvez mesmo, errado falar-se em melhoria porque o que tem acontecido é uma adaptação do jogador e uma tentativa do próprio de encontrar formas de se fazer mais útil e presente para a equipa.

Há tempos referi que a sua vocação é jogar próximo da área e que é aí que se torna realmente perigoso. É verdade, mas também o é, tal como também expliquei então, que no modelo portista não há espaço para uma função desse tipo. O resultado era um eclipse de Belluschi nos jogos de menor espaço, encurralado entre as linhas do adversário e sem mobilidade para criar soluções de passe. A solução do argentino tem sido recuar. Se não gosta e não tem queda para trabalhar pelos espaços, Belluschi baixa, muitas vezes até onde for preciso, para receber no pé e dar ele próprio inicio às jogadas. Quando encontra soluções de combinação – Varela tem sido o melhor parceiro – consegue aproximar-se da área, caso contrário fica longe. E esse é o problema. Ficar longe da área implica, e reforço a ideia, abdicar do melhor que Belluschi tem, trocando-o por algo que não representa tão grande mais valia. Um problema difícil de resolver e que só se eclipsa num momento: a transição.

Ruben Micael – Sem brilho, mas com vantagem
Não se pode dizer que tenha sido uma grande estreia. Brilhante, isto é. Não foi, e Ruben confirmou que, por exemplo, em relação a Belluschi não representa uma mais valia em termos técnicos. Daí a necessidade que apontei de continuar a evoluir nesse campo.

Apesar disso, foi uma boa estreia. Conseguiu influência no jogo ofensivo e ser, sobretudo na primeira parte, uma das principais fontes de desequilíbrio da equipa. Fruto, claro, da sua já mais do que referenciada cultura de movimentos, permitindo-lhe ser apoio para a circulação e, de um momento para o outro, aparecer nas costas dos médios, pronto a finalizar.

É curioso como, neste aspecto particular da comparação com Belluschi, contrasta tanto com o seu novo companheiro e potencial rival para a titularidade. Pode dizer-se que o ponto forte de um é o fraco do outro, e vice versa. Um, Belluschi, é um notável executante, o outro, Micael, um jogador de enorme inteligência e cultura de movimentação. Ainda assim, tudo somado, parece-me claro que, mesmo em inicio de adaptação, é já o madeirense quem leva vantagem. Mais testes serão, porém, necessários...

Uma nota final. Na segunda parte jogou sobre a direita, num 4-1-3-2. Apesar de ter estado muito na zona central e de aí ter caído com grande frequência, parece-me que não é um posicionamento que se lhe adeqúe. Ruben, e também já o defendi no passado, é um jogador de corredor central e é por aí que poderá, realmente, crescer...

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Rio Ave - Benfica: Superior, mas não tanto

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Decidir o apuramento nos ‘Arcos’, obrigado a ganhar, não é o ideal. A verdade é que o Benfica fez por merecer o sucesso, mesmo sem o brilhantismo de outros tempos, e mesmo tendo andado bastante perto de outro desfecho. Importante, contas feitas, é o apuramento para um final de competição interessantíssimo (pelo menos, mais uma vez, tem tudo para o ser), mas também o indício deixado por uma exibição que, sendo boa, esteve novamente longe de índices qualitativos já apresentados.

Se houve período menos conseguido no jogo pelo Benfica, ele aconteceu nos primeiros 25 minutos. Para o explicar, há que dividir responsabilidades.

Primeiro, falando de um Rio Ave que, conhecedor das especificidades encarnadas, se apresentou bastante bem no arranque do jogo, sabendo perfeitamente o que queria fazer. Não dar oportunidade para o pressing encarnado funcionar e orientar o jogo para o lado onde estava Bruno Gama – preferencialmente, diga-se, o esquerdo, direito do Benfica, onde a presença de Carlos Martins pareceu ser sempre um ponto a explorar de forma intencional. O Rio Ave tem, depois, outros atributos que lhe têm valido a boa época, nomeadamente a forma como encurta espaços no meio, pelo adiantamento da sua linha defensiva. O outro, claro, não estava presente e dá pelo nome de João Tomás.

Mas, se o Rio Ave definiu bem o que queria fazer, é de si próprio que o Benfica mais se tem de queixar na tal entrada menos boa. Aliás, os males que justificaram esse período menos bom – reforço “menos bom” porque não foi menos do que isso – foram também a base do que impediu sempre o Benfica de se aproximar dos níveis de outros jogos. A origem está, essencialmente, numa quebra de performance em diversas individualidades, que impediu uma maior qualidade de circulação e um domínio mais acentuado, assente no característico pressing asfixiante encarnado. Di Maria começou por dar o mote com uma entrada desastrada e vários erros. O argentino, porém, cresceu no jogo e com ele também a equipa. Do outro lado, Martins também acumulou erros de passe em excesso, parecendo longe do jogo e dos companheiros. No meio, Aimar não teve um bom jogo, é verdade, mas é de Javi Garcia que Jesus mais razões de queixa terá, com uma exibição pouco consistente e com mais erros do que a sua responsabilidade posicional prevê.

Com o tempo, e com o crescimento de algumas individualidades, o Benfica foi ganhando uma superioridade mais pronunciada e desenhou alguns lances que, ainda na primeira parte, poderiam ter perfeitamente justificado a vantagem. Aconteceu mais tarde, e se com o 0-1 o mais difícil parecia estar ultrapassado, a tal maior propensão errática de algumas individualidades – mais uma vez, destaco Garcia – aproximou o Benfica de um risco que acabou por se agigantar com o empate.

O minuto 75, numa fase em que o Rio Ave já desistira de discutir territorialmente o jogo, foi o exemplo máximo de como o limite entre o sucesso e insucesso se tornou, de repente, tão estreito. É que se o Benfica acabou com o jogo, num excelente aproveitamento da profundidade por parte de um Di Maria em fase ascendente, instantes antes havia sido Chidi a ter a oportunidade na cara de Moreira. E, embora não fosse justo, a verdade é que o nigeriano poderia perfeitamente ter “chutado” com o Benfica para fora da competição.
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22.1.10

Holanda: do futebol de sonho à ilusão dos golos

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É frequentemente apontado como o país com mais proximidade futebolística com o nosso. E, em vários aspectos, realmente as semelhanças são inegáveis. Começando pela distinção técnica das respectivas escolas de formação, passando pela prioridade dada ao 4-3-3, e acabando, num outro contexto, na própria característica dos respectivos campeonatos. Toda esta aparente proximidade futebolística esbarra, no entanto, numa simples e relevante estatística: o número de golos. É que, se em todos os parâmetros anteriores, Holanda e Portugal caminham lado a lado, em matéria de golos estão em extremos opostos entre as 10 principais ligas europeias. De facto, se tivessem o mesmo número de jogos – que não têm – e mantendo a mesma média de golos, assistir-se-ia a mais 130 golos em terras holandesas. Só!

De facto, tudo isto parece contraditório e, realmente, pode não ser fácil de explicar. Eu, pelo menos, nunca vi ninguém fazê-lo. Mas tenho, eu próprio, a minha própria ideia do porquê.


Treinadores: mercado fechado
Comecemos pela análise dos treinadores, afinal, quem pensa e determina a característica das equipas. Neste aspecto, uma olhada pela generalidade dos clubes holandeses revela um dado comum: a aversão a importações. De facto, são raros os casos de treinadores estrangeiros em solo holandês. Pode dizer-se, então, que neste aspecto partilham mais um dado com o nosso futebol... Sim? Não. É factual que Portugal tem “fechado” o seu mercado em anos recentes, mas o que se passa na Holanda não é, como cá, um fenómeno novo.

Se olharmos aos últimos 30 anos, nos 3 principais clubes holandeses, encontramos uma espantosa marca de apenas 5 lideranças técnicas não holandesas. No PSV apenas Robson representa uma importação filosófica, já que o outro estrangeiro, o belga Gerets, fez o seu percurso futebolístico no próprio clube de Eindhoven. No Ajax, o alemão Kurt Linder liderou 2 vezes a equipa nos anos 80 e, mais recentemente, Morten Olsen foi escolhido para suceder a Louis Van Gaal. No Feyenoord, o último caso de liderança técnica não holandesa terminou em 1982, com o checoslovaco Jezek. Estes casos são os mais mediáticos mas encontram espelho na generalidade dos clubes do país.

Esta constatação, evidencia uma espécie de isolamento filosófico desde a explosão do “futebol total” (anteriormente, curiosamente, abundavam estrangeiros), nos anos 70. Daqui resulta, portanto, uma evolução, se não totalmente autónoma, bastante desligada do que por outros países se vai fazendo. Assim, tal como os ingleses se fecharam no “Kick n’ rush” e os italianos no “Catenaccio”, os holandeses parecem ter evoluído para um futebol que, embora não tenha merecido designação específica, tem também características altamente marcantes e uma obsessão: a posse de bola.

A obsessão da “bola no pé”
Não haverá liga com menos pontapés para a frente do que a holandesa. Esse é sempre o último recurso para iniciar as jogadas, seja qual for a equipa, seja qual for o campo. Uma consequência disso é a preferência por centrais tecnicamente evoluídos, ainda que sejam comprometedores noutros aspectos. Casos como Salcido (PSV), André Bahia (Feyenoord) ou Vertonghen (Ajax) encaixam neste perfil. É curioso como este tónico se generaliza ao ponto do Twente, do inglês McClaren, não diferir em nada deste registo, sendo, aliás, a equipa que melhor tem trabalhada a posse de bola, mesmo não tendo as armas individuais de outros.

Defender. Será que treinam?
Mas, se a obsessão pela posse de bola explica a qualidade ofensiva de muitas das equipas, ela não é, de todo, suficiente para explicar tão elevado número de golos. De facto, essa estatística não abona a favor do futebol holandês, simplesmente porque resulta essencialmente do outro lado desta tão característica marca futebolística. As fragilidades defensivas. Se os aspectos ofensivos são amplamente trabalhados, atingido-se uma elevada qualidade em termos gerais, já em matéria defensiva, é caso para perguntar se as equipas treinam, ou então, o que é que treinam? Uso ineficiente da linha de fora de jogo, demasiada valorização de referências individuais na marcação, incapacidade estratégica ao nível do pressing, desequilíbrio na hora da perda de bola ou um excessivo risco em posse, são, realmente, as fontes do diferencial de golos entre a Holanda e outros campeonatos da sua dimensão. Nada positivo, portanto.

Por tudo isto, pode concluir-se que no país das tulipas, dos canais e dos moinhos de vento mora também um futebol característico e próprio. Tão deslumbrado com a bola, que se esquece do que fazer quando não a tem. Um futebol tão sonhador que acabou iludido no meio... de tantos golos.



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O 1º 'Superclásico' de 2010: com promessa de Villalba

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21.1.10

1 dia, 10 golos...

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- o calcanhar de Bruno Gama (Rio Ave)
- a sensação em Alvalade, Zhang (Mafra)
- a inspiração de  Lima (Belenenses)
- o jogo directo, tão adorado por Benitez, protagonizado por Kuyt (Liverpool)
- o papel de "pivot" de Gilardino, no golo de Mutu (Fiorentina)
- mais um pequeno número do artista, Zarate (Lazio)
- uma 'bomba' a ajudar na fantástica reviravolta no Emirates, Rosicky (Arsenal)
- o 2º golo do vídeo, um chapéu revelador do talento de Dalmat (Sochaux)  
- o livre sublime do veterano Di Vaio (Bolonha)
- propositado? Al Muhamadi (Egipto)

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20.1.10

O próximo nível de Ruben Micael

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Não é uma surpresa e até me parece tardia a aposta no jogador, cujas qualidades já haviam ficado bem claras durante a época anterior. Havia a dúvida sobre o seu destino mas, também aqui, o desfecho acabou por ser o mais previsível. Pelo tradicional domínio portista no mercado interno e, também, por ser, entre os grandes, aquele que mais pode ganhar com a introdução de Micael. Tudo pelo trauma em que se transformou a saída de Lucho. Se vai ser a solução? A minha opinião não difere muito daquela que aqui deixei há uns meses...

Inteligência...
Afinal em que é que Micael pode ser uma melhor opção do que Belluschi ou Valeri? Tecnicamente, com a bola nos pés, não representa forçosamente uma mais valia em relação a algum dos 2. Há quem fale, também, da sua capacidade defensiva, mas esse é precisamente um dos pontos em que entendo ter mais a provar. A mais valia e o porquê do maior ajuste da aposta em relação a outras mais recentes, tem a ver com aquele que é o seu maior atributo, aquele que lhe permitiu uma afirmação ao longo do corredor central, de área a área. A inteligência e percepção dos espaços. Ruben é muito mais forte do que qualquer dos actuais médios do plantel portista (Meireles à parte) na criação de linhas de passe e nos movimentos verticais, denotando uma aptidão rara para antecipar o destino das jogadas e se mover ao longo dos sucessivos espaços que se vão criando ao longo das mesmas. O que mais pode entusiasmar a plateia portista é que esta era, também, a principal qualidade de Lucho Gonzalez.

Carácter...
Fugindo um pouco da vertente técnico-táctica, não posso deixar de referir outro aspecto fundamental: o carácter. Pode parecer estranho, mas a verdade é que Micael apenas chegou ao primeiro escalão do futebol nacional há ano e meio. Quem o vê hoje em campo, no entanto, percebe a importância que tem como líder. Não é apenas um miúdo com talento, é um jogador que não receia o jogo, que o assume com grande, e mesmo espantosa, naturalidade. Numa viragem radical de contexto, este pode ser um ponto essencial.

O caminho até ao topo...
O meu entusiasmo pela evolução de Micael justifica-se por ver nele competências que, quando combinadas, raramente deixam de garantir um grande rendimento. São, aliás, os mesmo alicerces de médios como Fabregas ou Lampard, ainda que, obviamente, o madeirense esteja ainda longe desses patamares. Facilmente arriscaria na sua afirmação, sendo uma surpresa para mim se tal não vier a acontecer. O seu limite, porém, é-me mais difícil de definir, estando dependente da evolução e resposta a alguns níveis. Primeiro, em termos físicos. Convém que possa crescer neste aspecto que foi, diga-se, a principal fragilidade na Choupana e que é, também, a grande ameaça nesta sua caminhada. Depois, outro aspecto que importa quantificar melhor é a sua capacidade defensiva. Seguramente que terá maior intensidade de trabalho do que Belluschi ou Valeri, mas a inteligência que manifesta ofensivamente não foi ainda provada em termos defensivos. Algo que decorre das diferenças entre os modelos de Nacional e Porto e que definirá, também, o seu verdadeiro impacto na equipa. Basta recordar a falta que vem fazendo Lucho neste plano. Finalmente, para atingir outro patamar terá de continuar a evoluir também em termos técnicos.

O negócio...
Para finalizar o balanço desta mudança que considero justificar o entusiasmo, falta falar do negócio em si. Primeiro, notar que o “timing” desportivo – depois de uma visita a Alvalade e de uma recepção ao próprio Porto – não deverá ter nada de inocente e que esse deve ter sido o verdadeiro motivo do arrastar da “novela”. Depois, referir que o Porto terá investido com 6 meses de atraso e que isso poderá ter significado uma inflacção considerável no preço da operação. Estimo que o dobro. Ainda assim, o valor parece-me justo e apenas me admira não haver, pelo menos aparentemente, maior concorrência externa (diz muito, também do que “vale” a nossa liga). Para o Porto, note-se, este é um negócio com muito melhor relação preço/risco do que a generalidade dos que tem feito no Continente Sul Americano (e note-se que considero ser esta o melhor destino para procurar reforços).


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Cesc à lupa...

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19.1.10

Avançados na jornada: Falcao, Liedson, Roberto e Cardozo

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Falcao – Na primeira jornada, referi que o golo de cabeça que marcara seria o primeiro de muitos. Talvez fosse uma afirmação estranha para um ponta de lança de pouca estatura, mas, conhecendo-o, não poderia duvidar do impacto que teria nesse particular. A verdade é que, apesar de nem sempre revelar uma eficácia ideal, Falcao vem-se afirmando como um verdadeiro terror de área. Um jogador combativo e ágil, mas que se destaca sobretudo pela capacidade e qualidade com que se movimenta na zona de finalização e, em especial, como se antecipa aos defensores.
Frente ao Paços foi impressionante o número de lances que ganhou na área e, num deles, marcou mesmo. Destaque, mais uma vez, para a leitura que faz dos espaços, antecipando a possibilidade de atacar o primeiro poste, aproveitando a má colocação do defensor. Por tudo isto, Falcao é e continuará a ser um goleador furtivo.

Liedson – Ele está de volta e, como escrevi ontem, penso poder estar no inicio de uma óptima fase a nível pessoal. O segundo golo que marcou é sintomático, não só do porquê deste meu palpite, como também do porquê do próprio jogador se sentir melhor em sistemas de 2 avançados. É que se Liedson é reconhecidamente um jogador forte na área, é-o especialmente quando pode, primeiro, sair fora dela e só depois atacar a zona de finalização. O motivo é simples. O “levezinho” não é um jogador que facilmente consiga ganhar vantagem se estiver parado entre os “gigantes”. Por outro lado, se retirar a referência de marcação e puder obrigar os defesas a reagir em movimento, aí, raramente levará a pior. Sobre o golo, talvez não seja a finalização mais admirável do ponto de vista estético, mas reagir a um lance em movimento e finalizar (não desviar!) de primeira, estando a meio da trajectória entre o cruzamento e a baliza... não é para todos!

Roberto – A sua carreira não lhe permitirá outros voos, mas Roberto estará seguramente entre os avançados mais completos em termos aéreos dentro do futebol nacional e só se estranha que tenha chagado a este nível tão tardiamente. Utilizo o termo “completo” porque combina 2 virtudes que poucos conseguem combinar. Ou seja, a elevada estatura (1,88m) e uma movimentação sagaz dentro da área. O lance que trago não tem o melhor desfecho e talvez reflicta o aspecto onde o jogador é menos forte em termos aéreos – o gesto técnico – mas o quero destacar é o movimento do jogador. O seu posicionamento nas costas dos defesas é fundamental, permitindo-lhe ter uma perspectiva completa do lance. Ou seja, pode ver não só o momento em que a bola vai partir como também controlar o limite do fora de jogo. Ou seja, em vez de engolir o “veneno” da defesa (o fora de jogo), é ele quem o dá a provar.
Nota, no lance, para o facto decisivo do cruzamento surgir sem pressão. Uma defesa em linha só pode funcionar quando o portador da bola é permanentemente pressionado e, caso isso não aconteça, a única solução é a defesa antecipar, ela própria, o passe e avançar. Caso contrário, abre-se a oportunidade para que seja o avançado a fazê-lo.

Cardozo – Ao contrário dos casos anteriores, o destaque para Cardozo não tem a ver com movimentos de finalização, antes sim com a curiosidade do lance que deu inicio à goleada no Funchal. 3 toques do paraguaio. O primeiro, uma conclusão fácil, roça o péssimo e o segundo, com o guarda redes praticamente imóvel, não é melhor. No final de tanta mediocridade, eis que surge um passe preciso e a denotar grande visão num momento de óbvia pressão. É claro que não é difícil perceber este contraste em Óscar Cardozo. O seu sublime pé esquerdo contrasta quase em absoluto com a vulgaridade do outro que o acompanha. Por isso, o rendimento do “Tacuara” também pode variar enormemente de lance para lance.


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Keita e o encanto da despedida

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18.1.10

Porto - Paços: O problema de não ter cabeça

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Há algum tempo venho alertando para o novo desafio que o atraso classificativo traz para o Dragão. Uma situação que acrescenta pressão e que exige uma resposta mental decisiva para manter o Porto na rota do título. A verdade, no entanto, é que o peso de estar atrás parece mesmo fazer-se sentir nos ombros dos jogadores. Se contra o Leiria o Porto sentira dificuldades em materializar um domínio claro, contra o Paços, foi ao mesmo ao extremo de se ver na eminência de perder um dos jogos em que mais se superiorizou na temporada. E seria mesmo um escândalo!

É verdade que a equipa não joga o futebol de outras épocas. Que pressiona pior, que não encontra nos seus médios a mesma dinâmica e que vive praticamente em exclusivo para servir Falcao. É verdade, mas também é um facto que o que fez nestes dois jogos no Dragão deveria ser mais do que suficiente para os vencer sem margem para sofrimento algum. O problema é o cronómetro. Há medida que ele passa a pressão aumenta e parece tornar-se bloqueante para o jogo portista. Mesmo mantendo uma grande superioridade, encurralando sempre o Paços no seu último terço, sentiu-se de forma clara esse efeito da primeira para a segunda parte.

De notar alguns aspectos neste jogo. Primeiro, o Paços. É uma equipa bem mais fraca colectivamente depois da saída de Paulo Sérgio e um sério candidato a sofrer bastante na segunda volta. Depois notas individuais para 2 jogadores do Porto. Para Belluschi porque apesar de se manter longe da glória, tem conseguido encontrar a forma que mais lhe convém para entrar em jogo, baixando o que for preciso para receber no pé, em vez de tentar movimentações entre linhas. O problema é mesmo quando a bola não está nos seus pés. Para Varela, porque tem tido, no seu estilo aparentemente desligado, um grande impacto qualitativo nas acções ofensivas. Os 2 cruzamentos que fez com o pé esquerdo são disso exemplo e reforçam a ideia de que se conseguir crescer no jogo interior poderá mesmo tornar-se num caso muito sério. Não me parece fácil, mas também há que dizer que já me conseguiu surpreender no passado...

Por fim, há um momento que não consigo deixar de passar em claro, no meio de tanta intensidade emocional. É que se o Porto chegou a ter o jogo praticamente perdido, só por infelicidade não o ganhou na etapa final, tal a revitalização que se sentiu no espírito portista durante os últimos minutos. Tem a ver com um livre, imediatamente anterior ao lance do empate. O golo do Paços “gelou” de tal forma o Dragão que a apreensão das bancadas parecia invadir o relvado num silêncio tão ruidoso como típico destes momentos. O Porto parecia incapaz de se soltar da pressão e a prova disso foi a forma como esse tal livre foi marcado, directamente para as mãos de Cássio. Faltavam 5 minutos para os 90 e o Paços tinha o jogo na mão. Literalmente. Mas, estranhamente fiel a um registo que se repete vezes sem conta, a bola ganhou vida nas mãos do guarda redes brasileiro. Um fenómeno comum, especialmente quando há um avançado nas imediações. Foi o caso, e embora Farias não tenha feito golo de imediato, este lance teve um impacto enorme em termos anímicos. Como que, de repente, fez perceber o Dragão que valia a pena acordar. E como acordou!
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Sporting - Nacional: Sorrisos e outras indicações

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Estava longe de se constituir como um grande teste – esse terá lugar em Braga – para a nova fase do leão, mas frente ao Nacional o Sporting deu mais um passo na afirmação do seu renovado modelo. Pela capacidade de dar continuidade, mais do que em melhorar. O Sporting venceu, sem surpresa e com algum sofrimento excessivo para aquilo que produziu. O jogo, esse, para além da tal confirmação da subida qualitativa do Sporting, ajudou também a dar e renovar algumas ideias sobre esta nova fase...

Aquilo que o Sporting consegue, hoje, fazer com bola é de uma qualidade enorme. A velocidade e amplitude da sua circulação cria dificuldades a qualquer equipa e deverá ser suficiente para dar inicio a uma era muito mais concretizadora em Alvalade. E começo por aqui, pelo ataque, para reforçar a ideia em que já venho batendo há algum tempo. Ou seja, na necessidade de ter outra capacidade no último terço. Não se trata apenas de eficácia, embora essa seja uma componente obviamente importante, mas também da qualidade de movimentos que antecedem a finalização e sucedem a toda a boa construção que é feita. Nesse sentido, o impacto de Liedson foi ilustrativo desta mesma ideia. O “levezinho”, creio, poderá mesmo ser um dos grandes beneficiados desta nova fase, com muito mais jogo a ser produzido e com menos pressão sobre os seus ombros para decidir.

Para além da necessidade de ter soluções diferentes na frente (que as tem no plantel), o Sporting denota também uma grande diferença de produção entre os 2 flancos. A introdução de João Pereira como que expôs a mais valia que pode representar um lateral para um modelo que quer fazer da bola a sua arma e, nesse sentido, não há minima comparação entre o rendimento ofensivo dos 2 laterais. Se há ponto onde o Sporting deveria procurar uma melhor solução no mercado, é na lateral esquerda.

Mas, se o jogo com o Nacional reforçou os bons indícios ofensivos, também despertou algumas reticências defensivas. Primeiro, em termos colectivos, continuo a insistir na importância de se conseguir um melhor uso da linha de fora de jogo. Isto, tanto para permitir inviabilizar lances pontuais, como para conseguir que a equipa reduza um espaço entre linhas que é hoje maior do que no passado na hora da transição. Algo que decorre, até, da maior mobilidade que a equipa assume quando em posse de bola. Depois, e ainda neste aspecto da transição defensiva, a importância da função do “pivot” defensivo. Carvalhal tem insistido em Adrien, provavelmente pela margem de progressão que vê no jogador. A verdade, porém, é que Adrien está longe de ser uma opção segura. A sua missão não é fácil, é certo, mas também tem de ser dito que várias vezes perde o controlo da sua zona e, mais importante ainda, várias vezes compromete a equipa com perdas de bola proibitivas para a responsabilidade que está implícita à sua função.

E aproveito propositadamente Adrien para passar a Patrício. Em tempos referi que era um risco tê-lo como opção única para a baliza e que errava com demasiada frequência. A verdade é que o tempo deu razão a quem nele tão declaradamente apostou. Patrício cresceu imenso, é hoje bem mais fiável e não sei quantos guarda redes haverá no mundo que, com a sua idade, se apresentam ao seu nível. Talvez Carvalhal veja o mesmo em Adrien que Paulo Bento viu em Patrício: futuro.
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15.1.10

O potencial de Ibrahim Afellay

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Tem sido muito falado nos últimos tempos, com Juventus e Barcelona apontados como eventuais destinos. Foi também o primeiro destaque individual que fiz da pesquisa que estou a realizar sobre o campeonato holandês – outras se seguirão. Mas, com Ibrahim Afellay, estou realmente impressionado. Um jogador a quem há muito é reconhecido talento, mas quase sempre associado a um perfil algo diferente daquele em que verdadeiramente se pode afirmar como um dos melhores dos próximos anos: “pivot” defensivo. É esta, parece-me, a verdadeira vocação de Afellay.

Quem procura uma compilação do jogador, encontra pormenores técnicos, dribles, remates e, claro, golos. Tudo isto está dentro das capacidades de Afellay, na verdade, um jogador capaz de jogar em qualquer função no centro do terreno. Afellay, no entanto, não é um jogador invulgarmente explosivo, antes sim, um caso sério em termos de qualidade de posse de bola. A sua preocupação é a correcta, ou seja, criar apoios e fazer a bola seguir de forma útil para espaços com maior possibilidade de progressão. Até aqui, dir-se-á, nada de especial, mas o que torna Afellay invulgar é, para além da qualidade do seu pé direito, o conforto com que assume a posse, não parecendo nunca ficar afectado pela ameaça do pressing e mantendo a lucidez de decisão até encontrar a melhor saída.

Para que fique claro, Afellay terá ainda um caminho a percorrer se, como tudo o faz prever, tiver uma oportunidade numa liga de maior exigência. No PSV faz dupla de “pivots” com o experiente Engelaar, num modelo que, como a generalidade das equipas holandesas, tem na posse de bola um pilar fundamental. No PSV e na Holanda, no entanto, o tempo de passe é bastante mais lento do que nos campeonatos de topo. Coisas das limitações do pressing defensivo que se faz por estes dias naquelas bandas. Afellay terá de se adaptar, por isso, a um ritmo mais alto, o que não deverá para ele ser um problema, mas também a uma agressividade defensiva que o possa tornar num jogador mais completo e apto a responder com igual qualidade nos diversos momentos do jogo.

Porque não é comum ver-se imagens de jogadas simples, mas que espelham bem melhor o que é o jogador no presente, compus um pequeno vídeo, ainda que sem grande rigor na selecção. Aqui fica, juntamente com o meu destaque e a minha esperança na definitiva explosão das potencialidades deste jogador. Quem sabe, mesmo, na África do Sul...


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A "remontada" de Simão e... Quique!

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Não era fácil prever o 3-0 da primeira mão e, menos ainda, a reviravolta no "Calderon". O que era bem mais simples de prever, porém, era a melhoria do Atlético com Quique. O treinador nunca foi o "bestial" que fizeram dele quando chegou a Portugal, mas também não é, de forma alguma, a "besta" com que foi rotulado na hora da saída.
Sobretudo, o Atlético tem uma fantástica equipa e, quem realmente percebeu o valor de Quique sabe bem que supera largamente aquilo que Abel Resino vinha fazendo nos "colchoneros". Isso sim, era muito mau!

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14.1.10

Taça da Liga: O síndrome do atrofio

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Guimarães – Benfica ; Académica – Porto ; Leiria – Sporting
3 jogos do mais interessante que pode haver no panorama futebolístico nacional. Espectadores no total dos 3 jogos? 8673. De quem é a culpa? Seguramente que, em parte, do tempo e do frio, mas... 8673!! Não é normal, não é aceitável e tem responsáveis. Os clubes “grandes”. Uns mais que outros, é certo. Por caprichos, birras, irresponsabilidade e falta de visão preferiram descredibilizar, à nascença, uma competição que só poderia beneficiar os clubes e o futebol no qual se inserem. Isto, ao mesmo tempo que continuam a fazer das ‘novelas’ de bastidores o verdadeiro epicentro do nosso futebol. Há que dar os parabéns, porque tudo isto está a ser muito bem conseguido. Qualquer dia nem é preciso jogar...

Só para que se relativize... Na taça da liga francesa, também ontem, não houve 1 único jogo com menor assistência que algum dos 3 “grandes” jogos que por cá se realizaram. Aliás, jogos como o Lens-Lorient, ou o Lille-Rennes (só para citar nomes de menor peso) superaram, em assistência, a soma dos nossos 3. Em Espanha, para a Taça do Rei, o Racing-Alcorcon teve mais de 12.000 pessoas. Na Coppa Italia,o Genoa-Catania rondou os 8.000. Para completar o ridículo, o Hamilton – Dundee Utd teve mais gente do que o Académica – Porto.

O ponto de tudo isto é o seguinte... O futebol português está culturalmente alicerçado nos seus 3 maiores clubes, porque são estes que agregam praticamente a totalidade dos adeptos. Isto dá-lhes privilégios, mas também deveria dar responsabilidades, nomeadamente na dinamização daquele que é, afinal, o produto que os alimenta: o futebol português. Uma competição como a Taça da Liga tinha tudo para ser um campeão de audiências e bilheteira, porque o seu formato potencia a realização de vários jogos mediáticos. Se os clubes tivessem tido a visão de o perceber, esta competição geraria, seguramente, uma receita importante no panorama futebolístico nacional.

O problema é que, apesar desta suposta responsabilidade, os clubes permanecem presos a uma falta de visão e a um provincianismo atrofiantes. Continuam a eternizar repugnantes batalhas de bastidores, que nunca acabarão simplesmente porque são constantemente alimentadas, e teimam em não perceber, realmente, que produto têm para vender e o que o realmente os poderá fazer crescer.


Já o disse várias vezes e volto a repetir. A tendência, se o sistema de ligas nacionais se mantiver no futebol europeu, é que para que todos fiquem a perder no médio prazo. Todos. Nesta tendência nenhum clube “grande” será maior dentro de 15-20 anos e grande parte dos pequenos tornar-se-ão, senão inexistentes, insignificantes. É só esperar para ver.

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Flamini!

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13.1.10

Zoom João Pereira

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Será, provavelmente, o jogador mais mediatizado durante o mercado invernal. Em vários cantos foi discutido impacto da sua mudança de Braga para Alvalade, o seu real valor, o ajuste do custo da operação, ou mesmo a forma como será acolhido pelas diversas plateias do futebol português, conhecendo-se o seu temperamento e o seu passado. Tudo isto motivava uma expectativa especial para a estreia e, por isso também, um olhar especial sobre a sua exibição durante a mesma. O “feed-back” positivo foi unânime, mas, ainda assim, fica aqui um vídeo bastante exaustivo com as participações com bola do jogador durante os 90 minutos.

Não foi perfeita, nem sequer exuberante, mas teve grande qualidade e, sobretudo, marcou uma diferença em relação ao que vinha acontecendo naquela posição no conjunto verde e branco. Importa não confundir aquilo que é uma melhoria colectiva de uma boa exibição individual, mas também, neste aspecto, não pode ser dissociada a melhoria colectiva da entrada de João Pereira no 11. Boas decisões, boa dinâmica e boa execução implicaram, na generalidade, intervenções úteis à progressão da equipa e – muito importante – poucos erros técnicos que comprometessem a posse de bola.

A quantidade de intervenções do lateral (que acarretou também um acréscimo de trabalho na execução do vídeo) é outro aspecto a relevar. Percebe-se facilmente a importância que pode ter a capacidade individual desta posição na qualidade de jogo, sobretudo, em situações de organização ofensiva, recorrentes nas equipas “grandes”. Por este motivo fica também mais claro, para o Sporting, o impacto positivo que poderia ter um lateral de maior capacidade ofensiva do outro lado do terreno.

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Leon Best!

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12.1.10

Martins e Aimar: Distinção táctica do 10

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Ver o Benfica com Aimar ou Carlos Martins é forçosamente diferente. Mesmo que não se perceba bem o que é, sente-se que há algo que não está bem. Ou, pelo menos, não tão bem. Pode até estranhar-se porque, entre o argentino e o português, tecnicamente, a diferença não é assim tanta. Talvez se possa resumir até a uma mera questão de estilo. Mas, então, porquê a diferença? A explicação está, na minha opinião, na verdadeira exigência da posição 10 e, claro, na capacidade de um e outro em cada um dos 4 momentos de jogo. É que se ambos são fortes quando a bola lhes chega aos pés, a diferença é abissal antes e depois de tal acontecer. Uma distinção táctica, portanto.

Faz sentido que seja assim tão relevante a questão táctica para o desempenho do 10. Talvez não seja isso que paira na ideia da generalidade dos adeptos, habituados a associar a posição essencialmente aos dotes técnicos, mas utilidade do 10, em particular no actual modelo encarnado, é bem mais abrangente. Para mim, mesmo, a mais exigente e diferenciadora do ponto de vista táctico. O facto de estar no corredor central exige que esteja próxima da bola em praticamente todos os momentos, quer seja o Benfica ou o adversário a ter a bola, e isso força-me a considerar que, em vez de 10, talvez se deve-se designar a função de “pivot ofensivo”. Apenas um capricho de nomenclatura, sem importância prática, portanto. Mas faz mais sentido.

A diferença entre os 2 está precisamente aqui. Aimar é um 10 e “pivot” do jogo da equipa, em todos os momentos tácticos do jogo. Martins é um 10 porque joga ali, mas raramente consegue ser realmente um “pivot”. Para se perceber melhor o que quero dizer, convido a reparar nos movimentos de um e de outro, quando a bola não está lá, e a constatar a diferença com que ambos antecipam o destino das jogadas. No pressing alto e lateral, nas segundas bolas, na posse lateral, no momento da perda, da recuperação da bola, enfim... em tudo.

Para já, e por tudo isto, esta pode ser uma grande ameaça para o Benfica quando chegar a fase das decisões. Há 2 jogadores que, pela qualidade técnica e inteligência táctica me parecem fazer catapultar a qualidade de jogo encarnado. Sem surpresa, Aimar e Saviola. Se o “Conejo” raramente falha com a sua presença, já “El Mago” tem um historial comprometedor, particularmente agudizado nos últimos meses, onde o Benfica, sem ele, mesmo vencendo, perdeu a chama de outros jogos. Talvez não tivesse sido má ideia, num defeso de alternativas, ter pensado melhor a situação do 10. Até porque Martins será, na minha visão, melhor solução para as alas, onde a exigência táctica é mais ajustada ao seu perfil.

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Gomis & Bastos

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11.1.10

Porto - Leiria: Estranho desfecho para um jogo simples

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Combinando a volumetria do resultado com a forma dramática como a vitória foi segurada, fica a sugestão de um jogo dividido e de boas oportunidades de parte a parte. Um engano. O que aconteceu no Dragão teve sobretudo a ver com a invulgar eficácia da turma do Lis. De facto, o equilíbrio nunca existiu, e a partida teve, até, tudo para ser uma das mais descansadas da época para o Porto. Não foi, e se já apontei a principal responsabilidade para a pontaria leiriense, também não pode passar em claro o mau registo defensivo do Porto. Algo que tem a ver com aquilo que tanto se tem por aqui debatido desde o inicio da época...

São 7 golos sofridos em casa nos primeiros 15 jogos. O pior registo parcial da “era Jesualdo”, tantos como nos 30 do ano passado e mais do que em algumas épocas inteiras da recente década. Não pode ser um acaso, mesmo considerando que o Leiria dificilmente voltaria a repetir 2 golos no Dragão nas mesmas circunstâncias. Tem tudo a ver com a diferença de capacidade defensiva do Porto em relação ao passado e, também, com um estigma psicológico que retira e retirará confiança ao futebol azul e branco enquanto a proximidade da liderança não voltar a ser mais real. Em particular, e reforço uma ideia que já vem de trás, desde a saída da dupla Lucho e Lisandro que o bloco do Porto se tornou mais passivo e menos capaz de recuperar em zonas altas, o que faz com que o adversário, não só tenha mais capacidade para ter bola, como a utilize mais perto da área de Helton.

Mas se os indicadores estatísticos são merecedores de reflexão e parecem confirmar as dificuldades da equipa nos momentos sem bola, o jogo com o Leiria esteve longe de ser um exemplo acabado do problema. O Porto desde cedo dominou e teve até aspectos onde encontrou facilidades únicas na temporada. Com Belluschi, por exemplo. O Leiria teve muitas dificuldades no posicionamento defensivo e permitiu que o argentino, logo desde cedo, recebesse e se virasse para o jogo, não havendo constrangimento temporal para a sua decisão e havendo, depois, alguns erros na forma como os espaços eram tapados à sua frente. Foi assim que o Porto criou a sua primeira ocasião e foi também este desequilíbrio que esteve na génese do primeiro golo.

Se o Porto dominou, encontrando facilidades para entrar, mesmo em organização, e não teve muitos problemas com a saída em transição do adversário, estranha-se, de facto, tanto sofrimento. Tanto mais que demorou sempre pouco a conseguir reatar a vantagem, contando, até, com a sempre importante eficácia nos lances de bola parada (nota para a reedição do golo conseguido em Madrid por Bruno Alves). E aqui chega a grande critica para a exibição portista: os últimos 15 minutos. Estar em vantagem já seria suficiente, contra 10 tornava-se obrigatório. Ou seja, o Porto não podia passar pelos calafrios finais que passou, mesmo não tendo conseguido “matar” o jogo com o quarto golo. O que aconteceu explica-se em parte por alguma displicência na atitude defensiva de alguns jogadores na fase terminal do jogo, mas, também, por notória falta de tranquilidade que levou, primeiro a perdas de bola na saída em transição e, depois, ao impensável risco assumido por Fernando em tempo de descontos. Valeu Helton, mas tenho a convicção que aquilo que se viu tem muito a ver com a insegurança da equipa no campeonato e, nesse sentido, é provável que os sintomas voltem a surgir em iguais circunstâncias...
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Rio Ave - Benfica: Suficiente e importante

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Não ganhar fora para o campeonato há 3 meses é tempo de mais para quem procura assumir-se como o mais sério candidato ao título. Pela urgência de matar esse “pequeno borrego”, e pela necessidade de dar também sentido à vitória frente ao Porto, era especialmente importante vencer em Vila do Conde. O objectivo foi conseguido, e justamente, diga-se. O Benfica não foi, de forma nenhuma, brilhante, mas também foi sempre dominador no jogo. Por isso, também, ficou rapidamente claro que seria fundamental o capítulo da eficácia para as aspirações encarnadas. E aí, de novo, surgiu o “Conejo”...

O Rio Ave, e começo por aqui, esteve bastante bem. Apresentou-se compacto, agressivo e, sobretudo, lúcido. A necessidade de não correr demasiados riscos, de conduzir o Benfica à frustração de ter muita bola mas pouca presença nos últimos 30 metros, pareceu sempre presente na mente dos vilacondenses. E a verdade é que esse objectivo não esteve assim tão longe de dar frutos...

O Benfica foi, como seria sempre pela sua qualidade, autoritário. Circulando, procurando espaços para entrar e com um pressing que limitava muito as hipóteses do Rio Ave poder ter bola. O problema foi que, apesar do laborioso desempenho de Saviola e Cardozo, o jogo raramente chegou à frente com possibilidades de ter seguimento. A responsabilidade, aqui, tem de ser dividida entre o mérito da tal postura do Rio Ave e, por outro lado, de um jogo “abaixo do par” do meio campo encarnado. Aliás, reforço a ideia de que se o Benfica é e será sempre uma equipa forte em termos tácticos e colectivos, a sua excelência qualitativa (sua e de qualquer equipa, esclareça-se) depende de quem está em campo. Sem David Luiz e, sobretudo, Aimar, não dá para esperar a mais forte das performances. E com isto reforço a ideia que deixei, primeiro no jogo com o Porto e mais recente após a recepção ao Nacional.

Algo distante do golo, o Benfica acabou por, aos poucos, perder também grande parte do controlo sobre o adversário, errando mais, e chegando mesmo ao ponto de oferecer o “ouro ao bandido”. Tudo isto num final da primeira parte errático, que podia ter condicionado as aspirações do Benfica e que deixava também uma perspectiva de dificuldades crescentes para a segunda parte. É por isso que aquele golo madrugador no reatamento foi tão importante. Porque, para além de dar vantagem, cortou uma tendência que começava a favorecer a estratégia do Rio Ave. E cortou mesmo...
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Sporting - Leixões: Xanax exibicional!

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Se a partida se fez rodear de alguma expectativa pelas novidades individuais, foi pelo lado colectivo que o Sporting surpreendeu. A vitória não teve números generosos, nem sequer fugiu ao sofrimento de outras ocasiões, mas o futebol, esse, foi sem dúvida diferente. O melhor da época em Alvalade, mesmo considerando a inegável modéstia do adversário. Nem tudo foi óptimo, ou não teria sido preciso esperar tanto para sentir perto os 3 pontos, mas foi, seguramente, um excelente sinal para Carvalhal e... um Xanax para as bancadas!

As melhorias na construção não são de hoje, vêm desde a entrada do actual técnico e desde sempre as referenciei. Uma diferença, mais do que tudo, de concepção de jogo que não teve, porém, sempre a melhor interpretação. Desta vez, no entanto, o Sporting conseguiu finalmente apresentar um futebol de grande fluidez, envolvendo por completo o adversário que, face à sucessiva movimentação da bola e adversários nunca conseguiu encontrar o tempo e a ocasião para pressionar. O resultado foi, como se viu, um enorme domínio do Sporting, com o Leixões a ficar sem grandes hipóteses para recuperar e sair em transição.

O senão, e ele existe, é que o Sporting, apesar de toda essa fluidez de jogo, não esteve assim tão perto do golo nos primeiros 45 minutos. Um problema que, obviamente, tem de ser analisado, já que é fundamental que a qualidade nas primeiras fases ofensivas tenha seguimento igualmente expressivo no último terço. Pessoalmente, o motivo que encontro tem sobretudo a ver com a dupla de atacantes. Postiga e Saleiro são morfologicamente semelhantes, fortes no apoio que dão à circulação, longe da baliza, mas não tão capazes de desequilibrar quando o jogo se aproxima da baliza. Postiga, com maior qualidade global do que Saleiro, vive um período terrível em termos psicológicos, motivado pela seca de golos, e isso afecta-o assim que se aproxima da área contrária. Saleiro, apesar de viver um bom momento de confiança, é essencialmente um jogador posicional, sem explosão para criar outro tipo de embaraços. Particularmente, porque era importante pela forma como o Leixões defendeu, nem um nem outro são especialmente fortes nos movimentos em profundidade e isso terá sido decisivo para a tal “falta de baliza”, apesar de toda a qualidade de jogo apresentada.

Individualidades e... João Pereira

O principal sinal de uma melhoria colectiva é dado quando existe uma melhoria individual generalizada. E isso aconteceu. Praticamente todos os jogadores leoninos estiveram em bom plano e casos como Grimi ou, especialmente, Vukcevic terão realizado mesmo as melhores exibições desde há muito.

Entre todos, claro, o destaque maior vai para João Pereira. Não é por 90 minutos que fica sentenciado o seu percurso de leão ao peito, mas é inegável que acrescenta uma grande qualidade ao futebol do Sporting e a melhoria geral não pode ser dissociada do impacto da sua entrada na equipa. Jogos mais difíceis virão, mas o que espero, e já esperava, de João Pereira é precisamente o que rendeu frente ao Leixões. Ou seja, o suficiente para resolver um problema individual que claramente existia no jogo da equipa.

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8.1.10

20 talentos emergentes do futebol argentino (parte 2)

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Alejandro Gomez (21 anos; Med ofe; San Lorenzo) - “Papu” Gomez não é uma revelação recente. Já tinha despontado no Arsenal de Sarandi e recentemente foi uma das figuras da ‘albiceleste’ no torneio de Toulon, ao lado de Jara, Buonanotte ou Banega. Um “pibe” típico, baixo e habilidoso que também consegue marcar com facilidade. A verdade, porém, é que a sua passagem pelo San Lorenzo não confirmou a explosão que muitos esperavam e “Papu” não tem conseguido consistência exibicional, o que lhe valeu, até, alguns problemas com os adeptos.

Pablo Pintos (22 anos; Def Dir; San Lorenzo) - Este uruguaio era uma aposta óbvia depois da última Copa Libertadores e foi o San Lorenzo quem o levou por pouco menos de 1 milhão. O seu impacto foi muito grande na primeira época, sendo já um ídolo. Fisicamente é semelhante ao seu compatriota Alvaro Pereira, embora jogue do outro lado. Tem tudo para ser um bom lateral em qualquer clube, faltando-lhe no entanto mais rotina numa defesa a 4, já que a sua carreira tem sido feita como ala, protegido por uma defesa a 3. Mesmo não sendo o negócio que era há 6 meses, continua a ser um alvo a ter em conta.

Sebastian Gonzalez (17 anos; Med Ofe; San Lorenzo) - Espanta-me este jovem. Franzino, apareceu no espaço entre linhas já na época anterior e ocasionalmente tem tido a sua oportunidade. O que é mais incomum é a simplicidade com que decide, invulgar num talento da sua idade. Só não é ainda uma certeza como figura de proa porque lhe falta explosão, coisa que o seu físico ainda não permite. Veremos como cresce, mas se ganhar outra capacidade de desequilíbrio poderá tornar-se um caso sério. Tempo, não lhe falta...

Guillermo Burdisso (21 anos; Def Ctr; Rosario) - Irmão do outro Burdisso, tem o que este nunca teve: estatura. Guillermo faz parte de uma série de jovens centrais que tem aparecido no Rosario Central e será talvez o mais mediático entre eles. Tem, no entanto, algumas dificuldades quando tem de sair da sua zona, perdendo com frequência alguns lances. É jovem e, por isso, merece que não se perca de vista.

Ivan Marcone (21 anos; Med Ctr; Arsenal) - Fisicamente lembra-me Tiago, mas Marcone tem características mais posicionais. Jogador elegante e com boa capacidade de passe, tem tudo para ser um bom médio posicional. Para já vai jogando na pequena “cancha” do Arsenal de Sarandi, mas suspeito que pode ir bem mais longe...

Claudio Mosca (18 anos; Med Esq; Arsenal) - Foi aposta a meio da temporada e conseguiu o seu espaço. Tem um bom pé esquerdo e uma boa capacidade de choque, o que indicia uma afirmação em zonas mais centrais, embora tenha aparecido pela esquerda. Ainda é cedo para sentenças e a sua idade dá margem para que muito possa acontecer.

Maximiliano Coronel (20 anos; Def Ctr; River Plate) - Ser defensor do River Plate nos dias que correm não é fácil. Coronel não conseguiu fugir a essa regra, mas também revelou potencialidades, podendo jogar noutras funções. Talvez um River mais consistente possa também mostrar com mais precisão quanto exactamente vale este jovem.

Gustavo Bou (19 anos; Ava; River Plate) - Foi aposta em vários jogos, mas falhou a afirmação. A confusão táctica nunca ajudou e Bou foi muitas vezes colocado como avançado quando, parece-me, é a partir da linha que pode render mais. Não justificou muitos elogios, mas é-lhe devido o benefício da dúvida em tão tenra idade.

Mauro Diaz (18 anos; Med ofe; River Plate) - Joga na zona central, tendo características que podem fazer dele um grande médio assim que melhor a vertente decisional. ‘Maurito’ é muito jovem e tem vindo a ser lançado de forma intermitente. Talento não lhe falta, resta saber como é conduzida a sua evolução.

Gabriel Funes Mori (18 anos; Ava; River Plate) - Foi aposta nos últimos jogos e, nesses poucos minutos, deixou alguma água na boca para os próximos meses. O seu ponto alto foi o golo que marcou, e de cabeça, algo que desde a saída de Falcao se tornou uma raridade entre os “Millionarios”.

Daniel Villalba (17 anos; Ava; River Plate) - “El Keko” é o “teenager” do momento no River, a grande aposta para os próximos anos. Percebe-se, pela qualidade e maturidade do miúdo que responder com alguns golos neste Apertura. O que parece evidente, no entanto, é que há algum equívoco na forma como este pequeníssimo jogador (pouco mais de 1,60m) está a ser lançado. Não parece mesmo nada que o seu futuro possa passar por jogar sozinho na frente, mas foi assim que foi lançado várias vezes...

Matias Cahais (22 anos; Def Esq; Racing) - Tem formação de central e foi campeão do mundo de sub20 em 2007, merecendo a atenção de vários emblemas europeus. Rumou, por empréstimo do Boca Juniors, ao Groningen, mas a clausula de opção não foi exercida. A verdade é que Cahais, que continua vinculado ao Boca, teve uma passagem muito boa pelo Racing onde se vem afirmando como defesa esquerdo. Muito forte a defender, tem mostrado que também sabe atacar, embora precise de ser testado num clube mais ambicioso do que o Racing actual. É um jogador que está muito desvalorizado e que merece bem a pena ser acompanhado, até pela escassez de alternativas que há por aí para a sua posição...
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Quagliarella... outra vez!

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7.1.10

20 talentos emergentes do futebol argentino (parte 1)

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No "talented football" deixei 10 destaques individuais no futebol argentino. Mais poderia haver e, naturalmente, 10 nomes não são suficientes nem para um curto resumo do que se passa num futebol que, embora fustigado por uma exportação cada vez mais precoce, continua a produzir muitos e bons valores. Acrescento, por isso, 20 figuras (em 2 partes) de jogadores jovens e que tiveram papeis importantes no recente 'Torneo Apertura'. São jogadores de talento mas a quem, na minha opinião, falta ainda algo para que o seu potencial seja avaliado de forma mais segura. Um destaque mais claro fica assim dependente da evolução nos próximos meses, mas é mais do que provável que muitos deles o venham mesmo a justificar...

James Rodriguez (18 anos; Med Esq; Banfield) – Este 'teenager' colombiano explodiu subitamente com a conquista do 'Torneo Apertura' pelo Banfield e já não deverá fugir à Udinese. Trata-se de um jovem com talento, com um notável pontapé, mas com um futebol ainda bastante indefinido em vários aspectos. Actuou como ala esquerdo num 4-4-2, mas é provável que, para atingir outros patamares se tenha de adaptar a posições mais interiores, tendo de evoluir especialmente na componente decisional.

Alexis Machuca(19 anos; Def Ctr; Newell's) - Não fosse a sua baixa estatura e não haveria grandes dúvidas sobre o seu potencial. Machuca é um jogador discreto mas extremamente competente, quer posicionalmente, quer quando tem de sair da sua posição. Também tecnicamente tem o que é preciso. O problema dele será mesmo ter pouco mais de 1,70m, não sendo também especialmente forte em termos de agilidade e impulsão.

Mauro Formica (21 anos; Med ofe; Newell's) - Tinha tudo para ser a sua época de explosão, reconhecendo-se-lhe o talento e sabendo-se da extraordinária campanha que fez o Newell’s. Mas não foi. Fórmica não conseguiu segurar a titularidade de forma clara perante a concorrência e oscilou entre um lugar na frente ou atrás dos 2 avançados. É um jogador com talento, criatividade e boa meia distância, mas falta-lhe ainda consistência e maturidade para que se possa afirmar definitivamente como um valor seguro.

Joaquin Boghossian (22 anos; Ava; Newell's) - Um dos nomes que mais mediatizados pelo recente Apertura. Ganhou o lugar a meio da prova, ao lado do paraguaio Achucarro e, de repente, parecia não parar de marcar. Boghossian tem uma capacidade física fora de comum, um colosso. Mas falta-lhe ainda mostrar mais consistência em termos técnicos para que se possa dizer que está definitivamente talhado para o sucesso. Merece tempo pelo que fez e pelo curto trajecto que tem na liga argentina. Para já, no entanto, comparações com Cardozo (que se viram muitas) só são possíveis para quem não conheça as características dos jogadores...

Facundo Bertoglio (19 anos; Med ofe; Colon) - É a joia do Cólon, uma das equipas com mais sucesso no último ano. Um jogador leve e extremamente difícil de parar no 1x1. Tem técnica e merece, realmente, que olhem para ele. Nem sempre foi opção inicial, até porque muitas vezes a potência de Fuertes e Nieto mereceu primeira escolha. Precisa de encontrar o seu enquadramento táctico definitivo e trabalhar esse capítulo do jogo. Se o fizer, será um caso sério, porque desequilibrar sabe ele...

Patricio Rodriguez (19 anos; Med ofe; Independiente) - “El Pato” é um jogador parecido com Bertoglio, leve e dificil de parar individualmente. Tal como o talento do Colón precisa de encontrar a sua maturidade táctica e de se tornar mais consistente em termos de decisão. Para já, e apesar do talento, ainda vive muito dos rasgos individuais. Mas não o percam de vista...

Leonel Galeano (18 anos; Def Ctr; Independiente) - Aposta do histórico Independiente para o centro da defesa. Descaído para o lado esquerdo, teve uma missão dura e se é verdade que não esteve perfeito, também é um facto que aos 18 anos não é nada fácil fazer melhor. A principal notícia é que muitas das suas dificuldades tiveram a ver com a dificuldade de dominar os duelos físicos perante avançados mais experientes, o que é uma lacuna de fácil resolução com o tempo. Ainda assim, merecendo naturalmente acompanhamento, não tem ainda nível para assumir mais exigências.

Marco Torsiglieri (21 anos; Def Ctr; Velez) - Apareceu na fase de rotatividade do Velez, à sombra do mediático Otamendi, mas a verdade é que Torsiglieri deixou ideia de merecer um destaque bem maior. A verdade, no entanto, é que não teve tempo de utilização suficiente para se perceber exactamente qual o nível a que pode chegar. Uma coisa é certa, no entanto: está francamente desvalorizado para o nível que tem e pode ter...

Fernando Tobio (20 anos; Def Ctr; Velez) - Apareceu a par de Torsiglieri e tem outro currículo, tendo feito parte das selecções jovens da ‘albiceleste’. Para além disso pode também jogar a lateral. É um jogador alto, rápido e com qualidade técnica, mas também teve alguns deslizes individuais nas oportunidades que lhe foram dadas. Merece, ainda assim, que não se lhe perca o olho...

Nicolas Otamendi (21 anos; Def Ctr; Velez) - É um dos casos mais populares do futebol argentino e provavelmente estará no Mundial. A verdade, no entanto, é que Otamendi está longe de ser um jogador de futuro certo. Contrasta as virtudes da capacidade técnica, agilidade, velocidade e capacidade de antecipação com algum descontrolo táctico. Abusa em vários aspectos como no risco em posse, nas tentativas de desarme em antecipação e nas saídas da sua zona. Para além disso, e apesar da sua agilidade e impulsão, tem menos de 1,80m, o que também tem de ser visto como um handicap.

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Alguém já se tinha esquecido dele?

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6.1.10

Porto: Serão estes os reforços?

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A opção pela rotatividade encontrou no jogo propriamente dito o destino ideal. Coisas da eficácia. Assim sendo, o embate com o Leixões mais pareceu um regresso ao passado, que é como quem diz, à pré época. Pelos Reis, como pelo Natal, não se perspectivam grandes prendas para Jesualdo e a montra a analisar pelo "Professor" deve ter sido aquela que evoluiu no relvado do Dragão. Aqui ficam as notas individuais dos “novos”, numa amostra, diga-se, pouco entusiasmante.

Miguel Lopes – A sua condição física ditou que só agora se pudesse estrear e os sinais que deu são razoáveis mas, ao mesmo tempo, pouco entusiasmantes. Esteve bastante activo e na maioria dos casos cumpriu com o que se exigia. No entanto, não deixou de cometer alguns erros de detalhe em termos posicionais e, sobretudo, não foi capaz de dar mais qualidade ofensiva ao flanco em situações em que tinha tudo para o fazer. Destacam-se, neste plano, alguns erros técnicos perfeitamente evitáveis. Terá oportunidade para dar nova impressão, mas, para já, diria que está bem no meio, entre Sapunaru e Fucile. Ou seja, tem tudo para ser muito melhor opção do que o romeno mas não revelou capacidade para ameaçar o uruguaio.

Maicon – Já tinha tido as suas oportunidades e parece estar na calha para ser aposta de Jesualdo sempre que Rolando o permitir. É um bom central, que me parece ter tido uma boa relação preço-qualidade, mas não tem características que possam fazer sonhar com altos voos. Parece não ter a reactividade e qualidade técnica necessárias para que atinja esses patamares. Esteve, no entanto, regular e se lhe for dado tempo e jogo deverá melhorar, quer em termos posicionais, quer em termos de confiança.

Nuno A. Coelho – Era, para mim, a grande curiosidade deste jogo. Não percebi a pouca aposta nele ainda em plena pré época e depois de ter dado excelentes indicadores. A verdade... é que continuo a não perceber. Teve um erro numa intercepção que só por milagre não deu em golo e que mancha, de certa forma, a sua exibição. Um erro de pormenor, mas... será que é por isso que não mereceu mais atenção de Jesualdo? De resto, é forte, rápido e ágil, fisicamente. Com a bola nos pés revela grande à vontade e até capacidade para dar qualidade ao inicio do processo ofensivo. Posicionalmente esteve, também, bem, revelando inclusive boa comunicação com os colegas. Se me perguntassem, diria que tem tudo para poder evoluir até altos patamares, mas... esta posição também não é propriamente o maior problema de Jesualdo.

Prediger – Torna-se difícil comentar individualmente um jogador que, ao fim de alguns meses, parece ter apenas meia dúzia de treinos na equipa. É que o desconforto do argentino na posição é tão grande que nem se pode falar muito da sua qualidade individual. O que me parece claro é que Prediger dificilmente deixará de ser um erro de casting. Um jogador que actuava numa posição diferente na Argentina e que não revela, sequer, grandes qualidades para jogar como “pivot” defensivo. Em destaque, o pesadelo que teve para controlar as primeiras bolas aéreas e a pouca reactividade no ajuste posicional. Até pode ter qualidades, mas, neste momento é apenas um corpo estranho.

Valeri – O argentino tem qualidades técnicas que ninguém nunca duvidou. O problema de Valeri é que não acrescenta absolutamente nada dentro do actual modelo. É mais um jogador que jogava noutra posição, noutro modelo, e que chega ao Dragão sem se perceber onde pode render mais. Ou seja, é mais uma aquisição que vem para jogar em funções para as quais não estava rotinado. Valeri poderá evoluir, poderá adaptar-se à posição de interior, mas para já tem exactamente os mesmos problemas de Belluschi, não servindo como alternativa ao seu compatriota em jogos mais exigentes em termos de reactividade táctica. Esteve bem com a bola nos pés, mas não se sente à vontade na posição para dar mais dinâmica ao sector, nem, muito menos, para garantir maior agressividade em termos de pressing.

Orlando Sá – A aposta de Jesualdo passava por lhe dar jogos e... golos. Por isso, por exemplo, lhe deu o penalti em Águeda. Orlando não teve nem sorte, nem tranquilidade para o fazer e hoje é um jogador com mais minutos mas também com mais pressão. Na realidade não fiquei ainda a perceber o porquê de uma aposta tão declarada num jogador que é especialmente forte no jogo aéreo e que não tem as características que o “Professor” tantas vezes exigiu para os seus 9. Poderá vir a ser uma aposta interessante para certas alturas, mas não se vê que possa ser grande alternativa à concorrência sul americana. Se me perguntassem, sugeriria que fosse emprestado para ligas onde o golo acontece com mais facilidade, que lhe retirassem essa pressão durante algum tempo até ganhar maturidade como avançado de alto nível. Se continuar pelo Dragão, o mais provável é que seja mais um 9 português com... uma “adolescência” traumática.

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Dempsey!

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5.1.10

Saleiro, Postiga e a importância de "ter golo"

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Tem boa presença física, boa técnica e decide geralmente bem. É verdade. Mas isso não faz de Saleiro uma certeza ao mais alto nível. Muito pelo contrário. Como Saleiro, há muitos por esse mundo fora e um bom exemplo de como estas características não são suficientes para se impor está na carreira daquele que foi o seu mais recente companheiro de ataque, Hélder Postiga. Um jogador também dotado com uma série de atributos apreciáveis mas que vem sucessivamente falhando no objectivo de se afirmar com um rendimento superior. Falta aqui um dado, aquele que definirá realmente até que altura poderá, ou não, Saleiro voar: “ter golo”.

A veia goleadora é sujeita a análises radicalmente opostas. Para alguns, parece ser a única métrica, para outros, a mais irrelevante. A verdade é que, para um avançado em particular, a capacidade goleadora não pode ser dissociada dos outros aspectos. A explicação é simples e qualquer avançado o pode confirmar. Para quem joga perto das balizas a relação com o golo é um dado absolutamente fundamental em termos psicológicos. Se um golo pode mudar a história de um jogo, pode também fazer milagres para a exibição individual do avançado que o marca. A explicação está no enorme impacto que tem o golo na confiança de um avançado. Um jogador que marca com frequência facilmente adquire confiança para evoluir noutros aspectos do jogo. Aquele que “esbarra” sistematicamente à frente da baliza, inevitavelmente ficará também afectado noutros capítulos do jogo, perdendo aí também confiança e rendimento. E não é difícil encontrar exemplos práticos deste fenómeno.

É por isso que a grande notícia para Saleiro poderá estar naqueles 2 simples pontapés que definiram os golos que marcou. É por eles que está mais confiante, é por eles que tem hoje condições para render globalmente mais, mas é também por esses 2 golos que se abre a única via de acesso para a ascensão de Saleiro ao mais alto nível: “ter golo”.
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