6.3.09

Viagem a 1977

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Aproveito os vídeos do fantástico programa espanhol “Fiebre Maldini” para fazer uma pequena viagem no tempo até à temporada 76-77 e, mais precisamente, até à Taça dos Campeões Europeus (como este nome soa a velho hoje em dia!), a primeira de 5 conquistadas pelo Liverpool.
O futebol europeu vivia uma fase que, a esta distância, me atrevo a classificar de transição. Transição entre uma era revolucionária, dominada pelo futebol total, pela duelo entre as irreverências holandesa e germânica, com destaque para Ajax e Bayern e, claro, para as figuras mais importantes de cada uma dessas escolas tão marcantes, Cruyff e Beckenbauer. 1977 foi, aliás, o primeiro ano em que esta Taça não ficou nas mãos de uma equipa destes dois países, dando inicio a uma outra era, dominada pelos ingleses, com o Liverpool em particular destaque, já que venceria 4 Taças em 8 anos. Este foi o tempo de Keegan, Souness e Dalglish (apenas Keegan jogava em 77 no Liverpool), excelentes jogadores, sem dúvida, mas, arrisco eu, longe do impacto que tinham tido Beckenbauer e Cruyff ou que viriam a ter Platini ou Maradona nos anos 80.
Esta equipa do Liverpool era comandada por Bob Paisley e havia conquistado a Taça Uefa no anterior. Importa referir que a ascensão do Liverpool tem contornos surpreendentes, tendo começado nos anos 60, quando Bill Shankly conseguiu trazer uma equipa da segunda divisão inglesa até à elite da Europa. Esse é o motivo pelo qual Shankly é por muitos visto como o mais importante treinador do clube, apesar de não ter ganho nenhuma das Taças dos Campeões (ganhou uma Taça Uefa). Note-se, no vídeo do jogo contra o Saint Etienne a loucura da famosa “The Kop”, a bancada superior que, dizem, era um dos segredos do sucesso do Liverpool, particularmente quando os “Reds” atacavam para aquela baliza.
Já agora, uma nota para as outras 2 equipas presentes neste vídeo. O Monchengladbach era orientado por Udo Lattek, primeiro treinador campeão europeu pelo Bayern e de forma algo polémica dispensado, acabando por provar a sua competência no grande rival da altura. O Monchengladbach era um gigante do futebol germânico e, por consequência, europeu. Nesta altura já não figurava Gunther Netzer, provavelmente a maior figura de sempre do clube, mas havia nomes como Berti Vogts, Bonhof, Wimmer, Heynckes e o dinamarquês Simonsen, que marcou o golo do Borussia nesta final e seria nomeado como melhor jogador europeu desse ano. No Saint Etienne não há figuras que mereçam relevo a esta distância, mas não deixo de notar que esta equipa havia sido finalista vencida da edição de 76 e que, ao contrário da ideia que se tem, os grandes tempos do clube (ou seja, estes) não aconteceram sob a “batuta” de Platini, que apareceria mais tarde, conquistando apenas 1 campeonato em 81 antes de sair para a Juventus.
Nota, finalmente, para o futebol português. Embora seja realmente raro ouvirmos alguma referência negativa sobre tempos passados, importa dizer que estes não eram tempos famosos no que aos resultados do futebol português diz respeito. Para ser preciso, em 76-77, apenas o Boavista passou uma eliminatória nas competições européias.

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