29.9.06

Kerlon Moura - Para além do "drible da foca"

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Nome: Kerlon Moura Souza
Nacionalidade: Brasileira
Data de Nascimento: 27/01/1988 (18 anos)
Clube Actual: Cruzeiro

Atingir o estrelato num contexto futebolistico cada vez mais competitivo é um feito por si só, mas o que dizer daqueles que trazem algo de novo ao jogo? Kerlon “Foquinha” Moura poderá não ser ainda um nome sonante do mundo da bola, mas aqueles que já assistiram ao seu peculiar talento reconhecerão – certamente – de quem se trata.

Kerlon espantou pela primeira vez o mundo em Abril de 2005. Jogava-se o campeonato Sul-Americano de sub-17 na Venezuela e da competição chegaram imagens de um miudo a driblar os adversários... com a cabeça! Kerlon saiu dessa competição como Melhor Jogador e Melhor Marcador, carregando assim o Brasil para a vitória na prova. Para infelicidade da “canarinha”, o jogador estaria, no entanto, ausente do campeonato do mundo desse ano no Perú devido a lesão (Recorde-se, o Brasil perderia essa competição na final para o México, com Anderson – agora no Porto – a sagrar-se Melhor Jogador do torneio).

Para além do “drible da foca” – que lhe valeu a apropriada alcunha – Kerlon notabiliza-se com o traço característico do jogador brasileiro: técnica, velocidade, drible e uma invulgar capacidade de cobrar livres. Como tantos outros talentos, o jovem “Foquinha” passou grande parte da sua formação actuando em posições mais adiantadas. A sua baixa estatura e fragilidade fisica determinarão, no entanto, um natural recuo para posições mais recuadas onde o seu potencial se enquadra melhor com as exigências do futebol profissional.

Kerlon vive actualmente uma situação complicada no Cruzeiro. O jogador foi ainda pouco utilizado pelo técnico Oswaldo de Oliveira, tendo já manifestado publicamente o seu desconforto. Apesar deste (ligeiro) atraso na afirmação do talento, é intuitivo questionar-se: Para quando o “drible da foca” nos rigorosos palcos europeus?



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26.9.06

O estilo directo - mais do que um "recurso"

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No habitual e sempre interessante espaço que Luis Freitas Lobo protagoniza no jornal ‘A Bola’, o comentador dedica o seu principal artigo ao “pressing” e à forma como as equipas o devem evitar. Numa análise atenta aos processos da primeira fase de construção de jogo de grandes equipas como Milan, Barcelona ou Lyon, é enfatizado o jogo curto e apoiado como uma espécie de via única para contrariar a pressão incómoda que é feita por cada vez mais formações no futebol mundial. No último parágrafo o autor refere-se à hipótese do futebol directo da seguinte maneira:

“Outra forma de saltar o pressing seria o jogo directo mas tal processo só pode ser um recurso. Mesmo que recorram a esse pontapé longo, ele deve ser acompanhado, automaticamente, pela velocidade...”

Curiosamente, no dia anterior o diário madrileno ‘As’ publicava uma entrevista de Fabio Capello com o título: “El toque, toque, toque... es el ex-futbol” – uma frase proferida pelo treinador italiano em defesa das críticas que acusam o Real de praticar um futebol pouco elaborado. Capello advoga que no futebol moderno as equipas devem privilegiar a velocidade e objectividade na concepção dos seus processos ofensivos.

Uma das mais populares pareceres favoráveis a uma abordagem mais directa do jogo foi feita por Charles Hughes no seu livro “The Winning Formula” (1990). Naquela obra é apresentado um estudo em que se conclui que 85% dos golos são obtidos após jogadas com 5 ou menos passes. Hughes apoia-se nesta impressionante estatística para concluir que o estilo directo é o ideal para conseguir a ambicionada “Fórmula Vencedora”.

Pessoalmente, creio que o estilo que curiosamente dá nome a este blog deve ser parte integrante das soluções ofensivas das equipas, representando nesses processos bem mais do que um mero “recurso”. Esta forma de atacar permite a colocação repentina da bola em zonas menos protegidas, disposicionando momentaneamente o bloco defensivo contrário. Variações em largura, aproveitamento da acção do ‘pivot’ no espaço entre-linhas e lançamentos em profundidade são acções desconcertantes promovidas exclusivamente por este tipo de abordagem ofensiva.
Estou inteiramente de acordo - note-se - que não há forma mais diferenciadora de atacar do que ‘cortar linhas’ em progressão apoiada. No entanto, para que tal possa acontecer – e como refere L.F.Lobo – é necessário uma grande capacidade técnica dos protagonistas. Acontece porém que serviços como os de Deco, Juninho ou Pirlo pagam-se – seja em que moeda for – muito caro, não estando ao alcance de todos tal requinte. Por outro lado, a tentativa de assumir o ataque exclusivamente em construção apoiada mas com intérpretes de “segunda classe” poderá ter um preço elevado. O risco de transição descompensada, em caso de perda de bola, é evidente. Creio, portanto, que o sucesso ofensivo das equipas poderá ser maximizado por uma variação de abordagens: o estilo directo para aproveitar espaços no bloco (seja na profundidade, na largura ou no espaço entre-linhas) e ataque em apoio para blocos menos compactos ou declaradamente recuados.

Em seguida apresento 3 exemplos de golos que, no passado fim de semana, resultaram a partir de uma abordagem ofensiva directa:

Golo do Lyon: Espaço entre linhas e acção do 'pivot'


- Perante a pressão activa (1) e um bloco organizado a solução de passe procura Fred no espaço entre linhas. Entretanto, Juninho ocupa uma posição aparentemente inofensiva (2).
- O passe encontra Fred que trabalha (3), de costas para a baliza ('pivot'), o melhor momento para soltar a desmarcação súbita de Juninho (4). A rápida superioridade numérica na linha mais recuada da defesa do Lille vai proporcionar a Juninho uma caminhada livre para o golo.

Golo do Inter: Espaço nas costas


- Dacourt trabalha a bola (1) perante um bloco organizado do Chievo e uma pressão eminente. Entretanto, Crespo parece estático junto à adiantada linha defensiva do adversário.
- Antes que o passe possa ser impedido Dacourt faz o lançamento. Sem dar tempo de reacção para à defesa, o movimento próactivo de Crespo (3), isola-o em fracções de segundo. Segue-se o golo.

Golo do Liverpool: Largura ofensiva


- Perante um bloco estreito e com uma primeira linha pressionante de 4 homens, Xabi Alonso (1) descobre a largura dada ao ataque por Gerard sobre a direita (2).
- O Inglês tem tempo para receber a bola e, quando o faz, é perceptível o espaço de que goza para poder trabalhar o lance (3), perante um flanco descompensado. No centro (4), Gonzalez vai finalizar o falhanço de Bellamy após cruzamento de Gerard.

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22.9.06

Giovanni dos Santos - O "Ronaldinho Azteca"

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Nome: Giovanni dos Santos
Nacionalidade: Mexicana
Data de Nascimento: 11/05/1988 (18 anos)
Clube Actual: Barcelona

Se não faltam jovens apelidados de “novo Ronaldinho”, poucos poderão ser tão confundíveis no terreno de jogo como Giovanni dos Santos. O cabelo apanhado e a cor da pele combinam na perfeição com as diagonais em drible a partir das laterais, numa imagem indiscutivelmente “à Ronaldinho”. Há, porém, dois pormenores que distanciam os dois jogadores do Barça: o pé preferido e – talvez surpreendentemente – a nacionalidade! Gio, como é apelidado, tem sangue da terra de Vera Cruz, sendo filho de um ex-profissional de futebol – “Zizinho” – que fez carreira em clubes Mexicanos. Foi precisamente a carreira do pai por aquele país que mudou as coordenadas geográficas do destino deste craque em ascensão, tendo Giovanni nascido no México, adoptado o país como sua pátria.
Descoberto e contratado pela activíssima prospecção “blaugrana”, Gio já fez história no seu país ao carregar a sua selecção de sub-17 à conquista inédita do titulo Mundial em 2005 no Peru. O jogador foi nomeado Bola de Prata da competição atrás de Anderson, mas certamente que o talento portista trocaria esse galardão por uma outra história na final desse torneio (derrota “canarinha” por 3-0, com Anderson a sair aos 15 minutos). De resto, se é certo que Gio não terá facilidade em entrar no onze “Culé” dada o aperto de concorrência na posição de extremo, é também claro que a sua hora irá, mais tarde ou mais cedo, chegar. O jovem “azteca” deixou água na boca dos adeptos blaugranas na sua estreia (na recente pré-temporada frente ao Aarhus), marcando um golo, precisamente, “à Ronaldinho”!
Note-se por fim que a família Dos Santos Ramirez (apelido completo do jogador) tem mais uma promessa a encantar no Barcelona – Jonathan, de 15 anos.






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19.9.06

A "pós-rentré" dos 3 grandes

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Porto - A filosofia da transição
No Porto a introdução do 4x3x3 tem sido o rosto mais evidente de um bem mais vasto processo de adaptação a que a equipa tem sido sujeita. Jesualdo quer uma equipa mais consonante com a exigência dos grandes jogos e aposta na implementação da sua filosofia para atingir essa ambição. Os dragões têm apresentado uma formação mais equilibrada no momento da perda de bola e mais atenta às oportunidades oferecidas pelas descompensações posicionais adversárias. São, no entanto, ainda algumas as lacunas do jogo azul-e-branco: (1) a pressão pouco agressiva permite que os adversários tomem conta da bola durante períodos dilatados, conseguindo estes, por vezes, situações de finalização incómodas. (2) As acções ofensivas em ataque organizado não apresentam ainda uma grande eficácia colectiva. Neste último aspecto, Jesualdo Ferreira usufrui do grande talento individual existente na sua fase de criação como forma de contornar as dificuldades de entrosamento colectivo: A inteligência dos movimentos sem bola de Lucho Gonzalez, a irreverência precoce do talento de Anderson nos ¾ de campo e as incursões explosivas que Quaresma protagoniza a partir das alas têm sido as soluções mais evidentes.
Um Porto em velocidade de cruzeiro foi suficiente para um Estrela sem qualidade competitiva e uma Naval que, embora bem estruturada, foi demasiado inocente na forma como se lançou no ataque, tornando-se a presa ideal para os contra-ataques preconizados pelo “Professor”. A defesa do CSKA e aquele poste no Dragão constituem o único espinho da primeira fase da “Era Jesualdo”.

Lance Capital - De uma ponta à outra do campo
Se há um aspecto em que Jesualdo pode estar satisfeito é com a eficácia das transições. 4 dos 5 golos obtidos nos últimos 3 jogos resultaram da rápida e eficaz exploração da descompensação momentânea dos adversários. O mais interessante dos quais terá sido o que originou a abertura do marcador na Figueira:


- Mário Sérgio sobre a esquerda, precipitou-se no passe interior (1).
- Paulo Assunção, de primeira, serve (2) Lucho que com perspicácia deixa passar para Quaresma (3).
- Entretanto, percebendo o momento de transição Cech inicia a cavalgada pelo corredor esquerdo (4)
- O “cigano” faz uso da sua mais valia técnica para, ultrapassando um adversário directo, entrar em diagonal no espaço livre criado na zona central (5).
- Adriano em diagonal da esquerda para o centro disposiciona o central que estava a compensar a zona desocupada por Mário Sérgio (6).
- Cech aproveita o espaço criado para, após recepção do passe de Quaresma, abrir o activo (7).

Benfica - Os Reús e os responsáveis
Está difícil a vida para Fernando Santos. O Benfica tarda em ver-se livre dos sintomas diagnosticados na pré temporada, apresentando nesta altura duas evidências preocupantes: (1) Os princípios de jogo delineados por Fernando Santos – que assentam, entre outros, numa pressão alta que visa recuperações constantes no meio campo adversário – demoram a ser assimilados pela equipa. (2) A “cabeça quente” demonstrada pelos jogadores desde a pré-época é indiciadora de intranquilidade e desfocalização nos objectivos da equipa. Se a origem do segundo ponto dificilmente poderá ser identificada por quem está “de fora”, o primeiro dos problemas enunciados terá certamente origem na qualidade (ou melhor, na falta dela) do trabalho de campo. Fernando Santos é um homem do balneário que entende e se faz entender na linguagem dos jogadores. É, para além disso, alguém que tem visões próprias e definidas sobre o jogo e como deve ser jogado. Há, porém, um aspecto em que o perfil de Fernando Santos não é rico: o conhecimento profundo dos métodos de trabalho de campo. O “engenheiro” precisa, por isso, de uma complementaridade forte nesta área. Bruno – filho de Rodolfo – Moura foi o escolhido para essa tarefa (curiosamente o anterior predilecto de Santos era João Aroso, entretanto “resgatado” por Paulo Bento) e será ele quem divide com Fernando Santos a responsabilidade pela já assumida lentidão de assimilação dos processos.
O Benfica melhorou com o Nacional. O apoio dos sócios e a qualidade extra emprestada pelo futebol de Simão inspiraram os jogadores encarnados. Foram já visíveis várias recuperações no meio campo adversário e alguma da intensidade pretendida pelo “engenheiro”. Há, no entanto, vários aspectos que estão notoriamente por aperfeiçoar, sendo a tranquilidade da vitória o melhor dos cenários para o fazer...

Lance Capital - A traição de Nelson

No muito dissecado “descalabro” do Bessa não faltaram réus. Entre eles terá emergido Luisão, por muitos responsabilizado no segundo golo de Linz. A defesa de Luisão é aqui justamente feita com uma análise rigorosa ao lance:


- O canto do lado direito do ataque do Boavista é primeiramente afastado, mantendo-se a bola na posse do “xadrez”. A organização defensiva do Benfica sai da zona de área, antecipando-se o isolamento de Luisão (1), face à pouca concentração revelada por Nelson (2).
- Enquanto Grzelak trava o duelo com Leo no lado direito (para onde a bola rápidamente circulou), Luisão levanta o braço reclamando com Nelson que o deixou só entre Linz e Kazmirczak (3), enquanto Anderson está a ocupar a valiosa zona do primeiro poste.
- Entretanto, ninguém apoia Leo no duelo com Grzelak (4) que tem tempo e espaço para trabalhar sobre o lateral brasileiro.
- Aquando do cruzamento, percebe-se que a recuperação de Nelson (5) é demasiado tardia para que Luisão se possa aproximar de Linz e impedir o que haveria de suceder (6).

Sporting - De David a Golias em 3 dias
Pouco tempo depois de ter surpreendido o Inter, o Sporting provou do mesmo veneno ao ser batido por um clube bem mais modesto. Os alertas de Paulo Bento encontraram justificação nos acontecimentos desse Sábado à noite – o Paços era merecedor da maior das concentrações. Na realidade e analisando bem os acontecimentos, não se pode dizer que o Sporting tenha estado propriamente mal. Apesar de não ter entrado com a dinâmica e agressividade aconselháveis, o “Leão” foi sempre equilibrado, nunca permitindo que o Paços encontrasse situações de finalização em zona privilegiada. Reagiu (mais uma vez) bem à inferioridade no marcador, criou situações de golo suficientes para a reviravolta, mas não teve a felicidade necessária.
De facto, não encontro na essência da derrota motivos de acrescida preocupação para os sportinguistas. A equipa tem os seus princípios definidos e assimilados, tem dinâmica, agressividade e grande capacidade de concentração colectiva. Há ainda assim algumas limitações perceptíveis na formação de Paulo Bento: (1) A equipa tem entradas “moles” no jogo, demorando a impor os objectivos do seu futebol no jogo, foi assim nos 4 jogos oficiais jogados. (2) Liedson não parece fisicamente a 100% e tarda em “resolver” – a equipa ressente-se, sobretudo numa altura em que a composição do ataque se encontra ainda em definição.

Lance Capital - Sem mão na zona
O polémico lance do golo do Paços resulta do último de uma série de pontapés de canto que o clube da Capital do móvel conseguiu conquistar. Todos eles foram apontados da mesma forma, cortados ao primeiro poste e se os anteriores haviam sido resolvidos tranquilamente, aquele conseguiu passar o “obstáculo” do primeiro poste sobrando para uma zona morta e, por sinal, mortífera! O Sporting defende os cantos com 3 homens na “zona” – 2 no primeiro poste (um encostado e outro mais afastado) e outro à entrada da área – e os restantes na marcação 1x1. A zona do segundo poste é por isso deixada livre estando à mercê de situações como a que aconteceu no golo do Paços. Não pretendo provar que esta forma de defender os cantos é errada, apenas trazer para este espaço um tema actualmente muito discutido por muitos que defendem a colocação de um elemento na protecção exclusiva daquela zona (o Chelsea de Mourinho, por exemplo, aproveita muito esta situação – basta recordar o golo de Gallas no ano passado frente ao Liverpool).


- Nos momentos antecedentes ao canto é possivel ver os dois jogadores que marcam a zona do primeiro poste (1), a marcação individual iniciada à entrada da área (2) e tal zona desguarnecida, onde iria surgir o golo (3).
- O cruzamento parte e há um mau julgamento do jogador que marca a zona da pequena área (Miguel Veloso) que acaba por perder o lance que cai precisamente na sua área (4). Entretanto Polga, fora da zona da bola, tira os olhos de Ronny (5), que ganha posição.
- O pequeno desvio apanha Ronny solto na tal zona desocupada (6).

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15.9.06

Jean Carlos Chera - O talento do Mato Grosso

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Nome: Jean Carlos Chera
Nacionalidade: Brasileira
Data de Nascimento: 12/05/1995 (11 anos)
Clube Actual: Santos

Nasceu no país da magia futebolística mas bem distante das arenas onde ela se dá a conhecer ao Mundo – na cidade de Sinop, estado do Mato Grosso, no sudoeste brasileiro. Jean Carlos Chera “obrigou” a sua família a aproximar-se progressivamente dos grandes centros, onde poderia ser dada uma outra dimensão ao talento do “miúdo”. Em 2004, o Clã Chera mudou-se para o estado do Paraná onde Jean Carlos integrou as escolinhas do modesto Adap (Associação Desportiva Atlética do Paraná). No entanto esta relação teve um fim quase tão prematuro quanto o talento que estava em causa – A família acusou o clube de não proporcionar ao jovem um tratamento próprio para uma criança da sua idade, tentando fazer dele um profissional e integrando-o num escalão etário muito superior ao recomendável. A relação de pouco menos de 2 meses encerrou nos tribunais com o modesto clube paranaense a reclamar direitos próprios sobre o jovem atleta. O caminho desta família, que vive dos rendimentos de uma plantação de arroz no seu estado natal, prosseguiu para São Paulo e para aquele que ficou conhecido como o “clube de Pelé”: o Santos.
O trajecto de Jean Carlos resume-se ainda ao futebol brasileiro, porém surgiram já noticias do interesse de clubes Europeus no concurso do prodígio, tendo – também por isso – a sua história e talento sido já noticia em praticamente todo mundo (inclusivamente na CNN). Entre os emblemas que já terão feito propostas à família Chera surge o nome do FC Porto. No entanto, o facto da preparação para salto europeu englobar aulas de inglês não parece augurar bom futuro às intenções azuis e brancas, que têm a concorrência, ao que se diz, de Bordéus, Estugarda, Sevilha e Manchester United. Independentemente do caminho que decida percorrer, a vida desta família está definitivamente afectada pela manifestação precoce de um talento já celebre em todo mundo. Neste Clã, há ainda que contar com o ‘benjamim’, Juan Pablo, que aos 3 anos não degenerar no que respeita ao trato da bola...





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12.9.06

O 3x6x1 - O Novo Ritmo do Samba

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Brasil e Futebol estão hoje tão relacionados que dificilmente alguém poderia sequer ficcionar sobre uma realidade de um sem o outro. A paixão que o país sente pelo jogo transporta o pensamento dos brasileiros bem para além da riqueza técnica que nasce diariamente na pobreza dos pés descalços das favelas. Os brasileiros apreciam o jogo e pensam-no – tal como na Europa – sobre uma perspectiva colectiva. Prova disso mesmo é a adopção por parte de grande parte dos clubes brasileiros de um sistema táctico inovador: o 3x6x1.

Esta nova moda do futebol brasileiro tem como principal mérito a elasticidade oferecida por um meio-campo muito povoado, tendo na mobilidade e cultura táctica os seus requisitos essenciais. Assim, o 3x6x1 pode ser decomposto de 2 maneiras diferentes: o 3x3x3x1 – com 1 pivot defensivo – e o 3x4x2x1 – com 2 jogadores mais defensivos no sector de meio campo.
A posse de bola ganha dinâmica através de vários tipos de movimentos, possiveis de rotinar sobre este “esqueleto”:
(1) permuta, em diagonal, entre os médios ofensivos e os alas, com estes a entrar em diagonal pelo centro.
(2) Utilização do avançado como pivot ofensivo e com a entrada dos médios ofensivos a ganhar as segundas bolas (no caso de uma abordagem mais directa do jogo)
(3) Liberdade dos médios ofensivos para aparecer na zona de finalização, criando situações de superioridade númerica naquela zona.
Sem bola, o sistema permite que a primeira fase de pressão seja feita pelos médios mais adiantados, que se juntam assim ao avançado nessa tarefa. Mais atrás, o centro da defesa é povoado por 3 jogadores que são também responsáveis por movimentos basculantes que permitam dobrar sobre flanco de acção, sem perder a presença essencial no centro da área. Finalmente, aos médios defensivos (que podem ser 1 ou 2) é pedido que se efectue a compensação zonal ao adiantamento dos alas.
Naturalmente, quando se fala em sistema táctico refere-se apenas ao posicionamento base dos jogadores sobre o terreno, ganhando os conjuntos a sua “vida própria” através dos processos e movimentos que são repetidamente aprimorados nos campos de treino. Parece-me também que a colocação de um elevado número de jogadores no centro do terreno não será uma tendência meramente pontual – a crescente aptidão táctica dos protagonistas de hoje permite que os treinadores possam usufruir de uma cada vez maior elasticidade colectiva, possibilitando assim que as equipas estejam mais justamente adaptadas à singularidade de cada uma das situações de jogo. Por exemplo, se observarmos a disposição táctica de uma mesma formação em diferentes momentos do jogo, é possivel que a disposição base – o 3x6x1 – seja repetidamente convertida em 3x3x4 – em movimentos ofensivos – ou em 5x4x1 – num bloco defensivo organizado.

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8.9.06

Nikon "El Maestro" Jevtic

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Nome: Nikon “El Maestro” Jevtic
Nacionalidade: Sérvia/Inglesa/?
Data de Nascimento: 03/07/1993 (13 anos)
Clube Actual: Schalke 04

Enquanto os olhos dos apaixonados da bola estavam cegamente concentrados nas emoções do Mundial da Alemanha, Mirko Slomka, treinador do Schalke 04, anunciava ao mundo o acordo com um dos mais cobiçados talentos do futebol mundial: Nikon Jevtic.
Este pode ser um nome ainda incógnito para muitos, mas certamente para nenhum dos grandes olheiros mundiais. O caso de Nikon é já celebre e a história da sua ainda curta vida é tão espantosa quanto o talento que possui. O jovem de 13 anos nasceu em Inglaterra onde o pai, um emigrante Sérvio, ganhava a vida no ramo imobiliário. Desde cedo começou a dar sinais de uma surpreendente capacidade para o trato da bola, entusiasmando o seu progenitor a ponto deste decidir que o filho haveria mesmo de ser uma super-estrela do futebol mundial. Nikon passou a ser treinado bidiariamente pelo irmão, ficando a restante educação a cargo integral da irmã, que lhe leccionava aulas particulares – O jovem nunca, até hoje, integrou uma escola normal! Entretanto, a família “Jevtic” mudou-se para a Austria, onde Nikon integrou – não por muito tempo – a Academia do Austria de Viena. O mediatismo e a sedução pelos cifrões haveriam, porém, de continuar a marcar pontos nas prioridades desta família e os “Jevtic” acompanharam uma mudança para Valência – Nikon foi seduzido para as camadas jovens do clube “Che” – com uma mudança de assinatura: em vez de “Jevtic”, os elementos do Clã passaram a assinar, um muito mais apropriado, “El Maestro”! O Schalke 04 foi então o clube que apadrinhou o mais recente um capítulo da história do prodígio Nikon, ao ganhar a “corrida” para a contratação do jovem a clubes como o PSV ou o Bayern de Munique. O contrato estende-se até 2009 e para a sua celebração terá em muito contribuído o facto de o irmão de Nikon ter sido também contratado pelo clube alemão, mas como treinador das suas camadas jovens...
Sem surpresas, esta é uma história envolta em polémica, estando em causa, mais do que qualquer outra coisa, os métodos de formação que têm sido impostos ao jovem talento. Os vídeos explicam tanto entusiasmo...


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5.9.06

Pauleta - Justiça ao Açor

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Setembro de 2006 ficará para sempre registado na história da Nossa Selecção como o momento da passagem definitiva do testemunho deixado pela mais bem sucedida geração de jogadores que o nosso país alguma vez teve. Nomes como Vitor Baía, Fernando Couto, Rui Costa, João Pinto ou Luis Figo ficarão para sempre na memória dos que os viram jogar, sendo – muito justamente – lembrados pelo prestigio que restituíram à camisola das Quinas, algo desrespeitada durante épocas a fio. Há, no entanto e no meu ponto de vista, um nome cuja imagem e reputação não terão sido tão condizentemente bem vistas por entre a generalidade da opinião pública: Pedro Pauleta!

A contribuição mais relevante para este facto advirá – estou certo – das prestações menos conseguidas pelo “Ciclone” nos momentos chave dos últimos dois grandes torneios em que a Selecção interveio. Não se pode porém dissociar um certo fenómeno de “orfandade pública” em que Pauleta incorre pelo simples facto de, ao contrário da generalidade dos grandes protagonistas do Futebol Português, não ter integrado os escalões mais jovens da Selecção e, sobretudo, não estar conotado com nenhum dos 3 grandes clubes Nacionais. Por estes motivos, e com a evidente excepção dos seus conterrâneos Açorianos, Pauleta nunca gozou do mesmo proteccionismo emocional de outras vedetas do nosso Futebol, estando também por isso os seus feitos algo subavaliados entre os Portugueses – Injusto, digo eu!

Uma carreira de golos
A carreira clubística de Pauleta é inegavelmente marcada por três factos: (1) a sua ascensão atípica, nunca tendo actuado sequer no primeiro escalão nacional; (2) a regularidade notável com que conseguiu marcar golos; (3) a dimensão heróica da sua passagem por França.
Relativamente ao segundo ponto evocado, a estatística é clara: Pauleta mantém, ao cabo de quase 500 jogos, uma média de golos por jogo que ronda os 52% - registo que é tanto mais espantoso se considerarmos que entre diversos clubes em que passou, a média mais baixa foi verificada na Corunha (33%) onde, apesar de menos utilizado, marcou um golo em cada 3 jogos.
No que se refere à sua passagem (ainda em curso) por terras gaulesas os feitos do Açoriano têm sido repetidamente exultados pelos ‘media’, sendo ainda assim – aqui e ali – desvalorizados por uma suposta menor qualidade do Campeonato Francês. Ideia errada e facilmente desmistificada se atentarmos aos nomes e respectivos registos dos diversos atacantes que evoluiram em edições recentes do “Championat”. De Henry a Drogba – incluindo muitos outros – apenas 1 conseguiu superar (marginalmente) o registo de Pauleta em França: Sonny Anderson, com as suas passagens por Marselha, Mónaco e Lyon, intercaladas por uma experiência algo decepcionante no Camp Nou.


O melhor da era “a cores”
Independentemente de toda e qualquer opinião sobre o serviço prestado por Pauleta à Selecção, há um marco cuja factualidade não deixa margem a discussões: 47 golos representam um novo máximo de golos por Portugal. Também neste ponto há quem se apreste a “saldar” os méritos do Açoriano com o argumento do número de jogos a que Pauleta teve acesso... Pois bem, também aqui a estatística é favorável ao “Ciclone” que é – entre os jogadores com mais de 10 golos – apenas superado pelos fenomenais registos de Eusébio e Peyroteu. Se tivermos em conta a diferença entre as realidades do futebol ao longo das décadas, não será descabido considerar Pauleta como – quantitativamente e qualitativamente – o melhor avançado Português da era da “TV a cores”!




O Porquê das exibições menos conseguidas...
Naturalmente e apesar de reconhecer todos os méritos acima elencados, não posso ignorar as prestações menos conseguidas por Pauleta nas últimas duas grandes competições internacionais. Julgo no entanto que mais do que circunstanciais momentos de quebra de rendimento ou mesmo menor capacidade perante exigências superiores, o fenómeno da cadência exibicional de Pauleta pode ser justificado pelo relacionamento entre a sua genética futebolística, o modelo de jogo português e a estratégia defensiva preferencialmente adoptada pela generalidade das Selecções que, nos referidos momentos, nos defrontaram (Casos de Inglaterra, Grécia ou França)... Isto é, Pauleta é um avançado que gosta de jogar “nas costas”, de aproveitar o momento em que o defesa coloca os olhos na bola para conseguir o espaço em que é fatal, enfim, é um avançado estritamente finalizador e que apresenta lacunas quando lhe é pedido que participe na construção ou criação de jogo (características antagónicas, por exemplo, às de Nuno Gomes). Ora foram precisamente este tipo de tarefas que lhe foram pedidas por um ataque criativo, que jogava – e joga – fundamentalmente em apoio e que se deparava com defesas “baixas” e equilibradas que não concediam quaisquer espaços entre a última linha defensiva e o espaço de intervenção do Guarda-Redes...


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