27.10.08

Porto - Leixões: Crise total

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Qualidade? – 2-3 e um jogo emocionante e imprevisível. Estamos de acordo. Um bom espectáculo? Claro, pela emoção. Um bom jogo? De forma nenhuma! O improvável Porto – Leixões foi um jogo de equívocos e erros do campeão nacional e de um aproveitamento, meritório sim, mas sem o brilhantismo que tanto se gosta tanto de fazer passar. O Leixões chegou ao 0-2 em 3 oportunidades, sem que nenhuma delas resultasse de uma jogada de bola corrida e apenas na fase final da partida fez chegar com maior assiduidade as suas jogadas à área contrária. De resto, pode dizer-se sim, que foi guerreiro, concentrado e inspirado – sobretudo Braga, com aquele golão que fica na história do Leixões.

Desastre táctico! – Tenho sempre aqui deixado uma opinião bem diferente daquelas que teimam em apontar o dedo a Jesualdo sempre que um resultado adverso acontece. Desta vez, porém, só posso ser critico em relação às opções do “professor”, em particular no que respeita à surpreendente nova estrutura apresentada – 4-4-2 clássico. Não consigo entender, nem a mudança, nem o seu timing. Primeiro, pelo que sempre defendi aqui. Ou seja, que o Porto tem modelo bem definido e com resultados mais do que evidentes, devendo resolver a sucessão de algumas individualidades com uma evolução que mantenha o que existe de positivo e não esquecendo tudo o que foi feito. Depois, porque se Jesualdo sempre afirmou que acreditava nos seus “processos” e que a equipa precisava de evoluir para os desempenhar com uma qualidade mais consistente, então porque é que resolveu abdicar deles na ressaca de um momento negativo? Que confiança transmite para os jogadores ver o seu treinador duvidar de uma ideia de jogo que ele próprio tenta transmitir aos seus jogadores?
Com a sua linha de 4 no meio campo, o Porto perdeu os papeis referência de Lucho (sobretudo este) e Meireles e perdendo também capacidade a ordem e organização que os jogadores reconhecem no momento de sair com bola e pressionar. O resultado foi uma equipa sem capacidade para criar e pressionar, e que facilitou de sobremaneira a tarefa defensiva ao Leixões. O Porto limitou-se a viver dos rasgos individuais dos seus jogadores (e da acção de Lisandro) e da energia trazida pelos momentos emocionais do jogo. É verdade que para explicar a derrota tem de se falar na forma como foram consentidos os 2 primeiros golos e da desconcentração que neles existiu. É igualmente verdade que sem essas desconcentrações, o Porto poderia muito provavelmente ter vencido o jogo mas esta critica à alteração táctica realizada – que teve um efeito enorme na qualidade de jogo portista – não está dependente do resultado do jogo.

Há agora a curiosidade para ver o que vai fazer Jesualdo no próximo jogo. Mas, digo-o, como já o havia dito, 4-4-2 parece-me um erro. Se o Porto mudar a sua estrutura passará por um processo de transformação bem mais longo e arriscado do que se tentar evoluir dentro do modelo anterior.

José Mota – Vencer no campo dos 3 grandes não é para todos. O inicio de temporada que está a fazer também não. Não sou – tal como muitos – um grande apreciador do modelo de jogo de José Mota, mas há duas coisas que quero realçar. Primeiro que há um enorme mérito na forma como tem, ao longo dos anos, construído os seus planteis, particularmente com a contratação de jogadores desconhecidos que se tornam repentinamente revelações do campeonato (Braga é o caso actual). Segundo, e mais importante, dizer que o trabalho e qualidade de um treinador não se mede apenas pelo qualidade do seu modelo de jogo. Neste aspecto, os resultados de trabalhos de longo prazo são como o algodão... não enganam!
Golos:

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