9.10.08

Suécia: Uma boa altura para visitar...

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A visita à Suécia já era um dos pontos cruciais do mapa de jogos da Selecção no caminho para o Mundial mas, após o impensável final de jogo frente à Dinamarca, esta tornou-se uma partida com contornos de ainda maior importância. Nesta deslocação Portugal vai encontrar uma selecção que também não teve um bom inicio na fase de apuramento, não só pelo empate na Albânia, mas sobretudo pela fraca qualidade exibicional que vem revelando no pós Euro 2008.
Na Suécia, a grande curiosidade ao nível táctico é, no momento, a “migração” de sistema que Lagerback vem tentando implementar no pós-Euro. Do 4-4-2 (ora clássico, ora em losango), Lagerback passou para o 3-5-2, mas a verdade é que a formação sueca não tem agradado muito nestes primeiros jogos. Para além do empate com a Albânia, a Suécia venceu a Húngria em casa mas, apesar dos 3 pontos, a exibição deixou muito a desejar.
Portugal poderá, por isso, encarar este adversário com algum optimismo, mas tendo igualmente a certeza de que a Suécia se poderá apresentar bem diferente do que foi até aqui. Primeiro, porque a motivação e entrega mental dos jogadores é muito superior e, segundo, porque é possível - até provável – que Lagerback faça algumas revisões na sua estratégia perante um adversário mais forte como é Portugal.

Sistema táctico e opções
Como foi referido, Lagerback vem utilizando um 3-5-2 ao qual aparenta querer manter-se fiél. Do onze titular frente à Húngria, há a certeza de não poder contar com o cotado Melberg (Juventus) e o veterano Henrik Larsson, que se juntam a Linderoth (Galatasaray) e Wilhelmssson (Al Hilal) como ausências de peso. Em sentido contrário está Johan Elmander (Bolton) que parece poder tornar-se cada vez mais numa das figuras de maior relevo do futebol sueco e que não jogou nos últimos encontros. Elmander poderá jogar na frente ou, então, ser opção para o meio campo, no caso de Lagerback pretender alterar o figurino táctico, regressando ao um 4-4-2 que apresentou no Euro 2008.
Nas opções mais recentes, destaque para o central Majstorovic (AEK) que jogou o ano passado frente ao Sporting pelo Basileia, para a colocação de Mikael Nilsson a ala direito, ele que é um lateral esquerdo no Panathinaikos, e para a titularidade dada ao médio Samuel Holmen (Brondby) sobre a esquerda, quando este é normalmente um médio mais central.

Como defende?
Um dos principais pontos a realçar nos últimos jogos da Suécia – particularmente frente à Húngria – são as dificuldades defensivas da equipa. Há aqui uma ligação entre essas fragilidades e a adopção do 3-5-2. É que a Suécia revela problemas em conseguir um controlo eficaz da largura da sua linha mais recuada, com evidencia para o flanco esquerdo, onde Holmen concede muito espaço nas suas costas. Neste particular, há uma manifesta diferença entre Holmen e Nilsson, com este último a ser menos participativo ofensivamente mas a revelar maior capacidade defensiva. Afinal, diferenças que surgem da própria natureza das funções exercidas por estes jogadores ao nível de clubes.
De resto, a Suécia opta por não arriscar muito no adiantamento das suas linhas, deixando um pressing mais alto para as situações identificadas pelos 2 avançados e preferindo resguardar-se num bloco mais baixo perante a organização adversária.
Nota para as bolas paradas. Esta é uma equipa muito alta e forte no jogo aéreo. Do Euro surge ainda a alteração para uma marcação zonal nos cantos, mas é uma zona aparentemente pouco reactiva e algo estática, podendo ser surpreendida. Esta é, claro, apenas uma ideia do que se viu nestes jogos, mas poderá estar aqui uma oportunidade que Queiroz poderá tentar explorar.

Como ataca?
A referência do jogo ofensivo da Suécia é a mais evidente: os avançados. Estes são solicitados de forma directa em construção, com o meio campo a trabalhar muito pouco as jogadas. Quer Larsson (que não vai jogar), quer Ibrahimovic são muito fortes nestas primeiras bolas e, apesar de não haver grande qualidade nesta forma de jogar, é verdade que quando a bola entra na zona à frente dos centrais, seja pelo ar, seja pelo chão, a Suécia torna-se uma ameaça. Pela qualidade dos seus avançados, que combinam e encontram soluções de finalização com muita facilidade, e também pela acção desequilibradora de Kallstrom que é um jogador crucial nesta estratégia e que surge muito bem na zona de finalização, tirando partido da sua boa capacidade finalizadora. O flanquemento de jogo surge quase exclusivamente numa segunda fase do ataque, com destaque para os movimentos sem bola de Holmen que aparece muito bem nas costas do lateral em situações em que a bola vem desde o flanco oposto. Quando consegue ter bola no segundo terço de campo (nomeadamente em transição ou a partir de segundas bolas), a Suécia é muito rápida e objectiva na sua troca de bolas, contando com o aparecimento de vários jogadores que desequilibram aparecendo vindos de trás.
Outro destaque evidente e muito importante são as bolas paradas. Há muitos e bons jogadores no espaço aéreo. O passado recente justifica, só por si, muito trabalho neste campo, mas a Suécia parece ser motivo de preocupação extra.

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