23.9.09

Análise vídeo: lances da jornada

ver comentários...
Foi um jogo marcado pelo equilíbrio, é certo, mas isso não significa que não tivessem acontecido oportunidades dignas de destaque. E, no caso dos portistas, com alguns denominadores comuns. Na primeira parte, em organização ofensiva, pelo lado direito e aproveitando o espaço entre linhas e alguma falta de capacidade defensiva do lado esquerdo do meio campo contrário. Isto, claro, só possível porque existe do lado portista uma saída a jogar organizada sobre as alas, com qualidade e rotina. Tudo isto, claro, não chegou para ganhar nem mesmo para evitar a derrota. É que para além disto, houve pouco mais e, para além disto ainda, sobrou uma exibição essencialmente desinspirada e com pouco intensidade. Em especial no inicio do segundo tempo.


Hulk & Guarin – A primeira nota vai para o papel de Meyong, quem melhor pressiona no Braga. A sua acção obriga o Porto a organizar pela direita, dando uma vantagem ao Braga que deveria ter encurralado os portistas. Não foi isso que aconteceu. Não houve agressividade dos restantes jogadores e abriu-se uma linha de passe para Hulk, a quem também foi permitido rodar e sair da zona de pressão. Depois percebe-se a pouca reactividade de Viana que perde totalmente o controlo sobre o espaço nas suas costas, explorado por Guarin. Como o Braga joga com 2 linhas de 4 e não tem nenhum jogador posicional entre elas, o colombiano ficou completamente livre para atacar a zona mais recuada dos minhotos.

Meireles & Hulk – De novo a distância entre linhas. Desta vez, notória entre os avançados e a linha média. Este factor aliado à pouca agressividade de Mossoró sobre Meireles permitiu que o médio azul ganhasse tempo e espaço para libertar Hulk no flanco oposto. Um 1x1 muito perigoso e que apenas não teve outras consequências porque Evaldo conseguiu evitar o pé esquerdo de Hulk.

Guarin & Varela – De novo o lado direito portista. O primeiro ponto a realçar é a boa dinâmica entre o extremo e o médio, com troca de posições entre eles. Um rotina bem assimilada e que é solução comum na saída de bola portista, seja à esquerda, seja à direita. O ponto aqui tem a ver com a forma como Varela consegue rodar, não havendo a pressão exigível para a situação em que se encontrava. Aliás, este lance tinha tudo para dar uma recuperação e originar transição do Braga. Mas não deu. E tudo por Viana e Paulo César voltaram a denotar grande insuficiência defensiva e porque, claro, houve qualidade do lado contrário. Aliás, esta dupla não só permite que Varela rode como depois perde controlo sobre o extremo portista, não compensando, nenhum deles, o espaço de Evaldo que vem pressionar Guarin. Só por muito pouco este lance não termina em golo.

Desacerto azul – Se há lance que espelha a desinspiração portista é aquele que culmina numa finalização de Vandinho. Uma das mais perigosas do Braga. É que a jogada só acontece porque há uma série de deslizes individuais na sua origem. Primeiro o mau pontapé de Hélton, depois o não domínio de Guarin e, finalmente, uma trapalhada de Fernando finalizada com uma "assistência" em zona central. Ainda assim, saiu barato...

Pateiro – O Benfica ganhou em Leiria, mas muito facilmente poderia ter... perdido. Tudo isto por causa de um lance de inspiração de Pateiro que só não terminou em golo porque dos pés de Kalaba não houve a qualidade correspondente. Muito mérito, obviamente, para a acção de Pateiro, mas é também curioso analisar porque é que tudo foi possível. A última arma da transição defensiva encarnada é o fora de jogo, executado ao limite e, diga-se, com excelentes resultados até ao momento. Ora, quando todos esperavam o passe de Pateiro, este bateu, ele próprio, o fora de jogo. Ainda assim não parece uma fórmula copiável para casos futuros.

Rabiola – O primeiro golo do Olhanense em Alvalade tem os holofotes sobre Carriço e Abel. Podemos começar por aí e por dizer que, na minha opinião, não há nada de errado com o comportamento dos 2 defesas. Existe um 2x2 nessa zona, o que torna tudo muito complicado caso, como aconteceu, o cruzamento saia bem. Aliás, Carriço está bem posicionado e reage bem à trajectória da bola. Simplesmente não chegou e fica muito claro que o principal motivo é a falta de... centímetros. O grande erro está, por isso, na origem do lance. Ou seja, do lado esquerdo e na falta de agressividade sobre a posse de Ukra. Quando se cria uma zona de 1x3 tem de haver maior agressividade e aqui é Vukcevic quem deveria ter impedido o jovem extremo de ter uma solução de recuo. Isso não aconteceu, Ukra teve muito mérito e Miguel Garcia apareceu para dar a solução que o Sporting permitiu.

Edgar – O Marítimo começa a ameaçar ser uma desilusão séria desta liga. Pela segunda semana consecutiva com tudo para vencer e, de novo, incapaz de o fazer. Desta vez 1 lance compôs o cenário improvável no derby madeirense e perante um Nacional com 10 jogadores. Edgar foi o protagonista e trabalhou muito bem a jogada, mas... o que dizer de Olberdam?! Permitir que o avançado cortasse para dentro quando tinha já um ângulo tão fechado... e tão facilmente ele o fez! Assim, torna-se difícil...

Xavi & Messi – Há alguém que não conheça esta jogada? Há alguém que nunca tenha visto Xavi a receber da esquerda, virar-se e solicitar a diagonal de Messi nas costas do lateral?! Não me parece. Jogadores e treinadores sabem todos disto e, no entanto, tudo se repete com sucesso. E pensar que tantas vezes ouvimos gente a falar de previsibilidade pelo conhecimento que se tem das equipas. Hoje em dia nada é imprevisível, tudo é conhecido, tudo é previsível. A diferença está na qualidade. É por isso que Messi há-de marcar mais golos tão “previsíveis” quanto este...

Eto’o & Milito – Eto’o não marcou, não assistiu, mas que impacto teve! O Inter perdia e foi muito pelo camaronês que a situação se inverteu. Sempre ligado, sempre reactivo, pressionou e provocou a perda que isolou o mortal Milito. É uma característica que não dá nas vistas, mas vale muito mais do que se pensa.

Foster & Ferdinand – Um derby que ganhou outra dimensão e que teve uma emoção invulgar. O United ganhou, mas bem se esforçou para que isso não tivesse acontecido. O erro de Foster é primário, mas o que faz Ferdinand no último minuto é difícil de classificar. Valeu-lhes o “Mickey”.

Ler tudo»

AddThis