20.2.09

Sporting - Benfica: Notas prévias...

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Começo esta pequena antevisão do derbi com uma referência ao seu enquadramento no campeonato. Houve uma altura em que pensei que este inicio de temporada pudesse ser praticamente decisivo e quem chegasse na frente após os clássicos que marcam o inicio da segunda volta teria uma vantagem praticamente decisiva. Hoje, porém, não reconheço a nenhuma equipa uma consistência suficiente para que se possa pensar que a perda de pontos possa ser tão improvável em 10 jornadas. A vantagem pontual será, obviamente, relevante e definirá favoritismos mas não creio que se possa vir a considerar decisiva por antecipação. Sobre este tema aproveito, de resto, para deixar a opinião de que esta liga tem sido francamente equilibrada e que as diferenças que existem na classificação são definidas por detalhes e não por diferenças significativas na qualidade das equipas, como aconteceu, por exemplo, no ano anterior.

Sporting: a importância de ser competente nos detalhes – Paulo Bento tem nas suas decisões grande parte da incerteza que existe sobre as estratégias para o clássico. Há várias incógnitas em relação a quem jogará em que posição e, até, poderemos admitir que o losango possa não ser uma certeza depois do que se viu no Restelo. De resto, o Sporting deverá saber perfeitamente com o que pode contar da parte do adversário que quase seguramente abdicará de tentar comandar o jogo pelo domínio da posse de bola e por ataques em organização. O Benfica esperará o momento certo para atacar a profundidade em transição e definirá uma zona de pressão relativamente baixa e difícil de ultrapassar. Neste, mais do que em qualquer jogo, é fundamental ser-se prudente em posse para evitar perdas em zona intermédia que possam abrir lugar às tais transições rápidas. Ainda no que respeita ao controlo do adversário importa obviamente falar das bolas paradas onde, claramente, o Sporting está em desvantagem. Ofensivamente, os “leões” necessitam de ser inteligentes nos espaços para os quais canalizarão a sua posse e, em organização, será também audaz chamar o Benfica para tentar esticar o bloco em profundidade antes de aproveitar depois os espaços entre linhas. Duas notas para pormenores que podem fazer a diferença. Primeiro, o pressing que se for reactivo e agressivo poderá encurralar o Benfica, transformando o seu bloco baixo numa adversidade. Segundo, no inicio das jogadas é preciso ser, sempre que possível, rápido para impedir que o bloco adversário se organize e impeça a bola de chegar rapidamente às imediações da sua área.

Benfica: formula do Dragão e jogo emocional – Quique tem-se mostrado um treinador pouco propenso a estratégias tácticas específicas para partidas de maior importância. Daí que preveja a repetição da fórmula aplicada no Dragão, até pela satisfação que provocou a exibição conseguida. Ou seja, uma equipa concentrada mas prudente, evitando atacar em organização desde trás para não dar oportunidades ao pressing adversário e preferindo iniciar as suas jogadas através de segundas bolas resultantes dos pontapés longos de Moreira. A ideia, depois, é aproveitar as transições para lançar as suas principais individualidades no espaço. Frente ao Sporting, e independentemente das escolhas de Paulo Bento, o Benfica contará com alguma dificuldade de recuperação do quarteto defensivo leonino, embora se saiba também que esta é provavelmente a equipa que melhor se organiza defensivamente na Liga. Jogando fora e sabendo da necessidade de vitória do seu adversário, o Benfica poderá e deverá fazer do tempo um aliado, até porque este Sporting já revelou ser muito mais débil quando se sente pressionado pelo cronómetro. Para o Benfica, por isso, pode ser preponderante a gestão do controlo emocional do jogo, esperando que seja o adversário o primeiro a sofrer com os efeitos da ansiedade.

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