12.12.08

Os novos homens-golo

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Se fizermos uma sondagem entre os adeptos é provável que o tipo de jogador mais pedido para cada uma das suas equipas seja um ponta de lança, daqueles altos e fortes, que possam ganhar duelos na área perante os centrais e, como que por magia, façam aparecer os golos que todos querem ver. É uma ideia associada a futebol de outros tempos que terá tido, em Portugal, novo reforço pelo fenómeno Jardel na viragem de milénio. Não vou fazer desta uma opinião absolutista porque, como já defendi tantas vezes, no futebol cada caso é um caso, mas diria seguramente que hoje e cada vez mais os casos em que este tipo de jogadores são utilizados são essencialmente prejudiciais a uma dinâmica ofensiva mais eficiente.

A táctica é cada vez mais uma jogo de zonas. Neste jogo complexo e dinâmico há uma característica que se revela cada vez mais relevante para o sucesso ofensivo: a mobilidade. Ora, se a zona central da defesa é fundamental ao ponto de manter fixos os centrais, será tanto melhor para uma defesa se lá estiver também um avançado. Será menos um jogador para criar superioridade noutras zonas e mais um para vigiar de perto ao longo de toda a jogada. Por contra ponto, os ataques que conseguem ter mobilidade suficiente para retirar essa referência de marcação aos centrais e atacar as zonas de finalização apenas no tempo certo, esses terão, à partida, mais hipóteses de criar dificuldades a quem defende.

Esta mobilidade é hoje a arma de muitos jogadores e equipas de sucesso. Cristiano Ronaldo e o Manchester United (na Selecção a situação é outra) será o caso mais fácil de indicar. Um ataque sem uma referência fixa na frente, que promove uma grande mobilidade nos seus atacantes e acaba por fazer de um extremo o melhor marcador da Europa. Mas também em Portugal temos exemplos de goleadores que se destacam por esta característica. Liedson é o goleador mais temível dos últimos anos em Portugal, mas o seu perfil não é o de um 9 clássico. Antes sim um jogador muito móvel que procura em permanência fugir dos centrais antes de atacar a zona de finalização no momento certo. Mais recentemente apareceu Lisandro em grande destaque. A veia goleadora do argentino surgiu, precisamente, quando Jesualdo o colocou no centro e retirou um avançado mais fixo daquela posição. Para Lisandro (e também Lucho) essa liberdade de movimentos foi o catalizador para obter golos em catadupa. Não porque ficasse mais perto da baliza, mas porque podia escolher melhor quando a atacar. Muitas vezes ouço que estes jogadores não devem sair muito da sua zona, mas penso que o contrário é que é prejudicial. Prende-los na frente ou colocar-lhes uma “moleta” ao lado é o mesmo que lhes retirar, a eles e à equipa, uns bons metros quadrados de relvado para jogar.

Abaixo deixo 2 jogadas, precisamente de Liedson e Lisandro que servem de exemplo sobre o tema.


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