27.2.09

Regresso ao passado?

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Quando o futebol europeu arranca para a sua fase decisiva da época, eis que surge uma notícia que pode indiciar um regresso ao passado e, também, uma súbita inversão no caminho que o futebol mundial vem levando nos últimos anos. A famosa intenção da FIFA de aplicar a lei dos 6+5 (ou seja em cada onze só podem estar 5 jogadores que não sejam eligiveis para as selecções dos países do clube em questão) ganhou nova força com a conclusão de um estudo feito por especialistas jurídicos em assuntos europeus. A posição da comunidade europeia foi contrária à aplicação desta regra mas, a confirmar-se a ideia (defendida neste estudo) de que pelo facto de não haver qualquer impedimento em relação aos suplentes ou à composição do plantel, esta é uma lei que não choca com as normas europeias, então a FIFA poderá mesmo levar em diante a ideia, provocando uma nova revolução, agora em sentido contrário daquilo que aconteceu com a “lei Bosman”.

A consequência de
sta, agora bem mais provável, medida não será um regresso ao passado, tal qual ele era. A globalização do futebol faz-se essencialmente, não pela livre circulação de jogadores, mas pelo acesso de várias ligas e de vários jogos ao mesmo adepto. Isso, como é óbvio, não mudará. O que mudará é a garantia de qualidade para algumas ligas que começavam a perder os seus valores pelo facto de não terem o mesmo poder económico de outros campeonatos. Neste caso, é claro, dificilmente se encontrará um campeonato com maiores benefícios que o português. Porque somos um país com muita qualidade individual mas cada vez menos dinheiro, os jogadores portugueses são um alvo fácil. Continuarão a ser, os clubes financeiramente não ganharão nada com isto, mas a consequência ao nível global ditará, forçosamente, um enorme arrefecimento na saída de jogadores nacionais dos seus países e, por consequência, uma manutenção de qualidade que hoje não acontece.

Mas há alguns perdedores evidentes com esta possível nova realidade, destacando-se os empresários de jogadores. A limitação do mercado implica uma diminuição de transferências e uma quebra no valor da maioria das transferências – sobretudo de jogadores que não pertençam aos principais países europeus – e isso, claramente é um revés para o seu negócio.

Esta mudança terá, por todas as implicações que envolve, algumas barreiras de relevo mas julgo que traria alguma ordem e, sobretudo uma “pureza” (não sei se o termo é o mais correcto) que foi, afinal, a base do futebol enquanto fenómeno social, mas que hoje parece tendencialmente afastada da realidade. Não se pense que os grandes europeus perderão o seu domínio, mas é certo que haverá um maior equilíbrio entre as equipas dos vários países, até porque pelo andar da carruagem o mais certo seria termos uma concentração cada vez maior das principais estrelas nos principais campeonatos, com particular destaque para a Premier League, cuja evolução mediática e económica ameaça deixar a anos luz todas as outras competições domésticas.

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