19.7.08

Porto: As notas do empate em Hannover

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Tanto do ponto de vista do entretenimento como do ponto de vista do rendimento colectivo portista, este foi um jogo que ficou aquém das expectativas. O ritmo baixo, mais próprio de um treino de conjunto, foi sempre o padrão do jogo, independentemente das suas diversas e muito diferentes fases. Este facto não deve, de forma nenhuma, preocupar os adeptos portistas que encontrarão, por exemplo, na temporada passada um inicio de época muito semelhante nesse aspecto, e que não impediu a equipa de entrar bem no campeonato.
Descontando este aspecto do ritmo de jogo, havia dois aspectos que poderiam trazer algum interesse para se desvendar em que ponto estará o caminho das opções de Jesualdo até ao inicio oficial da época. O sistema de jogo e as novas individualidades.

Sistema: 4-3-3, com 1 ou 2 pivots
No Porto tem-se falado, desde há algum tempo, na possibilidade de Jesulado mudar para o 4-4-2. Pessoalmente, creio muito pouco nessa opção porque essa mudança poderia afectar alguns fundamentos do jogo portista actual, obrigando a equipa a voltar em alguns aspectos a uma espécie de “estaca 0” ao nível da sistematização de processos, um esforço talvez exagerado para quem vem evoluindo positivamente no modelo que utiliza o 4-3-3 como sistema.
Por isso, creio que o Porto se apresentará em 08/09, de novo, em 4-3-3, com 1 pivot defensivo no meio campo, e tendo como alternativa o duplo-pivot que, embora aparentemente possa parecer um contrasenso, é uma opção mais ofensiva, partindo mais o jogo. Estas foram as opções já apresentadas em 07/08 e, frente ao Hannover, Jesualdo apresentou-as, uma na primeira parte e outra na segunda. Com princípios já bem definidos e que vêm de trás importa sobretudo testar o “encaixe” das novas individualidades nos perfis em aberto e esse será nesta altura o grande objectivo de Jesualdo antes de tomar opções, quer no que respeita às individualidades, quer no ajustamento de alguns processos que possam tirar melhor partido das características dos jogadores.
Reforços
Sapunaru – É cedo ainda para tirar ilações sobre a qualidade deste lateral. Uma coisa, no entanto, parece evidente. O seu perfil será forçosamente diferente do de Bosingwa e o Porto não contará com o efeito ofensivo do actual jogador do Chelsea. Esta é uma alteração que pesará nos processos colectivos, já que a equipa vinha estrategicamente assumindo comportamentos para libertar o corredor para as descidas de Bosingwa.

Rolando – Parece-me igualmente precoce fazer uma análise profunda à qualidade e integração de Rolando. A sua presença parece ser uma aposta a ter em conta para o inicio de temporada, rendendo Pedro Emanuel e dando à defensiva uma característica que vem perdendo desde a saída de Pepe: capacidade de recuperação.
Guarin – Foi curioso ver a diferença de comportamentos num meio campo com 1 pivot e com 2. Claramente Guarin não parece habituado a jogar numa função tão posicional, preferindo ter mais liberdade. Claramente, também, Jesualdo quer para ali um jogador que tenha uma amplitude de acção reduzida para manter protegida aquela zona fundamental e fazer a ligação entre a defesa e a linha média. As instruções para Guarin devem, neste sentido, ter sido claras, tão claras que o colombiano se revelou tão preso de movimentos que se tornou facilmente neutralizado pelo adversário, não criando linhas de passe na construção durante o primeiro tempo. É, obviamente, importante que Guarin evolua no desempenho desta função, já que é nele que se depositam esperanças para substituir Assunção.
Tomas Costa – Aparenta ter qualidade mas, tal como se previa, as diferenças entre o modelo portista e o do Rosário Central estão a ser o principal entrave a um maior impacto na equipa portista. Como ala, apareceu mais vezes a oferecer soluções em posse e muito pouco a dar profundidade. Por isso, no primeiro tempo, o Porto atacou sobretudo sobre a esquerda. O tempo encarregar-se-á de lhe mostrar onde e como caberá neste Porto.
Benitez – Também pouco a dizer sobre uma exibição com pouca exigência. Não pareceu ser uma solução para acrescentar muito ao plantel, mas é cedo para conclusões.

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