18.1.08

4-2-3-1: As melhorias de uma alteração... que nunca existiu!

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As crónicas no rescaldo do Académica – Sporting, debruçaram-se, invariavelmente, sobre uma alteração táctica de Paulo Bento. Por força da lesão de Purovic, fora introduzido o 4-2-3-1. Alguns especialistas foram ainda mais longe e, iluminados pelo brilhantismo da sabedoria, não perderam tempo em fazer a relação causa-efeito entre a alteração “da táctica” e a melhoria notória na performance da equipa. Afinal era o losango desgastado e previsível que estava a emperrar o futebol da equipa. A questão estendeu-se depois à antevisão do próximo jogo onde a pergunta parecia ser se o Sporting iria ou não manter-se no 4-2-3-1 com o regresso de Purovic.

O ridículo de tudo isto começa a perceber-se entre as declarações de Paulo Bento na conferência de imprensa desta Sexta Feira:

“Ou jogaremos no nosso sistema habitual ou com pequenas diferenças. Falei em pequenas diferenças em relação à forma habitual de jogar, mas não tão diferentes que nos levem a dizer que em Coimbra jogámos em 4x2x3x1”

É que o Sporting não jogou, nunca, em 4-2-3-1 em Coimbra. Vukcevic foi introduzido como parceiro de Liedson e nas características do camisola 10 está a origem das “pequenas diferenças” de que fala Paulo Bento. Diferenças que têm a ver com a maior mobilidade de Vukcevic em contraste com o perfil mais fixo de Purovic, havendo uma menor apetência para o jogo na área e uma maior ligação ao meio campo e, particularmente, ao jogo pelas alas. No desajuste das características de Purovic ao modelo de jogo de Paulo Bento reside, na minha opinião e como tenho vindo há muito a defender, uma das principais dificuldades do jogo verde e branco, mas não há nenhum problema com o sistema do “losango”... antes pelo contrário.

Este episódio é, para mim, mais uma falha gritante nas análises ao jogos, com que repetidamente somos confrontados. Juntam-se depois os clichés habituais da “necessidade de ter extremos para se jogar pelas alas” ou de que “as equipas tornam-se previsíveis por jogarem no mesmo sistema”, que parecem chamar de “burro” a todo e qualquer treinador, tal a simplicidade com que descrevem a sua fórmula vencedora. Vem-me à memória uma frase recente de Scolari...

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