31.5.08

Novas notas turcas...

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Turquia 2-0 Finlândia
- A saída de Basturk e Halil Altintop veio tornar claro que o jogo contra o Uruguai havia sido também um último teste para estes jogadores, explicando-se assim a sua utilização durante um tempo relevante do encontro. Ainda assim, o encontro com a Finlândia deu para perceber que, independentemente dos artistas há um sistema e modelo base de Terim que, diga-se, me parece ser merecedor de um enorme respeito.

- O sistema será um 4-3-3 (4-1-4-1, para os mais exigentes), com alguma diferença entre o flanco esquerdo e direito. A equipa apresenta alguma assimetria entre o flanco esquerdo e direito – lado mais ofensivo – e tem um meio campo muito povoado, com uma frente de ataque muito móvel e repentista, prometendo ser capaz de surpreender qualquer defesa com a inteligência de movimentação dos seus jogadores.

- Em relação ao último jogo, Sabri Sarioglu redeu Hamit Altintop na lateral direita, passando este para o meio campo, como interior direito. Na defesa, Servet Ceti rendeu Emre Asik, e no meio campo Mehmet Aurelio foi o pivot em vez de Topal. Estas duas alterações são aquelas que menos diferença trazem ao modelo, destacando-se o papel meramente posicional de Aurelio, servindo de mero apoio recuado nas acções ofensivas (tal como acontecera com Topal). Finalmente, nas alas, Tuncay rendeu Arda Turan (que havia estado muito bem), introduzindo talvez mais maturidade mas não alterando a característica da função. Do outro lado, grande diferença entre Kazim Kazim, mais estático, e o surpreendente Mevlut Erding (atenção a este jogador). O onze titular deverá ser aquele agora apresentado.

- Ofensivamente a equipa tem alguns movimentos muito perigosos. A progressão em apoio não é muito feliz, sendo possível causar o erro, mas a equipa faz com frequência apelo a passes de rotura de Emre, normalmente a solicitar Erding nas costas do lateral, ou as entradas no limite do fora de jogo de Nihat que, de um momento para o outro, fica na cara do guarda redes. Outro movimento perigoso é a viragem de flanco da esquerda para a direita (onde Sabri Sarioglu está permanentemente aberto), partindo depois para cruzamentos que tiram partido das diagonais dos extremos. Particularmente de Tuncay que aparece muito bem na antecipação aos centrais.

- Defensivamente, e podendo parecer um contra-senso dada a maior propensão ofensiva do flanco direito, parece-me que é pela esquerda que se poderão conseguir mais desequilíbrios. É que Hakan Balta é um jogador mais pesado do que Sabri Sarioglu e que não conta com o apoio do dinâmico Altintop, tendo em Emre um auxílio nem sempre lesto e nem sempre agressivo. De resto, como disse, é possível causar perdas de bola por alguma indefinição na construção e, importante, os defensores (e guarda redes) turcos não são conhecidos pela sua concentração ao longo de 90 minutos.

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Alerta Erding!

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30.5.08

Porto: Recuperação defensiva

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É quase um ponto comum – tão comum que chega a ser por vezes um exagero – explicar-se o sucesso portista a nível interno com a estabilidade do plantel e a preparação atempada das épocas. Pois bem, tendo em conta esta imagem, não parecem restar dúvidas que este será um defeso atípico para os lados das Antas. Se a saída de Bosingwa, ainda que se pudesse considerar como “dentro do programa”, trazia um lugar importante para colmatar, já a decisão unilateral de Paulo Assunção em abandonar o clube, abre um claro imprevisto no planeamento portista. Para a tornar a coisa verdadeiramente cinzenta, há ainda a manutenção da nuvem “Apito Final”, um fantasma que ameaça tornar-se na assombração do reinado de Pinto da Costa.

Paulo Assunção e Bosingwa partilham entre si, não só, o facto de serem figuras essenciais da era Jesualdo (Assunção fora-o já com Adriaanse), mas ainda a particularidade de se constituírem como figuras chave da estrutura defensiva dos últimos dois anos. Um olhar um pouco mais atrás poder-nos-á fazer recuar até ao defeso anterior e à perda de Pepe, também um elemento dessa mesma estrutura defensiva. Se é verdade que a equipa não se ressentiu no campo da saída daquele que era o seu principal esteio defensivo, também se pode concluir que tal feito foi apenas possível por um crescimento da eficácia do pressing, que fez com que a falta de velocidade dos centrais não fosse quase nunca posta à prova, e não por via da introdução de uma nova mais valia para o sector. Neste aspecto, saliência evidente para o pouco impacto da aposta em Stepanov.

Assim, um ano depois, o Porto não só não conseguiu colmatar devidamente a saída de Pepe – Pedro Emanuel é um jogador competente, mas que está longe da capacidade de recuperação do agora central merengue – como perde ainda o elemento que mais capacidade de recuperação dava ao sector, Bosingwa, e ainda um elemento preponderante no capitulo posicional, particularmente na ocupação do espaço entre a linha média e a defesa na altura do tal pressing que escondeu em 07/08 os efeitos da perda de Pepe. Como ponto positivo para toda esta evolução fica apenas o crescimento de Bruno Alves, já que Fucile interrompeu as boas indicações iniciais com algumas más exibições em períodos decisivos e que o tornam num recurso não totalmente fiável.

O Porto tem, por isso, para este defeso a tripla tarefa de encontrar 3 substitutos credíveis para outras tantas perdas, sob pena de pagar em 08/09, o preço defensivo destas saídas. Aqui fica um pequeno olhar para as alternativas internas, antecipando a conclusão de que a SAD precisará de encontrar no mercado 2 jogadores para entrar no onze base, esperando ainda por uma revelação no centro da defesa em 07/08 (entre Rolando ou Stepanov).

Stepanov – A história do próprio Pepe serve de atenuante para a má época deste ex-Trabzonspor. Stepanov é jovem, tem atributos físicos e técnicos que também o favorecem, mas para se jogar a este nível numa posição defensiva é preciso ter melhores decisões e errar muito menos. Esse é o desafio de Stepanov para uma época que pode ditar a sua derradeira oportunidade de dragão ao peito.

Rolando – Perante a não afirmação de Stepanov, o Porto reforçou-se em Portugal com Rolando. Não estranha o reforço se atentarmos, precisamente aquela que foi a principal característica perdida pela defesa portista com a saída de Pepe: a velocidade. Esse é um dos maiores atributos de Rolando mas que não me faz deixar de pensar que, apesar de lhe reconhecer potencial (que depende da evolução do próprio), dificilmente poderá ter, já em 08/09, uma época de afirmação total. O jogo aéreo – onde o Belenenses falhava muitas vezes colectivamente – e alguma maturidade decisional serão os pontos em que precisa de progredir.

Bolatti – Entrando no “campo” de Paulo Assunção esta será a única opção interna. Uma aposta em 07/08 que, arrisco, terá mesmo sido a pior da temporada. É verdade que Bolatti é jovem e está ainda em adaptação mas o que se lhe viu foi, mais do que mau, recorrentemente mau. Será uma enorme imprudência não recrutar alguém de “peso” para esta posição.

Benitez – Já aqui escrevi sobre ele e não vou acrescentar muito ao que então referi, esperando para ver. De todo modo, reforço o que apontei então: parece-me que a sua contratação dificilmente se enquadrará numa substituição directa de Bosingwa, antes sim em mais uma alternativa a preparar uma provável saída de Cech.


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Eram novos...

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29.5.08

Quem merece a baliza?

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Polémicas e discordâncias em torno da Selecção são quase inevitáveis e uma das consequências do facto de esta ser a equipa de “todos nós”. Mais do que tácticas ou outras opções, nenhuma questão tem merecido tanto debate desde 2002 como a do guarda redes. Tudo começou com a discussão e discórdia em torno da decisão entre Ricardo e Baía, com este último a ser definitivamente afastado em 2004 depois de ter sido titular em 2002. 2006 terá sido o mais pacífico dos anos com perda de protagonismo de Baía no Porto a cessar muitas das vozes que sempre contestaram Ricardo como titular. 2008, ou melhor 2007/2008, fez um outro protagonista entrar em cena: Quim.

Com a ida de Ricardo para Espanha a tornar mais nublosa a visão que se tem sobre o jogador e Quim a protagonizar uma época em muito bom nível em Portugal, fomos assistindo a frequentes opiniões que elegiam Quim como merecedor da titularidade. A pergunta que faço é: O que é preciso para se “merecer” ser titular na Selecção?

De facto, creio que durante muito tempo esta pergunta teve como resposta algo como: “merece ser titular quem fez uma melhor época”. Ou seja a Selecção seria uma espécie de prémio de final de época para a performance dos jogadores nos clubes. A mim parece-me óbvio que este tipo de critério só pode aproximar uma equipa do seu próprio insucesso. Por isso creio que a resposta mais adequada seria “merece ser titular quem oferecer mais condições de sucesso nos jogos em questão”, e aqui entram vários factores...

Para o debate em questão, em particular, importa contextualizar a intensidade emocional da competição, onde, todos sabemos, é fundamental que haja experiência. É neste aspecto que Ricardo ganha uma grande vantagem sobre Quim. O guarda redes do Betis foi titular em 2004 e 2006 e se as suas actuações não foram perfeitas, é inquestionável que foi um jogador que correspondeu a grande altura aos momentos de pressão. Não querendo isto dizer que Quim não tenha capacidade para estar à altura de Ricardo, parece-me que a experiência e passado de Ricardo lhe dão uma vantagem legítima e que apenas deverá ser desconsiderada em caso de uma diferença significativa do momento de ambos. Cabe a Scolari decidir mas, voltando às opiniões de que a época de Quim o faria merecer o lugar, questiono ainda se quem foi fazendo esse juízo (que é forçosamente comparativo) acompanhou com o mesmo rigor os jogos do Bétis?

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Candidatos à Libertadores: LDU Quito

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Aí está a grande sensação da prova. O Liga Deportiva Universitaria Quito encontra-se, contra todas as projecções, a um pequeno passo da final da prova depois de um empate a 1 no Azteca frente ao América. As perguntas que ficam são: afinal quem é esta equipa e como se explica tanto sucesso?
A resposta pode ser encontrada numa fórmula surpreendentemente simples e pragmática introduzida pelo treinador argentino Edgardo Bauza. Ao contrário do que acontece com a maioria dos conjuntos Sul Americanos, frequentemente algo anárquicos no comportamento tácticos dos jogadores, no caso do LDU Quito há uma enorme rigidez da posição dos jogadores. A vantagem desta característica no contexto Sul Americano, explicarei mais à frente, mas convém ainda acrescentar a estabilidade no onze de Bauza e a oscilação táctica quando joga em casa, jogando com 3 defesas, subindo Ambrossi para médio esquerdo e baixando Urrutia para a posição de médio defensivo. Outro aspecto a referir é o facto da equipa nunca ter estado em desvantagem nas eliminatórias, restando saber como reagirá caso isso aconteça.


A atacar
O facto de ser quase sempre “outsider” faz com que o Quito nunca tenha de utilizar muitos homens para atacar. Inteligentemente, não o faz. Espera pelo erro do adversário e tira partido do seu adiantamento no terreno para lançar 4 homens de elevada qualidade que tem na frente. Bolaños e Guerron são extremos velozes e desconcertantes, não fazendo muitos movimentos interiores. Manso é o artista da equipa, jogando livre no meio em busca dos deslizes das intermediárias contrárias e Claudio Bieler é a referência para as abordagens mais directas e um avançado de grande combatividade.

A defender
Defensivamente, a pouca participação ofensiva de Vera e Urrutia, assim como dos laterais, implica um equilíbrio permanente e um grande controlo das transições adversárias (esta é a vantagem da tal rigidez táctica da equipa). Por aqui se explica que os 3 golos sofridos nos quartos de final e primeira meia final tenham todos acontecidos através de lances de bola parada. A isto acrescenta-se a concentração defensiva dos jogadores que arriscam pouco com bola.

Individualidades
Joffre Guerron – Este extremo equatoriano de 23 anos é um verdadeiro diamante por lapidar. É rápido e possante fisicamente, tendo igualmente boa técnica e drible. O problema de Guerron é algum deslumbramento em posse de bola, exagerando por vezes nas acções individuais. Pode ser uma aposta de um clube europeu e, curiosamente, já foi dado como possível reforço do FC Porto.

Luis Bolaños – Se Guerron é um extremo a acompanhar, Bolaños merece igual destaque. Também com 23 anos tem sido um dos elementos fundamentais do Quito. Com a camisola 7, o seu estilo “gingão” lembra Robinho no Santos, e este equatoriano tem uma função semelhante à do agora jogador do Real. Jogando na esquerda mas aparecendo em posições mais interiores, onde faz alguns golos com o seu pé direito. Provavelmente não o verão mais nesta prova uma vez que foi expulso no último jogo (injustamente, diga-se), o que pode ser igualmente uma condicionante para a própria equipa.

Damian Manso – Um “pibe” tipico de 28 anos. Manso já teve experiências europeias, mas claramente o ritmo sul americano é o que mais se lhe adequa. Algo pesado mas muito forte tecnicamente, trata a bola sempre com mais do que um toque, humilhando adversários com os seus dribles e fazendo alguns golos de belo efeito.

Claudio Bieler – Tal como Manso faz parte do clã argentino do Quito. Ponta de lança sem expressão no seu país emigrou para o Colo Colo mas é, aos 24 anos, no Quito que se faz mostrar. Num estilo de busca incansável pela oportunidade, vai tirando os seus dividendos dos erros adversários que compensam a ingratidão da posição em que actua. Com ele, o histórico e veterano Agustin Delgado (que brilhou no último mundial) fica remetido para um plano muito secundário e esse é o maior elogio que se lhe pode fazer.

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Por uma boa causa, foi Deco o avarento!

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28.5.08

As primeiras notas para o Euro: Turquia e Rep.Checa

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Os dias para o inicio do Euro são já muito poucos e enquanto em Viseu se pode observar uma série de treinos com pouco tempo dedicado à vertente táctica, não se perspectivando qualquer novidade no modelo de Scolari, alguns dos nossos adversários já deram algumas pistas do que deles se poderá esperar na fase final da competição. Aqui ficam algumas notas que retirei dos jogos da Turquia com o Uruguai e República Checa com a Lituania.

Turquia
Esta formação turca marca a viragem de uma geração muito marcada principalmente pela figura de Hakan Sukur. Pois bem aquilo que se prepara para o Euro é uma formação com uma referência de ataque bem mais móvel, oscilando entre nomes já consagrados no futebol turco com outras figuras de grande futuro.
Em termos de sistema, a Turquia apresentou-se em 4-3-3, com algumas especificidades. Mehmet Topal é um jovem do Galatasaray que promete ser o ponto de equilíbrio da equipa. Na sua frente estão dois jogadores de grande qualidade em posse de bola e que tentarão ser o motor do meio campo: os experientes Emre e Basturk. Como extremo esquerdo, um dos nomes a acompanhar no Euro: Arda Turan. 21 anos apenas, mas muita qualidade e mobilidade, partindo da sua posição aberta para movimentos interiores que merecem toda atenção dos adversários. Do outro lado Kazim Kazim, com um perfil bem mais estático do que Arda Turan, Kazim Kazim revela no entanto um nível técnico assinalável, sendo um jogador particularmente para as primeiras bolas aéreas. Normalmente é ele a referência dos pontapés longos do guarda redes, tentando permitir a Basturk a conquista da segunda bola, saindo a jogar dessa situação e tirando partido do cariz ofensivo de Hamit Altintop. Na frente, a mobilidade de Nihat promete ser um problema para os centrais que busquem uma referência de marcação, sendo igualmente importante para as transições e para a primeira fase de pressão.
Resta fazer uma referência aos aspectos defensivos, onde parece não haver grande qualidade nas individualidades da rectaguarda, e das opções que poderão entrar nestas contas, particularmente Tuncay e o outro Altintop, Halil.

República Checa
A primeira coisa que devo referir deste que é o mais bem cotado dos adversários portugueses no grupo A, é alguma limitação qualitativa daquilo que para já apresentou.
Começando pela defesa, estará aqui individualmente o sector onde existem maiores garantias de qualidade. Cech dispensa apresentações, Grygera e Jankulovski são dois laterais experientes que actual em Juventus e Milan, respectivamente, e Rozenthal e Ujfalusi dois centrais com grande experiência, tendo actuado em 2008 na Lazio e Fiorentina. O problema poderá estar, no entanto, no processo defensivo, mas já lá vamos...
Com bola a equipa tem duas soluções. A primeira e a que recorre frequentemente é o recurso directo a Koller, provavelmente o mais forte jogador do mundo a jogar como pivot neste tipo de solicitações, e tentar sair a jogar a partir da segunda bola (esta solução poderá ser uma arma igualmente mortífera com defesas mais adiantadas, lançando Baros nas costas). A outra hipótese é sair a jogar desde trás. Aí a equipa abre-se enormemente, com Vicek e Plasil a colarem-se às linhas e deixando a zona central para Polak e, sobretudo, Jarolim, já que Polak tem uma função muito defensiva. Nesta alternativa, há ainda que salientar a participação ofensiva dos laterais, o que deixa uma equipa profundamente desequilibrada no momento da perda de bola.
Com o eclipse das estrelas que foram o motor desta selecção durante muitos anos e a ausência de Rosicki, a República Checa tem em Koller um recurso muito importante em termos ofensivos que, se não houver novidades, pode ser essencial neutralizar.

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Ora bem... então quando é que joga o Inter?

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27.5.08

Ranking Europeu de Clubes época 07/08

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É uma classificação que fui actualizando durante a época de 06/07, não o fazendo esta temporada. O objectivo é fazer um ranking de performance entre as equipas dos principais campeonatos europeus, tendo em conta as suas performances internas e nas provas europeias. Esta é uma quantificação inexistente no futebol actual e daí a motivação do exercício. Deixo agora a classificação de 07/08 que tem em conta as equipas das ligas Inglesa, Espanhola, Alemã, Francesa, Italiana, Portuguesa, Holandesa, Russa (2007), Romena, Escocesa e Turca – as primeiras 10 do ranking da Uefa.


Como é feito?
O ranking é composto por 2 componentes essenciais: pontos em competições europeias e pontos em competições domésticas. No primeiro caso, é simples, considera-se os pontos atribuidos nos coeficientes da Uefa para a performance de cada clube nas provas europeias. No caso das competições domésticas, é feita uma classificação que tem em conta a média de pontos por jogo de cada equipa na respectiva liga, sendo que cada liga tem um peso diferente em função da sua classificação na Uefa (ou seja ter uma média de 2 pontos em inglaterra é mais valorizado do que, por exemplo, em Portugal). Esta pontuação doméstica tem ainda em consideração uma valorização para o campeão e vice-campeão de cada liga, bem como para os vencedores das Taças e Taças da Liga (quando existem). Os resultados estão à vista e julgo que reflectem aquilo que assistimos durante a temporada.


Classificação 07/08


Sem surpresas é o Manchester United quem concluíu a época na liderança desta classificação e, também aqui, se repetiu a discussão “ao milimetro” com o Chelsea, segundo classificado. Em terceiro ficou o Real Madrid, fruto da sua importante conquista interna e em terceiro o Bayern, depois do pleno a nível interno e as meias finais da Uefa. Os cinco primeiros ficam completados pelo campeão italiano. A nível internacional destaque vai ainda para as performances positivas do Glasgow Rangers e Zenit e para as modestas prestações de Milan e Valência.
Entre os portugueses, muito boas classificações de FC Porto e Sporting. O FC Porto é, aliás, o primeiro clube fora das 5 principais ligas, fruto essencialmente da sua excelente performance interna (os efeitos do Apito Final não entraram aqui, obviamente). Nota ainda para o Benfica que é 38º bem à frente de Sporting de Braga, Guimarães e Setúbal. Os vimaranenses, aliás, foram penalizados por não terem estado presentes na europa e ainda por não terem chegado a qualquer final das competições internas, explicando-se assim o seu posicionamento atrás do rival minhoto.

classificação completa


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Candidatos à Libertadores: Fluminense

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É o resistente brasileiro na competição e protagonizará com o Boca uma verdadeira final antecipada nas meias finais da prova, depois de ter derrotado, ao soar do gongo, o campeão brasileiro, São Paulo. No Fluminense vive-se um período de grande motivação em torno desta competição em que não tem qualquer presença numa final.
Renato Gaúcho é o timoneiro desta caminhada da formação das Laranjeiras e poderá estar perto de um feito que pode catapultar a sua reputação para um nivel mais próximo da elite dos treinadores brasileiros. De resto, não é fácil definir concretamente as opções tácticas do treinador do Fluminense ao longo desta prova, pelo simples facto de que Renato Gaúcho tem oscilado entre as estratégias adoptadas, particularmente no que respeita ao sistema de jogo. A equipa pode actuar em 4-2-2-2, como acontece normalmente em casa, com 3 defesas (recuando Ygor) em 3-4-1-2 (mais característico das deslocações), ou até com apenas 1 ponta de lança. Para quem acompanha apenas o futebol europeu, estes sistemas poderão gerar alguma estranheza, mas a verdade é que estes são “esqueletos” perfeitamente normais na realidade do futebol brasileiro actual, onde a indisciplina táctica de muitos médios e a propensão ofensiva dos laterais acaba por tentar ser compensada por uma maior preocupação com a presença de jogadores mais fixos na zona central.


A atacar
À excepção dos pontapés longos de Fernando Henrique, o Fluminense nunca recorre a um jogo mais directo, isto apesar de ter em Washington um ponta de lança poderoso. Esta opção vai até ao extremo de se arriscarem passes à queima quando a equipa é submetida a uma pressão mais intensa. Mas para se falar das características ofensivas do Fluminense é preciso referir sobretudo a mobilidade concedida aos médios e a propensão ofensiva dos laterais, frequentemente apanhados em simultâneo em acções ofensivas (o que gera algum desequilíbrio que, na minha opinião, poderá ser aproveitado pelos contra golpes do Boca). Aqui, há alguma assimetria provocada pela acção mais ofensiva de Júnior César em comparação com Gabriel. Há ainda que mencionar a criatividade e qualidade do pé esquerdo de Thiago Neves, a capacidade organizadora de Conca e a versatilidade de Cícero, um médio que é utilizado muitas vezes perto de Washington (no lugar de Dodo), por se conseguir adaptar bem às zonas de finalização, por via de um bom jogo aéreo e remate fácil.


A defender
Um pouco à imagem da generalidade das equipas brasileiras, o Flu desequilibra-se com alguma facilidade, particularmente quando actua com apenas 2 centrais, dando maior liberdade a Ygor. Ainda assim, Ygor tem um papel fundamental na compensação que faz tanto aos laterais (particularmente Júnior César) como aos centrais. Outro jogador fundamental em termos tácticos é Arouca, que não tendo uma missão tão recuada quanto Ygor, é fundamental nos equilíbrio s de meio campo. Por último, referir a importância da qualidade dos centrais Thiago Silva e Luiz Alberto numa equipa que tem uma postura bastante diferente em casa e fora, onde baixa muito o seu bloco perante a posse adversária.


Individualidades
Thiago Silva
– Este defesa central de 23 anos que foi um dia contratado pelo FC Porto e que foi já apontado como alvo do Benfica, é hoje visto por muitos como o melhor na sua posição do futebol brasileiro. Fisicamente bem composto, Thiago Silva é daqueles centrais brasileiros que se caracterizam pela sua qualidade técnica, quer na forma como abordam o desarme, quer como saiem a jogar.


Júnior César – Lateral (ou melhor, ala) esquerdo de 26 anos que se iniciou no Flu, tendo depois passado por alguns clubes antes de regressar. Foi um dos destaques frente ao São Paulo, infernizando a vida ao corredor direito do campeão brasileiro, com as sua atitude altamente ofensiva. Nos jogos fora, um pouco à imagem da equipa, é bem mais contido.


Arouca – médio de 21 anos que tem um invulgar cultura táctica para o futebol brasileiro. Não é jogador de grandes explosões mas tem uma apreciável qualidade na posse de bola e no preenchimento da zona interior direita do meio campo.


Thiago Neves – Tem sido muito destacado este criativo de 23 anos que há pouco mais de um ano regressava do Japão para ser emprestado ao Fluminense. Tem um pé esquerdo notável e pode ser um jogador de grandes desequilíbrios, mas atravessa uma fase menos positiva em que tenta encontrar no seu futebol a consistência que diferencia um grande de um bom jogador.


Cícero – Está apenas emprestado ao Fluminense este médio ofensivo de 23 anos (o que é mesmo que dizer que poderá ser uma boa oportunidade de negócio para quem esteja atento). É um jogador interessante, tendo qualidade técnica, remate fácil e um jogo aéreo atípico para um médio, o que faz com que possa ser utilizado como avançado. Não é ainda um fora de série, mas há alguma margem de progressão neste jogador que só agora começou a jogar com regularidade num grande.


Washington – No final dos anos 90 esteve em Lisboa para assinar pelo Sporting, mas os seus problemas cardíacos puseram fim à hipótese de jogar em Alvalade. A sua carreira continuou com sucesso no Brazil até rumar à Turquia em 2002 para jogar no Fenerbahce. Fez 9 golos em 12 jogos antes de ter de regressar ao seu país, precisamente, pelos problemas que o afectavam. Uma intervenção cirurgica resgatou finalmente o jogador para que prosseguiu a sua carreira com registos de golos invulgares nos tempos actuais (de 2004 a 2007, 98 em 123 jogos). É um jogador de área poderoso fisicamente que aos 33 anos sonha com a conquista da Libertadores.

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26.5.08

A opção Quique Flores

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Pelo perfil que já aqui havia defendido como ideal para treinador, não só do Benfica, mas qualquer um dos ‘grandes’, não posso, naturalmente, considerar esta a escolha mais indicada. Quique Flores entra na Luz pela mesma porta de Koeman ou Camacho. Ou seja, um treinador de créditos reconhecidos, mas que acabou de sair por baixo de uma importante oportunidade de carreira, servindo o Benfica como resgate para a essa situação. Este é, no entanto, um perfil que, também como já aqui referi recentemente, parece agradar mais aos adeptos do que um nome com menos currículo, mas a quem seja reconhecido potencial. Assim, mais uma vez, o Benfica opta por fazer o esforço financeiro de trazer para Portugal um treinador em quem deposita grandes esperanças, sob a perspectiva de que a importação dos seus conhecimentos irá fazer a diferença em Portugal.

Sobre aquilo que se pode esperar de Quique Flores é ainda cedo para grandes considerações. Uma olhada pelo seu passado diz-nos que é um treinador que privilegia o rigor defensivo a uma grande expressão em termos ofensivos. Aliás, as suas épocas, quer no Getafe, quer no Valência foram caracterizadas precisamente por bons registos defensivos (particularmente em casa), sendo que a sua saída do Valência depois de uma fase em que a equipa perdera essa sua típica eficácia defensiva. Em termos de sistema não há também certezas, apenas a indicação que o 4-4-2 clássico era um dos esqueletos que mais apreciava no Valência, parecendo menos provável que opte pela manutenção do losango. Aliás, olhando para o perfil de Quique, antecipo mais um regresso a algo próximo do preconizava Camacho do que Fernando Santos ou mesmo Chalana. Refiro-me em particular ao sistema (linha de 4 no meio campo) e à atitude defensiva (privilegiando o equilíbrio defensivo e a organização posicional no momento da transição defensiva), já que em termos ofensivos Quique terá certamente de encontrar ideias que vão para além do deserto ofensivo com que Camacho nos brindou.

Finalmente uma nota para um pormenor que considero negativo e que, mais uma vez, encontra paralelo em Camacho: a exigência de reforços “à cabeça”. Um treinador que venha para o Benfica tem de perceber que não terá as mesmas possibilidades financeiras de alguém que está no Valência, mas que, por outro lado, deverá atingir um nível desportivo bem próximo do topo europeu. Ao treinador cabe encontrar soluções, sejam elas por via do trabalho táctico, ou pela indicação de jogadores de potencial mas com custos acessíveis. Pedir reforços de nome feito é algo que, simplesmente, não é possível no futebol português e é por isso que não é nada fácil ser-se treinador dentro deste contexto.

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À Pelé!

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24.5.08

Nelson Benitez: esperar para... perceber!

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Nelson Benitez foi a surpresa nos jornais de Sexta Feira. Depois de Tomas Costa, o FC Porto vai buscar mais um jogador à argentina, agora para uma posição carenciada do seu plantel: a lateral esquerda.

Honestamente não conheço este jogador que chega agora do campeão do Torneo Apertura 2007, o Lanus, e este desconhecimento é a única atenuante para um inevitável torcer de nariz quando olho para o seu percurso. Convém, em primeiro lugar, dizer que o Lanus é um clube modesto dentro da realidade do primeiro escalão argentino, tendo como único e surpreendente título, precisamente, o Apertura 2007. Na actual competição, o Lanus regressou às suas classificações mais habituais, estando, a poucas jornadas do final do Clausura 2008, a meio da tabela. Pois bem, se pedissem a alguém para destacar jogadores desse Lanus campeão, certamente que Nelson Benitez não seria um deles. É que este jogador de 24 anos não fez sequer parte da equipa base desse título de 2007, jogando apenas 9 dos 19 jogos, sendo que em apenas 3 (!) foi titular. Sendo estes dados referentes a 2007, podia pensar-se que 2008 estivesse a ser diferente, mas... não. No Clausura 2008 foi titular em 7 dos 15 jogos, tendo entrado em mais 2 como substituto. Quanto à Libertadores 2008, 3 jogos (2 a titular) em 10 realizados pelo Lanus na mais prestigiada prova de clubes da América do Sul. Fica o nome do habitual titular nesta posição no Lanus, chama-se Maximiliano Velazquez e tem 27 anos.

Por tudo isto se percebe o porquê de estranhar a contratação deste jogador. Aliás, não é a primeira vez que o Porto vai à Argentina buscar um lateral esquerdo com um percurso duvidoso. Há ano e meio, Lucas Mareque, suplente e “dispensável” do River Plate também foi contratado. Aproveitando a chamada de Mareque à questão, fica a curiosidade. Este lateral esquerdo de 25 anos joga actualmente num clube teoricamente superior ao Lanus e, ao contrário de Benitez, é mesmo titular.

Enfim, resta agora esperar pelas prestações de Benitez que poderão, até, dar razão a quem decidiu pela sua contratação. Uma coisa me parece clara, no entanto: é muito pouco provável que a substituição de Bosingwa se fique aqui...

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A discrição de Terry!

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23.5.08

Candidatos à Libertadores 2008: Boca Juniors

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Se à partida para a defesa do seu título já era visto como um dos principais favoritos na corrida ao título, à chegada às meias finais, o Boca apresenta-se indiscutivelmente como a principal figura de cartaz desta prova. É que a Libertadores viu já eliminadas todas as outras formações argentinas, assim como o poderoso São Paulo, este ano com Adriano nas suas fileiras.
A verdade é que depois da conquista da Libertadores em 2007, o Boca passou por um mau bocado, com o seu futebol a cair num vazio de ideias depois da saída de Riquelme. O resultado foi um Torneo Apertura medíocre, seguido de uma presença na Intercontinental que nunca chegou a contestar o favoritismo do Milan. A solução passou, não só pelo regresso do tão amado Riquelme, como pela substituição de Miguel Angel Russo – o treinador – por Carlos Ischia. Ischia, antigo treinador de Di Maria no Rosario Central e discípulo de Carlos Bianchi, não foi um nome consensual, sendo o próprio Maradona um dos críticos. A verdade, porém, é que o Boca chega ao final da temporada na luta pelos seus objectivos. Para além da Libertadores, a formação de Buenos Aires pode ainda atingir o título no Torneo Clausura, ainda que tal tarefa não se afigure fácil.

A atacar
Quem olha para os nomes do Boca não terá dificuldades em antecipar as referências do seu jogo ofensivo. Primeiro, Riquelme em posse sobre a zona central e, em alternativa, jogo directo para Palermo. Assim, com posse de bola a equipa procura quase sempre Riquelme que tenta depois tirar o melhor partido da mobilidade de Palacio ou da irreverência de Dátolo. No meio campo há ainda mais dois nomes. Battaglia é o elemento posicional que se limita a ser apoio recuado à posse de bola, e Chavez (ou Vargas ou Ledesma) são um vértice lateral diferente de Dátolo sobre a esquerda, oferecendo mais apoio a Riquelme na posse e surgindo menos vezes em profundidade sobre o flanco. Assumindo o perfil estático de Palermo, resta falar dos laterais. Jogue quem jogar, existe sempre a vocação ofensiva, embora essa seja muitas vezes uma intenção difícil de concretizar num futebol que, ao contrário do europeu, percorre com muita rapidez e de forma constante o comprimento do campo, não havendo tempo para esperar o apoio dos laterais.

A defender
Defensivamente surgem – bem ao estilo Sul Americano – os principais problemas. No jogo aéreo, Paletta é fundamental, dada a pouca estatura dos outros centrais e em transição a equipa demora muito tempo a recuperar, sobretudo quando não há grandes hipóteses de executar o pressing. Ainda assim, esta é uma visão que tem por base uma comparação com o futebol europeu, já que este Boca tem sido uma equipa em maior destaque, precisamente, quando os adversários tentam ser mais ofensivos. Para isto contribui a qualidade dos jogadores da frente que, com espaço, se tornam temíveis (o Boca marcou 5 golos nas suas 2 deslocações após a fase de grupos).

Individualidades
Gabrile Paletta – Defesa central de 22 anos revelado pelo Banfield, é uma das maiores promessas actuais do futebol argentino na sua posição. Apareceu em bom plano no Mundial sub20 de 2005 e justificou a aposta do Liverpool, com grandes elogios de Benitez. A verdade é que a aposta não pareceu muito sólida e, após uma época complicada onde foi um dos principais réus da humilhação (3-6) frente ao Arsenal, regressou à argentina. No Boca é uma presença particularmente importante para o jogo aéreo, mas o seu potencial não fica por aqui.

Cristian Chavez – Médio interior de 20 anos é uma das grandes revelações da temporada e um nome a acompanhar. Pouco ou nada utilizado até então, Chavez apareceu em Abril com utilizações mais frequentes e, pouco a pouco, vai ganhando espaço como titular. Médio interior, forte fisicamente, hábil com os 2 pés e com uma grande entrega ao jogo, Chavez não é ainda um jogador de top, mas poderá muito bem vir a ser, caso a sua evolução como profissional seja positiva.

Jesus Dátolo – Extremo esquerdo de 24 anos é depois de Riquelme o jogador de maior qualidade técnica do Boca. Dátolo revelou-se no Banfield e foi recrutado pelo Boca onde demorou a afirmar-se. 2008 tem sido nesse aspecto o grande ano de Dátolo, com muitos golos e jogadas decisivas, sendo, talvez, o jogador que mais justifique uma aposta europeia. O seu pé esquerdo executa muito bem, quer no controlo e progressão, quer nos cruzamentos (é ele quem bate os cantos). Para além disso, Dátolo torna-se eléctrico quando a bola lhe chega, sendo igualmente capaz de fazer bastantes movimentos interiores, o que abre a possibilidade de jogar também como avançado móvel.

Juan Riquelme – médio criativo de 29 anos. É escusado falar muito de um jogador que toda a gente conhece. No Boca é, como se esperava, o patrão num estilo de jogo que o favorece precisamente por lhe pedir apenas aquilo que ele quer fazer.

Rodrigo Palacio – Avançado de 26 anos, também revelado no Banfield, Palacio tem sido um dos nomes em destaque nos últimos anos do Boca. Se Palermo é um avançado fixo, Palacio ser de complemento perfeito já que a velocidade, mobilidade e, sobretudo oportunidade com que aparece nas alas, fazem dele um jogador que, longe de ser brilhante, tem uma enorme utilidade nas acções ofensivas.

Martin Palermo – Avançado de 34 anos. Este veterano de 34 anos é sobretudo uma arma letal no jogo aéreo. Surge com frequência a fazer golos, cumprindo a sua missão de jogador de área, mas é na fase de desespero, quando o Boca recorre ao jogo directo, que Palermo se torna na grande referência do ataque da sua equipa.


Resumos
Atlas 0-3 Boca Juniors
Boca Juniors 2-2 Atlas
Cruzeiro 1-2 Boca Juniors
Boca Juniors 2-1 Cruzeiro

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A época de Benzema

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22.5.08

Final Champions League: A terceira do United

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Man Utd *1-1 Chelsea
(resumo)
As estratégias tácticas
Talvez se esperasse um jogo mais ao estilo das meias finais, com muita contenção posicional, sobrepovoamento do meio campo e uma espécie de duelo mental para ver quem seria o primeiro a errar. A verdade é que o jogo não foi ao encontro desta expectativa e, se é verdade que o Chelsea apresentou desde o inicio um pressing que não se limitava a esperar pelo seu adversário, a grande nuance táctica que contribuiu para esta maior abertura do jogo esteve na estratégia escolhida por Alex Ferguson. Optar pelo 4-4-2 clássico não significava forçosamente perder a batalha do “miolo”, mas exigia a introdução de algumas preocupações que pudessem contornar a desigualdade numérica que, no papel, os esquemas em confronto poderiam fazer antever. É precisamente por aqui que se explicam as diferenças no balanceamento de jogo entre o primeiro e segundo tempos... mas já lá vamos.
O principal problema do United residia na superioridade que Makelele poderia provocar. Quando a bola entrava no veterano francês este tinha dois médios adversários à sua frente e dois da sua própria equipa. Se a pressão se fizesse através de Scholes ou Carrick, uma linha de passe abrir-se-ia e era por isso que para Ferguson a missão de Tevez em “apertar” de imediato Makelele era fundamental em termos defensivos. Em termos ofensivos, o United precisava de apelar à mobilidade de Tevez, Rooney e Ronaldo para que Makelele não dominasse uma zona onde naturalmente não caía nenhum médio adversário. Mas sendo a mobilidade um princípio já característico dos “Red Devils”, essa preocupação não seria propriamente um problema.

Primeira Parte
No primeiro tempo o United interpretou muito bem estas exigências tácticas e, se é verdade que não houve grandes desequilíbrios nos primeiros 25 minutos, também se pode dizer que foi sempre a formação de Manchester a ter um ligeiro ascendente, sobressaindo as movimentações de Tevez e Rooney, o notável papel de Hargreaves sobre a direita e a inspiração de Ronaldo, quer a aparecer no espaço entre linhas, quer a protagonizar duelos com Essien que evidenciou aí a sua dificuldade no 1x1 naquela posição. Ronaldo, o próprio, marcaria num lance que se iniciou num lançamento lateral e que o português aproveitou para tirar partido da má abordagem de Essien (tinha, pelo menos, de ter saltado). Se o Chelsea confirmou a intenção de subir no jogo, foi o United quem melhor esteve até ao final dos 45 minutos, desperdiçando duas transições exemplarmente protagonizadas por um ataque que sabe como nenhum outro aproveitar os momentos em que se lhe é dado espaço. Tevez e Carrick não aproveitaram e o preço foi pago numa factura bem dispendiosa. Mesmo antes do intervalo, Lampard tirou partido de um lance de alguma fortuna, mas que ilustra, por um lado, o sentido de oportunidade de Lampard, e por outro, a notável utilidade que Essien dá ao sector intermediário (o ganês criou frequentemente superioridade nessa zona, principalmente no segundo tempo, onde apareceu em muito bom plano nos aspectos ofensivos).

Segunda Parte
A situação fez-me recordar a felicidade do auto golo de Riise à beira do ponto médio da eliminatória das meias finais e, tal como acontecera na segunda mão desse embate com o Liverpool, também em Moscovo o Chelsea deu sequência ao momento de felicidade com uma fase de superioridade sobre o seu adversário. É que para os segundos 45 minutos, as cabinas foram muito mais benéficas para os “Blues”. O United foi para o intervalo a pensar ter descoberto um ponto de superioridade no jogo: a exploração do 1x1 com Essien. A sua posse de bola no segundo tempo passou a orientar-se para Ronaldo mas essa opção revelou-se uma ilusão. Alertada para a situação, a equipa do Chelsea passou a juntar Ballack à dupla Cole-Essien que travava um duplo duelo com Ronaldo e Evra. Não se pode dizer que fosse absolutamente eficaz, porque a qualidade dos 2 jogadores do United acabaria por conseguir alguns desequilíbrios, mas Ronaldo passou a ser confrontado com uma permanente desigualdade numérica que prejudicou a sua exibição e as potencialidades de um United que, paralelamente, se passou a revelar pouco paciente e imaginativo em relação às outras soluções. Por outro lado, o Chelsea passou, ele próprio, a tirar melhor partido da tal superioridade no “miolo”, com os movimentos de Joe Cole e Malouda a oferecerem mais linhas de passe à construção. A verdade, porém, é que o ascendente do Chelsea teve pouca tradução em oportunidades reais até aos 70 minutos.
Foi por volta dessa altura, dos 70 minutos, que se viu Rooney a receber instruções de Ferguson e a responder para os companheiros com uma mão aberta a indicar “5”. 5 homens de meio campo a partir daí, queria ele dizer. Hargreaves juntou-se a Carrick e Scholes e Rooney passou a fechar sobre a direita. Ferguson esperara 25 minutos até decidir que os seus ajustes tácticos já não estavam a ser bem interpretados e o jogo voltou a equilibrar-se. Ainda assim, foi o Chelsea a manter-se mais esclarecido em posse de bola, desfrutando, curiosamente, da sua melhor oportunidade até aos 90 minutos, depois deste reajustamento táctico de Ferguson: a meia distância ao poste de Drogba.

Prolongamento
Mais divididos e sem desequilíbrios de relevo, os 15 minutos finais conduziram a um provável prolongamento. Aí o jogo não alterou a sua toada e, se logo no inicio foi Lampard a estar perto de conseguir um golo notável, pela rapidez com que rodou e rematou, numa jogada que resulta – tal como acontecera no golo do United – de um lançamento lateral, pouco depois seria a vez do United a estar perto do golo. Ao centésimo minuto Giggs teve nos pés a mais clamorosa e, acrescentaria, imperdoável perdida do jogo. A construção desse lance resulta do último detalhe táctico de relevo que julgo não ter tido maior expressão pelo cansaço que já se apoderara dos jogadores. No inicio da jogada, Evra antecipa-se a Anelka que entrara poucos minutos antes para o lugar de Joe Cole. A acção defensiva de Joe Cole foi, como referi atrás, muito importante e estou em crer que Anelka nunca teria a mesma eficácia no acompanhamento a Evra. O lateral aproveitou esse lance, mas o United já não tinha nem pernas nem lucidez para tirar maior partido dessa debilidade do Francês e o jogo caminhou para os penaltis, sem que a expulsão de Drogba tivesse algum impacto real na partida.

Penaltis
Sobre os penaltis começo por dizer que os acho muito ingratos, sobretudo duma perspectiva histórica. Mais vale justificar um vencedor ingrato com a crueldade natural do futebol do que ficar na história uma decisão por um método que, por mais que se diga que não, tem muito de aleatório.
Os penaltis começaram um pouco antes da marcação de Tevez. Anderson e Belleti entraram mesmo antes do final dos 120 minutos para que pudessem contribuir no desempate final e não, como se chegou a ouvir, por qualquer tentativa de perda de tempo de ambos os treinadores. Finalmente, um pormenor: todos os penaltis do Chelsea foram cobrados para a esquerda de Van der Sar, menos o... de Anelka.

Ronaldo
Deixo um comentário individual à prestação de Ronaldo, por todo interesse que esta final gerava em torno do jogador. Foi nomeado MOM pelos adeptos no site da Uefa mas acho a distinção exagerada. Talvez tenha sido o melhor do primeiro tempo, por ser o elemento mais desequilibrador nesse período, mas caiu no resto do jogo. Se tacticamente já expliquei a minha visão do porquê desta queda, junto que o próprio Ronaldo teve nela alguma responsabilidade. Há vezes em que o drible está condenado ao fracasso e Ronaldo devia ter percebido isso quando tinha 2 ou 3 jogadores pela frente. É uma situação que o próprio deve corrigir com o tempo e que – não posso deixar de referir – é bom que Scolari antecipe, porque vai repetir-se no Euro, sendo necessário que o colectivo tenha rotinar que contornem e tirem partido da situação. Finalmente, tirar mérito a Ronaldo pelo penalti falhado é, para mim, absurdo (não é preciso sequer lembrar que jogadores falharam mais do que uma vez neste tipo de situações). Ronaldo não fez uma exibição épica, é certo, mas esteve em muito bom nível e se há jogador a quem a história ligará esta final pela positiva, esse jogador é Cristiano Ronaldo.

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Chegou ao fim... escolha-se o melhor!

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21.5.08

Em quem deveria ter apostado?

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Foi um exercício que deixei aqui a meio da temporada e que agora recupero para uma análise mais definitiva. Para esclarecer, o que é medido é o retorno que se obteria caso se apostasse no mesmo clube em todas as jornadas e numa hipótese de resultado igualmente fixa (vitória, derrota, não perder ou não ganhar). Acrescento que os valores considerados são uma média dos prémios atribuidos pelas diversas casas de apostas para os jogos da Liga.

Sem surpresas, fazer apostas positivas no topo da tabela ou negativas no seu final seriam as opções mais acertadas – o problema seria saber, no inicio, quais os clubes que ocupariam cada uma das posições, obviamente. As rentabilidades máximas estão, de resto, precisamente nos extremos. Apostar “derrota do Leiria” em todos os jogos renderia 35% de lucro, enquanto que “vitória do Porto” seria recompensado em 25%. Mas há alguns casos curiosos. Primeiro o Benfica, onde seria rentável apostar “não perder” ou “não ganhar” de forma sistemática. Este facto deve-se ao número elevado de empates do clube da Luz (13 no total). O Marítimo, por motivos inversos (ou seja por ter poucos empates), seria uma boa opção para “vitória”, enquanto que o Belenenses vê reflectida a constância de resultados em jogos de grau de dificuldade elevado, afirmando-se como a única equipa em que compensaria fazer qualquer uma das opções positivas. O Nacional foi profundamente beneficiado pelos brilharetes frente ao FC Porto, explicando-se assim os 11% de retorno na opção “vitória”. Finalmente nota para os “empatas” Académica, Leixões (ambos 14 empates) e Académica (13) que, por isso apresentam rentabilidades positivas nas opções “não ganhar” ou “não perder”.

Note-se que os prémios estabelecidos acabam por corresponder, no fundo, às expectativas em torno de cada equipa, em cada momento. Por aqui pode perceber-se, por exemplo, que a vitória do FC Porto superou as expectativas pela sua superioridade, que o segundo lugar do Sporting corresponde a uma prestação menos positiva, que o Benfica foi penalizado por diversos empates surpreendentes, que o Vitória de Guimarães ou Setúbal fizeram campeonatos acima do esperado, ao contrário de Braga e do desastroso Leiria. Parece fácil agora, não é?

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Amanhã já será história...

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20.5.08

Os efeitos da generosidade da memória

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É curiosa a forma como a memória evolui ao longo dos anos. Neste aspecto, com responsabilidades divididas com a comunicação social, os adeptos têm tendência a moldar uma visão desajustada da realidade do seu próprio clube, reflectindo-se na forma como lidam com os resultados daqueles que, ano após ano, são designados para defender as cores dos respectivos emblemas. É uma característica que não terá, obviamente, efeito exclusivo em Portugal, mas que pode ser detectada de forma muito particular em cada um dos clubes grandes nacionais.

Um exemplo concreto deste fenómeno pode ser encontrado, nesta altura, na opinião que a generalidade da imprensa e adeptos tem em relação ao perfil do futuro técnico do Benfica. Como se o clube fosse (ou pudesse ser) um dos que finalizam a “cadeia alimentar” do futebol europeu, exige-se um “curriculo feito”, de preferência estrangeiro porque “não há portugueses disponíveis que tenham capacidade suficiente” para a tarefa. Isto apesar das sucessivas “bofetadas” que esta teoria tem recebido com os exemplos desde o inicio dos anos 90.
Outro caso, necessariamente diferente, é o Sporting. Esta época, igualmente, assistimos a um exemplo deste fenómeno de sobrevalorização histórica do próprio clube, com a contestação feita durante a época nomeadamente pela acusação da “perda de ambição” que supostamente se estava a apoderar da direcção e equipa técnica. Neste aspecto, o principal visado a dada altura foi Paulo Bento, mas a verdade é que esta critica esbarra com uma visão factual do passado recente do clube. É que desde a conquista do seu tetra campeonato, em 1954, o Sporting apenas ficou 20 vezes (em 54 anos) acima do 3º lugar, sendo que a situação piorou substancialmente a partir do inicio dos anos 80. Ora este facto não impediu que se falasse em “falta de ambição” num treinador que conseguiu 3 desses tais 20 registos, numa fase de assumidas limitações financeiras do clube. Neste contexto, não deixa de ser surpreendente o número de recordes que Paulo Bento já conseguiu em apenas 3 épocas à frente da equipa...

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Parabolica! - provavelmente a última da temporada

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19.5.08

Notas da Final da Taça

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Sporting 2-0 Porto
(resumo)
- Não deixei aqui a antevisão da final, mas se me perguntassem o que esperava deste 6º duelo entre o Porto de Jesualdo e o Sporting de Paulo Bento diria que o balanço do equilíbrio do jogo se decidiria entre a capacidade que o Sporting demonstrasse no seu momento defensivo e a resposta que o Porto desse à caótica performance frente ao Nacional, sobretudo no aspecto da concentração competitiva. Depois do jogo, julgo que esta ideia não estaria errada.

- Precisamente, da perspectiva do FC Porto, o jogo terá começado um pouco à imagem desse último embate da época no Dragão. Erros em posse de bola e uma agressividade e concentração impróprias para o embate começaram por determinar o período mais desequilibrado do jogo, com o Sporting a não chegar à vantagem nessa altura por apenas pelo mérito e inspiração de Nuno. Destaque no primeiro lance de Derlei na cara do guarda redes portista para a perda de bola de Quaresma quando veio participar na primeira fase de construção ofensiva – algo que já aqui abordei mais alongadamente.

- A verdade é que os dragões escaparam a essa sua errática entrada na final e progressivamente foram equilibrando as operações. Jesualdo voltou a inovar em jogos com o Sporting. A sua preocupação com os equilíbrios no meio campo tornou
a ser decisiva para a composição do onze. João Paulo foi a solução para a lateral esquerda, tendo como objectivo a introdução de um jogador mais posicional para libertar mais a participação de Fucile na "luta" de meio campo, fazendo o jogo descair para o seu flanco direito (algo que já havia sucedido em Alvalade, mas com o sobrepovoamento da faixa esquerda, com Cech a ser na altura a novidade). A complementaridade desta estratégia foi Mariano, um jogador com mais características para auxiliar no processo defensivo, algo importante tendo em conta o posicionamento muitas vezes adiantado de Lucho no pressing. A estratégia passaria, creio eu, por atrair o losango leonino para junto da lateral, fazendo depois a bola sair da zona de pressão, aproveitando o espaço no lado contrário, num movimento que cria muitas dificuldades à forma de defender do Sporting. O facto é que isso não resultou e daí se explica a pouca capacidade de desequilíbrio do jogo portista no jogo – no primeiro tempo apenas uma grande ocasião para os dragões, provocada por uma jogada individual de Mariano, mas onde há muito demérito do Sporting, ao consentir uma série de dribles naquela zona do campo.

- Se no primeiro tempo – e depois do Porto ter finalmente “entrado” na partida – o jogo foi muito preso pela incapacidade de ambas as posses de bola em superar os pressings adversários, havendo uma já habitual e compreensível cautela, com o jogo directo a ser o recurso assim que a pressão adversária se torna ameaçadora, depois do intervalo houve algumas diferenças. Sempre em toada repartida e nunca sem que nenhuma das equipas perdesse realmente o controlo do jogo, houve mais espaços no meio campo, mais distância entre ambas as linhas recuadas e, por tudo isto, mais lances junto de ambas as áreas. Este equilíbrio durou até à expulsão de João Paulo – nota aqui para a memória da entrada de Fucile frente ao Schalke. O Porto não teve muitos momentos de descontrolo a este nível, mas em 2 jogos decisivos, foi penalizada por atitudes individuais irreflectidas.

- Depois da expulsão, evidentemente, o jogo mudou as suas coordenadas. O Porto fez o que lhe competia, recuando o bloco, face a uma assumida incapacidade de ser eficaz no primeiro momento de pressão, sob pena de perder equilíbrio defensivo. A estratégia não passava apenas por defender, mas por atrair o centro do jogo para zonas mais recuadas, libertando espaços que pudessem ser depois aproveitados por transições agora mais individualizadas e que tinham Quaresma e Lisandro como referência. O Sporting, por seu lado, entrou na sua fase de maior incapacidade. Primeiro mantendo o esquema, depois alterando-o e introduzindo mais uma unidade na frente. O problema, no entanto, não estava em disposições tácticas, mas antes na lucidez que os jogadores não revelavam na gestão da posse de bola. Pouca paciência e pouca imaginação resultavam, ou em tentativas de meia distância, ou em fazer a bola chegar previsivelmente aos flancos, de onde resultavam cruzamentos largos ou perdas de bola por acções individuais. Até ao primeiro golo, duas ocasiões sobressaíram. Uma para o FC Porto, com Quaresma a não conseguir finalizar da melhor forma um lance individual na sequência de uma primeira bola aérea ganha por Kazmierczak. A outra para Tiuí, na sequência de um regresso de Pedro Emanuel ao inicio errático de jogo, com uma oferta pouco compreensível. O golo surgiu pouco depois do lance de Quaresma, numa jogada em que o Sporting tentou uma opção diferente para o que havia feito na última meia hora, com um passe interior de Romagnoli, mas onde há igualmente alguma permissividade portista, particularmente do acompanhamento feito a Tiuí.

- Nota final para o FC Porto. Se a composição deste colectivo e do seu sucesso tem um mérito e uma chancela muito clara de Jesualdo, esta final e a forma como foi preparada tem muito de responsabilidade do treinador. O Porto teve todas as condições para preparar da melhor das formas esta final. A verdade é que a equipa foi perdendo ritmo competitivo e isso havia sido notório frente ao Nacional, com Jesualdo a ter, na minha perspectiva, uma opção duvidosa ao abdicar dos titulares frente à Naval depois desse descalabro. No caso dos jogos a meio da semana é compreensível, mas com 1 jogo por semana não se justifica tanta prudência. O Porto poderá ter recuperado fisicamente, mas perdeu ritmo competitivo e a sua exibição ficou sempre aquém do que havia revelado ao longo da época. Outro aspecto estranho e que revela alguma displicência em relação a esta final é a forma como o negócio de Bosingwa foi apressado. Se fosse noutro clube, estou certo, dir-se-ia que "no Porto não era possível". Individualmente, destaco o jogo mau de Pedro Emanuel, mais uma evidência do actual desenquadramento de Quaresma a funções longe da linha e, para além da exibição esforçada de Meireles, o inevitável Lucho, que apesar de uma entrada menos conseguida e de algumas opções erradas, voltou a ser o elemento fundamental do Porto, pela importância, qualidade e inteligência dos seus movimentos.

- Nota final para o Sporting. A vitória do Sporting, e apesar do rendimento mais fraco do Porto, só é possível por um crescimento da capacidade defensiva leonina neste final da época. Aliás, fui diversas vezes dando conta dessa melhoria após a entrada num ciclo de apenas 1 jogo semanal. Aqui fica, para mim, mais uma evidência da dificuldade do Sporting em fases de maior densidade competitiva. Este crescimento do Sporting permitiu-lhe, primeiro, controlar o jogo e depois tirar partido dos momentos erráticos do seu adversário. Não foi um vencedor inevitável, mas foi bem mais merecedor do que, por exemplo, no jogo de Alvalade frente a este mesmo FC Porto – aí sim, sem capacidade para controlar o adversário. Individualmente, nota para 2 jogadores. Derlei. Foi, para mim, o melhor em campo do Sporting. Forte no pressing, no apoio interior, nas primeiras bolas aéreas e na movimentação na zona de finalização. Tiuí. Não é um grande jogador, evidentemente, mas o que se tem dito dele é profundamente exagerado. Foi, na minha perspectiva, uma contratação acertada e útil pelo momento e pelo perfil que tem. Obviamente que não é um fora de série, mas não teve também esse preço financeiro. Com 22 anos é um jogador de plantel cujas características se integram no modelo de jogo da equipa. Errada foi a aquisição de Purovic, Tiuí é apenas a rasura possível.

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Ibrahimovic: 2 golos, 1 título e... 1 candidatura a bola de ouro?

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16.5.08

Evolução das contas da Porto SAD

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Ao longo dos últimos anos a gestão da SAD portista tem gozado de alguns elogios que, como é costume, surgem mais por arrasto da performance desportiva do que de uma análise mais cuidada às contas da sociedade. A mim, estes elogios sempre me pareceram algo exagerados, particularmente pela dependência do seu equilíbrio das receitas provenientes de transferências de jogadores. A verdade, no entanto, é que a gestão do futebol portista soube tirar partido dos seus êxitos desportivos para evoluir para uma fase que, agora sim, creio poder ser alvo de maiores elogios, encontrando-se numa situação muito favorável para se reforçar desportivamente nas épocas vindouras.

A fase pré Mourinho
À semelhança das suas rivais, a SAD portista entrou nos primeiros anos do novo milénio com uma situação profundamente desequilibrada no que respeita às suas contas. A ausência de receitas da Liga dos Campeões e o nível elevado de custos com o pessoal forçavam um desvio muito pesado das contas excluindo passes de jogadores e, mesmo no que respeita ao balanço dos negócios de atletas, as vendas não eram suficientes para cobrir as amortizações dos investimentos feitos. Esta situação aconselhava a uma revisão profunda da componente de custos que representaria, mais do que provavelmente, uma quebra da qualidade do plantel. O olho clínico de Pinto da Costa faria, no entanto, chegar às Antas um tal de José Mourinho e os efeitos do trabalho do “Special One” foram altamente relevantes para a saúde financeira e desportiva da SAD, muito para além do seu “reinado” como líder do balneário azul e branco.

A fase Mourinho
O que se pode dizer da época 02/03 é que a SAD arriscou. À margem de uma equipa de futebol brilhante, que ganhou tudo o que havia para ganhar, em 02/03, a situação das contas portistas não evoluiu muito. O ano mais relevante seria o seguinte, não só pela conquista da Champions League mas pela mudança de estádio que surgiu na fase ideal, com as vitórias desportivas a atrair muitos adeptos, aumentando significativamente as receitas de bilheteira, comercial e quotização. Neste ano houve, porém, uma série de receitas fora do comum (transferências e prémios de performance desportiva) que disfarçaram um desvio nas contas extra passes de jogadores e que faziam prever um duro regresso à realidade nos anos seguintes...

Pós Mourinho
O que se temia aconteceu. Com a performance desportiva a cair após a saída de Mourinho, os elevados custos com o pessoal (que, entretanto, não foram racionalizados depois de 01/02) e o aumento de custos passaram a ser demasiado elevados para as receitas geradas e, também ao nível das transferências, as contas portistas não foram famosas após as vendas dos heróis de Gelsenkirchen. Resultado, entre 04/05 e 05/06, a SAD acumulou perdas ao nível do que havia ganho em 03/04 e evidenciava-se a necessidade da SAD em realizar importantes mais valias com vendas de jogadores, face ao nível de amortizações e ao desvio entre as custos e proveitos extra passes de jogadores.

O efeito Jesualdo
A época de 06/07 não começou nada bem. A saída de Adriaanse não foi a melhor forma de iniciar uma temporada que se percebia ser importante ao nível desportivo, por esse rendimento poder afectar decisivamente o equilíbrio das contas da SAD que, nos últimos anos, não havia sido famoso. O trabalho de Jesualdo foi por isso muito importante e o resultado de 06/07 mostra uma nova realidade, bem mais optimista do ponto de vista das perspectivas portistas. A principal nota vai, naturalmente, para o equilíbrio das contras extra passes de jogadores, o que aconteceu pela primeira vez em vários anos. O segundo destaque vai para o encaixe feito com os passes de Anderson e Pepe (este entra apenas em 07/08), o que permitiu um alívio importante não só para 06/07, mas também para 07/08.

O futuro imediato
Aquilo que se percebe hoje é que o Porto SAD se mantém dependente da realização de encaixes com passes de jogadores, mas bem menos do que num passado recente. Assim, a SAD tem ainda o relevante desafio de encaixar em transferências uma média anual equivalente ao seus encargos com amortizações de passes (que tem sido de 19 milhões de Euros). Se é verdade que este é um desafio à primeira vista não trivial, as boas notícias vêm logo a seguir. Primeiro, no que respeita às contas extra passes de jogadores, a situação está controlada desde que haja receitas de liga dos campeões – o que não tem sido problema. Depois, o Porto tem hoje uma equipa de elevado rendimento e com jogadores muito valorizados, não tendo todavia necessidade de realizar mais valias imediatas. A venda de Pepe (que entrará em 07/08) e o mais recente negócio de Bosingwa garantirão à SAD a possibilidade de não fazer grandes encaixes até ao final de 09/10, podendo nesta altura concentrar-se em alguns investimentos cujo retorno é apenas necessário a largos anos de distância. Se juntarmos a isto o controlo do passivo do clube e a sua evidente superioridade desportiva no planto interno, pode dizer-se que as preocupações portistas se poderão realmente centrar numa resolução positiva do... caso “Apito Dourado”.

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Showboat!

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15.5.08

Taça Uefa: Zenit confirma

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Rangers 0-2 Zenit
- Do ponto de vista estratégico e das opções dos técnicos não houve qualquer surpresa, repetindo-se a postura ultra conservadora do Rangers, que condiciona profundamente o jogo. Neste aspecto, não me tinha apercebido da displicência de Pogrebnyak na meia final frente ao Bayern, ao ver um amarelo numa altura em que o jogo estava já 3-0, ficando fora da final. Neste plano, de resto, em Florença haviamos visto algo parecido, com Cousin a conseguir ser expulso em apenas escassos minutos de um jogo em que o Rangers precisava de todos os seus elementos. Naturalmente, Pogrebnyak era uma ausência bem mais importante...

- O jogo até começou com duas acções de algum perigo para ambos os lados. A curiosidade foi a forma como foram construídas, já que resultaram de jogadas que entravam em contradição com a estratégia dos dois conjuntos. Primeiro, Zyrianov a roubar uma bola a meio campo que proporcionou uma transição atípica numa formação tão cautelosa quanto o Rangers. Arshavin falharia, mas esta seria uma espécie de antecipação do lance que, mais tarde, definiria o jogo. Depois, foi o Rangers a conseguir uma chegada com perigo à área russa, numa jogada construída em apoio e que revelou também alguma debilidade dos russos, sempre que o seu espaço entre linhas não era controlado por Tymoschuk, algo que, igualmente, seria mais tarde posto a nu pelos escoceses.

- A verdade é que depois desse período inicial o Rangers voltou a conseguir impor o ritmo que lhe convinha, dando a iniciativa ao Zenit, mas controlando sempre as investidas do adversário. O jogo chegou mesmo a causar o sentimento de “déjà vu” para quem havia acompanhado as outras eliminatórias dos escoceses, mas a segunda parte reservaria uma série de incidências que tornariam o jogo mais emotivo, não sendo estas, por uma vez, favoráveis aos escoceses. O Rangers foi quem primeiro teve a melhor oportunidade para chegar à vantagem, com Davis a sair com a posse de bola sobre a meia direita e explorando a tal dificuldade russa em controlar as iniciativas dos adversários, sempre que Tymoschuk falhava o controlo dessa zona. Este facto resulta sobretudo do grande espaço existente entre os centrais e os laterais muito ofensivos. Darcheville não conseguiu marcar, gastando aí uma das poucas “balas” que os escoceses parecem sempre trazer para os seus jogos. Este aspecto teve um efeito nocivo na habitual concentração posicional do Rangers que, talvez por estar a jogar em solo britânico, se entusiasmou de forma a conceder alguns espaços invulgares em partidas anteriores. Whittaker comprovaria essa maior abertura do jogo escocês ao desperdiçar uma oportunidade construída em ataque organizado fazendo uso de um número invulgar de unidades nesse processo. Estavam decorridos 64 minutos e, logo a seguir, se começaria a perceber o preço deste ligeiro entusiasmo escocês. Na sequência do canto, Arshavin teve caminho aberto para aplicar o contra ataque e o seu remate apenas não resultou em golo porque foi tirado em cima da linha. Numa reedição do lance do minuto 4, o Zenit chegou pouco depois ao golo. Denisov foi o protagonista, ao causar o erro adversário, ganhando uma bola no meio campo e iniciando uma transição que tirou partido, primeiro, do pouco equilíbrio momentâneo escocês (pode dizer-se que o Rangers provou do seu próprio veneno) e, depois, da pouca cobertura do espaço entre linhas que permitiu a liberdade a Arshavin para a assistência. Aqui, pode ter havido alguma ilusão de Walter Smith, antevendo um 4-3-3 e não tendo recomendado a Hemdani a preocupação com as costas do meio campo que revelara, por exemplo, frente ao Sporting. Sempre que Arshavin apareceu naquela zona, o Rangers teve dificuldades. A partir do golo, o Rangers passou a ser o Rangers escocês do jogo directo. Smith recorreu primeiro a um 4-3-3, com McCullogh a servir de referência para as primeiras bolas, adptando pouco depois por um risco total e jogando com 3 defesas. Novo ainda podia ter empatado, mas o que era mais previsível acabou acontecer no último minuto, o 2-0.

- É quase um alívio ver este Rangers perder a final. Não critico o pragmatismo da estratégia – que, já o disse, dá que pensar – mas esta é um equipa francamente limitada, quer do ponto de vista individual, quer na sua própria transição ofensiva. É que, ao contrário do que se esperaria, o Rangers não é forte em transição dentro desta estratégia. Limita-se a fazer uso da sua concentração e organização defensiva para esperar pelo erro do adversário, mas sem fazer muito pelas suas próprias oportunidades. Aliás, por paradoxal que pareça, a melhor arma deste Rangers europeu quando ganhava a bola era a sua posse. Não por ser progressiva, mas por ser tão conservadora e com tantos apoios recuados e laterais que acabava por provocar a impaciência do pressing do adversário, que cometia erros. Ainda assim, não se pode deixar de aplaudir a forma como esta equipa se bateu defensivamente. Perdeu a final, mas percebeu-se mais uma vez o quão difícil é ser batida, num jogo que, bem vistas as coisas, até podia ter tido outra história com um pouco da sorte que não lhe faltou noutras alturas.

- No Zenit, a ausência de Pogrebnyak foi importante, sobretudo para a possibilidade de poder ter também no jogo directo uma solução para surpreender o Rangers. A equipa procura sempre Arshavin, a sua mais valia ofensiva, mas o Zenit não foi melhor que os anteriores adversários do Rangers no capítulo do ataque organizado. Aliás esta é uma equipa particularmente mais forte a jogar em velocidade, aproveitando os momentos de algum espaço para progredir em apoio – muito ao jeito soviético. A equipa tentou o uso dos laterais, os movimentos interiores de Arshavin e Fayzulin, a mobilidade de Tekke e a inteligência dos movimentos sem bola de Zyrianov, mas foi quando o jogo se abriu um pouco mais que se tornou realmente mais perigosa. Individualmente, Arshavin foi claramente o homem chave das acções ofensivas, evidenciando a sua qualidade. No meio campo, Zyrianov revelou-se um jogador muito inteligente nas suas movimentações ao longo do jogo (o melhor em campo a par de Arshavin), ao passo que o determinante Denisov servia mais de apoio recuado à posse de bola. Tymoschuk, por seu lado, teve uma postura praticamente só defensiva, não sendo participativo ofensivamente e servindo de contra-peso para a vocação ofensiva dos laterais Anyukov e Sirl. Para quem quer seguir estes russos no Euro, fica a nota, entre os pré convocados de Hiddink estão Malafeev, Anyukov, Shirokov, Zyrianov, Arshavin e Pogrebnyak.

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Maradona: o domíno que faltava!

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14.5.08

Rochemback, reforço ou a antecipação de um defeso difícil?

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Era um nome já de há muito apontado como possível reforço do Sporting. A contratação de Rochemback é uma espécie de aperitivo de luxo para um defeso que o Sporting pretende que, em termos de mudanças, não tenha muitos pratos principais.

De facto, e embora não seja consensual a contratação do jogador entre a massa adepta sportinguista, parece-me tratar-se de uma óptima notícia para Paulo Bento. Rochemback é um jogador que o treinador conhece bem, e cujas características se inserem perfeitamente no jogo apoiado que escolheu para o “seu” Sporting. Mais, Rochemback tem capacidade para fazer, no actual modelo de jogo leonino, qualquer uma das posições do meio campo, acrescentando-lhe na meia distância e nas bolas paradas, uma capacidade que não existiu em 07/08 . Por tudo isto, no capítulo técnico, não tenho dúvidas que Rochemback se apresenta como uma mais valia. Aliás, só por falta de memória não se chegará a essa conclusão, tendo em conta a sua influência, quer com Fernando Santos, quer com Peseiro.
Sobre Rochemback, e para além do aspecto técnico-táctico sobram duas questões frequentemente apontadas ao jogador. Disciplina e apetência para lesões. No que diz respeito ao primeiro ponto, não vou tecer grandes comentários por obviamente, não conhecer o jogador. Apenas acrescentar que o próprio Paulo Bento conhecerá bem essa vertente do jogador. Sobre o segundo, parece-me realmente poder ser o ponto fraco de Rochemback, de quem se esperam sempre alguns períodos de ausência durante a época.

Reforço ou substituto?
Mas esta aquisição abre uma dúvida: será Rochemback um reforço, ou a preparação de uma eventual saída de Veloso e/ou Moutinho? Se se tratar da primeira hipótese, então o meio campo leonino ficará realmente mais forte – sobretudo nas opções para a posição 10, onde Romagnoli revela dificuldades em períodos de sobrecarga competitiva. Se for a segunda, no entanto, pode estar aqui o indicio de um problema grave para a preparação da nova época. É que Rochemback não será um jogador para ser hipótese permanente na posição 6, no caso de saída de Veloso, e, se for Moutinho, então Paulo Bento terá de contar com algo muito diferente de um jogador que interpreta 50 jogos sem interrupção...
Nesta questão de saídas de jogadores influentes reside, de resto, um dos potenciais riscos para a composição do plantel leonino de 08/09. É que o departamento de futebol do clube apresenta-se em fase de reestruturação, tendo saído Carlos Freitas que, se tivermos em conta o que aconteceu em 05/06, não deverá ter deixado muitos dossiers de jogadores nos gabinetes da SAD. Aqui, recuo, precisamente, à substituição do próprio Rochemback nessa altura. O Sporting ficou “amarrado” ao mercado nacional, acabando por ver limitado o seu leque de opções e pagando uma pequena fortuna por João Alves, cujo rendimento se conhece. Se a história se repetir, então as saídas de Veloso e Moutinho poderão ser um verdadeiro bico de obra para a SAD leonina.

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Parabolica!

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13.5.08

Os 23 de Scolari: Sem Maniche!

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Não se pode dizer que fosse um anúncio que tenha gerado muitas expectativas. Comparativamente com 2004 e 2006, então, esta terá sido uma convocatória pacífica para a generalidade do público e imprensa, sobretudo se tivermos em conta os casos de Baía (2004) e Quaresma (2006) que tinham a particularidade de envolver jogadores de um dos grandes o que gera, inevitavelmente, muito mais polémica e discussão.
Ainda assim, parece-me que esta convocatória está longe de poder estar livre de discussão. Se há alguns casos que, sinceramente, têm interesse de pormenor, já que visam decisões entre jogadores que dificilmente farão muitos minutos, há um que merece maior importância: Maniche. Mas vamos aos destaques, individualmente:

Rui Patrício – É o caso que menos interessará, mas acho que Scolari comete aqui uma injustiça. Para terceiro guarda redes convém dar um prémio e não criar uma expectativa. Nesse aspecto, Patrício preenche o requisito. Acho no entanto prematuro fazer deste jovem guarda redes um talento seguro ao ponto de merecer tamanha distinção após uma época em que termina como principal ponto fraco da equipa. Creio que Beto ou Eduardo teriam sido melhores escolhas, até porque Patrício, se confirmar o potencial que se apregoa, facilmente terá mais e melhores oportunidades. Aqui, o factor “clube grande” tem o seu peso.

Caneira – Foi o preterido. Não creio que seja muito relevante – espera-se! – mas a opção por Caneira também não seria mal vista, sobretudo tendo em conta a sua polivalência – é o único que faz os 3 lugares da defesa. O facto de não ser primeira escolha para a esquerda terá sido decisivo.

Jorge Ribeiro – Tenho dito aqui que se justificaria testar a opção Jorge Ribeiro como lateral esquerdo. Motivo simples: é o único “de raiz” que podia merecer esta chamada. A minha estranheza prende-se com a pouca utilização de Jorge Ribeiro a lateral por parte de Scolari... É que se for para ser opção para o meio campo, então, não me parece mesmo nada boa escolha.

Fernando Meira – Não me parece que seja um nome controverso mas, ainda assim, aplaudo a chamada. A sua polivalência permite que Scolari pense na utilização de um pivot defensivo mais fixo e próximo dos centrais, ganhando força nas primeiras bolas aéreas (onde Costinha era muito forte). Não sei se não será mesmo essa a primeira escolha de Scolari...

Maniche – Aí está o grande risco de Scolari. Ter de substituir Figo, Pauleta e, ainda que menos, Costinha, já é um desafio. Sem Maniche, a tarefa torna-se ainda mais difícil. Maniche pode não ter um percurso ao nível de clubes – pós Porto – na dimensão esperada, mas foi, só, eleito para o melhor onze do último Europeu e Mundial, onde apontou 4 golos ao todo. Maniche seria para mim um titular de caras (a não ser que se revelasse em muito mau momento, claro). Entende muito bem Deco, e é o médio com mais tempo de chegada à zona de finalização (algo raro na Selecção), meia distância e leitura dos espaços. Penso que a questão disciplinar pode ter sido relevante, mas não penso que possa ter sido só por esse motivo. Espero não me lembrar dele a meio de alguns jogos!

Petit – Se acho que Maniche faz muita falta, Petit seria o meu preterido. A sua forma física não auspicia uma intensidade competitiva em que se possa confiar para uma fase final do Euro. Quando penso na má forma de Tiago ou Maniche, pergunto-me se estes dois tivessem o seu mau momento, tal como Petit, num grande português também não fariam parte dos 23 finais?

Veloso – Houve quem o questionasse, mas eu mantenho que tem uma qualidade fora de série no primeiro momento ofensivo (ainda que defensivamente possa ter os seus pontos a melhorar). Se for chamado a titular – e é possível que isso aconteça – tenho a convicção que se pode tornar num dos destaques da Selecção.

Postiga – Outra escolha menos previsível que aplaudo. Scolari disse-o, tem características que os outros não têm. Neste aspecto até penso que poderá fazer parte dos planos iniciais de Scolari. É fundamental que, utilizando um ponta de lança, ele tenha mobilidade para abrir espaços para o aparecimento de Ronaldo e Postiga pode ser essa solução.


Em suma, à excepção de Maniche – que tem muito peso, como expliquei – não vejo problemas de maior nas escolhas. O trabalho de Scolari, de resto, está ainda por começar verdadeiramente. Muito mais importante do que escolher 23 é conseguir criar uma ideia de jogo com estes jogadores e, sobretudo, superar um modelo que vinha de trás e estava adaptado às características de outros jogadores, revelando-se esgotado durante a qualificação. Portugal não será tão forte em posse de bola como em 2000, mas pode ser mais letal em transição; o trio do meio campo de 2004 e 2006 está desfeito e importa criar outras rotinas; Ronaldo tem um perfil próprio e merece que o colectivo adopte princípios que o favoreçam... Tudo isto são questões que me causam alguma apreensão, confundindo-se este sentimento com o habitual entusiasmo com que encaro a presença da Selecção nestes eventos. Mas delas falarei aqui mais vezes...

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Galatasaray: uma bela maneira de se confirmar o título!

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12.5.08

Rui Costa: festejar o quê?

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Era uma despedida que se queria poder ser uma festa mas, realmente, não vejo grandes motivos para festejos neste momento. Para os benfiquistas é grande a tristeza de ver o seu maior idolo da actualidade abandonar. Não só pela perda de um jogador que se sente não estar futebolisticamente esgotado, mas igualmente pelo contexto final da temporada. Para quem, simplesmente, gosta de futebol, a sensação de que o futebol perde alguém que, como poucos, explicam o porquê da mitificação da camisola 10.
Rui Costa é um daqueles jogadores que nos faz pensar que tudo é fácil no futebol. Depois de o vermos jogar, sentimos que também poderiamos ter sido bons jogadores, tal a ilusão que provoca a facilidade e simplicidade com que executa. Rui Costa é, emocionalmente, um jogador e uma personalidade ligada ao Benfica, mas a sua carreira não está confinada, como outros de outras gerações, ao museu da Luz. Rui Costa foi muito maior! Sem perder nunca a coerência emocional, privilegiou o futebol e estendeu o seu perfume até onde o futebol merecia que ele fosse: aos grandes palcos mundiais. Ganhou campeonatos e uma liga dos campeões, marcou em Mundiais e Europeus, jogou quase um centena de jogos pela Selecção e, por onde quer que passasse, deixou qualidade e conquistou admiração e respeito.
Finalizo com três notas diversas: (1) Penso que Rui Costa, tal como Figo, justificariam um jogo de despedida organizado pela Federação. (2) De todos os golos de Rui Costa destaco um, pelo brilhantismo e importância, em 1995 frente à Irlanda, abrindo as portas para a competição que marcou o inicio de uma nova era da Selecção AA, o Euro 96. (3) Não percebo como, aceitando a sua decisão de se retirar, se questiona a utilidade imediata de Rui Costa como dirigente. Alguns dizem que deveria tirar um tempo para “aprender”, mas eu gostava que me explicassem: para um jogador que demonstra a personalidade e o carácter de Rui Costa e que passou por onde ele passou, Rui Costa vai “aprender” o quê com o dirigismo português actual?

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Sporting 2-1 Boavista

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Se deste jogo pouco mais interessava do que resultado para efeitos de campeonato – visto tratar-se da última jornada, não havendo indicações a retirar para o futuro nesta competição – no que respeita ao Sporting era igualmente o último teste antes da final, residinndo o interesse da análise, precisamente, em saber em que ponto se encontra a equipa leonina antes desse último e difícil desafio da época.
Se nos últimos jogos havia apontado uma melhoria da equipa nos seus processos defensivos – particularmente no momento da transição defensiva – o Sporting começou por errar precisamente nesse capítulo na jogada que resultou no golo madrugador do Boavista. Este aspecto – a transição defensiva – foi, entre todos os problemas revelados pelo Sporting ao longo da época, aquele que mais prejudicou a equipa. Afinal, o número de golos sofridos na temporada quase que duplicou face a 06/07. Na jogada realce para a má decisão entre pressionar e manter-se numa atitude mais posicional depois da perda de bola. Miguel Veloso, primeiro, mas sobretudo Abel, optaram por uma pressão “cega” que os jogadores do Boavista aproveitaram para criar uma situação de 3 para 2 que resultou no golo.
A verdade é que, apesar da vantagem no marcador, o Boavista não foi um adversário difícil para o Sporting, particularmente no seu processo defensivo. Com referências homem a definir a marcação, o bloco axadrezado encostava demasiado atrás e o Sporting fazia muitas vezes o primeiro passe por um dos centrais, já no último terço de campo. A razão desta permissividade invulgar está no facto de não haver um pressing zonal, mas sim individualizado. Ou seja, Ivan vigiava Abel, Hussain Grimi e Mateus preocupava-se com Veloso. O resultado era uma ausência de pressão sobre os centrais que progrediam até ao momento em que se desfazia um acompanhamento individual de um dos médios para, finalmente, pressionar a sua progressão. Esta situação abria, obviamente, uma linha de passe e foi assim que Izmailov começou por ganhar liberdade na jogada que resultou na grande penalidade.
O jogo progrediu na mesma toada até ao intervalo, com o Sporting a não fazer um jogo soberbo, mas a ter processos ofensivos mais do que suficientes para, mesmo assim, marcar o segundo golo e ainda desperdiçar 2 ocasiões claras. Por outro lado, ofensivamente o Boavista apresentou-se limitado pela ausência de Zé Kalanga e nunca soltou transições perigosas, sendo que o Sporting conseguiu, mesmo assim, passar por sobressaltos, fruto da grande instabilidade que reside no entendimento entre Patrício e os centrais.
No segundo tempo, o Sporting optou por um jogo mais passivo, tentando chamar o Boavista e deixando de tirar partido dessa liberdade concedida aos centrais. Na teoria até podia não ser má ideia, mas na prática este adormecimento do jogo só pode ser feito por equipas confiantes defensivamente, o que não é, claramente, o caso do último reduto leonino. Assim, o Boavista moralizou e, se é verdade que a vitória é justa e que o Sporting poderia ter facilmente ter feito mais golos, também é verdade que os axadrezados se “puseram a jeito” de conseguir o empate.
No balanço final, fica um Sporting claramente mais sólido do que noutros jogos em que também venceu – nomeadamente frente a Braga e Leixões –, com crescimento de individualidades como Romagnoli ou Veloso, mas ainda longe de um nível que o possa encarar a final sem uma grande dose de apreensão face ao nível que se espera do Porto. Nota ainda para a evidente e altamente preocupante insegurança de Patrício, contagiando os seus centrais, sendo Polga aquele que mais afectado parece estar.

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