17.3.09

Aimar, o golo de Roberto e o Porto-Naval

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Um raro Aimar
Desde o inicio da temporada que se falado muito do posicionamento de Aimar. De facto, quem pensa nos pontos fortes do argentino, dificilmente poderá imaginar que o seu rendimento possa ser potenciado a jogar de costas para a baliza, apertado por jogadores fisicamente muito mais poderosos e que facilmente condicionam as suas aparições no jogo.
Frente ao Guimarães houve uma jogada que, aparecendo totalmente descontextualizada daquilo que é norma nas rotinas ofensivas do Benfica, teve o condão de dar uma breve ideia de como poderia Aimar ser bem mais útil. Participando na primeira fase de construção e actuando de frente para os adversários e com a bola controlada, Aimar conseguiu rapidamente fazer levar a bola até à área contrária, numa jogada simples mas bem mais eficaz do ponto de vista da construção do que a maioria das jogadas que vemos no Benfica. Ao Aimar actual pode ainda apontar-se o aspecto de limitar a sua acção ao corredor central, oferecendo pouco auxilio à saída de bola pelos corredores. Mais uma vez, claro, fica a dúvida se tal tem a ver apenas com o comportamento do argentino, ou se há indicações para que tal aconteça.


O golo do Vitória
No golo que fez a diferença na Luz houve, mais uma vez, várias criticas feitas a David Luiz. Francamente, não consigo partilhar dessa responsabilização do jovem jogador encarnado. O motivo é simples. A razão pela qual David Luiz não impede Roberto de marcar tem a ver com o ponto de partida dos 2 jogadores na jogada. Enquanto que Roberto está ao lado de Luisão, David Luiz está uns bons metros à frente. A questão é que este adiantamento é correcto. Num lance que é disputado do seu flanco, o lateral deve aproximar-se da zona da bola, sendo o lateral oposto o responsável por fechar na zona central. Só se pode responsabilizar David Luiz se se discordar do seu posicionamento inicial no lance, já que não é possível pedir-se que o lateral recuperasse de forma tão rápida ao ponto de conseguir “apanhar” Roberto.
O problema do golo surge, por isso e na minha opinião, de 2 aspectos. O primeiro tem a ver com o erro de abordagem de Miguel Vitor que tenta erradamente jogar em antecipação, arriscando, e comprometendo o equilíbrio defensivo que existia. O outro aspecto tem a ver com a distância da linha média. Desmarrets é fundamental no lance, apesar de não participar. Isto porque cria uma linha de passe que impede Maxi de abordar mais directamente Marquinhos e obrigando Luisão a dividir as suas atenções entre o extremo e Roberto. Aqui, a distância da linha média dos defesas e a não existência de um jogador mais posicional, tem toda a importância. Primeiro porque não permite a existência de um 2x1 sobre Marquinhos no momento em que este roda sobre Miguel Vitor, depois porque não tem capacidade para acompanhar Desmarrets no tempo de chegada à zona ofensiva.

A má Naval e o bom Porto
Frente à Naval repetiram-se as jogadas elaboradas, com várias trocas de passe a servir de preparação para tantas ocasiões portistas no jogo. Como já havia referido no rescaldo do jogo, há 2 aspectos que contribuem para este tipo de jogo e que ficam bem evidentes nas 2 jogadas que recuperei sobre este jogo. A primeira é a inspiração e mobilidade dos jogadores portistas. A segunda é a fraca oposição que a Naval protagonizou no Dragão.
Em relação ao segundo aspecto, destaco vários erros de posicionamento, quer na linha média (no vídeo, realço a saída de 2 jogadores a pressionar Raul Meireles no lance do segundo golo), quer na zona mais recuada (as chegadas tardias de jogadores portistas às zonas de finalização nunca tiveram o acompanhamento devido e as saídas dos centrais não foram devidamente compensadas pelos laterais, como se vê no segundo golo). No Porto, pego no lance do segundo golo para chamar atenção para 2 jogadores. Lisandro, cuja movimentação foi uma fonte de desequilíbrios, arrastando os centrais para fora da zona central que ficava livre para as diagonais de Mariano para os movimentos verticais de Lucho. Depois, um “filme” muito visto mas que nunca é demais rever. A inteligência de Lucho. “El Comandante” tem essa particularidade em que parece esperar que toda a gente ponha os olhos na bola para atacar um espaço livre no último terço. Como os defesas continuam (e continuarão!) a fixar-se exclusivamente na bola e a esquecer-se dele, ele continua (e continuará!) a marcar golos.

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