30.6.08

Espanha: Indiscutível!

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O Campeão
Primeiro a nota para o Campeão. A Espanha foi de facto, e indiscutivelmente, a melhor equipa do Euro. As individualidades, já se sabia, eram óptimas e se é verdade que não partilho do exagero (previsível e habitual nestas alturas) de fazer desta uma equipa perfeita do ponto de vista colectivo, creio que teve alguns méritos importantes, também nesse plano. A saber:

- Primeiro, foi uma equipa que assumiu sempre a sua característica, a qualidade da posse de bola. Aqui o destaque vai para a opção por Iniesta e David Silva. Aragonês poderia ter ido buscar 2 extremos de faixa que “encaixassem melhor” no seu 4-4-2 clássico. Assim perdeu largura, mas reforçou uma qualidade genuína da sua equipa que ninguém conseguiu parar.

- Igualmente importante foi a segurança e pragmatismo espanhol no plano defensivo. A transição defensiva é fundamental neste tipo de provas onde um golo faz toda a diferença. Senna e os laterais, pouco aventureiros, garantiram um equilíbrio permanente. Por aqui se começa a explicar o notável registo defensivo.

Creio, no entanto, e esta foi uma critica que fiz no inicio, que o 4-4-2 clássico não era o esqueleto ideal para esta Espanha. Aliás, penso que a lesão de Villa acabou por ser positiva em termos tácticos para a selecção espanhola. Dito isto, não espanta a minha conclusão de que Aragonês, apesar dos méritos que referi (e há ainda um outro que tem a ver com a liderança, mas que não vou abordar aqui), não foi um treinador particularmente brilhante ao nível da visão que demonstrou na estratégia antes e durante os jogos (particularmente pelas suas substituições quase mecânicas).

A Final

O inicio
Confirmado o confronto de 4-5-1 e a ausência de novidades ao nível de individualidades, restava confirmar a postura estratégica, particularmente da Alemanha, já que a superioridade do jogo espanhol e a própria falta de apetência de Aragonês para estas adaptações estratégicas colocavam praticamente de parte alguma coisa específica da Espanha para a final. Os primeiros minutos – e este período durou 15 minutos – mostraram uma Alemanha muito consciente daquilo que tinha de fazer no jogo. Particularmente no que respeita ao posicionamento em relação à primeira fase de pressão espanhola (onde os russos haviam falhado). Com Klose muito próximo da linha média, a Alemanha impediu dificultou muito a vida ao primeiro passe espanhol, forçando muitas vezes a serem os centrais os protagonistas desse momento (outra evidência desta preocupação alemã com a primeira fase de construção espanhola, foi o facto de terem obrigado Casillas a bater bolas longas). Neste período chegou mesmo a dar a ideia de que poderíamos assistir a uma surpresa, com a Alemanha a montar uma teia ao jogo espanhol, mas a verdade é que os alemães acabariam por, rapidamente, evidenciar as suas limitações. A falta de qualidade técnica alemã começou a vir ao de cima e as perdas em posse foram transformadas em oportunidades para o meio campo espanhol pegar, finalmente, no jogo em posições mais adiantadas no terreno. A partir daqui, a Espanha conseguiu o domínio definitivo do jogo e, pode dizer-se, terá colocado a sua primeira mão na ambicionada Taça.

O golo
A vantagem chegaria, curiosamente, numa jogada em construção numa das primeiras vezes em que a Alemanha perdeu controlo sobre Senna e, seguramente, na primeira vez em que o seu meio campo permitiu a invasão do seu espaço entre linhas. Um erro posicional que é recorrente nos alemães e que tinha identificado no jogo com a Turquia, a definição de uma só linha de médios, possibilitou que um só passe retirasse todo o meio campo germânico da jogada. A bola chegou a Xavi que fez mais um passe de rotura. Metzelder colocou-se mal, Torres teve mérito, mas o que fez Lahm é imperdoável, perdeu um lance depois de ter ganho a posição. Depois das debilidades técnicas terem entregue o domínio do jogo aos espanhóis, outra reconhecida debilidade alemã deu-lhes vantagem no jogo: as fragilidades defensivas (neste caso, primeiro em termos colectivos, depois em termos individuais).

O resto do jogo
Francamente, da maneira como vejo a história do jogo muito do que há para dizer termina no golo de Torres. A partir desse momento a Espanha passou a ter todas as vantagens na partida, jogando com os erros de um adversário que era obrigado a arriscar e tendo o acréscimo de confiança fundamental num jogo de tanta pressão. Esta ideia está reflectida na forma como a sua superioridade ficou mais patente a partir do 1-0. Convém, no entanto, mencionar aquele pequeno período de algum fulgor germânico após a entrada de Kuranyi e o restabelecimento do 4-4-2 com que a Alemanha havia debutado o Euro. Na minha perspectiva, esse período deveu-se mais a um crescendo emocional, sustentado por alguns desequilíbrios que partiram sempre de bolas divididas ganhas a meio campo, do que a um desequilíbrio táctico provocado pela alteração de Low – aliás, pelo contrário, o 4-4-2 dava mais poder ao meio campo espanhol. Neste aspecto, discordo ainda com a ideia do brilhantismo atribuído à visão de Aragonês nas substituições. De facto, justificava-se a entrada de Xabi Alonso, mas tendo visto os jogos anteriores da Espanha, diria que as substituições ter-se-iam feito mesmo que Low não tivesse mudado nada.

Desinspiração alemã
Nesta vitória de superioridade espanhola, há que referir um pormenor importante. É que ninguém esperaria que os alemães se destacassem pelo domínio do jogo. Antes pelo contrário, exigia-se que a Alemanha tirasse de novo partido da sua eficácia ofensiva e, em particular, dos lances de bola parada. A verdade, no entanto, é que ao contrário do que aconteceu em praticamente toda a competição, Ballack, Klose, Podolski e Schweinsteiger revelaram-se desastrados nos momentos decisivos. Na área nunca foram incisivos como é costume e, nas bolas paradas, assistimos a uma sucessão de livres e cantos todos apontados de forma deficiente. É impossível deixar de lembrar o contraste com a inspiração revelada frente a Portugal... Assim teria sido bem mais fácil!

Individualidades
Individualmente, podia destacar praticamente toda a equipa espanhola (pelo menos pelo que aconteceu a partir do tal quarto de hora inicial). Casillas imaculado, a defesa sempre concentrada – nota para a coordenação no fora de jogo – e o meio campo à altura da qualidade que se reconhece. O meu destaque vai, ainda assim, para Torres. Sozinho na frente foi decisivo e incansável. Xavi também poderia ser a escolha, mas esta será para sempre a final de Fernando Torres.

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Resumos Euro2008

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28.6.08

5 questões para a final:

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Sistema táctico: Confronto de 4-5-1?
Depois de um Euro iniciado em 4-4-2 pelas 2 formações, tudo aponta para que possamos ter um confronto de 4-5-1. No caso da Alemanha a alteração surgiu por motivos estratégicos frente a Portugal, tendo-se mantido frente à Turquia. Como a Espanha também deverá jogar com 5 homens no meio campo, prevê-se que Low não altere esta opção. Ainda assim, diria que, entre Aragonês e o seleccionador alemão é mais provável assistirmos a uma surpresa no esquema germânico, sendo Aragonês mais conhecido pela continuidade nas suas opções (aliás, isso tem-se visto até na forma “mecânica” como faz as substituições). Nota, no entanto, para realçar as diferenças entre os dois esquemas: (1) 4-1-4-1 pela Espanha e 4-2-3-1 na Alemanha. (2) a dinâmica dos extremos torna bem diferentes os esquemas quando em acção. Na Alemanha 2 jogadores abertos nas alas (Podolski e Schweinsteiger). Na Espanha, Iniesta e David Silva não escondem a tendência para oferecer apoios na zona central, tornando o jogo espanhol muito menos lateralizado.

Pontos fortes: Organização ou Transição?
Se olharmos aos pontos fortes das equipas nos 4 momentos de jogo (excluindo, portanto, as bolas paradas), dir-se-ia, sem qualquer dúvida, que há um contraste entre as duas equipas. Na Espanha, a força está na qualidade da organização ofensiva, particularmente no seu primeiro momento. Na Alemanha, a velocidade e clarividência com que sai em transição ofensiva é a principal arma. A primeira conclusão é que este confronto de características deverão resultar num jogo de maior domínio espanhol, mas com a Alemanha declaradamente a procurar ser mais perigosa, mesmo com menos ataques. Se me perguntassem quem leva vantagem, teoricamente diria que quem joga em transição, sabendo fazê-lo, pode tirar mais dividendos porque usufrui de mais espaço. Mas, neste caso, a questão não é tão simples... Para poder ser forte na exploração numa estratégia de transição, a Alemanha tem necessariamente de conseguir, primeiro, ser eficaz em organização defensiva e é aqui reside o problema. As debilidades dos alemães são evidentes em termos defensivos e essa tendência poderá ser potenciada pela grande qualidade da posse de bola espanhola. Aqui será fundamental a adaptação ao jogo de apoios espanhol na zona central. Se os alemães adiantarem a sua linha média na ansia de pressionar, se voltarem a cometer o erro de não criar várias linhas com o posicionamento dos seus médios, então, os espanhóis podem mesmo começar a preparar-se para a festa.

Opção: Com ou sem Frings?
Claramente é o melhor médio defensivo dos alemães. Pela qualidade de passe e pela capacidade de luta que oferece ao meio campo. Low abdicou dele nos 2 últimos jogos por motivos não muito claros, mas na final duvido que o volte a fazer – até porque jogou 45 minutos contra a Turquia. Esta é, de resto, a grande dúvida para os onzes, caso, naturalmente, não haja uma surpresa estratégica de um dos treinadores.

Estratégia: Como defender Lahm?
É um jogador que, invariavelmente, tem merecido motivos de preocupação pelos treinadores adversários. Por exemplo, Portugal colocou Simão declaradamente sobre a direita, para tapar as suas subidas. De facto, a Alemanha tem uma forma bastante assimétrica de atacar, quer pela características dos laterais, quer dos próprios extremos – a bola entra quase sempre na esquerda na construção. Se é certo que vamos ver Sérgio Ramos regressar às exibições mais discretas do ponto de vista ofensivo, com a presença de Podolski no seu flanco, será que vamos também ter um ala mais fixo do que é habitual na Selecção espanhola? Parece-me que Aragonês não o fará, mas essa pode ser uma vantagem no momento da transição alemã, com os movimentos interiores dos alas a impossibilitarem um apoio imediato a Ramos. Uma nota, muitas vezes a tendência ofensiva dos laterais é aproveitada para fixar um extremo sobre esse flanco que não defende, podendo depois aproveitar o espaço em transição. No caso da Espanha essa opção não se põe, claramente.

Bolas Paradas: Quem vai ser vigiado individualmente?
Não é surpresa se disser que da eficácia defensiva neste tipo de lances depende muito do sucesso espanhol. A vantagem de alturas deverá ser ainda maior do que no confronto contra Portugal, mas duvido que os espanhóis (ou qualquer equipa) se revelem tão desconcentrados neste particular quanto os portugueses naquele jogo de Basiléia. Outra curiosidade desta final é o facto de Espanha e Alemanha serem das 4 equipas que neste Europeu defendem zonalmente nos cantos. Mas há aqui uma nota... A Espanha vem acrescentando a essa organização zonal uma marcação individual a 2 jogadores específicos do adversário, normalmente por Sérgio Ramos e Fernando Torres. Esta é uma opção, na minha opinião, inteligente dada a baixa estatura dos espanhóis (ao contrário do que tem sido dito esta característica é desfavorável à aplicação do método zona por poder ser potenciado um confronto directo entre jogadores de estaturas excessivamente dispares). Frente à Itália foram Toni e Panucci os elementos vigiados individualmente e frente aos russos, Pavlyuchenko e Ignashevich. O problema é que, no caso da Alemanha, torna-se difícil escolher 2 entre tantas “torres”...

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27.6.08

Espanha: A confirmação do favoritismo!

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O mediatismo da evolução russa no Euro quase fez esquecer que há apenas 2 semanas estas mesmas equipas haviam protagonizado um dos resultados mais desequilibrados da competição. Esta foi por isso uma segunda oportunidade que a Rússia não soube superar frente ao mesmo adversário. Na verdade, os lapsos russos não foram bem os mesmos mas, no final, veio ao de cima, tal como nesse primeiro encontro, a maior qualidade das individualidades espanholas, particularmente numa primeira fase de construção que, pode dizer-se, foi a besta negra das aspirações russas no Euro 2008.

No primeiro jogo da fase de grupos, a Rússia lançou-se de forma tão determinada como descompensada nas suas acções ofensivas. O resultado, foi a exposição dos seus elementos mais recuados que, com erros individuais, não conseguiram remediar (e digo remediar porque não houve nesse jogo uma prevenção colectiva para o equilíbrio no momento da transição defensiva) as transições espanholas. Desta vez, e tal como contra a Holanda, houve uma postura mais comedida no adiantamento das unidades russas quando em posse de bola. O jogo ficou por isso menos propenso a transições, quer de um lado quer do outro (os espanhóis deixam sempre 4 a 5 jogadores atrás da linha da bola no momento da perda) e, consequentemente, definido pelos momentos de organização ofensiva e defensiva. Foi precisamente aqui que os espanhóis ganharam, desde cedo, ascendente no jogo.

O pressing russo: O erro de Hiddink
Não há dúvida dos méritos de Hiddink na composição desta formação russa, mas não me parece que tenha sido uma formação isenta de erros estratégicos esta Rússia. Contra a Espanha, houve uma reprodução da postura posicional do bloco russo, em organização defensiva, em relação ao jogo com a Holanda. Ou seja, o pressing era sobretudo feito pelo quarteto de meio campo. Arshavin e, sobretudo, Pavlyuchenko permaneceram com uma atitude muito passiva e nada perturbadora para a saída de bola adversária. Se perante a Holanda, devido à pouca mobilidade do seu duplo pivot e incapacidade ofensiva de Boulahrouz, a acção dos 4 de meio campo foi mais do que suficiente, frente à incomparável maior qualidade espanhola nesse momento do jogo deveria ter havido outra precaução. Sem Pavlyuchenko e com muito pouco Arshavin a pressionar, facilmente a construção espanhola fazia da posse de bola um engodo para o pressing russo que subia as suas linhas, sendo incapaz de cortar as linhas de passe e abrindo espaços na sua zona entre linhas. Esta tendência ainda foi suavizada enquanto se manteve o 4-4-2 espanhol, mas com a saída de Villa e entrada de Fabregas, tornou-se depressa evidente que o desnorte do pressing russo – sempre em inferioridade numérica na zona intermediária – acabaria por ter consequências drásticas para a formação russa. Hiddink não rectificou, o duo da frente não alterou o seu comportamento e a Espanha chegou a uma vantagem que conduziu o jogo para uma espécie de reedição da segunda parte do primeiro confronto. O resultado foi o mesmo, um passeio espanhol, desta vez com a final como destino.

Coincidências tácticas para a final
Para a final a Espanha parte como favorita, mas deverá ter na Alemanha uma oposição bem diferente desta Rússia. Curioso que chegam à final duas formações que foram trabalhadas no 4-4-2 clássico (o sistema, claramente, da moda neste Euro), mas que provavelmente se apresentarão em 4-5-1 nesse embate final. Outra curiosidade, particularmente debatida em Portugal (e com pouco rigor, em minha opinião), é o facto de 2 das 4 equipas que marcam zonalmente nas bolas paradas atingirem a final. Aqui, mais um detalhe: A Espanha, uma equipa baixa tal como Portugal, marca à zona mas tem definido acompanhamentos individuais aos jogadores mais perigosos do adversário (normalmente 2). Não será por acaso...

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Libertadores: Vendaval da LDU na primeira mão da final!

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Enquanto a Europa dormia entre as duas meias finais do Euro 2008, jogava-se na América do Sul, mais precisamente no Equador, a primeira mão da final inédita da Libertadores. A LDU Quito recebia o favorito Fluminense, mas quem tinha visto os jogos anteriores sabia – e escrevi-o aqui – que a tão aclamada final antecipada entre Boca e Fluminense podia, afinal, não ser tão esclarecedora quanto ao vencedor da prova. A este respeito, a primeira mão da final não podia ser mais esclarecedora... Em Quito assistiu-se a um autêntico vendaval da LDU!

Sem surpresas nos esquemas e onze iniciais, o jogo arrancou bem cedo com a fúria dos equatorianos: com pouco mais de 1 minuto, já o ponta de lança Claúdio Bieler havia dado vantagem à LDU. A reacção dos brasileiros foi boa e podia pensar-se que o empate de Conca – soberbo livre – poderia servir de cubo de gelo para a euforia dos equatorianos. Mais uma vez, puro engano! Ao intervalo ganhavam por um escandaloso 4-1, depois de terem atravessado uma fase de autêntico massacre à baliza de Fernando Henrique, parecendo que os jogadores da LDU tinham íman, tal a forma como todas as combinações perto da área saíam perfeitas. No segundo tempo, o Flu respondeu e reduziu para 4-2 antes de nova fase de algum assédio equatoriano a um quinto golo que não surgiu porque as pernas dos jogadores também acusaram cedo o desgaste de um primeira parte de grande intensidade...

Agora, como explicar esta exibição do Quito? Altitude? Desgaste brasileiro após tantas horas de viagem? Seguramente. Mas, como já havia identificado, esta equipa equatoriana tem aquilo que poucas vezes vemos no futebol sul americano: pragmatismo táctico. Ao permanente equilíbrio defensivo, a LDU junta um quarteto ofensivo de respeito e que, na minha opinião merece um olhar bem atento. Nas alas 2 equatorianos desconcertantes: Guerron, o mais mediático e Bolaños. Ambos de 23 anos, ambos muito fortes tecnicamente, particularmente no 1 contra 1. Guerron é mais explosivo, mais inventivo e mais forte fisicamente. Bolaños é esguio, numa reprodução muito idêntica ao estilo de Robinho. É também forte no 1 contra 1, mas mais pragmático com a bola e, também, mais temível de meia distância. No meio, o organizador argentino Damian Manso. Fino em termos técnicos, tem liberdade para jogar solto na coordenação do ataque. É uma função quase inexistente na Europa, mas Manso revela nela todas as suas qualidades técnicas. Na frente, finalmente, outro argentino: Bieler. “Sentar” o histórico Agustin Delgado, mesmo sendo este já veterano, não é fácil e isso diz tudo da importância de Bieler. Funciona como pivot, como referência na profundidade e, mais importante, como elemento decisivo no jogo de área. Faz tudo isto com uma grande dose de entrega e esse é outro dos seus méritos.

4-2 é, sem dúvida, um óptimo resultado, até se tivermos em conta a consistência desta formação equatoriana nas eliminatórias anteriores. No Maracanã, no entanto, com um ambiente intimidador e a grande qualidade ofensiva do Flu, é possível esperar qualquer desenlace para esta final...


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26.6.08

Alemanha: o finalista do costume

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Aí está, sem surpresas, o primeiro finalista do Euro. Olhando para o sorteio e para a sequência de jogos, era previsível que entre Alemanha, Portugal e Croácia saísse 1 finalista. A primeira fase confirmou esta ideia e se não era a equipa mais forte do ponto de vista na maioria dos aspectos do jogo, a Alemanha fez valer a competência com que joga nas zonas decisivas do campo para garantir o passaporte para mais uma final da sua história – mais uma vez fica a sensação de este ser já um feito além das potencialidades da equipa germânica, mas essa é, como já aqui recordei, a história do futebol alemão.

No que respeita ao jogo, tendo em conta que os jogadores eram quase na sua totalidade originários dos campeonatos turco e alemão, não surpreendeu. Muito ritmo, golos, mas muitos erros quer individuais, quer colectivos. De resto, a única surpresa deste jogo esteve na postura da Alemanha. A forma desconcentrada e pouco reactiva como os seus jogadores entraram no jogo são, na minha opinião, a principal justificação para as dificuldades que a Mannschaft teve para confirmar a sua presença na final. Do lado turco, as limitações que Terim tinha para constituir a equipa não afectaram em nada a estratégia. Ou seja, a Turquia voltou a ser uma equipa montada em 4-1-4-1, que pressionou a partir de onde os alemães permitiam, sem definir uma zona de pressão mais “calculista” mesmo quando se apanhou a ganhar. Outro aspecto importante para o domínio turco nos primeiros minutos foi o aproveitamento do mau posicionamento do meio campo alemão. Claramente pouco habituados a jogar com 3 homens na zona central, os alemães cometeram frequentemente o erro de alinhar posicionalmente os seus jogadores do “miolo”, o que facilitava a tarefa turca, podendo com um só passe vertical ultrapassar todo o meio campo adversário, o que aconteceu por algumas vezes nos primeiros minutos.

Ainda assim, e apesar de toda esta sobranceria alemã, foi desde cedo notório que do lado turco existia uma espécie de inconsciência para o perigo que representava a exposição às transições germânicas. Foi assim, em transição, que os alemães empataram e também assim que poderiam ter marcado de novo, com a Turquia não só a acumular alguns erros proibitivos em posse de bola, como a expor-se em demasia quando tinha a bola. Esta tendência turca para o descalabro defensivo pareceu-me sempre mais relevante do que a exibição desinspirada dos alemães, mesmo quando o jogo baixou o seu ritmo no segundo tempo. Foram precisamente estas fragilidades turcas que ditaram lei na etapa decisiva da partida. Os alemães podem ser frágeis defensivamente, mas na hora de aproveitar o erro do adversário, tal como contra Portugal, são mortais e isso, goste-se ou não, vale uma presença na final, mesmo não havendo superioridade noutros capítulos do jogo.

Com um sistema e protagonistas diferentes, é curioso verificar que as qualidades e defeitos desta equipa alemã se mantêm as mesmas desde o primeiro jogo. Grande capacidade para sair em transição, com notáveis e rapidíssimas trocas de passe sempre em progressão e uma enorme força na zona de finalização onde muito facilmente tira partido de qualquer erro que possa existir. Por outro lado, dificuldades defensivas, não só pela debilidade individual de alguns dos seus jogadores como por algumas deficiências na forma como se organiza defensivamente. Ainda assim, deixo a nota: será considerada teoricamente mais fraca à partida para final (seja contra a Rússia ou Espanha), mas não se enganem, o nível de concentração vai ser muito maior do que o que se viu com a Turquia e, mais uma vez, se o adversário facilitar no que quer que seja, eles lá estarão para aproveitar!

Quanto às individualidades, destaco do lado turco e mais uma vez Hamit Altintop. Foi um dos melhores médios do Euro, sempre com dinâmica e qualidade nas suas acções desde o inicio da competição. Do lado alemão, Frings é claramente melhor do que Rolfes ou Hitzlsperger e dúvido que seja suplente na final. Podolski voltou a ser determinante, tal como Schweinsteiger (nota para a semelhança entre os movimentos que antecederam os seus golos frente à Turquia e Portugal), mas há um nome que quero destacar em especial: Miroslav Klose. É um avançado que aprecio particularmente pela forma inteligente como joga. A única coisa que me espanta é como é que não marcou mais golos na fase inicial da competição...

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25.6.08

O resgate de Cristian Rodriguez

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Não será um caso inédito mas é, sem dúvida, um marco deste defeso. Depois de Postiga, Rodriguez, torna-se no segundo jogador a trocar de “grande” neste ano, o que, convenhamos, não é normal... Se Postiga e Rodriguez têm essa coincidência, já a forma como foram processados os 2 negócios não têm nada de comum.

Que Cristian Rodriguez é um jogador de qualidade e, talvez mais importante, com muito potencial, não há dúvidas. Aos 22 anos a sua primeira época em Portugal deixou realmente perspectivas muito positivas para o futuro e por isso o Benfica fez tanto esforço para o contratar em definitivo. No entanto, não consigo ter a certeza de que Rodriguez fosse uma prioridade para Jesualdo Ferreira ou, do ponto de vista desportivo, mesmo para o próprio Pinto da Costa (é curioso como mesmo depois desta contratação o Presidente portista tem dificuldades em tecer elogios ao jogador). Se vai ser opção como extremo no 4-3-3 actual ou parte integrante de um 4-4-2 que já há algum tempo se anuncia como de possível introdução por Jesualdo, isso é ainda incerto, sendo que para muito importará saber se Lucho e, sobretudo, Quaresma irão ou não continuar de dragão ao peito.

Se persistem estas dúvidas no plano desportivo, fica aquilo que para mim é uma certeza: 7 milhões por 70% do passe de um jogador com nacionalidade uruguaia, acrescidos do elevado salário que vai certamente auferir, são um valor muito difícil de ser rentabilizado. Se juntarmos a esta ideia, o já referido pouco entusiasmo de Pinto da Costa em relação ao jogador, então torna-se evidente que este foi um esforço feito pelos portistas para marcar mais uns pontos na guerra com o Benfica. Também não é uma situação nova e veremos se fica por aqui este confronto dos dois “grandes” no mercado...


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24.6.08

A questão Seleccionador

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Este parece ser o debate do pós Euro 2008 no que à Selecção diz respeito. Fica claro – pelo menos para mim – que Scolari marcou uma fase de transição na cultura da Selecção. Hoje, mais do que nunca, Portugal, país, vive a sua Selecção à margem dos clubes. Mas hoje, mais do que nunca, Portugal, país, pede resultados de excelência à Selecção. Este é o legado de Scolari...

Creio, no entanto, que se vive hoje uma fase de transição na Selecção Nacional. Transição ao nível de individualidades e transição, também, ao nível das características dos principais protagonistas. Desde o inicio dos anos 90 que a principal referência da Selecção foram Figo e Rui Costa, e foi com base nas características destes 2 jogadores que se foi moldando a ideia de jogo que ainda hoje prevalece na principal equipa nacional. Acontece que Portugal tem no seu elenco Cristiano Ronaldo, um jogador de características diferentes e que será, provavelmente, a referência da Selecção na próxima década. Juntando a isto a ideia da necessidade de tornar Portugal numa equipa mais forte nos pormenores do jogo (por exemplo as bolas paradas) e nos momentos de transição, parece-me que há a importância de encontrar um nome capaz de fazer algumas reformas no modelo de jogo actualmente em vigor na Selecção. Para isso será, naturalmente, preciso algo mais do que um bom líder.

A hipótese Peckerman e o perfil "Carlos Queiroz"

Com a hipótese Peckerman tem ganho força a contratação de um Seleccionador que reforme (e que seja responsável por) toda a formação da Selecção, vindo à memória o caso Carlos Queiroz. A minha opinião é totalmente desfavorável a esta intenção. A Selecção AA (e o Mundial 2010) são objectivos suficientes para concentrar as atenções de quem venha a ser o escolhido e, por outro lado, a avaliação da sua performance não deve ser misturada com outros aspectos de base. Afinal o que faríamos se 2010 fosse um fracasso? Abdicaríamos de um trabalho de longo prazo na formação por causa dos resultados dos AA? Ou continuaríamos com um Seleccionador sem resultados satisfatórios para não sacrificar o trabalho de base? Parece-me, claramente, que estes papéis devem ser separados (aliás, o próprio Queiroz não fez as reformas na formação como Seleccionador principal)...

Os meus 2 perfis:

Perfil “Van Basten” – Como sempre tenho defendido a qualidade deve sobrepor-se ao currículo. Acredito numa solução de um ex-jogador sem experiência relevante como treinador, mas com cultura de Selecção e uma ideia concreta sobre o futuro da Selecção. Este é um perfil que tem em Van Basten, Klismann ou mesmo Bilic exemplos mais recentes e que creio poder ser possível, devendo, obviamente, o candidato ser português.

Perfil “Scolari” – Este parece ser o mais popular nesta altura. Um nome conceituado que tenha traquejo confirmado nestas andanças. O requisito essencial para este perfil é existência de experiências com sucesso em grandes competições ao nível de Selecções. A este eu acrescento a capacidade e conhecimento táctico para fazer as reformas que atrás referi como importantes (Scolari falhava neste particular). Aqui não há exigências quanto a nacionalidade e, mesmo considerando que ajuda na comunicação, casos como Hiddink confirmam que a língua também pode não ser essencial. Neste aspecto eu junto apenas o enquadramento táctico. Ou seja, tudo o que sejam treinadores que não conheçam com profundidade as tendências tácticas do futebol europeu, não me parecem adequados.


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23.6.08

Espanha: Superada a barreira dos Quartos!

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Ao quarto semi finalista surge uma Espanha que se torna na única Selecção com um percurso imaculado a chegar a esta fase da prova. Num registo de aposta na continuidade, Aragonês tem uma ideia de jogo consolidada que, como referi após o primeiro jogo, não me parece nada brilhante, mas que é sustentada por um leque de individualidades fortíssimo. Este é, aliás, o grande ponto forte espanhol quando comparado com os restantes semi finalistas. Não encantou colectivamente como a exibição russa frente à Holanda, mas, como se sabe, o peso das individualidades pode mesmo ser o mais relevante para definir o campeão...

Frente à Itália, a Espanha apareceu com Senna numa posição mais fixa como médio mais recuado atrás de uma linha de 3 (tendência natural já revelada durante os primeiros jogos), fazendo sempre o seu jogo assentar na qualidade que os seus jogadores oferecem à posse de bola. Esta é a característica da selecção espanhola que rivalizou, neste jogo dos quartos de final, com uma Itália disposta a não discutir tanto a posse de bola, e optar, antes sim, por um jogo de processos mais simples que tem sempre em Luca Toni uma referência prioritária. O que se viu foi um jogo prudente de parte a parte, sem desequilíbrios posicionais em posse de bola e uma preocupação permanente evitar as tão temidas transições do “inimigo”. Houve oportunidades, é certo, mas o 0-0 não é um resultado nada estranho.

Apesar de entender que o jogo foi bastante equilibrado, tendo em conta as características e objectivos no jogo de cada uma das equipas, parece-me que a Espanha acaba, de facto, por ser o mais justo dos vencedores. A selecção espanhola tem dificuldades evidentes em apresentar movimentos rotinados, tirando, ao invés, partido da já falada qualidade dos seus jogadores, que acabam, umas vezes melhor, outras pior, por compor as jogadas ofensivas. Há ainda uma notória dificuldade em dar largura ao seu jogo ofensivo, com os médios ala a jogarem muito mais no espaço interior e os laterais a aventurarem-se muito pouco ofensivamente. Ainda assim, maiores terão sido as limitações da selecção italiana. É certo que, ao contrário da Espanha, sabe sempre a forma como vai fazer a bola chegar às zonas de finalização, tendo um jogo mais vertical e objectivo, mas o recurso a Luca Toni tornou-se obsessivo e acabou por absorver em demasia as acções ofensivas dos transalpinos. Ora com passes verticais para as costas da defesa (na ausência de Pirlo este recurso foi claramente menos eficaz), ora com cruzamentos largos, sempre à procura de Toni (muitas vezes feitos com a participação ofensiva dos laterais), as jogadas italianas acabavam sempre por morrer na incapacidade que Toni revelou para vencer os seus duelos ofensivos. Com Donadoni a não apresentar qualquer alternativa ao avançado do Bayern, foi a Espanha quem acabou por dar melhor sequência às suas acções.

Vencendo nos penaltis e num dia traumático, a Espanha acredita agora que, quebrada barreira psicológica dos quartos de final, esta poderá, mais do que nunca, ser a equipa vencedora do Euro. Será muito curioso a repetição do embate com os russos, mas não creio que, em caso de derrota, esta seja uma experiência com menos sabor a frustração para os espanhóis...

Breves notas individuais para Fabregas e Aquilani. O primeiro mexeu com o jogo com a sua entrada e será, assim à moda da basquete, o melhor 12º jogador desta prova. O segundo era uma curiosidade que tinha de ver jogar nesta prova. Infelizmente o posicionamento de Aquilani, descaído sobre a direita, acabou por tornar o jogo deste entusiasmante jovem da Roma numa exibição muito discreta... é que nem um rematezinho!

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22.6.08

Rússia: Apresentação da candidatura

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Fantástico! Este é o adjectivo que me ocorre para classificar a exibição russa frente à Holanda. Depois de algumas reticências em relação à oscilação russa nos primeiros jogos, Hiddink deixou bem claro que esta uma selecção com maturidade suficiente para fazer ajustamentos estratégicos, fundamentais para quem vencer uma competição com estas características. Disse desde o inicio que as selecções mais capazes de vencer estas provas são aquelas que vão evoluindo com a competição, muito mais do que aquelas que aparecem bem preparadas no seu inicio. A Rússia encaixa perfeitamente nesta ideia (ao contrário da Holanda), e julgo dever ser considerada como uma dos principais candidatos à vitória. Para já, e apesar do tal preconceito em relação à equipa holandesa, quem gosta de futebol ofensivo fica claramente a ganhar com o apuramento russo, ainda que fique agora a certeza de que a Rússia pode ser bem mais do que um simples "entertainer" deste Euro.

Para a partida tinha a curiosidade de ver qual a postura dos russos que, tal como referi, deveriam ser mais cautelosos nas suas abordagens, frente a uma Holanda que se havia revelado muito pragmática e eficaz no aproveitamento dos desequilíbrios (tanto na profundidade como no espaço entre linhas) dos seus adversários. Hiddink alterou ligeiramente o a disposição da equipa, introduzindo Saenko para uma função menos interior (provavelmente para “tapar” Van Bronckhorst), compondo um esquema não totalmente simétrico, com Arshavin a manter-se como jogador livre nas costas de Pavlyuchenko mas sempre partindo desde a esquerda. Mas a alteração mais importante esteve nos comportamentos e não no sistema. Com um bloco médio baixo a dificultar muito os passes holandeses para o espaço entre linhas, notou-se uma menor participação ofensiva dos laterais em relação aos jogos anteriores, havendo maior liberdade para Semak, normalmente mais preocupado com os equilíbrios defensivos para integrar acções ofensivas (foi ele quem desceu até à esquerda para fazer o cruzamento para o primeiro golo).

Com a Holanda a não surpreender, mantendo-se sempre muito preocupada com os riscos, quer no posicionamento, quer na posse de bola, a primeira parte foi pautada pelo equilíbrio, embora se nota-se sempre maior qualidade russa, sobretudo pela forma como dava maior mobilidade e dinâmica à sua posse de bola. Esta mobilidade acabou por estar na origem do primeiro e merecido golo russo e, a partir daí, tudo mudou! Já havia falado das 2 faces holandesas mas frente à Rússia veio ao de cima uma outra face que se revelou na primeira vez que Holanda esteve em desvantagem neste Euro. Grande falta de ideias ofensivas, com Snejder a tentar recorrentemente a meia distância e, por outro lado, uma enorme incapacidade nas transições defensivas (apesar do inegável mérito russo). Talvez fosse por isso que Van Basten revelou sempre tanta preocupação em prevenir-se das transições dos adversários...

O jogo ainda foi para prolongamento, e aqui ficam os 2 reparos que é importante fazer à equipa russa. Primeiro, a finalização: houve várias e boas ocasiões para chegar ao segundo golo e com este nível de eficácia, a Rússia poderá vir a ter problemas. Segundo, e mais importante, as bolas paradas. Fez lembrar Portugal a forma permissiva como se defenderam os livres indirectos (face ao que se tinha visto, não custava nada antecipar o golo do empate quando foi marcado um livre indirecto). A Rússia foi feliz porque só sofreu um golo, mas arriscou-se, tal como Portugal, a ver fugir o pássaro por um capítulo do jogo em que é obrigatório ser-se mais forte.

Ainda assim, e apesar deste sofrimento evitável, a Rússia tirou partido da maior frescura física no prolongamento, que se notou na incapacidade holandesa em se organizar de forma minimamente eficaz. Mais uma vez, o segundo golo tardou em demasia numa fase em que o desnível era enorme.
Nota final para Arshavin. Começa a arriscar-se seriamente a ser o melhor jogador do Euro...

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21.6.08

Análise do primeiro golo alemão

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Depois de alguma discussão no espaço de comentários da análise ao Portugal – Alemanha, voltei a ver algumas análises que responsabilizavam Pepe pelo lance do primeiro golo. Esta é, na minha opinião, uma visão totalmente errada e, por isso, resolvi compor um vídeo que explica, penso que com clareza, o meu ponto de vista.

Acrescento apenas que a interpretação posicional de Pepe é correcta de uma perspectiva da ocupação dinâmica das zonas (impedindo que o adversário crie uma zona onde tem superioridade numérica). A sua acção vai no sentido de criar uma zona de pressão junto à linha, basculando sem comprometer o equilíbrio na zona mais recuada. Mais, creio que a sua leitura da saída do desenvolvimento do lance é correcta e que provavelmente, devido à sua maior agressividade, Podolski teria mais dificuldade em ganhar sobre Pepe, caso Bosingwa não se tivesse mantido no lance até tão tarde (a falta de agressividade de Bosingwa é tão evidente quanto decisiva no lance).

Nota ainda – e não fiz qualquer análise vídeo a este lance – para a jogada do segundo golo alemão. Tem-se falado na falta de acompanhamento nas marcações individuais (nomeadamente Ronaldo tem sido criticado). As falhas portuguesas são tantas nos lances do segundo e terceiro golos (daí ter apelidado de “derrota primária” à eliminação de Portugal) que me parece difícil apontar um só responsável, mas saliento um pormenor que julgo ser decisivo no golo de Klose. Há uma enorme falta de sintonia dos jogadores, com uns a ficar para trás propositadamente na tentativa de fazer fora de jogo e outros a ignorar esta intenção e colocando toda a gente em jogo e, naturalmente, alguns sem marcação.


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Turquia: Quantas vidas ainda lhe restarão?

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Pois é, contra todas as perspectivas, temos a Turquia nas meias finais. Como já havia feito um acompanhamento da preparação turca para o Euro, não me surpreende o futebol praticado, antes sim, e creio que como a toda a gente, a forma como os turcos arranjam maneira de não cair neste Euro2008. São já 3 golos no último minuto depois dessa partida contra Portugal e, nesta altura, todos estarão expectantes para ver onde é que esta chama turca os vai levar (na memória, e apesar das diferenças no estilo está a forma semelhante em termos de galvanização como a Grécia surpreendeu a Europa há 4 anos).

Sobre esta equipa turca, e à margem dessa força de espírito inexplicável, não tem havido muita evolução desde o primeiro jogo contra Portugal. Há jogadores que têm jogado em diversas posições (alguns mesmo adaptados), mas o sistema, os princípios e mesmo os pontos fracos e fortes têm-se mantido praticamente inalterados desde o primeiro jogo. Apesar de ter um meio campo bem preenchido numericamente, a formação de Terim tem muitas lacunas na primeira fase de construção. Aliás, diria que ofensivamente a equipa vive de alguns rasgos que parecem surgir à margem do próprio ritmo de jogo. Esta capacidade de surpreender – que surge da qualidade de alguns dos seus interpretes – é, de resto, a principal virtude desta Turquia. No extremo negativo está, a já muito falada, limitação defensiva, tanto a nível colectivo, como individual. Ainda assim apontaria a falta de capacidade estratégica da equipa turca (porque tem jogadores para fazer um jogo mais inteligente, explorando de forma mais eficaz as transições) como a principal lacuna no trabalho de Terim. Para terminar, o meu destaque pessoal para algumas individualidades: Primeiro Hamit Altintop que me parece (e digo-o desde o inicio) ser a alma deste meio campo turco, sempre agressivo e activo no jogo e com boa qualidade técnica. Depois Tuncay, é talvez o jogador mais “manhoso” deste euro, num estilo muito ao género latino e que tem na técnica e imprevisibilidade as principais características. Finalmente (vou fazer só 3 destaques) Nihat, que não é, na minha opinião, devidamente aproveitado pelos tais princípios turcos mas cuja qualidade de movimentações já apareceu a fazer estragos.

Nota, finalmente, para o jogo com a Croácia. De fora fica, seguramente a melhor equipa entre as duas. No entanto, não consigo dizer que esta Croácia fosse uma equipa de grande qualidade. À margem do tal jogo em que surpreendeu tacticamente uma Alemanha desprevenida, não fez um grande Euro, nem mesmo um grande jogo nos quartos de final (apesar de ser a equipa mais merecedora de seguir em frente). Sobre a Croácia, e depois de Deco, dá para dizer que o Euro perdeu mais uma das suas figuras (talvez, a maior revelação): Luka Modric.

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Rússia: Risco ofensivo

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É única equipa dos quartos de final que não tinha aqui destacado em algum momento. Pois bem, a primeira coisa que digo é que esta Rússia é a formação mais ofensiva do Euro. Quando faço esta afirmação não estou, obviamente, a recorrer a dados estatísticos, antes sim aos princípios tácticos das equipas. Creio que nenhuma outra formação se desequilibra tanto em posse de bola e esta é uma característica que torna a Rússia num rival totalmente imprevisível.

A forma como Zhirkov e Anyukov aparecem permanentemente na frente como se fossem extremos (repare-se que foram os 2 laterais a fazer as assistências para os golos frente à Suécia), tendo em Semak uma espécie de contra peso para este balanceamento ofensivo faz-me lembrar a tendência táctica que acontece hoje no Brasil, onde a propensão ofensiva dos laterais é compensado, ou por um terceiro central, ou por um médio muito posicional. De resto, esta equipa russa, à imagem do futebol da ex-união soviética é particularmente forte em transições e ataques rápidos, colocando sempre muita gente em acção ofensiva, criando rapidamente situações de superioridade numérica. O outro lado desta “manta” está naturalmente algo destapado. Mais ainda, pode dizer-se que a Rússia junta alguma exposição posicional em posse de bola a algumas dificuldades individuais dos seus defensores, o que faz da sua fase defensiva (sobretudo a transição) o mais fraco dos seus pontos. Aliás, esse risco russo ficou bem claro frente à Espanha...

Não se pode falar desta equipa russa sem abordar algumas individualidades. Primeiro Arshavin, um dos destaques do Euro, a aparecer com grande qualidade (e a equipa melhorou claramente com ele) no terceiro jogo da fase de grupos e mostrar que pode vir a ser um dos destaques da competição, pela técnica e inteligência com que se movimenta (quem diz que já não equipas com verdadeiros número 10?). Depois, nota para a qualidade ofensiva dos 2 laterais, Anyukov e Zhirkov, peças fundamentais nos desequilíbrios ofensivos, para a inteligência de Zyrianov e, finalmente, para a qualidade do ponta de lança Pavlyuchenko. Alguns parece que o descobriram agora, mas já há uns bons anos que é o principal atacante russo e, até, já jogou frente ao Sporting...

No jogo com a Holanda a Rússia vai encontrar uma equipa filosoficamente diferente (apesar dos preconceitos sobre esta Holanda). A Holanda tem prioridades bem diferentes dos russos, sendo segura na posse de bola e permanentemente equilibrada, esperando o momento certo para tirar partido das qualidades dos seus jogadores – já o referi, a Holanda é a equipa que melhor sabe interpretar os vários momentos do jogo. Se Hiddink não adaptar a sua estratégia terá muitas dificuldades a escapar “com vida” deste encontro com a selecção do seu país.

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20.6.08

Portugal-Alemanha: A frustração de uma derrota primária

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O primeiro comentário vai para o sentimento que me fica após esta eliminação. Esta derrota frente à Alemanha representa uma desilusão sobretudo pela forma como aconteceu. Portugal tem evoluído muito a nível internacional nos últimos anos e por isso exigia-se que tivesse outra maturidade e outra preparação para os detalhes do jogo. De repente, parece que voltamos aos tempos em que sabíamos como dominar um jogo, mas não fazíamos ideia de como os evitar perder. Esta é uma responsabilidade que deve ser atribuída, em primeiro lugar, a quem define as prioridades do jogo nacional e é bom que, na hora de virar a página, se pense nisto. Em ganhar. Porque se ainda vamos a tempo de aproveitar esta sucessão de gerações talentosas que têm saído ao nosso futebol, não é dado adquirido que elas durem para sempre...

Low havia referido a intenção de tirar partido da exposição portuguesa em posse. Para isso, primeiro, introduziu um surpreendente e inédito 4-2-3-1 que retirou a Portugal a possibilidade de usufruir da superioridade táctica. Ainda assim, esta alteração apenas forçava a um literal encaixe de forças no meio campo (Petit e Ballack; Moutinho e Rolfes; Hizlsperger e Deco), não impedindo que Portugal se apoderasse da iniciativa do jogo, condição essencial para o aproveitamento de que falava Low. Não foi imediato, demorou cerca de 15 minutos para que Portugal se adaptasse à estratégia alemã, mas mal isso aconteceu, Portugal ganhou confiança, criou a primeira oportunidade de golo e... abriu o espaço para que os alemães inaugurassem o marcador.

Tudo aconteceu em ataque organizado, com grande mérito para os alemães. A bola entrou na esquerda e para aí foram Ballack e Klose, levando Petit e Pepe para uma zona que já tinha Podolski e Bosingwa. Notável a troca de bola alemã a sair da zona de pressão – a lembrar algumas jogadas frente à Polónia – mas Portugal poderia ter tido outra resolução do lance. Primeiro, justificava-se o recuso à falta (e a um provável amarelo) perante a incapacidade de Bosingwa para segurar Podolski, numa jogada que envolvia demasiados defensores nacionais. Depois, Ricardo Carvalho e Paulo Ferreira deviam ter sido suficientes para controlar Schweinsteiger. O problema é que o único que acreditou no lance desde o inicio foi o alemão. Nem Carvalho definiu a posição conveniente ao primeiro poste, nem Paulo Ferreira conseguiu segurar o jogador do Bayern na marcação.

Entre os festejos alemães e a lesão de Moutinho não houve tempo para quase mais nada. Logo a seguir estava Schweinsteiger a bater um livre frontal que colocaria a bola na área. Falou-se de métodos zona e homem-a-homem antes do jogo, mas o que se passou neste e num outro livre do segundo tempo foi simples incompetência (com Ricardo a juntar-se à defesa no lance do terceiro golo). Claramente, e voltou à ideia que tinha à partida, o método é a mais irrelevante das discussões quando a interpretação dos lances é feita de forma tão primária.

O que se viu após o duplo golpe alemão foi apenas um reforço para a frustração da derrota. Portugal depressa adoptou um 4-4-2 com Deco numa das alas até à entrada de Postiga (penso que Scolari deveria ter colocado Deco no meio bem mais cedo, lançando mais um extremo), e Ronaldo nas costas de Nuno Gomes. A alteração é compreensível e pode dizer-se até que resultou. A Alemanha não teve facilidades em controlar Portugal e, por outro lado, raramente ameaçou Ricardo. A frustração surge precisamente aqui, na contradição entre a capacidade da reacção portuguesa e a forma primária como, ainda assim, se perdeu o jogo.

Individualidades
Como ponto negativo, e porque Portugal falhou essencialmente nos lances dos golos, ficam as acções decisivamente negativas de Bosingwa, Ricardo Carvalho, Ricardo e Paulo Ferreira (este, talvez, o mais negativo de todos e não só por ter estado em 2 golos).
Quanto às notas positivas: Deco, claro. Fantástico jogo do 20, que não merecia (nem ele nem quem gosta de futebol) que fosse privado de dar continuidade à sua performance neste Euro. Foi sempre a referência portuguesa para a posse de bola, mesmo quando actuava sobre um flanco, e não fez por menos, interpretando todas as jogadas com grande qualidade. Nota para o lance do primeiro golo. É ele quem lança a transição, libertando-se de forma notável de dois jogadores antes de lançar Simão.
Outro nome em destaque foi, também mais uma vez, Pepe. Outro que merecia ter continuado e, afirmo-o sem problemas: é o melhor central do Euro até agora.

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19.6.08

Portugal-Alemanha: Estratégia em 4 momentos...

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Está aí o jogo tão aguardado! Em jeito de antevisão faço uma decomposição da estratégia lusa pelos 4 momentos do jogo. De fora ficam as bolas paradas, porque já aqui abordei em detalhe esse aspecto (particularmente os cantos). Como nota prévia, referir a opção de Scolari em manter o onze, apesar da evidente importância de um pivot defensivo mais posicional (confesso que a minha previsão iria para a inclusão de Meira) e, do lado alemão, a entrada de Schweinsteiger, previsivelmente para a esquerda do meio campo. Ainda sobre os alemães importa contextualizar as palavras de Low, indicando que tentará explorar os desequilíbrios de Portugal em posse de bola e a relevância das dúvidas Frings e Podolski.
Finalmente, e mais importante do que tudo o que escrevo abaixo, estará a concentração competitiva. Diz-se que estes são jogos que se decidem nos detalhes. Eu acrescentaria que os detalhes se decidem, precisamente, na concentração dos intérpretes.

Organização Defensiva
Em circunstâncias normais (e aplico este termo porque pode haver uma alteração estratégica frente a Portugal) esta equipa alemã tenta dominar o jogo através da posse de bola. Em organização defensiva, diria que o ponto chave está em manter superioridade numérica na zona central, forçando os alemães a recorrerem aos flancos para criar as suas jogadas. Isto porque a Alemanha tem os movimentos dos seus principais jogadores orientados para o espaço entre linhas. A saber: (1) Um dos avançados (normalmente Klose, sendo que Podolski deve jogar pela primeira vez na frente) baixa para criar um apoio neste espaço. (2) O médio esquerdo (provavelmente Schweinsteiger) abandona o seu flanco para surgir numa zona interior. (3) E, finalmente, as movimentações do próprio Ballack nunca acontecem para os flancos mas sim para o tal espaço entre linhas.
Creio que é neste momento (organização defensiva) que a exibição croata melhor deve servir de exemplo. Em particular, para Petit ficará o exemplo da movimentação de Kovac, pressionando sempre o jogador que cai na sua zona mas nunca se disposicionando. Se os avançados forem vigiados directamente pelos centrais lusos, Portugal terá sempre forma de fechar as linhas de passe na zona central. Ponto essencial neste contexto (e mais uma vez pego no exemplo croata) poderá ser ainda a acção de Nuno Gomes. Se Portugal definir uma zona de pressão próxima da linha do meio campo, Nuno Gomes não deverá distanciar-se muito dos médios na hora da pressionar. Isto permitir-lhe-á auxiliar na pressão a Frings, caso a bola entre no médio organizador vinda dos centrais, impedindo o organizador ofensivo alemão de pensar o jogo (Olic fez isto bem, facilitando muito a tarefa ao meio campo croata).
Organização Ofensiva
Creio que este será o momento que mais vezes acontecerá no jogo (a não ser que Portugal ganhe vantagem cedo). Isto porque é normal que Portugal se consiga superiorizar perante a organização ofensiva alemã, ganhando a bola e jogando em posse (não faz parte dos nossos princípios tentar dar profundidade às transições de forma sistemática). Mais uma vez, a minha orientação centra-se na importância da zona central. Não que Portugal não possa explorar os flancos alemães, mas creio que essas situações deverão ser mais eficazes em transição e não em ataque organizado, onde vejo muito mais a hipótese de tirar partido do facto dos alemães jogarem com uma linha de 2 homens (Ballack e Frings) na zona central do meio campo. Os alemães deverão, previsivelmente, fazer um dos avançados baixar para pressionar Petit, tentando impedir um 3 para 2 naquela zona. No entanto, se houver diagonais de Ronaldo ou Simão a aparecer nas costas do meio campo alemão, ou se Nuno Gomes baixar para criar um apoio naquela zona, poderemos criar desequilíbrios com passes que ultrapassem, de uma só vez, os médios alemães(1), atraindo os centrais alemães para fora da sua zona (o que é interpretado com muitas dificuldades por estes).

Transição Defensiva
Tendo em conta que os alemães têm na sua transição ofensiva o mais forte dos seus momentos e que, se tudo correr dentro da normalidade, será possível neutralizar a organização ofensiva germânica, então, este é o momento essencial para Portugal garantir o controlo do jogo.
Normalmente os alemães tentam, mal recuperam a bola, recorrer ao apoio de um avançado que serve depois de ponte para uma viragem de flanco que tira partido da permanente largura do sistema alemão. Se as coisas chegarem a este ponto é depois muito difícil controlar os alemães porque rapidamente colocam vários jogadores a aparecer em zona de finalização, onde são normalmente mortais.
O que fazer? Acima de tudo, prevenção. Isto é, em posse de bola é importante (mais do que em qualquer jogo até aqui) ter grande segurança na saída de bola (os passes de risco podem custar bem caro!) e, igualmente, garantir algum equilíbrio numérico, não avançando vários jogadores ao mesmo tempo. Pelo que venho aqui escrevendo sobre Portugal, é claro que este é o momento que mais receio (a par das bolas paradas), tendo Portugal revelado alguma falta de cautela na forma como se adianta no terreno, algo que foi até referido pelo próprio seleccionador alemão.

Transição Ofensiva
Uma das hipóteses a explorar seria libertar um dos alas – Ronaldo, preferencialmente – de acompanhamentos defensivos para aproveitar as subidas dos laterais alemães, mal recuperassemos a bola. Tenho, no entanto, dúvidas que Scolari opte por essa estratégia de forma declarada. Isto porque Portugal não tem grandes rotinas criadas para a fase de transição (pelo menos para fazer desta fase a sua principal arma), optando por jogar mais em posse e, igualmente, porque há obviamente algum risco associado a essa estratégia em termos defensivos.
Ainda assim, cada vez que houver possibilidade para aproveitar o espaço que os alemães libertem nas suas costas, a bola deve chegar rapidamente aos flancos, explorando o tal cariz ofensivo dos laterais (particularmente Lahm) e potenciando a capacidade dos nossos jogadores para desequilibrar no 1 contra 1.

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Uma antevisão de um Portugal de outros tempos!

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18.6.08

França - Itália: Quem desilude mais?

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Era um dos jogos mais aguardados mal foi conhecido o sorteio inicial. A verdade, porém, é que França e Itália protagonizaram um duelo que pareceu sempre um concurso para ver quem mais merecia perder do que uma normal disputa positiva pela vitória. Nesse aspecto, foi evidente, os franceses superiorizaram-se, tornando quase inevitável uma eliminação que foi aproveitada pela Itália para seguir em frente, também, graças à prestação holandesa. Mais vamos por partes:

França
Se me perguntassem que selecções me desiludiram neste Euro, poderia falar da Polónia, não pelas prestações individuais, que já se sabia não serem grande coisa, mas pela estratégia definida por Leo Beenhakker, contrastante com aquilo que se viu na qualificação. No entanto, a um nível muito mais evidente em matéria de decepções vem, sem dúvida, a selecção francesa.

De facto, julgo ser difícil fazer um trabalho pior do que aquele que Domenech realizou. No primeiro jogo, frente à Roménia, um deserto de ideias com um 4-4-2 clássico completamente despropositado, sem ligação ofensiva e sem qualquer princípio de jogo que fosse interpretado com uma qualidade colectiva suficiente para que se dissesse que aquilo que viamos era uma equipa e não um simples conjunto de jogadores.

Frente à Holanda mudanças positivas, retirando um avançado e colocando Ribery mais solto. Aqui a fortuna não foi muita, é certo, mas nessa partida veio ao de cima outro aspecto que marcaria esta prestação francesa: uma gritante falta de concentração individual. Assim, a Holanda cumpriu o plano, chegou à vantagem (tirando partido da lacuna que referi) e, depois de sofrer e sobreviver ao melhor período gaulês na competição, transformou a vitória numa expressiva goleada.

Finalmente, o teste definitivo: a Itália. Regresso ao 4-4-2 sem ideias e mais mexidas, incluindo uma adaptação de Abidal a central, como se a França tivesse poucas soluções de raiz para essa posição. Assim, no terceiro jogo, juntou-se tudo o que de mal se havia visto nas primeiras 2 partidas: limitações colectivas e lapsos de concentração individuais. O resultado foi, inevitalmente, a derrota.
Sinceramente tenho dificuldades em perceber que tipo de preparação fez a França. O que é que Domenech pensou sobre a sua estratégia e que tipo de treinos fez? É que não pareceu mesmo nada que alguém tivesse preparado fosse o que fosse...

Itália
Qualificou-se e, pode dizer-se, que até não desmereceu a chegada aos quartos. A verdade, porém, é que nunca mostrou futebol ao nível de um candidato.

Esta equipa Italiana será, daquelas que vão chegar aos quartos de final, aquela que menos recorre a um jogo apoiado. Donadoni optou por apresentar uma réplica (com diferenças óbvias em relação ao original) do 4-3-2-1 do Milan, tentando tirar partido da força dos 3 homens de meio campo para as recuperações e da sua qualidade de passe para os repetidos passes de rotura que têm como objectivo tirar o melhor partido do poderio físico de Luca Toni e da capacidade de movimentação dos 2 homens que mais perto dele jogam.

Ainda assim, pode dizer-se, que a melhor qualidade desta Itália esteve no seu processo ofensivo, conseguindo criar situações de golo suficientes em todos os jogos para ter marcado mais golos do que aquilo que realmente fizeram. Já defensivamente as coisas foram francamente negativas. Perante ataque organizado, o seu pressing nunca foi verdadeiramente eficiente (contra a Holanda esse foi um aspecto decisivo), e em transição sofreu igualmente alguns dissabores (o que costumava ser raro em selecções italianas do passado). Para completar o cenário, falta falar da concentração individual, também abaixo do nível que se espera numa formação como a Italiana.

Já aqui referi que as equipas que normalmente ganham estas provas são aquelas que melhor evoluem durante a competição, mais do que as que melhor se preparam. Neste aspecto, a Itália tem todas as hipóteses de recuperar o terreno perdido, sendo, não pelo que demonstrou mas pelo potencial que se lhe reconhece, uma candidata ao triunfo final. O que não posso aceitar são os comentários assentes em preconceitos, que, previsivelmente, agora dizem que esta é uma equipa forte defensivamente, calculista, cínica, etc. etc... É que não creio mesmo nada que Donadoni tivesse este sofrimento nos seus cálculos ou que a selecção italiana tenha controlado fosse o que fosse. A coisa saiu bem, muito por culpa da desastrosa prestação francesa, mas o calculismo e cinismo foi o mesmo daquela equipa que, com Trappatoni, foi eliminada do Euro 2004 por depender de terceiros para se qualificar...

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Joachim Low, o higiénico!

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17.6.08

Alemanha: Uma força mental histórica

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Está confirmado que será a Alemanha o nosso adversário nos quartos de final. Esta é uma selecção que, creio que como mais nenhuma, suscita uma enorme divisão entre as análises qualitativas que lhe são feitas, sendo apontada, paralelamente, como uma das favoritas e uma equipa banal técnica e tacticamente. A verdade é que, de facto, dificilmente uma análise técnico-táctica à história do futebol germânico poderia alguma vez fazer alguém equacionar que esta nação tivesse no seu palmarés 3 títulos de campeão do mundo em 7 finais, tendo sido igualmente 3 vezes campeã da Europa, em 5 finais.

Olhando à história do futebol germânico, facilmente se comprova que, mesmo tendo os seus momentos negativos, os alemães parecem transformar a sua aparente frieza emocional numa qualidade que os tem catapultado ao longo dos anos para resultados que superam claramente o talento e qualidade das sucessivas gerações. Realmente, os alemães raramente falharam em grandes competições quando tiveram grandes equipas e, pelo contrário, foram protagonistas de alguns feitos bem acima daquilo que a qualidade futebolística dos seus protagonistas poderia fazer esperar. Outro aspecto revelador desta característica mental germânica é o histórico de reviravoltas que os alemães conseguiram protagonizar em jogos decisivos. Das 6 finais vencidas pelos alemães, 3 aconteceram depois de terem estado em desvantagem no marcador e 1 (1980, 2-1 frente à Bélgica), não tendo estado em desvantagem, o golo decisivo foi marcado apenas no minuto 90.

Os dois mais famosos exemplos da superação germânica nas horas de dificuldade estarão bem patentes na história dos mundiais de 54 e 74, onde a força mental alemã privou 2 das mais célebres equipas da história de se sagrarem campeãs mundiais, Hungria e Holanda:

O milagre de Berna (1954)
Depois da II guerra mundial esta foi a primeira aparição alemã ao mais alto nível. No comando desta formação estava um dos mais obcecados homens por futebol de que reza a história (no seu diário, os dias dramáticos vividos durante a guerra relatavam, quase exclusivamente, pensamentos... futebolísticos!): Sepp Herberger. A verdade é que os planos de longa data que Herberger tinha feito para a ressurreição da Selecção não convenciam ninguém à partida para a Suíça. A imprensa duvidava dos jogadores e da equipa e anunciava, de antemão, o seu colapso na prova. Tudo começou como se esperava: com muitas dificuldades. Derrota por 8-3 frente à colossal Hungria de Puskas na fase de grupos e uma qualificação obtida através de um playoff com os turcos. O panorama mudou radicalmente nos 2 jogos seguintes, com a qualificação para a final, graças a vitórias frente a Jugoslávia e Áustria.

Uma coisa, no entanto, era chegar à final. Outra, completamente diferente era... bater a Hungria. Aos 8 minutos, os húngaros já venciam por 2-0 e, reza a lenda, um tal de Morlock terá pegado na bola após o 2º golo dos húngaros e gritado para os seus “Agora, vamos a eles!”. Com 2-0 e a experiência recente dos 8-3, estas palavras só poderiam soar a delírio, mas a verdade é que 2 minutos depois estava Morlock a reduzir para 2-1, antes de, 8 minutos volvidos, Rahn empatar. O “milagre de Berna”, como ficou este jogo conhecido, ficou consumado aos 84 minutos com novo golo de Rahn. O mundo ficou em choque, a Alemanha em delírio (por razões que têm a ver também com uma afirmação de recuperação nacional no pós-guerra) e a o espírito vencedor da Mannschaft terá, diz-se, nascido naquele dia 4 de Julho de 1954!

Munique (1974)
Pode perguntar-se porquê que se considera este torneio, ganho em casa, como um feito notável dos Alemães? A verdade é que a história deste mundial esconde uma série de peripécias que, normalmente, faria qualquer equipa sucumbir.

Primeiro, os prémios de jogo. Não foi só em Saltillo que aconteceu uma revolta. Em 1974, os jogadores da Alemanha Ocidental estiveram perto de se retirar da prova. Uma discussão entre Beckenbauer (o capitão) e a federação alemã deu origem a uma votação que resultou num empate. Ou seja, metade da equipa considerava que os 70.000 marcos oferecidos em caso de vitória eram insuficientes, preferindo não participar na competição (Selecções como a Itália e Holanda iriam receber verbas acima dos 100.000 marcos). Foi Beckenbauer quem, finalmente, acabou por convencer os seus companheiros a continuar em prova apesar da discordância com a Federação.

Segundo, o jogo com a Alemanha de Leste. Embora esta surpreendente derrota por 1-0 da Alemanha Ocidental tenha até sido positiva por ter evitado o confronto com Brasil e Holanda na fase seguinte, provocou um sério choque psicológico na equipa, particularmente no seu líder. Helmut Schoen era originário de Dresden (Alemanha de Leste) e aquele jogo representava mais para ele do que muitos embates decisivos. Nos dias seguintes ficou fechado no seu quarto, deprimido, e chegou a ser equacionada a sua substituição em plena prova. A solução acabou por ser, mais uma vez, a liderança de Beckenbauer que se aproximou do treinador, tendo sido responsável por algumas decisões que, à partida, não caberiam a um jogador.

Finalmente, a final. É verdade que a Alemanha era uma excelente equipa, mas a grande formação daquele tempo era comandada por Johan Cruyff. A Holanda começou a final a ganhar e a sua superioridade era quase unânime. Tão unânime que gerou alguma displicência dos holandeses, fatal, mais uma vez, perante a mentalidade alemã. Os holandeses reconheceram, depois, que queriam humilhar o seu adversário, e o preço dessa pequena arrogância deu-se no resultado: 2-1 para Alemanha.
O sinal da desordem que reinava por trás desta conquista alemã ficou patente nos festejos do título, com os jogadores a afastarem-se do plano organizado pela federação e com 4 jogadores (incluindo Muller e Breitner) a retirarem-se precocemente do futebol de Selecções.
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Esta força mental aparenta estar presente nos momentos de maior dificuldade e este é um dos motivos pelos quais a avaliação das capacidades germânicas não se deve ficar por uma análise estritamente técnico-táctica. Está dado o sinal de aviso para uma grande desconfiança em relação à oposição de Quinta Feira...

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16.6.08

Portugal - Suíça: Resultado irrelevante, algumas ilações

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Ao terceiro jogo a primeira derrota. Já se sabia da ausência total de importância da partida para o que resta da competição. Mesmo assim parece inevitável que os jogadores sejam bombardeados com a pergunta: “de que forma esta derrota poderá afectar a prestação nos quartos de final?”. Em termos racionais esta é uma ligação sem sentido, mas como o futebol é um jogo mais emocional do que racional, eu diria que o efeito do jogo da Suíça será aquele que a equipa portuguesa quiser...

A partida começou com uma evidente superioridade lusa, quer pela maior qualidade individual, quer pela forma como, tacticamente, a Suíça não encontrava linhas de passe para a sua construção. O jogo foi-se equilibrando progressivamente mas neste período começou a vir ao de cima aquela que será, talvez, a principal justificação para a derrota: a ineficácia na concretização. Ainda assim, foi também ainda no primeiro tempo que ficou igualmente patente, e mais uma vez, as dificuldades de Portugal nos pontapés de canto, com Ricardo a não ser dominador nas bolas que atravessavam a sua zona de baliza. Parece-me que a estatura menos imponente do guarda redes português faz alguma diferença neste aspecto, quando comparamos com outras figuras deste Europeu.

Na segunda parte, demorou 10 segundos a haver um remate dos suíços, dando o tónico para uma diferença de atitude e determinação perante o jogo que se compreende e que acabou por ser fundamental para o desfecho do jogo. Mas a verdade esta reacção não tem só mérito suíço... No segundo tempo, e para além da maior vivacidade imposta ao jogo, a Suíça passou a pressionar não só mais agressivamente, mas também mais alto. Portugal tem aqui bastante demérito pela forma ineficiente como explorou essa situação, não sendo suficientemente paciente nem criando movimentações que possibilitassem sair da pressão adversária. Aqui, e porque a formação suíça tem uma disposição táctica muito parecida com a Alemanha, nota para a importância dos movimentos no espaço entre linhas perante um meio campo de apenas 2 médios centro. Portugal, sem ter um jogador declaradamente a actuar nessa zona, tem de fazer os seus extremos surgir a criar os desequilíbrios. Isso não aconteceu nesse período com Nani e Quaresma a permanecerem muito junto à linha, facilitando a tarefa da pressão suíça. Nota na fase final para o recurso a Hugo Almeida. Espero que Portugal nunca venha a recorrer a um jogo directo iludindo-se com a estatura do jogador. É que a característica física de uma individualidade não é suficiente para que o colectivo seja minimamente eficaz na utilização desse recurso.

A opção Meira
Tal como havia antecipado, Scolari utilizou Meira a pivot defensivo. Visto o jogo, parece-me que o comportamento do jogador do Estugarda foi positivo, com um posicionamento que se aconselha para o jogo com a Alemanha. Aqui, não está em causa a estatura do jogador (a Alemanha não recorre ao jogo directo como opção primária do seu jogo) mas sim o seu perfil posicional, no entanto, parece-me que Meira pode mesmo vir a ser titular frente aos alemães, com a manutenção de Petit no onze a não ser uma possibilidade a excluir.

Individualidades
Não quero fazer demasiadas apreciações a este nível, mas ainda assim não deixo de fazer dois destaques, um positivo, o outro negativo. Pela positiva, Veloso. Tinha referido antes do Europeu que a sua qualidade de jogo ficaria evidente se Scolari recorre-se a ele durante o Euro e assim foi. Não lhe reconheço grandes qualidades nem no posicionamento nem na agressividade sem bola, mas quando o jogo lhe chega aos pés é um fora de série. Se souber evoluir e se tiver quem tire partido desse seu atributo pode tornar-se num dos melhores jogadores do seu tempo na primeira fase de organização. Menos crónica é apreciação negativa que faço ao jogo de Miguel. Todos conhecemos o potencial, o momento é que parece não ser o melhor, tanto no aspecto físico como no decisional....

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15.6.08

O interesse táctico do Portugal-Suíça

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Ter mais de uma semana de intervalo entre a fase de grupos e os quartos de final, conhecendo de antemão aquele que será, com grande probabilidade, o seu adversário é um luxo que muito poucas equipas tiveram na história destes campeonatos. Pelo meio há um jogo que Portugal tem que jogar, mas que deve ser encarado como parte do “plano-Alemanha” e não como um jogo de competição ou mesmo com a obrigatoriedade de fazer uma rotatividade total dos jogadores. Esta oportunidade de usar o treino de forma mais intensa do que é comum para preparar o futuro vem numa altura óptima para Portugal. É que para além dos aspectos que há a melhorar (e que são normais para esta fase), prevê-se que Portugal vá agora enfrentar um novo desafio táctico nesta sua aventura no Euro 2008: jogar contra uma equipa com 2 avançados. Nesse aspecto em particular, a Suíça será um excelente teste já que tem uma matriz de jogo – tanto ao nível do sistema como dos princípios – muito semelhante à Alemanha (e, já agora, a Austria).

Assim, a questão que se coloca agora a Portugal é como é que vai lidar com a poderosa dupla de avançados dos alemães. Aqui há 3 hipóteses:

(1) Jogar com um 2 para 2 na zona central da defesa
(2) Colocar um lateral a jogar por dentro, libertando um dos centrais de acções de marcação directa
(3) Baixar o pivot defensivo para libertar um dos centrais da marcação directa

Dentro destas hipóteses, Scolari já deu uma ideia, nos treinos, de que a sua opção passará provavelmente pela hipótese (3). Nessa perspectiva, ganhará força a ideia de poder haver uma alteração no onze português, com Meira a entrar para a posição de médio defensivo (o que não quer dizer que seja Petit a sair).

Devo confessar, no entanto, que esta opção não é aquela que mais me agrada. Reconhecendo uma enorme qualidade nos avançados alemães (particularmente a inteligência dos movimentos de Klose), creio que Portugal não deve perder a oportunidade de se superiorizar na zona central, perante uma equipa alemã com apenas 2 homens nessa zona. Essa é uma situação que foi fundamental para o sucesso dos croatas frente aos alemães e, creio eu, devemos aprender com isso, nem que seja para obrigar os Low a fazer improvisações tácticas. Assim, admitindo uma maior proximidade do pivot de meio campo aos centrais, creio que é importante a presença de um jogador posicional nessa zona. Para controlar, quer os movimentos de Ballack no espaço entre linhas, quer o “baixar” de um dos avançados para essa zona.

Excluindo, por este motivo, a hipótese (3), creio ser ainda menos aconselhável optar pela (2), já que os alemães utilizam muito o ataque pelos médios ala que cairão sempre que possível na zona dos laterais. Sendo assim, e reconhecendo o risco de jogar 2x2 na zona central, creio que a solução (1) seria a mais adequada das soluções.

Para quem gosta destes debates tácticos, o jogo com a Suíça (que também joga com o 4-4-2 clássico) deverá servir para perceber um pouco melhor quais as opções de Scolari, quer em termos da persistência na solução (3) apresentada nos treinos, quer no que respeita à possibilidade de introduzir novas caras para um eventual ajuste táctico.

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14.6.08

A questão das bolas paradas...

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É um tema que, embora não tenha nunca merecido “honras” de um post, tem sido episodicamente discutido em alguns comentários de jogos: as bolas paradas. Recupero este assunto depois de alguma discussão que surgiu após o jogo com a República Checa, não só pelo golo sofrido mas igualmente pelas dificuldades sentidas em defender esse tipo de lances. Mas o tema que quero discutir em particular é aquele que, com um timing muito oportuno foi lançado por alguma imprensa: a opção entre defender à zona ou ao homem.
Esclareço, antes demais, que não tenho preferência por nenhum desses métodos, sendo que há circunstâncias que justificam a aplicação de um ou de outro. Aqui ficam as vantagens de ambos os métodos:

Homem-a-homem
Deixar alguns jogadores na frente:
Apenas com a marcação ao homem se aconselha deixar alguns jogadores adiantados para fixar defesas adversários. É que uma marcação zonal requer um elevado número de jogadores para que se possa cobrir eficazmente toda a área.

Média de alturas mais baixa: Este motivo parece não ser consensual mas, para mim, faz todo o sentido. Numa equipa de jogadores mais baixos parece-me aconselhável optar pela marcação ao homem. Porquê? Porque assim são os defensores a escolher os jogadores que vão marcar, podendo, naturalmente optar por um ajustamento favorável em termos de estatura (isto é, jogadores mais altos são marcados pelos mais altos, e os mais baixos pelos mais baixos). No caso de um método zona, as áreas da “responsabilidade” de cada defensor estão previamente definidas, o que, no caso de existir uma grande diferença de estatura, pode ser uma opção muito favorável para quem ataca. Imaginemos, por exemplo, o que será o Koller a atacar a zona reservada para João Moutinho ou Petit!

Zona
Maior eficácia defensiva: Estando reunidas as condições para fazer uma marcação zonal, ou seja, havendo uma média de alturas elevada e disponibilidade para colocar muitos jogadores na acção defensiva, parece-me que o método zonal pode ser, potencialmente, mais eficaz. Isto porque os jogadores estão colocados de uma forma racional à partida, podendo concentrar-se essencialmente na abordagem à bola.

O caso Portugal
Portugal opta por uma marcação ao homem (com 2 jogadores colocados zonalmente ao primeiro poste). Tendo em conta o que escrevi anteriormente, pode-se perceber que compreendo as razões por esta opção: a estatura de jogadores como Simão, Deco, Moutinho e Petit e o facto de Scolari deixar 3 jogadores na frente. Ainda assim, penso que seria possível colocar definir uma marcação zonal no caso de Portugal, desde que estes 4 jogadores fossem colocados em zonas em que o duelo aéreo fosse menos provável (por exemplo, cobertura dos 2 postes). Ainda assim, parece-me que as questões levantadas em torno do método usado, depois do golo sofrido, pecam sobretudo pela evidente falta de sentido de oportunidade, mas igualmente por alguma falta de rigor nos motivos apresentados. Dizer-se, por exemplo, que o método zonal requer mais inteligência ou sentido colectivo é algo que não tem qualquer lógica para uma acção em que, ao contrário do que se passa no jogo corrido, não há dinâmica de jogadores e equipas na protecção da zona a defender. Defendo, portanto, que mais do que a alteração do método há que rever a forma como estamos a interpretar este método e como podemos melhorar.

Os exemplos do Euro 2008
Tal como acontece ao nível de clubes, nas selecções do Euro é esmagador um número de equipas que optam pela marcação homem-a-homem (variando no número e posicionamento de jogadores colocados à zona, com algumas equipas a colocarem jogadores em ambos os postes, algumas apenas no primeiro e outras apenas no segundo).

A saber, apenas Alemanha, Austria, Rep.Checa e Espanha optam por uma marcação zonal. Se no caso das 3 primeiras o factor altura é claramente favorável, no caso da Espanha tal não ocorre. Curiosamente, o golo sofrido pelos espanhóis acontece de canto, numa jogada em que a estatura de Xabi Alonso não foi suficiente para o jogador russo que apareceu na sua zona.

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