24.11.09

Contas 08/09: Os números dos 3 grandes

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Porto
Há anos que é assim, e há anos que vem tendo sucesso. O grande pilar do modelo portista continua a ser a venda de jogadores. Só assim, e com os astronómicos valores conseguidos se cobrem, quer os elevados custos com o pessoal, quer as elevadas amortizações resultantes dos sucessivos investimentos no mercado. Todos os anos o balanço é o mesmo, ou seja, está a resultar, mas é muito arriscado. Se o Porto tiver alguns anos consecutivos de dificuldades desportivas e incapacidade para fazer mais valias, poderá acumular rapidamente grandes prejuízos, porque, quer as amortizações, quer os custos com o pessoal apenas poderão baixar ligeiramente no curto prazo. A verdade é que o passado recente tem demonstrado um Porto perfeitamente imune a esses perigos, em particular pela sua capacidade negocial, sendo que já tem, inclusive, mais valias garantidas para o próximo exercício.


Nota para o facto dos proveitos operacionais serem muito elevados, muito devido à rubrica “outros proveitos operacionais”, ficando por perceber a que se refere e ficando também a ideia de que será variável. Do mesmo modo, os elevados custos com o pessoal estão também influenciados pelos prémios de performance desportiva.

Sporting
A primeira nota vai para o facto do Sporting não apresentar contas consolidadas, o que influencia os totais de custos e proveitos operacionais, devendo este facto ser tido em conta quando se comparam os valores totais (mas não as rubricas individuais apresentadas).

As contas do Sporting são bastante sintomáticas em relação a vários aspectos. Em primeiro, em relação à realidade do futebol português e à sua dependência das transferências. Um clube com óptima campanha europeia a nível financeiro, com custos controlados e baixo investimento, se não tiver mais valias no mercado, acumula prejuízos consideráveis. Ou seja, o Sporting, apesar de ser de longe o mais controlado dos 3 grandes, permanece fortemente dependente das transferências.

Depois, fica claro que o Sporting não tem hoje nas rubricas operacionais mais importantes grande diferença em termos de receitas quando comparado com os seus concorrentes. O que tem é um risco muito menor...
Uma conclusão curiosa se pode retirar destes números. Apesar de investir metade dos rivais (veja-se amortizações) e apesar de gastar também metade em salários, não se recomenda, à luz dos números, maior investimento ao Sporting. Pelo contrário.

Benfica
Fosse o futebol e a sua gestão apenas números, e poder-se-ia dizer que numa Benfica se viveriam tempos de verdadeira loucura. Na prática, o que acontece é que se está a assumir um enorme risco, altamente dependente dos resultados desportivos e das mais valias em vendas. À luz destes números, com este nível de salários, com este nível de investimento e sem Champions League, o Benfica precisaria de fazer 37 Milhões de Euros anuais em mais valias com vendas de passes para equilibrar as contas. Não é fácil.

Na realidade esta é uma tentativa de aproximação ao modelo portista e, se é verdade que no Dragão a aposta tem correspondido, também parece difícil pensar que mais do que 1 clube em Portugal possa sobreviver dessa maneira. É que só ganha 1. Em breve poderemos ter a resposta, mas é provável que algum dos 2 se venha a dar mal no médio prazo.

Uma nota final sobre o Benfica e para referir a aposta que não está reflectida nestas contas e que tem a ver com os audiovisuais e com a Benfica TV. Há uma forte crença nessa via para conseguir fazer crescer os níveis de receita nos próximos anos, mas eu, particularmente, tenho muitas dúvidas sobre potencial de um futebol tão periférico como o português nos moldes actuais, seja para que clube for. O futuro o dirá...
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