18.12.08

Estrela - Porto: Reajustado

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Raro – 6 golos não é habitual no campeonato português. Na verdade cedo se percebeu que este seria um jogo com alta probabilidade de ter muitos golos, ainda que dificilmente se supusesse que o Estrela fizesse 2. Talvez sejam os efeitos da turbulência vivida em torno da dramática situação do Estrela, mas a verdade é que a equipa parece ter perdido aquela que era a sua principal arma, a boa organização defensiva. Não se trata do número de golos conseguidos pelo Porto, mas sim da facilidade com que os portistas fizeram chegar a bola à zona de perigo. Não foi preciso actuar em transição, nem sequer envolvimentos muito elaborados. O jogo chegava facilmente ao derradeiro quarto de campo e mesmo a zona mais próxima da baliza não era eficazmente coberta. Neste aspecto, o primeiro golo é o exemplo acabado de como foi fácil ao Porto atacar.
Pelo que escrevi acima, facilmente se perceberá a inteira justiça da vitória, ainda que o Porto tenha tido alguma inesperada dificuldade em controlar a posse de bola do Estrela, particularmente quando esta se aproximou das laterais. Se é verdade que o Estrela, mesmo que no seu melhor período, conseguiu o empate a 1 com uma invulgar fortuna, também é preciso referir a importância do ‘timing’ em que Hulk tirou o seu coelho da cartola. O Porto parecia estar numa fase adormecida e faltavam cerca de 25 minutos para o final. Mais do que o empate, o 2-2 trazia como ameaça para os portistas o efeito psicológico imprevisível que os golos sempre têm, muito mais sabendo-se que o jogo entrava na sua fase terminal. Com o 2-3, não só a vantagem voltou como a equipa acordou, beneficiando ela própria do tal efeito psicológico que poderia ter posto em causa uma vitória mais do que merecida.

9 vitórias – Não há fome que não dê em fartura. Depois de 3 derrotas consecutivas, o Porto arrancou para 9 triunfos consecutivos. Já tenho aqui falado sobre as evoluções do modelo portista e das reservas que tenho em relação a alguns aspectos. Na Amadora, pela especificidade do jogo, creio que o exemplo não será o melhor para tirar grandes conclusões. Ainda assim pode ver-se mais uma vez a assimetria da equipa, claramente mais concentrada numericamente para a esquerda e deixando o corredor direito para as descidas de Fucile (fez um grande jogo). Outro aspecto que me pareceu voltar a evidenciar-se, ainda que de forma muito menos clara do que o havia sido em Setúbal, foram as dificuldades defensivas em alguns momentos, quer em transição, quer em perante um ataque mais organizado.
Da mesma forma que referi, quando perdia, que aquela não era uma crise difícil de ultrapassar pela qualidade colectiva que a equipa trazia do passado, parece-me que este Porto está ainda bem longe do nível de excelência que apresentou na época anterior.

Hulk! – Depois de algum cepticismo inicial está a tornar-se no grande ídolo dos adeptos. É claro, hoje como antes, que tem um potencial enorme pela explosão e repentismo que o caracterizam. O tempo e os minutos têm-lhe dado um acréscimo de confiança, percebido de cada vez que toca na bola. Hulk mantém os problemas ao nível da decisão que lhe foram apontados quando as coisas não corriam tão bem mas a confiança tem lhe devolvido uma inspiração capaz de proporcionar momentos de inspiração que desequilibram em quase todos os jogos. Ainda que não seja provável que o possa repetir de forma tão regular, é evidente que os desequilíbrios que tem criado superam largamente os erros cometidos. Afinal, foi assim que Quaresma se distinguiu...

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