8.12.07

Entregues aos bigodes (só para descontrair)

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(texto escrito e enviado por Bruno Cabral)
Uns farfalhudos, outros rentes. Uns simples, outros elaborados - como aqueles que enrolam nas pontas. E até há uns tricolores, que juntam a cor original ao branco da velhice e ao amarelo do tabaco. A variedade é tanta, que existe mesmo uma associação especializada que elege, todos os anos, o melhor do país. Sim, é verdade, estou mesmo a referir-me aos bigodes, esse “adereço” fantástico de certos homens, de determinados países, como é o caso de Portugal.
Nesta altura, devem-se estar a perguntar sobre o porquê de eu me lembrar de escrever sobre bigodes num espaço que aborda futebol com seriedade. Compreensível, mas a explicação é muito simples. Já repararam que para ser seleccionador de Portugal é “necessário” usar bigode? Recuem até 1990 (altura em que começo a ter recordações do mundo da bola), lembrem-se de todos os senhores que desde então orientaram a Selecção Nacional e chegam rapidamente à resposta.
Tudo começa em Artur Jorge, coadjuvado por Toni (pois claro!), e depois vem Carlos Queiroz. Depois do “professor”, seguiu-se António Oliveira, que sairia em 1996 para dar lugar ao regressado Artur Jorge. Este, por sua vez, falha a qualificação para o Mundial de França (a única que desperdiçámos nos últimos 12 anos) e é substituído por Humberto Coelho. De bigode em bigode, surgiu, de caminho, novamente António Oliveira, até chegarmos ao actual, Luiz Felipe Scolari. Como já conferiram, todos eles usavam bigode nos tempos em que foram seleccionadores. Mas isto é tão engraçado e curioso, que há mais nomes a acrescentar à lista. Já repararam que, neste período de 17 anos, os três treinadores interinos que tivemos também não quiseram destoar? A saber: Nelo Vingada, em dois jogos amigáveis em 1994, Agostinho Oliveira, no pós Mundial 2002, e Flávio Murtosa, nestes três encontros de suspensão de Scolari. Dá para rir e, ao mesmo tempo, para pensar se a escolha de seleccionadores de bigode tem sido uma superstição dos presidentes da Federação, já que na melhor campanha de sempre de Portugal em Campeonatos do Mundo (Inglaterra 66) o treinador também usava uma rica “bigodaça”. Já viram imagens, claro, do Otto Glória. E se a seguir ao Euro 2008, caso Scolari saia, seja urgente arranjar alguém, para um ou outro amigável, também não há problema. Como noutras ocasiões, pode-se recorrer ao timoneiro dos sub-21, pois Rui Caçador também preenche o requisito “obrigatório”.
Depois disto, ganha expressão a expectativa em torno da sucessão a Scolari, tão falada nos últimos tempos. Neste contexto, aceitam-se apostas. Vítor Oliveira? Manuel Machado? Ou terá Gilberto Madaíl que se virar para o estrangeiro e apostar, por exemplo, em Bernd Schuster? A ver vamos. Mas se o Manuel José, o homem que tanto sonha em ocupar o cargo, por acaso ler este texto, aposto que até vai pedir conselhos aos seus amigos egípcios (autênticos especialistas), para saber qual é formato ideal do bigode que vai deixar crescer.
Tudo isto é brincadeira, obviamente, mas leva-me a fazer a transição para a seriedade. O que dá realmente gozo no futebol de selecções é ver em confronto as diferentes características culturais e físicas dos países. E é por isso que não acho piada nenhuma ao ver jogadores a actuar por nações das quais não são naturais. Menos piada acho ainda quando essas naturalizações são feitas propositadamente. Tenho receio que se perca essa identidade nas selecções que faz dos europeus e mundiais momentos únicos. Nada contra eles, porque até os considero mais valias, mas preferia ver Deco e Pepe de amarelo vestido.

Só um episódio
Ainda sobre os bigodes, lembro-me de um episódio do Euro 2000. Um cabeleireiro holandês foi convidado, por um jornal português, a pontuar o “look” dos elementos principais da comitiva nacional. Figo foi o único com nota máxima (10) e Humberto Coelho, o seleccionador, teve a exclusividade da negativa. O “especialista” atribuiu-lhe nota 3, justificando que aquele bigode já estava totalmente fora de moda. Entretanto, Humberto já se actualizou.

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