6.2.09

Porto-Benfica: estratégias (possíveis) para o clássico

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Antes de deixar uma antevisão do clássico, quero registar os horários parcialmente coincidentes dos 2 principais jogos da jornada. Nesta Liga há 4 equipas que têm capacidade para disputar o jogo de igual para igual (estrategicamente, entenda-se), havendo por isso pouquíssimos jogos de real equilíbrio teórico no topo da tabela. Não sei qual é o motivo da sobreposição dos jogos, mas eu não vejo ninguém que possa beneficiar com esta situação que, aliás, é altamente invulgar.
Quanto ao prato forte da jornada, começo por referir a proximidade das equipas em termos de situações em que se sentem confortáveis nos jogos. Ambas estão hoje necessitadas de espaço nas costas das defesas contrárias para se apresentarem no seu melhor. O Benfica, porque se jogar mais baixo consegue, por um lado, esconder o seu problema de preenchimento de espaços entre linhas e, por outro, tirar o melhor partido de algumas unidades explosivas, com destaque óbvio para Suazo. O Porto porque, simplesmente, a equipa tem hoje unidades cujo rendimento varia muitíssimo consoante o espaço que têm para jogar. Rodriguez e, sobretudo, Hulk são armas fortíssimas nesse contexto, mas muitas vezes inconsequentes em situações mais apertadas. Neste jogo de estratégias, o factor casa pode ter um peso importante. Por ser no Dragão, o Benfica poderá assumir mais declaradamente um jogo baixo e de transições e o Porto mais tentado a tentar garantir um domínio territorial. Vamos por partes.


Porto – Quanto ao onze, e até pelo que se viu em Alvalade, não haverá grandes dúvidas. Haverá, no entanto, algumas nuances que podem ser importantes em termos estratégicos. Desde logo, o posicionamento que terão Hulk e Lisandro. Aqui, e já tenho defendido isto várias vezes, creio que, sobretudo em casa, a melhor solução será Hulk sobre a direita. Jesualdo pode optar pela outra solução tentando colocar mais jogadores no espaço entre linhas, mas parece-me que essa não será a melhor forma de explorar esse espaço. Um jogador que poderá ser tacticamente fundamental para o Porto é Lucho. O Porto tem superioridade numérica na zona central e se conseguir prender os 2 médios centrais encarnados a Fernando e Meireles, poderá libertar “El Comandante” para aparecer nas costas do meio campo. Aqui, acção de Lisandro é também essencial e, daí, me parecer também mais correcto ser o argentino e não Hulk a jogar no centro. Claro que tudo isto não aparece facilmente. O Benfica baixará seguramente um dos avançados para cair na zona de Fernando, que não é aliás muito fiável em posse, e o Porto precisará de identificar ou trabalhar bem os momentos para apanhar “a sós” a dupla do meio campo contrário. A boa exploração deste espaço poderá ser uma das chaves do jogo, já que não me parece nada aconselhável tentar fazer sair a bola pelos corredores, onde a pressão do Benfica é muito forte.

Benfica – Assumindo que irá tentar jogar em transição e fazer apelo a um bloco mais baixo, Quique sabe que o adversário tem superioridade na zona central mas também que deverá apresentar 2 laterais muito ofensivos e, sobretudo, algo impulsivos em termos atacantes. A estratégia poderá passar por impedir que o Porto saia pela zona central, utilizando um avançado sempre na zona de Fernando. O complemento desta estratégia poderá passar pela exploração das costas do lateral que sobre. Particularmente Cissokho poderá ser um alvo a explorar por motivos óbvios. Aqui entra uma aposta que penso poder estar na cabeça de Quique e que me parece fazer sentido, caso tenha seja explorada da melhor forma. Em vez de Aimar, utilizar Di Maria. Precisamente, o jovem argentino poderia ser o tal jogador encarregue de jogar nas costas de Cissokho que seria tapado naturalmente por Ruben Amorim. Esta seria uma forma de surpreender a defesa portista, essencialmente alertada para Suazo, passando a não ser o hondurenho alternativa única para as saídas em transição. Os melhores jogos de Di Maria pelo Benfica terão sido, aliás, em funções e jogos semelhantes, pelo que Quique tem também esse dado em relação ao um jogador que, como extremo, tem produzido pouco. Nota final para referir que mesmo que o Benfica consiga que o primeiro passe não seja feita para a zona central, poderá permanecer vulnerável no espaço entre linhas. O importante é que os 2 médios centrai não percam o controlo sobre a zona à frente dos centrais.

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