22.11.07

Finalmente o alívio!

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O jogo das decisões tornou-se no jogo do alívio... Scolari surpreendeu os prognósticos da imprensa, primeiro por fazer voltar o 4-3-3, mas indo mais longe com a introdução de Pepe e um meio campo de carácter mais defensivo com Fernando Meira como principal surpresa na posição de pivot defensivo. As intenções do seleccionador foram evidentes: acautelar-se e anular os pontos fortes adversários, introduzindo altura e músculo à equipa. Por aquilo que escrevi antes do jogo já se vê que concordo com o regresso do 4-3-3, embora talvez não fosse tão longe no que respeita às cautelas introduzidas no meio campo.
Surpresa Resultou
A verdade é que a opção de Scolari deve mesmo ter surpreendido Hodgson e a Finlândia, que esperariam uma equipa pronta a arriscar muito e a lançar-se destemidamente em busca do golo que lhe desse a tranquilidade. Hodgson fez a típica – e quase única – variante táctica da limitada escola inglesa, sempre colada ao 4-4-2, recuando Litmanen para uma posição de falso avançado, com a missão de restabelecer equilíbrios numéricos no miolo, jogando na zona do pivot defensivo nacional. Portugal foi inteligente e fez o que lhe competia. Ter a bola, controlar, dominar, mas esperar que fosse o adversário a correr riscos. Por isso assistimos a tanta posse de bola inofensiva no primeiro tempo, com os Finlandeses imóveis no seu bloco defensivo. No segundo tempo houve mais espaço, com a Finlândia a perceber que teria de correr mais riscos se quisesse chegar ao apuramento. Viram-se transições a solicitar Ronaldo e Quaresma. Também Maniche passou a ter mais condições para desequilibrar com as suas movimentações sem bola e Portugal devia ter marcado no primeiro quarto de hora da segunda parte. Não o fez e a tensão cresceu, sabendo-se que o resultado, e independentemente de Portugal ter dominado e controlado sempre o adversário, iria provocar um inevitável sofrimento final com bolas a ser colocadas de qualquer forma na área. Assim foi, Scolari mexeu... para não mexer muito (porquê a saída de Maniche?) e o jogo arrastou-se inevitavelmente para os momentos decisivos, nos quais os Finlandeses voltaram a não ser tão ameaçadores quanto os mais pessimistas poderiam pensar, acabando por permitir que Portugal controlasse o tempo e o jogo até ao final.

Individualmente, os portugueses estiveram globalmente bem. Destaco pela positiva a grande estreia de Pepe e o jogo positivo do trio de meio campo (com destaque para Maniche). Ligeiramente “abaixo do par”, a desinspiração de Ronaldo e Quaresma – ficou vísivel o quão dependente é o futebol ofensivo da Selecção destes dois jogadores – e Nuno Gomes – sempre atrasado em relação às solicitações.
Dadas as circunstâncias, creio que Portugal fez um jogo inteligente que poderia ter sido resolvido mais cedo. É verdade que voltou a não ganhar, mas Scolari tem razão quando lança as responsabilidades do nulo para o adversário... Afinal era à Finlândia que cabia arriscar e seria pouco inteligente ser Portugal a correr esse risco...
Pontos para o futuro
A qualificação terminou com o objectivo essencial garantido, mas o que se passou não deve ser esquecido por esse facto. Há uma série de pontos que devem ser revistos para o futuro:
- Portugal é uma selecção tacticamente “presa” ao 4-3-3, tornando-a pouco versátil desse ponto de vista. Não é muito preocupante ao nível de Selecções mas pode e deve ser melhorado.

- Ofensivamente não existem rotinas colectivas que caracterizem o jogo da Selecção. Anular Portugal é anular as suas individualidades – particularmente os dois extremos e Deco. É certo que isto é difícil de conseguir com tão pouco tempo para trabalhar, mas devemos aproveitar a fase de preparação para o Euro para o fazer, criando rotinas que possam subsistir após a competição. Este é um pormenor que poderá ser diferenciador na hora dos grandes momentos. Aqui incluo também as bolas paradas onde não temos sido fortes.
- O estatuto atingido por Portugal nos últimos anos faz com que as outras equipas encarem os jogos com Portugal com uma motivação e respeito diferente. Isto torna mais difícil ser-se consistentemente superior aos adversários (não vencemos qualquer jogo frente aos 3 principais adversários!) e essa será uma dificuldade com que teremos de aprender a viver melhor daqui para a frente...
- Preparar a sucessão de Scolari – presumindo que vai sair após o Euro – é algo que deve ser feito com antecipação e de acordo com a realidade da Selecção – incluindo a opinião dos principais jogadores.

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