23.5.08

Candidatos à Libertadores 2008: Boca Juniors

ver comentários...
Se à partida para a defesa do seu título já era visto como um dos principais favoritos na corrida ao título, à chegada às meias finais, o Boca apresenta-se indiscutivelmente como a principal figura de cartaz desta prova. É que a Libertadores viu já eliminadas todas as outras formações argentinas, assim como o poderoso São Paulo, este ano com Adriano nas suas fileiras.
A verdade é que depois da conquista da Libertadores em 2007, o Boca passou por um mau bocado, com o seu futebol a cair num vazio de ideias depois da saída de Riquelme. O resultado foi um Torneo Apertura medíocre, seguido de uma presença na Intercontinental que nunca chegou a contestar o favoritismo do Milan. A solução passou, não só pelo regresso do tão amado Riquelme, como pela substituição de Miguel Angel Russo – o treinador – por Carlos Ischia. Ischia, antigo treinador de Di Maria no Rosario Central e discípulo de Carlos Bianchi, não foi um nome consensual, sendo o próprio Maradona um dos críticos. A verdade, porém, é que o Boca chega ao final da temporada na luta pelos seus objectivos. Para além da Libertadores, a formação de Buenos Aires pode ainda atingir o título no Torneo Clausura, ainda que tal tarefa não se afigure fácil.

A atacar
Quem olha para os nomes do Boca não terá dificuldades em antecipar as referências do seu jogo ofensivo. Primeiro, Riquelme em posse sobre a zona central e, em alternativa, jogo directo para Palermo. Assim, com posse de bola a equipa procura quase sempre Riquelme que tenta depois tirar o melhor partido da mobilidade de Palacio ou da irreverência de Dátolo. No meio campo há ainda mais dois nomes. Battaglia é o elemento posicional que se limita a ser apoio recuado à posse de bola, e Chavez (ou Vargas ou Ledesma) são um vértice lateral diferente de Dátolo sobre a esquerda, oferecendo mais apoio a Riquelme na posse e surgindo menos vezes em profundidade sobre o flanco. Assumindo o perfil estático de Palermo, resta falar dos laterais. Jogue quem jogar, existe sempre a vocação ofensiva, embora essa seja muitas vezes uma intenção difícil de concretizar num futebol que, ao contrário do europeu, percorre com muita rapidez e de forma constante o comprimento do campo, não havendo tempo para esperar o apoio dos laterais.

A defender
Defensivamente surgem – bem ao estilo Sul Americano – os principais problemas. No jogo aéreo, Paletta é fundamental, dada a pouca estatura dos outros centrais e em transição a equipa demora muito tempo a recuperar, sobretudo quando não há grandes hipóteses de executar o pressing. Ainda assim, esta é uma visão que tem por base uma comparação com o futebol europeu, já que este Boca tem sido uma equipa em maior destaque, precisamente, quando os adversários tentam ser mais ofensivos. Para isto contribui a qualidade dos jogadores da frente que, com espaço, se tornam temíveis (o Boca marcou 5 golos nas suas 2 deslocações após a fase de grupos).

Individualidades
Gabrile Paletta – Defesa central de 22 anos revelado pelo Banfield, é uma das maiores promessas actuais do futebol argentino na sua posição. Apareceu em bom plano no Mundial sub20 de 2005 e justificou a aposta do Liverpool, com grandes elogios de Benitez. A verdade é que a aposta não pareceu muito sólida e, após uma época complicada onde foi um dos principais réus da humilhação (3-6) frente ao Arsenal, regressou à argentina. No Boca é uma presença particularmente importante para o jogo aéreo, mas o seu potencial não fica por aqui.

Cristian Chavez – Médio interior de 20 anos é uma das grandes revelações da temporada e um nome a acompanhar. Pouco ou nada utilizado até então, Chavez apareceu em Abril com utilizações mais frequentes e, pouco a pouco, vai ganhando espaço como titular. Médio interior, forte fisicamente, hábil com os 2 pés e com uma grande entrega ao jogo, Chavez não é ainda um jogador de top, mas poderá muito bem vir a ser, caso a sua evolução como profissional seja positiva.

Jesus Dátolo – Extremo esquerdo de 24 anos é depois de Riquelme o jogador de maior qualidade técnica do Boca. Dátolo revelou-se no Banfield e foi recrutado pelo Boca onde demorou a afirmar-se. 2008 tem sido nesse aspecto o grande ano de Dátolo, com muitos golos e jogadas decisivas, sendo, talvez, o jogador que mais justifique uma aposta europeia. O seu pé esquerdo executa muito bem, quer no controlo e progressão, quer nos cruzamentos (é ele quem bate os cantos). Para além disso, Dátolo torna-se eléctrico quando a bola lhe chega, sendo igualmente capaz de fazer bastantes movimentos interiores, o que abre a possibilidade de jogar também como avançado móvel.

Juan Riquelme – médio criativo de 29 anos. É escusado falar muito de um jogador que toda a gente conhece. No Boca é, como se esperava, o patrão num estilo de jogo que o favorece precisamente por lhe pedir apenas aquilo que ele quer fazer.

Rodrigo Palacio – Avançado de 26 anos, também revelado no Banfield, Palacio tem sido um dos nomes em destaque nos últimos anos do Boca. Se Palermo é um avançado fixo, Palacio ser de complemento perfeito já que a velocidade, mobilidade e, sobretudo oportunidade com que aparece nas alas, fazem dele um jogador que, longe de ser brilhante, tem uma enorme utilidade nas acções ofensivas.

Martin Palermo – Avançado de 34 anos. Este veterano de 34 anos é sobretudo uma arma letal no jogo aéreo. Surge com frequência a fazer golos, cumprindo a sua missão de jogador de área, mas é na fase de desespero, quando o Boca recorre ao jogo directo, que Palermo se torna na grande referência do ataque da sua equipa.


Resumos
Atlas 0-3 Boca Juniors
Boca Juniors 2-2 Atlas
Cruzeiro 1-2 Boca Juniors
Boca Juniors 2-1 Cruzeiro

AddThis