2.11.09

Porto - Belenenses: Surpresa e... culpa própria

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Foi, de facto, surpreendente. Já o seria tendo em conta aquilo que se projectava deste jogo, mais ainda o foi depois de a ele se ter assistido. É que o Porto não encontrou no Belenenses um adversário diferente daquilo que se esperava. Particularmente difícil, isto é. A organização ofensiva foi tema de conversa de Jesualdo no pós jogo. O assunto merece reflexão, mas eu orientá-lo-ia para conclusões algo diversas do que tem sido sugerido. Para começar, parece-me errado confundir ou meter no mesmo saco o que se passou neste aspecto frente a Académica e Belenenses. Semelhantes? Pura ilusão...

Qual é, então, a diferença entre as primeiras partes frente a Académica e Belenenses? Ambas revelaram dificuldades do Porto para desequilibrar em organização ofensiva, é certo, mas em fases diferentes. Frente aos estudantes houve mais mérito do adversário, que condicionou a primeira fase desse momento, o primeiro passe. Desta vez, não foi isso que aconteceu. Porque o Belenenses não teve, nem de perto, a qualidade posicional da Académica e porque, ao contrário do que se possa oportunisticamente vender, o Porto é forte nessa primeira fase de organização. Apresenta boa circulação na linha mais recuada e boas combinações que fazem a bola entrar com frequência no bloco contrário.

E é este o primeiro motivo que faz deste um jogo particularmente surpreendente. É que normalmente os problemas das equipas em organização ofensiva estão resolvidos quando a bola consegue chegar com frequência e jogável às imediações da área contrária. E isso aconteceu frente ao Belenenses. O problema esteve depois, na criatividade, na inspiração e na capacidade de desequilíbrio no último terço.

O segundo motivo tem a ver com uma característica marcante deste Beleneneses e que o tornava especialmente vulnerável neste tipo de jogos. É que o Belém abusa da posse em zona recuada. Como nenhuma outra equipa na liga. Tem qualidade na forma como sai a jogar, mas fá-lo a partir de zonas demasiado recuadas e raramente consegue dar profundidade a essas iniciativas. Isto é, obviamente, um isco para o ‘pressing’. Se ele tivesse funcionado, o Porto teria tido recuperações em zona mais alta e, consequentemente, transições muitíssimo perigosas. Na prática, no entanto, isso aconteceu apenas 1 vez e o resultado foi que essa característica do jogo do Belém se tornou, afinal, numa arma para fazer o tempo passar e retirar ritmo ao jogo portista. E como isso lhe foi útil no primeiro tempo.

O empate, face a estas características, não era preocupante ao intervalo. Acelerando, facilmente o Porto chegaria ao golo. O problema foi, claro, a primeira jogada do reatamento. Tudo se complicou, e esse revelou-se um contratempo que, combinado com a falta de eficácia, se tornou fatal.

Uma nota final para Lima. Ia fazê-lo mesmo que não tivesse marcado, porque o destaque não vem deste jogo. É uma mais valia para o ataque do Belenenses e tem-lhe valido o resgate de alguns dissabores prováveis. Já conhecia este jogador e é, para mim, a evidência de como na segunda linha do futebol brasileiro moram inúmeras mais valias para a maioria das equipas da nossa liga principal.
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