19.4.08

De um clássico para o outro

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Começo com um olhar para a frente, ou seja, por falar do Porto-Benfica do próximo fim de semana.
Será, na história estatística dos campeonatos o mais difícil dos jogos para o Benfica. De facto, se tivessemos apenas em conta o passado chegariamos à conclusão de que os portistas tinham 60% de probabilidades de vencer o jogo. A verdade, porém, é que cada jogo tem a seu próprio contexto e este, particularmente, terá um verdadeiramente incomum.
Porto
Pensar-se que para o Porto este poderá ser um jogo para cumprir calendário é não conhecer a realidade do futebol português e, em particular, as motivações dos seus adeptos. Vencer o Benfica é, em qualquer contexto, uma prioridade. A isto juntam-se uma série de dados invulgares... A necessidade de afirmação da superioridade do seu futebol frente a um rival directo e o facto do Benfica ter sofrido duas goleadas recentemente acrescentam uma pressão que, racionalmente, talvez possa não fazer sentido mas que se sentirá nas bancadas do Dragão. O momento do Benfica faz com os adeptos portistas exijam, mais do que uma vitória, uma vitória altamente convincente. Jesualdo pode tentar desdramatizar, mas veremos se as suas opções não confirmarão esta realidade, mesmo tendo tido um jogo a meio da semana...
Benfica
Do lado do Benfica, dá para compreender a apreensão dos adeptos. “Encaixar” 8 golos em 2 jogos não é propriamente uma forma motivadora de preparar uma deslocação a um estádio onde, este ano e em 13 jogos, se marcaram 31 golos e se sofreu... apenas 1. Se juntarmos a perda do objectivo Taça de Portugal e o afastamento do segundo lugar, ao facto de haver pouco tempo de recuperação para uma equipa que tem como figura mais influente um jogador de 36 anos, então, o cenário pode considerar-se mesmo altamente preocupante! Sobra para o Benfica a motivação do empate do Guimarães e da grandeza do próprio jogo. Do ponto de vista táctico e do comportamento da equipa, não posso terminar sem referir, a equipa terá de ter outro comportamento defensivo perante um Porto que, fortíssimo nos momentos de transição, pode impor fases asfixiantes na partida. Se o Benfica confirmar o colapso na organização e concentração defensivas do pós-Camacho, então é bem provável que saia com mais um número gordo do Dragão. É um grande desafio que aparece num momento quase cruel para quem numa semana já sofreu tanto.
Sporting - Benfica: O mito do discurso ao intervalo
Ainda no rescaldo do derbi, assistiram-se aos inevitáveis exageros da comunicação social. Um aspecto particular fez as manchetes dos jornais nesta Sexta Feira: o discurso de Paulo Bento ao intervalo. Estou à vontade porque já diversas vezes afirmei o meu apreço pelo perfil e qualidades do actual treinador do Sporting, mas acredito pouco em discursos milagreiros. Não desfazendo a importância da motivação – que se trabalha de forma muito mais abrangente do que em meia dúzia de palavras inspiradoras – a qualidade do treinador não se fez, nem se desfez no jogo de Quarta Feira. Quanto à sua popularidade... 25 minutos fazem toda a diferença!

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