5.6.08

Suíça: 4-4-2 e... optimismo!

ver comentários...

O Euro está a poucos dias do seu inicio e falta deixar aqui mais algumas conclusões que se puderam retirar dos jogos dos adversários de Portugal. Particularmente, a Suiça que aparece como provavelmente a mais imprevisível das equipas do grupo, contrastando a vantagem do factor casa com o facto de ser, teoricamente, a mais fraca das equipas do grupo A.

O jogo que serve de base a esta análise é a vitória (3-0) dos Suíços, em casa, frente ao modesto Liechtenstein. Aparentemente este seria um jogo de pouco interesse e em que poucas dificuldades poderiam ser colocadas à formação Suíça, mas a verdade é que o que se viu foi algo bem diferente desse cenário. Kobi Kuhn repetiu o onze que havia derrotado a Eslováquia por 2-0, dando a ideia de que esta poderá ser mesmo a aposta para o inicio da competição, ainda que se possa deixar em aberto a entrada de jogadores como Barnetta, Derdiyok, Philipp Degen ou Cabañas. Uma coisa parece certa, no entanto, o 4-4-2 clássico deverá ser a opção de Kuhn.

Para ser franco, aquilo que vi contra o Liechtenstein agradou-me bastante e, tendo em conta a minha perspectiva, este deve ser encarado como um comentário pouco abonatório para o futebol da selecção suíça. Primeiro, o 4-4-2 clássico que se viu é uma autêntica sentença de incapacidade para dominar as operações no meio campo. Os 2 médios, Fernandes e Inler, são muito pouco auxiliados, quer pelos alas que se mantêm geralmente abertos, quer pelos avançados, que têm um posicionamento que já se vê pouco no futebol moderno, permanecendo em simultâneo na zona central. O resultado desta estratégia é um futebol que tem dificuldades em encontrar apoios para a posse de bola e que tenta orientar-se ou para as alas, ou então para Frei, que funciona como pivot. A dificuldade em criar apoios à posse de bola resultou depois algumas perdas de bola que terminaram com boas e inesperadas ocasiões perto da baliza de Benaglio.

Individualmente, importante salientar a qualidade do sector defensivo, com Senderos (Arsenal) e Muller (Lyon) a formarem uma dupla de respeito. Na lateral direita, Lichtsteiner (Lille) foi a opção, revelando-se particularmente expedito em termos ofensivos e forte nos cruzamentos – aliás, um dos movimentos a ter em conta nos Suíços são os cruzamentos dos laterais, que encontram sempre boa presença na área, com um dos extremos a juntar-se aos homens de área. Magnin (Estugarda) não é tão dinâmico com a bola corrida, mas é um perigo nas bolas paradas. No meio campo, maior importância dada a Gelson Fernandes (Man City) que é a referência como protagonista da primeira fase de construção. Inler (Udinese) partilha com Fernandes a partilha de todas as despesas do corredor central. Nas alas, Behrami (Lazio) e Vonlathen (Red Bull Salzburgo) não demonstraram ser grande apoio para o “miolo”, antes sim mais participativos nas combinações pelos flancos e no entendimento com os avançados, tendo ordens para aparecer em zonas de finalização. Na frente, Streller (Basileia) é um jogador perigoso no espaço aéreo, devido à sua altura, mas que revela pouca mobilidade, jogando entre os centrais. Mais relevante é o papel da estrela Alexander Frei (Dortmund), jogador nuclear, quer pela facilidade com que finaliza, quer pela inteligência com que aparece no espaço entre linhas – um dos movimentos típicos da Suíça ocorre quando Frei “baixa” para receber e, de costas para a baliza, tenta surpreender as defensivas adversárias, com toques subtis que tentam isolar Streller.

AddThis