6.11.07

As contratações de Carlos Freitas

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Tem o cargo que, em teoria, qualquer adepto gostaria de ter, pelo menos no respeita a decidir quem deve, ou não, ser contratado pelo clube. Claro que isto torna Carlos Freitas num alvo bastante sensível a potenciais criticas e, numa altura em que todos procuram alguma razão para o inicio de temporada menos positivo do Sporting, Freitas surgiu como uma solução fácil... Este tipo de situações pede sempre um culpado, uma “cabeça”. O primeiro candidato é evidentemente o treinador, mas neste caso, e embora ainda tenha havido quem questionasse a sua continuidade, seria demasiado ilógico condenar Paulo Bento (independentemente de uma ou outra decisão mais polémica). A seguir surge então Freitas. Ir mais longe significaria questionar toda a direcção do Clube, algo drástico para um ou dois embaraços de inicio de época, por isso Freitas e as suas contratações foram o alvo escolhido pela maioria dos comentadores.

“Contratações são como os melões, só depois de abertos...”, a expressão foi recentemente utilizada por José Mourinho em Londres e diz bem da incerteza deste tipo de decisões, seja para quem for. Ainda assim, uma análise a todas as contratações de Carlos Freitas não parece penalizar muito o ex-jornalista. Aliás, a Freitas se devem aquisições com muito peso nos últimos títulos leoninos. Primeiro, André Cruz, César Prates e Mpenza e depois o “resgate” de Mário Jardel. Em matéria de acertos, no entanto, o maior de todos terá sido Liedson, contratado a um preço relativamente baixo e com um rendimento altissimo ao longo das últimas épocas. No que respeita aos casos menos felizes, muitos são ponta de lança e este é, na minha opinião, um facto que serve de forte atenuante para os fracassos. É que, como já aqui defendi, ser ponta de lança em Portugal não é fácil e para perceber isso mesmo basta contar o número de jogadores que, nos últimos anos, vingaram de forma consistente na posição 9 em qualquer um dos grandes... Provavelmente não encontrarão muitos.

No que respeita a 07/08, as contas ainda estão por fazer. No entanto, creio que só uma análise bastante distanciada da realidade poderia esperar um impacto maior de jogadores como Izmailov, Stojkovic, Gladstone ou Vukcevic, que creio que poderão vir a constituir-se mais valia, mas a médio prazo (tal como aconteceu com Romagnoli). A fase de adaptação ao futebol português e à complexidade das movimentações zonais do modelo de Paulo Bento demora o seu tempo, e esse era um “handicap” evidente para esta temporada. O caso mais criticado é Purovic – mais uma vez, um ponta de lança. O montenegrino tem características únicas no plantel e responde a um perfil identificado por Paulo Bento. O problema é que não é fácil contratar um ponta de lança de qualidade com os fundos disponíveis no Sporting e quando se avançou para Purovic, já se sabia que este era um avançado sem mercado nas principais ligas...

A questão financeira é, de resto, outro aspecto que os adeptos parecem ter voltado a esquecer. O Sporting não conta com o mesmo orçamento de Benfica e Porto para o futebol e essa é uma condicionante importante na hora de contar espingardas. Durante algum tempo os sportinguistas pareceram estar conscientes deste facto mas, tal como havia antecipado no inicio desta época, os sucessos do final de 06/07 abriram novos apetites...

Finalmente, um ponto que deve preocupar tanto os adeptos como o próprio Soares Franco. É que desde Novembro de 1999 até agora houve um período em que Freitas esteve fora do Sporting, foi no Verão de 2005. Precisamente esse terá sido o defeso de maior desacerto nas aquisições leoninas. Sem Freitas, o Sporting pareceu preso ao mercado nacional e pagou uma fortuna por João Alves e Wender ao Braga, gastou milhões em Deivid e aceitou Loureiro como moeda de troca no negócio de Enakarirhe, salvando-se apenas a contratação de Tonel. Para um clube que quer manter a competitividade sempre próximo do “custo zero” é preciso ter um conhecimento muito apurado do mercado e isso, goste-se ou não, Freitas tem...

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