12.2.09

Portugal - Finlândia: Experiências, muitas. Evolução, pouca...

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Jogo de preparação? – Este foi um jogo marcado para pensar num advesário concreto, a Suécia. A situação do apuramento justifica esse plano tão centrado num jogo relevante, e a lógica diz que neste jogo deveriam ter sido apresentadas uma estrutura e uma estratégia próximas do que se pensa realizar frente aos suecos. Foi isso que aconteceu? Francamente é-me difícil ter certezas sobre o que pretendeu exactamente Queiroz.
O que se viu de inicio foi uma formação, de novo, em 4-3-3, mas com laterais com manifesta vocação ofensiva – daí a experiência de Duda a lateral. De resto, a equipa tentou ser larga, orientando a sua construção para saídas em apoio que têm no recuo dos 2 médios, Tiago e Deco, a principal referência para o primeiro passe. Aquilo que se viu, nesse momento de organização ofensiva, foi, porém, uma ausência de dinâmica nas movimentações, com 2 extremos previsivelmente abertos e um ponta de lança muito fixo e pouco solicito para tudo o que não sejam situações de finalização. À propensão ofensiva dos laterais, Queiroz juntou a outra surpresa. A presença de Pepe como médio mais defensivo. A presença de Pepe nesta função – e partindo do principio que é um teste a pensar na Suécia – pode explicar-se pela necessidade de dar mais dimensão física àquela zona, particularmente para responder a um jogo mais directo que os suecos possam tentar protagonizar. Ainda assim, notou-se alguma liberdade excessiva de Pepe para sair da sua posição, o que, juntando à tal propensão ofensiva dos laterais, poderá ser perigoso no momento da transição. De resto, outro aspecto preocupante foi a incapacidade de ter um pressing mais eficaz. Com defesas tão rápidos como Portugal tem ao seu dispor, seria talvez útil pensar numa estratégia que utilizasse linhas mais subidas para pressionar equipas que tecnicamente não são muito fortes. Isso, porém, não se vê acontecer com grande qualidade...


Ponto de situação – A pior critica que se pode fazer ao trabalho de Queiroz é dizer que este poderia bem ter sido o seu primeiro jogo, tal o leque de experiências feitas e falta de rotina demonstrada. Pessoalmente tinha uma expectativa em relação a esta nova fase. Scolari tinha uma lacuna ao nível do treino e da capacidade táctica, e com Queiroz poderiam ter sido dados novos passos rumo a modelo mais bem trabalhado e ajustado àquela que são as características dos recursos existentes. Ao contrário, Queiroz permanece numa espécie de busca incessante por novas e altamente improváveis mais valias individuais em vez de se orientar mais para a sistematização e rotinas colectivas. Se lhe dou razão quando se queixa da falta de tempo para trabalhar com os jogadores, culpo-o por promover sucessivas revoluções nas convocatórias que impedem, precisamente, que se possa fazer um trabalho mais continuado. Portugal permanece, como no passado, com um jogo colectivamente previsível, não porque, como às vezes se confunde, joga da mesma forma, mas porque não tem qualidade colectiva suficiente para surpreender. O que vemos é um futebol que tem como única solução orientar-se para as alas onde encontra extremos permanentemente encurralados por 2 ou mais adversários, tentando sair depois individualmente dessas situações o que, por muita qualidade que haja, é difícil. A diferença em relação ao passado está no aspecto mental que hoje parece bem mais fraco do que na era Scolari.

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