16.6.08

Portugal - Suíça: Resultado irrelevante, algumas ilações

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Ao terceiro jogo a primeira derrota. Já se sabia da ausência total de importância da partida para o que resta da competição. Mesmo assim parece inevitável que os jogadores sejam bombardeados com a pergunta: “de que forma esta derrota poderá afectar a prestação nos quartos de final?”. Em termos racionais esta é uma ligação sem sentido, mas como o futebol é um jogo mais emocional do que racional, eu diria que o efeito do jogo da Suíça será aquele que a equipa portuguesa quiser...

A partida começou com uma evidente superioridade lusa, quer pela maior qualidade individual, quer pela forma como, tacticamente, a Suíça não encontrava linhas de passe para a sua construção. O jogo foi-se equilibrando progressivamente mas neste período começou a vir ao de cima aquela que será, talvez, a principal justificação para a derrota: a ineficácia na concretização. Ainda assim, foi também ainda no primeiro tempo que ficou igualmente patente, e mais uma vez, as dificuldades de Portugal nos pontapés de canto, com Ricardo a não ser dominador nas bolas que atravessavam a sua zona de baliza. Parece-me que a estatura menos imponente do guarda redes português faz alguma diferença neste aspecto, quando comparamos com outras figuras deste Europeu.

Na segunda parte, demorou 10 segundos a haver um remate dos suíços, dando o tónico para uma diferença de atitude e determinação perante o jogo que se compreende e que acabou por ser fundamental para o desfecho do jogo. Mas a verdade esta reacção não tem só mérito suíço... No segundo tempo, e para além da maior vivacidade imposta ao jogo, a Suíça passou a pressionar não só mais agressivamente, mas também mais alto. Portugal tem aqui bastante demérito pela forma ineficiente como explorou essa situação, não sendo suficientemente paciente nem criando movimentações que possibilitassem sair da pressão adversária. Aqui, e porque a formação suíça tem uma disposição táctica muito parecida com a Alemanha, nota para a importância dos movimentos no espaço entre linhas perante um meio campo de apenas 2 médios centro. Portugal, sem ter um jogador declaradamente a actuar nessa zona, tem de fazer os seus extremos surgir a criar os desequilíbrios. Isso não aconteceu nesse período com Nani e Quaresma a permanecerem muito junto à linha, facilitando a tarefa da pressão suíça. Nota na fase final para o recurso a Hugo Almeida. Espero que Portugal nunca venha a recorrer a um jogo directo iludindo-se com a estatura do jogador. É que a característica física de uma individualidade não é suficiente para que o colectivo seja minimamente eficaz na utilização desse recurso.

A opção Meira
Tal como havia antecipado, Scolari utilizou Meira a pivot defensivo. Visto o jogo, parece-me que o comportamento do jogador do Estugarda foi positivo, com um posicionamento que se aconselha para o jogo com a Alemanha. Aqui, não está em causa a estatura do jogador (a Alemanha não recorre ao jogo directo como opção primária do seu jogo) mas sim o seu perfil posicional, no entanto, parece-me que Meira pode mesmo vir a ser titular frente aos alemães, com a manutenção de Petit no onze a não ser uma possibilidade a excluir.

Individualidades
Não quero fazer demasiadas apreciações a este nível, mas ainda assim não deixo de fazer dois destaques, um positivo, o outro negativo. Pela positiva, Veloso. Tinha referido antes do Europeu que a sua qualidade de jogo ficaria evidente se Scolari recorre-se a ele durante o Euro e assim foi. Não lhe reconheço grandes qualidades nem no posicionamento nem na agressividade sem bola, mas quando o jogo lhe chega aos pés é um fora de série. Se souber evoluir e se tiver quem tire partido desse seu atributo pode tornar-se num dos melhores jogadores do seu tempo na primeira fase de organização. Menos crónica é apreciação negativa que faço ao jogo de Miguel. Todos conhecemos o potencial, o momento é que parece não ser o melhor, tanto no aspecto físico como no decisional....

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